pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : 2025
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terça-feira, 29 de abril de 2025

Editorial: Os arranjos estranhos em relação ao projeto de anistia II.



Tudo indica que vamos chegar a um acordo em relação ao Projeto de Anistia aos condenados e implicados nas manifestações do dia 08 de janeiro, que davam suporte à tentativa de golpe de Estado no país. Muitos dos implicados ali, alguns já julgados e condenados, segundo avaliação de ministros da Suprema Corte, alguns deles, inclusive os já julgados, tiveram uma participação efetiva nos atos antidemocráticos que antecederam aquele episódio, hoje tratado pela Oposição como uma simples mobilização pública de protesto. Conforme já antecipamos em outras postagens, nem mesmo os pipoqueiros e sorveteiros estavam ali comercializando os seus produtos. A intenção era bem outra, ou seja, destruir as nossas instituições democráticas. 

Até recentemente, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, voltou a enfatizar que anistia é perdão e não há perdão possível para aqueles que atentaram contra as nossas instituições democráticas. Ocorre que, como afirmava Marco Maciel, política é a arte do possível. E, dentre essas possibilidades, joga-se com um acordo entre Hugo Motta, Lula, Davi Alcolumbre e o próprio STF no sentido de encontrar um meio termo entre a proposta da Oposição e algo que, ao final e ao cabo, minimize as penas aplicadas ou mesmo determine a soltura dos implicados nas mobilizações de rua e até se amplie as punições aplicadas aos artífices da tentativa de golpe de Estado. 

Segundo se especula, é uma proposta que poderia serenar os ânimos da Oposição, é simpática ao Centrão, pouparia a pressão sobre Hugo Motta, que resiste como um leão a não pautar o PL, e, de quebra, não prejudicaria o entendimento de membros da Suprema Corte em relação ao assunto. As negociações sobre uma lei alternativa que contemporize, pelo menos em parte, as exigências do PL de Anistia, acalmando os ânimos da Oposição. 

Editorial: Honrados servidores públicos de carreira.

 


Há quatro episódios que ocorreram recentemente no país, onde se evidencia a importância dos servidores de carreira  na máquina pública. Ontem ficamos sabendo que o montante de 4.330 dos aprovados no último concurso nacional unificado serão convocados a assumirem as suas funções. O primeiro lugar no concurso foi um cidadão com 67 anos de idade, aposentado, que, salvo se for uma aposentadoria privada, não poderá assumir a função, em razão das restrições legais impostas. Em todo caso, sejam todos bem-vindo, embora hoje as repartições públicas estejam inchadas de funcionários terceirizados, acarretando alguns problemas, como uma espécie de terceirização dos assédios, cujos casos se tornaram perigosamente recorrentes dentro do serviço público. 

Em nenhum outro momento, tantas pessoas pediram afastamento do trabalho por problemas de saúde, em razão desses assédios. É algo com o qual o Ministério da Gestão precisa tomar algumas providências, permitindo que esses novos servidores possam exercer suas funções com dignidade, tendo seus direitos rigorosamente respeitados. Em quatro episódios, vamos relatar aqui a importância desses servidores para o serviço público. Num estado vizinho, uma senhora que ocupava o cargo de confiança, exerceu sua função, recebendo proventos regulares, durante 08 anos, sem comparecer ao serviço. O desfecho não foi a exoneração, mas uma promoção. Foi nomeada conselheira, com um salário acima de R$ 40.000. Há uma longa matéria na revista Veja tratando deste assunto. Recomendo aos leitores que acessem a matéria, dada sua importância, pois a matéria esmiuça os pormenores deste caso em particular, além de tecer considerações importantes sobre o perfil de ocupação desses cargos pelo país afora.  Uma dessas conselheiras, geralmente mulheres de governador ou ex-governadores, vai receber a bagatela de R$ 83.000 por mês, vitalício, quebrando o teto dos salários dos Ministros do STF, tomados como referência. 

Vamos aos casos. Durante a pandemia da Covid-19, mesmo em tais circunstâncias, ocorreram várias denúncias de gatunagens com licitações públicas, seja para a compra de insumos, respiradores ou mesmo vacinas, como a Covaxin, que seria adquirida pelo governo brasileiro à Índia. Tratava-se de um processo gigantesco e ao mesmo tempo eivado de suspeitas de irregularidades. O servidor que deveria dar o sinal verde para o pagamento se recusou a fazê-lo exatamente em razão das suspeitas. O servidor em lide foi assediado até mesmo nos finais de semana, quando não seria o momento para importuná-lo. Sua resistência pode ter evitado uma fraude bilionária. 

Durante o período de transição entre o Governo Bolsonaro e o Governo Lula ocorreram várias situações complicadas, decorrentes do aparelhamento do sistema de segurança e inteligência de Estado. As providência tomadas foram muito incipientes, e, portanto, insuficientes para estancar a sangria. Preferimos acreditar que o presidente Lula já não reunisse as condições políticas suficientes para adotar medidas mais efetivas. No caso da ABIN paralela, por exemplo, recentemente estourou o escândalo da espionagem ilegal do Governo do Uruguai, indicando, segundo suspeita a Polícia Federal, que o núcleo paralelo continuou operando no órgão. Aliás, um agente ouvido confirmou a suspeita da PF. À época, servidores públicos de carreira do órgão solicitam ao governo a adoção de medidas mais profiláticas. Não foram ouvidos. Deu no que deu. 

Agora, no caso do INSS, uma servidora havia alertado as autoridades do órgão, inclusive o seu presidente, sobre eventuais irregularidades na concessão dessas autorizações de descontos em folha. A servidora deixou isso registrado em ata de reunião, comprovando a autenticidade do que poderia estar ocorrendo, assim como sua isenção em relação àqueles fatos, hoje tornado um escândalo gigantesco. Pelo andar da carruagem - lenta por sinal - as providências só chegaram depois que o escândalo estourou, produzindo um ônus politico que o Governo Lula 3 terá enorme dificuldades em superar, num momento em que, segundo o Instituto Atlas, surgem no horizonte a perspectiva de estancar a sangria de popularidade. 

Outro caso bastante emblemático, ocorrido no apogeu dos casos de assédios institucionalizados no serviço público, no Governo Bolsonaro, quando ocorria, simultaneamente a militarização da máquina pública, lutando contra todas essas circunstâncias adversas, o antropólogo e indigenista pernambucano, Bruno Pereira continuou exercendo, de forma republicana, as suas atribuições funcionais dentro da FUNAI. Foi assassinado no cumprimento estrito de sua dever legal e funcional, ou seja, defendendo os povos originários da Amazonas. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Os danos da pandemia na educação em São Paulo.



Não faz muito tempo, ocorreu uma grande polêmica em torno de uma decisão do Ministério da Educação em não divulgar os dados levantados pelo SAEB em relação ao segundo ano do ensino fundamental, quando deve ocorrer a alfabetização dos educandos. A cobrança foi realizada pelo jornal O Estado de São Paulo, neste caso cumprindo um rigoroso papel de jornalismo autêntico, o que mereceu nossas felicitações por aqui. Mesmo que os números não fossem favoráveis, o MEC tinha a obrigação constitucional de divulgar esses números. Os servidores do INEP chamaram a atenção para esta questão legal e os números acabaram sendo divulgados. Não fomos bem neste quesito, conforme já se previa. 

Neste caso em particular, não sabemos se podemos creditar esses percalços ainda ao período de pandemia que o país atravessou, mas uma pesquisa recente em relação à educação no estado de São Paulo mostram exatamente este reflexo. O estado continua patinando nos indicadores educacionais, amargando, segundo se presume, os danos produzidos pela pandemia da Covid-19, com resultados preocupantes obtidos em disciplinas como português e matemática entre os alunos do ensino fundamental e médio da educação básica. Há pouco ficamos sabendo que o Governo Tarcísio de Freitas continua com sua política de fomentar as escolas cívico-militares no estado. 

A julgar pelo que ocorre em São Paulo, preocupa esses reflexos da pandemia sobre a educação depois de todo esse tempo, quando consideramos a situação do país como um todo. O contexto da educação básica no país nunca foi dos melhores, quadro agravado com a pandemia, indicando que será uma luta árdua a subida do poço. No que concerne à educação superior, há uma constante queixa dos reitores em relação ao repasse de verbas públicas para a manutenção dos seus serviços básicos, como ocorre aqui em Pernambuco.  

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Editorial: Ministro Flávio Dino determina que o deputado Sóstenes Cavalcante preste esclarecimento sobre acordo de emendas.



Vamos ser sinceros por aqui. O enredo envolvendo essas emendas é algo nebuloso, com perspectivas de que não se chegue a um consenso em torno da transparência de sua concessão, utilização e, principalmente, prestação de conta. Trata-se de um mecanismo que surgiu sob o signo do obscurantismo. Nada de transparência por aqui, uma vez que os vampiros não gostam de luz. Não faz muito tempo, o Governo Lula 3 afastou um dos seus ministros, depois que investigações da Polícia Federal evidenciaram suposto uso irregular dessas emendas. Agora é a  vez do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinar que o deputado federal Sóstenes Calvalcante, líder do PL, preste esclarecimentos sobre a ameaça de quebra de acordos com lideranças partidárias em torno dessas emendas, algo que teria sido sugerido durante uma entrevista do deputado ao jornal O Globo. 

Através do expediente, o PL estaria apertando o torniquete sobre o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, no sentido de pautar com urgência a PL da Anistia. Hugo Motta, na semana passada, depois de uma costura com líderes partidários para não assumir o ônus sozinho, já afirmou que o PL da Anistia não será pautado, como deseja a Oposição. No STF, o Ministro Flávio Dino desenvolve uma cruzada republicano em defesa do interesse público no que concerne aos mecanismos de concessão e prestação de contas dessas emendas, onde pululam denúncias de irregularidades por todo o país. O que supostamente teria dito o deputado Sóstenes fere os princípios norteadores emanados pela Suprema Corte, daí o pedido de explicações. 

Como estamos numa crise instaurada entre os Três Poderes da República, não surpreende que as redes sociais tenham explorado o assunto, com torcidas de lado a lado. O próprio deputado se pronunciou através de seus perfis. Setores da Oposição estão sensivelmente aborrecidos com Hugo Motta. Alguns ainda advogam que o caminho seria o da diplomacia, da negociação, enquanto outros já decidiram que vão retaliar. Sabe-se lá o que virá por aí. 

Editorial: Eduardo Leite no PSB?



Há poucos dias um instituto de pesquisa trouxe uma notícia que, a depender dos arranjos políticos em curso, poderia deixar as lideranças socialistas em estado de graça. Na hipótese de uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas à Presidência da República em 2026, o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin(PSB-SP) é quem aparece hoje em melhores condições de ocupar sua cadeira no Palácio Bandeirantes. Como a candidatura de Tarcísio de Freitas hoje se apresenta com amplas possibilidades de consolidar-se, encampando o projeto de centro-direita - e até da extrema direita, mas eles abominam essa expressão -  a possibilidade de os socialistas voltarem a sonhar com a hipótese de pilotarem a locomotiva do país não é nada desprezível. 

É uma questão que deve ser analisada com a ponderação devida, pois soubemos que o próximo dirigente da legenda, o pernambucano João Campos, estaria em articulação no sentido de manter o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa de reeleição de Lula. O PT, por outro lado, enfrenta enorme dificuldades naquela praça e endossar o projeto Alckmin poderia ser uma alternativa para se contrapor a tais adversidades no maior colégio eleitoral do país, fundamentalmente importante para o projeto de reeleição de Lula. Mas, como diria o Rubem Braga, depois dos funerais do sumo pontífice e as novas políticas tarifárias do Trump a notícia política mais importante da semana vem dos pampas. Especula-se sobre a possibilidade de o governador gaúcho, Eduardo Leite, ingressar no PSB e não no PSD, conforme se supôs no início, habilitando-se novamente a uma candidatura presidencial.  

Na realidade, haveria em curso uma grande articulação de centro-direita, encabeçada por Michel Temer e Gilberto Kassab, que congrega os principais governadores de oposição, com o eventual passe de Eduardo Leite, que poderia se filiar ao PSD, voltando a sonhar com uma candidatura ao Planalto. Fomos pegos de surpresa com este flerte socialista do governador gaúcho. O que é curioso nesse arranjo é que o enxadrista Gilberto Kassab, habilmente, movimenta outra peça no tabuleiro do xadrez político nacional, de olho em 2026, sabedor dos limites de ter apenas uma jogada em curso.  

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


domingo, 27 de abril de 2025

Editorial: Edinho Silva participa de plenária estadual da tendência Construindo um Novo Brasil.



O pré-candidato à Presidência Nacional do PT, Edinho Silva, participou no dia de hoje, 27, da Plenária Estadual da Tendência Construindo um Novo Brasil. Edinho integra esta tendência dentro do PT, tem o apoio de Lula para conduzir os destinos da legenda, mas há uma enorme divisão interna, o que vem provocando algumas preocupações. José Dirceu já havia alertado a Lula sobre o problema, mas, diferente do passado, Lula já não é aquela argamassa de antigamente. As coisas mudaram muito deste então. Naqueles idos, ali pela década de 80 do século passado, o partido se reunia no Sindicato das Empregadas Domésticas. Hoje, a reunião é no Sindicato dos Bancários. 

Questionado sobre o posicionamento do partido na quadra política local, Edinho Silva, além de não se comprometer, sinalizou que deixará a decisão para o Diretório Estadual do Partido. Pelo andar da carruagem política, o que se presume é que possamos ter dois palanques de Lula no estado. Um deles encabeçado por João Campos, e o outro pela governadora Raquel Lyra. Edinho acabou confirmando aquilo que já se sabia sobre a prioridade do partido no estado, que seria assegurar o mandato do senador Humberto Costa. Aliás, em  princípio, a eleição para o Senado Federal é crucial para o campo de esquerda e progressista, uma vez que a Oposição aposta todas as suas fichas para manter uma hegemonia naquela Casa, com margem de manobra para peitar o Judiciário. 

Aqui, como no país, o partido está dividido. Segmentos do Diretório Estadual se identificam com a governadora Raquel Lyra, enquanto a direção municipal integra a gestão do prefeito João Campos e não querem nem saber de o partido apoiar o projeto de reeleição da governadora. Por outro lado, há uma profusão de candidatos ao Senado Federal no estado, dificultando os arranjos acomodatício para o senador Humberto Costa.  

 

Editorial: Lupi foi alertado sobre as fraudes no INSS ainda em 2023.


Não se sabe ainda o tamanho do impacto negativo que esta fraude no INSS pode representar para a imagem do Governo Lula 3, a despeito dos cuidados que a SECOM, através do marqueteiro Sidônio Palmeira, vem tomando em relação ao assunto, com a adoção de estratégias de narrativas que visam limpar a barra do Governo no que concerne ao episódio. Segundo dizem, o marqueteiro não apenas esteve presente, mas teria coordenado a reunião com alguns ministro logo após o episódio, num indicativo de sua ascendência sobre o presidente Lula. Matérias de jornais como O Globo e Folha de São Paulo observam que, através das atas das reuniões, tornou-se possível concluir que o titular da pasta da Previdência, Carlos Lupi, teria tomado conhecimento sobre as eventuais fraudes no órgão desde 2023. 

As providências tomadas, segundo ainda esses órgãos, teriam sido protocolares e tímidas, através de reuniões com as entidades, mas nada que impedisse os repasses de recursos, interrompido somente agora, depois da operação da Polícia Federal e da Corregedoria-Geral da União. Como já seria previsível, a Oposição vem explorado o episódio e se prepara para uma convocação de Carlos Lupi para dar explicações sobre o caso na Câmara dos Deputados. Conforme assinalamos em momento anterior, Carlos Lupi continua prestigiado por dois motivos, embora Lula não tenha gostado nenhum pouco de sua resistência em afastar o presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, homem de sua inteira confiança, conforme ele fez questão de enfatizar. 

Lupi dirige o histórico PDT, daquele campo político que sempre esteve associado à base de sustentação mais autêntica do lulismo, desde os tempos do saudoso Leonel Brizola. Lupi, por outro lado, é o homem de ligação do Planalto com a malha sindical. Ao longo dos anos, sindicatos e associações sofreram um grande revés financeiro, quando se aboliu a contribuição que antes era obrigatória. No caso dessas fraudes observadas no INSS, o que se sugere é que, em alguns casos, haveria a anuência do segurado para o desconto. Pelo menos nos primeiros anos. O que se observou a partir de um determinado momento, é que os descontos foram aplicados sem a anuência dos segurados e em proporções gigantescas, sobretudo a partir de 2023. 

Charge! Jean Galvão via Facebook.

 


sábado, 26 de abril de 2025

Editorial: Relações tensas entre Índia e Paquistão na fronteira da Caxemira.



Entre o final de década de 30 e início da década de 40 do século passado, em plena vigência da Ditadura do Estado Novo, em sua fase das políticas higienistas, o interventor Agamenon Magalhães determinou a construção de um hospital cidade, para abrigar os portadores da hanseníase, na localidade da Mirueira, na cidade de Paulista, Região Metropolitana do Recife. Por essa época, não havia cura ou algum tratamento eficiente para os portadores da hanseníase, tampouco se sabia como a doença era transmitida. O que havia, na realidade, era um grande preconceito ou estigma social em relação ao assunto, sendo aconselhado pelos órgãos de saúde pública o isolamento completo desses doentes. 

O Hospital da Mirueira, como ficou conhecido, cumpria este propósito, erguido numa antiga fazenda, com escolas, áreas de lazer, rádio comunitária, cemitério, igreja. Conforme afirmamos antes, uma verdadeira cidade isolada. A situação do preconceito era tão evidente que havia um hospital dos lázaros no Recife, mas, mesmo assim, Agamenon determinou a construção do hospital\cidade. Há situações interessantíssimas sobre os habitantes desta cidade, algumas destas situações narradas em nosso terceiro romance,  Chaminés Dormentes. Há o caso de um escritor que teve dois dos seus livros posteriormente publicados, relatando sua experiência trágica com a doença, que é de partir os corações daqueles que ainda preservam os instintos humanitários neste mundo que se torna a cada dia mais cruel. 

Um dos seus livros foi publicada pela editora da Universidade Federal de Pernambuco. No auge do estigma entre doentes e "sadios" criou-se uma fronteira que não poderia ser cruzada, sob nenhuma hipótese, entre os moradores desta cidade fantasma e os habitantes de uma vila operária mantida pela Companhia de Tecidos Paulista. Num desses momentos, um cidadão que havia sido mordido por maribondos e, como consequência das mordidas apresentava inchaço no rosto, resolveu cruzar a fronteira e quase foi linchado pelos moradores da vila. No romance relatamos tratar-se à época de uma fronteira mais vigiada do que a fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, mas poderia ter citado perfeitamente a fronteira entre a Índia e o Paquistão, na região da Caxemira, disputada por ambos os países. 

Recentemente se deu um incidente no Paquistão, onde dez turistas foram mortos, reacendendo a disputa territorial entre os dois países. O Governo do Paquistão antecipou-se em informar que não teve nada a ver com o episódio. Um potencial perigoso, uma vez que ambas as nações possuem arsenal atômico e padrinhos fortes, a exemplo da China, no caso do Paquistão, e dos Estados Unidos, no caso da Índia.  O clima é bastante tenso entre os dois países. 

Editorial: Temer volta à cena política para costura de um nome conservador visando as eleições presidenciais de 2026.



Ali por ocasião das costuras políticas em torno da construção da candidatura de Ricardo Nunes(MDB-SP) à Prefeitura da Cidade de São Paulo, um grupo político costumava se reunir, naquilo que denominamos por aqui como um pib político de peso, em razão da influência dos atores envolvidos nesses convescotes. Um deles admitiria um pouco depois tratar-se de reuniões que não ficariam circunscritas às eleições da capital paulista, mas se estenderiam para a esfera nacional, de olho nas eleições presidenciais de 2026. Entre esses atores, três nomes dos mais relevantes: Gilberto Kassab, Michel Temer e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Hoje, dia 25, o ex-presidente Michel Temer volta ao noticiário, desta vez em torno de uma articulação nacional envolvendo cinco governadores, objetivando as costuras em torno das eleições presidenciais de 2026. 

A ideia é a construção de um consenso em torno de um nome que possa se constituir em alternativa viável entre o bolsonarismo e o lulismo. Na realidade, se trata da construção de um nome de centro-direita, com capilaridade suficiente para se viabilizar numa alternativa competitiva ao pleito. Simplesmente um nome de terceira via não é o caso, uma vez que é difícil, se não impossível, quebrar essa polarização entre lulistas e bolsonaristas, algo incentivado pelo própria mídia, talvez involuntariamente. Aqui em Pernambuco, por exemplo, as matérias e reportagens sugerem que teremos apenas dois competidores ao Governo do Estado: A governadora Raquel Lyra, que deve disputar a reeleição, e o prefeito do Recife, João Campos, do PSB. Já há um afunilamento "natural" da disputa. 

Em termo de Brasil, não é diferente. O campo de esquerda e progressista ou de centro-esquerda vai de Lula, uma vez que não há outra alternativa. Por outro lado, Bolsonaro reitera que só existe um nome na direita, ou seja, ele mesmo. As articulações de Michel Temer envolvem cinco governadores de Estado: Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; Romeu Zema, de Minas Gerais; Ratinho Júnior, do Paraná; e Ronaldo Caiado, de Goiás. Na realidade, o que está em jogo aqui é uma alternativa a Bolsonaro, ou seja, não se trata de terceira via. Curioso que o nome de Eduardo Leite, que está deixando o PSDB e ingressando no PSD de Gilberto Kassab passou a figurar entre esses nomes como um dos possíveis ungidos do grupo.    

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Editorial: Agenda positiva e crise do INSS.



Alguns jornalistas tiraram a conclusão, e equivocadamente,  que o Governo Lula 3 estaria recuperando a imagem positiva junto à população. Precipitada e equivocada porque as últimas pesquisas indicam exatamente o contrário. O escândalo de corrupção do INSS estourou no momento em que o Governo ostenta seus piores índices de avaliação. 57,4% no Paraná Pesquisas e 53% do DataPoder. Faz todo o sentido as preocupações da SECOM, leia-se Sidônio Palmeira, de que o escândalo de corrupção do órgão possa contribuir para agravar ainda mais esta situação. Salvo melhor juízo, o marqueteiro esteve na reunião de crise onde ficou decidido o afastamento do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. 

Aliás, como Lula já estava inteirado da situação, solicitou ao seu Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que demitisse o assessor durante a entrevista, o que não ocorreu, fato que produziu alguns ruídos entre os dois. Embora o seu partido, o PDT, não tenha muitos parlamentares, Carlos Lupi é um ministro estratégico. Ele representa a capilaridade do Planalto junto à malha sindical. O Governo Lula 3, através da SECOM, estaria preparando toda uma estratégia para minimizar os efeitos do estrago de imagem produzido por mais este escândalo de corrupção. A ideia é dizer que o Governo cortou na pele, que isso ocorre desde 2016 e, principalmente, que o montante descontado indevidamente dos segurados será devolvido. 

Conforme comentamos no dia de ontem, fica no plano do abstrato para o eleitor comum entender os danos produzidos pelo rombo da Petrobras, do montante desviado na construção das arenas da copa, mas, por outro, lado, esta corrupção do INSS ele pode calcular na ponta do lápis. Mesmo que o Governo devolva, ele irá sempre imaginar que foi lesado num montante bem mais expressivo. Não há agenda positiva que se contraponha a isso. O Governo tem sérios problemas por aqui, a começar pelo esmiuçamento dos descontos indevidos, identificação dos segurados e a capacidade de as entidades beneficiadas poderem honrar com essas devoluções.  

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello.


Estávamos com a intenção de começarmos essas nossas conversas do dia de hoje tratando dos cadastros bichados dos beneficiários de programas oficiais, como o Bolsa Família, o Pé-de-Meia e até daqueles que recebem suas aposentadorias através do INSS como segurados, depois de décadas de contribuição. No dia de ontem, mal saíamos do escândalo dos descontos irregulares e já ficamos sabendo que a Polícia Federal investiga a possibilidade de inserção de venezuelanos nesta "jogada", sabe-se lá em que circunstâncias, mas pode-se antever problemas ainda maiores do que apenas os descontos irregulares na folha de pagamento dos beneficiários, que iriam parar na conta de associações e sindicatos. 

Na mesma matéria, ainda em razão do trabalho da Polícia Federal, suspeita-se de nomes de pessoas mortas que teriam ressuscitados para receberem os benefícios do Bolsa Família no Maranhão. Isso nos fez lembrar dos famosos relatórios escritos por Graciliano Ramos, quando prefeito de Palmeira dos Índios, onde ele informava ao Governador de Estado que haviam mortos muito vivos na licitação para a construção do cemitério da cidade, insinuando que as obras foram superfaturadas. E, por falar na terra dos marechais, no dia de ontem, 24, depois de um lenga-lenga protelatório que exauria os argumentos de natureza estritamente jurídica, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello. 

Quando Collor deixou a Presidência da República, depois de um processo de impeachment, alegou sempre inocência. Retomou sua carreira política, onde exerceu o cargo de Senador da República. Era o momento de ele provar que fora vítima de uma grande armação. Acabou enredado na lama de corrupção detectada pela Operação Lava Jato. Não há muito o que se possa dizer por aqui. Surpreende no caso de Collor o fato de as ações envolvendo a Operação Lava Jato se encontrarem numa condição de anulação no STF, em razão das irregularidades cometidas. O ex-presidente foi preso na madrugada de hoje, quando pretendia se dirigir à Brasília com o propósito de se apresentar às autoridades, de acordo com seus advogados.  

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


quinta-feira, 24 de abril de 2025

Editorial: Hugo Motta "escorrega" da pressão sobre o projeto de anistia.

 


Já mencionamos por aqui um texto sobre um mandatário que dava sempre uma resposta pronta aos seus interlocutores quando cobrado: Veremos! Com tal estratégia ele deixava sempre aos interlocutores a possibilidade de atender aos seus pleitos - diminuindo a pressão - e, por outro lado, não se comprometia em atendê-los literalmente. Se atendesse ao pleito, ficava bem na fita, uma vez que havia prometido e cumprido. Se não atendesse, também não saia tão chamuscado, uma vez que, a rigor, nenhum compromisso havia sido assumido efetivamente. Depois dos diálogos com os dois outros Poderes da República sobre o assunto anistia aos condenados e implicados na tentava de golpe do 08 de janeiro, o senhor Hugo Motta escorregou - ou ganhou tempo - utilizando-se de três estratagemas que estão dando certo. 

Dividir a responsabilidade de uma decisão com outros líderes partidários, isolando o PL e minimizando o seu ônus; argumentar que a lista de espera de projetos de urgência é imensa, deixando a anistia no fim da fila; discutir uma proposta alternativa à anistia, propondo uma diminuição da pena aos implicados, apenas em alguns caso, uma vez que a carruagem jurídico aponta que não deverá haver saída para os 37 que estão nos núcleos golpistas, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja denúncia já foi aceita pelo STF. A diminuição das penas é uma proposta que pode ser estudada pela Suprema Corte. Anistia está fora de cogitação. 

Hoje, 24, foi dado o ultimato ao Presidente da Câmara dos Deputados para pautar em caráter de urgência o PL da Anistia. Hugo Motta já disse que não pautará o PL em caráter de urgência, provocando uma reação dura na Oposição. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante já disse que pode romper com Hugo Motta. Outros líderes da Oposição se manifestaram a este respeito, sugerindo um travamento seletivo da pauta. Não precisamos entrar nos detalhes sobre esta tal "seletividade". Caso esta situação seja revertida em favor da Oposição na Câmara dos Deputados, ainda assim, a Anistia tem duas barreiras intransponível pela frente: O Senado e o STF. 

Editorial: O escândalo da previdência.



Estávamos acompanhado há pouco uma entrevista com o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ao lado dos seus auxiliares, onde ele enaltece o trabalho desenvolvido pela Polícia Federal, reconhecendo seu papel de polícia de Estado, que executa um trabalho republicano, mesmo quando é necessário cortar na pele, como neste caso do escândalo da previdência social, onde se detectou um desconto irregular dos pensionistas, apropriado por entidades sindicais e associativas. Há de reconhecer aqui, igualmente, o trabalho da Controladoria Geral da União que, possivelmente, deve ter alertado os dirigentes do órgão sobre o problema muito antes do dia ontem. Este é um trabalho permanente da Controladoria Geral da União. Até um leigo perceberia que havia alguma coisa de irregular com esses descontos, se considerarmos a evolução estratosférica que ocorre ano a ano. 

Na realidade, isso é antigo. Se arrasta desde de 2016, quando era presidente Michel Temer. A partir de 2023 alcançou dimensões gigantescas. Supõe-se até mesmo que poderia haver a anuência dos aposentados no início, quando os descontos estavam dentro de uma razoabilidade. Essas entidades prestam assessoria aos aposentados e é natural que essa assessoria apenas se tornasse possível através desse vínculo. Depois de um determinado momento, porém, a coisa desandou. Em sua coluna de hoje, no Portal UOL, o jornalista Josias de Souza, sugere haver lenha e combustível para chamuscar qualquer agenda positiva. E é verdade. Daí se entender as preocupações do Ministro da SECOM, Sidônio Palmeira. 

Conforme já antecipamos no dia de ontem, este terceiro Governo Lula tem sido marcado por algumas situações adversas e inúmeros atropelos, impedindo que ele faça as pazes com a população. No escopo dessa agenda positiva, o Governo resolveu antecipar o contracheque com os valores do 13º. Alegria de um lado, tristeza do outro, uma vez ali também está configurado os eventuais descontos irregulares. Carlos Lupi, Ministro da Previdência Social, não endossava a demissão do diretor do órgão neste momento. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Um dia difícil para o presidente Lula.



Ontem, dia 23, o presidente Lula teve um dia daqueles. Poderíamos dizer por aqui um dia de cão, expressão largamente utilizada nessas ocasiões, mas a crise institucional\jurídica em que o país está mergulhado inspira cuidados. O presidente começou o dia com a repercussão sensivelmente negativa da recusa do deputado federal Pedro Lucas Fernandes(UB-MA) em aceitar a indicação do Governo Lula 3 para o Ministério do Turismo. Pedro Lucas chegou a ser anunciado como o novo ministro da pasta por Gleisi Hoffmann, Ministra da Articulação, em substituição a Juscelino Filho, recentemente demitido do cargo. Ambos são do União Brasil, mas sugere-se que haviam outros requisitos que o parlamentar atendia bem, como o sinal verde de um padrinho forte em Brasília, que tem ajudado o Governo no limite de suas possibilidades, embora a fatura cobrada seja alta. A recusa deixou o Governo atordoado, mas a capacidade de reação, conforme afirmamos pela manhã, é muito reduzida,  em função das contingências politicas frágeis do Governo Lula 3. O União Brasil já navega com os pés em duas canoas, mas Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, conseguiu emplacar mais indicado no Governo: O pernambucano Frederico Siqueira.   

À tarde, começaram a repercussão de uma nova pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, acerca da popularidade do Governo Lula 3. A pesquisa, assim como uma outra anterior, realizada pelo Instituto PoderData, evidencia que a popularidade do ex-presidente continua em queda livre. Não deu nem para comemorar o esboço de uma possível reação, apenas insinuada na pesquisa do Datafolha de semanas atrás. Parece paradoxal, mas vamos reproduzir aqui uma expressão utilizada por um economista liberal, Roberto Campos, avô do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: A parte mais sensível do ser humano é o bolso. Esse é o cotidiano do brasileiro comum, que hoje sente dificuldade até de adquirir um itens básicos como o ovo, que teve um aumento expressivo, quando foi prometido até picanha durante a campanha. Uma pesquisa do próprio Datafolha, em momento anterior, mostrou que a relação estabelecida pela dona de casa, pelo trabalhador, é automática. Culpam o governo de turno. Não há como responsabilizar a galinha. 

À tarde, uma reunião de crise para tentar apagar as labaredas de um mega escândalo de corrupção, desta vez envolvendo o INSS. O escândalo de corrupção no INSS é  de grande monta, envolvendo o próprio presidente do órgão, com valores estimados em mais de 6,5 bilhões, descontados irregularmente dos benefícios dos segurados. Coisa para CPI, como já sugeriu o deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara dos Deputados, que já se mobiliza para uma nova cruzada em torno da obtenção das assinaturas necessárias. No dia de ontem mesmo, depois de uma reunião tensa, Lula determinou a demissão do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. Alessandro é filiado ao PSB, mas a direção do partido tratou logo de afirmar que ele não foi indicado para o cargo através do partido. Trata-se de cota pessoal do Ministro da Previdência, Carlos Lupi. 

Se extrairmos o denominador comum dessas três situações acima, surgem nuvens cinzentas no horizonte deste terceiro mandato do presidente Lula. Faz todo o sentido que o Ministro da Secretaria de Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira, tenha manifestado suas preocupações em torno do assunto, por conhecer o potencial de estrago de imagem que a situação pode produzir, num momento crucial, onde se faz um esforço hercúleo para reverter os índices de impopularidade do presidente. São milhões de beneficiários lesados em todo o país, num contexto nebuloso, que será magistralmente explorado pela Oposição. O potencial de desgaste é imenso.  Nos outros grandes escândalos de corrupção os efeitos são mais abstratos, como na Petrobras, por exemplo, a despeito das somas estratosféricas em jogo. No caso do INSS, ainda ontem os idosos segurados já estavam fazendo suas continhas na ponta do lápis. 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Editorial: 57,4% desaprovam Governo Lula, de acordo com o Paraná Pesquisas.



Causou um grande alvoroço no mundo da política a divulgação de uma pesquisa do Instituto Datafolha indicando uma ligeira melhora nos índices de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O alvoroço se justifica porque, naquele momento, o Governo Lula 3 vinha acumulando índices negativos de aprovação entre inúmeros segmentos do eleitorado, inclusive no Nordeste, um tradicional reduto petista, antes tido como inexpugnável. Um renomado cientista político, especialista em pesquisas, argumentou que o fato seria motivo para o marqueteiro Sidônio Palmeira soltar rojões, uma vez que aqueles números indicavam, quem sabe, que o presidente Lula começava a estancar a sangria de queda de aprovação. 

Numa entrevista seguinte a um órgão de imprensa, ele foi mais comedido, sugerindo que seria prudente aguardar como se comportariam os números das pesquisas seguintes. Essas pesquisas vieram e não indicam o tão aguardado estancamento da sangria. O presidente voltou a perder pontos preciosos no quesito aprovação. Este terceiro Governo Lula já nasceu sob um signo bastante complicado, sem base de apoio parlamentar; com receitas antigas acerca da gestão das contas públicas - antigas e malogradas -;  sob ameaça de um golpe de Estado; além de uma buliçosa oposição parlamentar e setores da população que nunca aceitaram o resultado das urnas. Lula governa contra a má vontade de um expressivo segmento social. 

Existem alguns segmentos sociais influentes, a exemplo do agronegócio e dos evangélicos, que ficaram de mal com o PT. No afã de não desagradar ainda mais esses setores, Lula acabou também negligenciando suas atenções com os grupos que sempre estiveram ao seu lado, a exemplo do MST e das universidades. A proposta para recuperar esses pontos preciosos de popularidade, por outro lado, hoje se concentram em programas sociais caros e de efeitos duvidosos ou, ao menos, com impactos menores do que o período dos governos anteriores. Se somarmos tudo isso aqui, a equação não bate, tampouco a sangria estanca, conforme sugere a pesquisa do Paraná Pesquisas do dia de hoje, 23, que aponta que 57,4% da população desaprova o seu Governo. 7 pontos acima desde a última pesquisa do Instituto, que realiza esses levantamentos desde de janeiro.  

Editorial: Polícia Federal e Controladoria-Geral da União detectam fraude milionária no INSS.



Não faz muito tempo, a Justiça afastou de suas funções, através de um trabalho executado pela Polícia Federal, um servidor do INSS que há anos praticava fraudes através do expediente de liberação de empréstimos não autorizados pelos segurados. Há muito que os segurados reclamavam dos descontos indevidos de seus contracheques, através de empréstimos que eles não haviam solicitados. Neste caso em particular, o cidadão foi identificado. É pernambucano da cidade de Garanhuns. Possivelmente não agia sozinho, mas era um dos principais artífices do esquema fraudulento. Hoje, dia 23, a Controladoria Geral da União, juntamente com a Polícia Federal, realizam uma mega operação em função da constatação de mais uma fraude no INSS, desta vez envolvendo descontos irregulares dos segurados, sem autorização, que se destinavam a entidades associativas.

Estima-se que 6,3 bilhões tenham sido desviados através desse expediente. 700 policiais foram mobilizados, 201 mandados estão sendo cumpridos em 13 estados da federação e o distrito federal. Seis servidores do órgão foram afastados, inclusive o seu superintendente, Alessandro Stefanutto. Há pouca coisa a se dizer por aqui, exceto lamentar mais um escândalo de corrupção no país. Já voltamos àquela fase de metástase, onde cotidianamente surgem novos casos na mídia. Estima-se que o esquema fraudulento personificado pelo "Rei do Lixo" possa devolver os envolvidos na Lava Jato ao jardim da infância. O mais grave é que, desta vez, as investigações desses grandes esquemas de corrupção estão conduzindo ao envolvimento do crime organizado, que já instaurou seus tentáculos na máquina pública, através do portal de entrada conhecido: As "parcerias" e a terceirização. 

Desde longas datas que se fala num colapso da previdência social, motivada até por fatores "naturais", como a perda de postos de trabalho, provocadas pela racionalização dos tempos modernos; melhoria da expectativa de vida da população; o aumento exponencial da informalidade, com seus milhões de empreendedores individuais ou donos dos seus próprios negócios. Depois de anos de contribuições regulares ao órgão, o cidadão enfrenta uma Via Crucis para ter os seus direitos reconhecidos. Existe também o problema de dívidas milionárias que nunca foram cobradas. No final, quem acaba pagando essa conta de descalabros é o cidadão comum. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo.

 


Editorial: O que significa a recusa de Pedro Lucas em assumir o Ministério do Turismo?


A justificativa do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, do União Brasil do Maranhão, em recusar o convite formulado pelo Planalto para assumir o cargo de Ministro do Turismo pode significar tudo, inclusive nada. Pedro Lucas é líder do União Brasil na Câmara dos Deputados e pode ter recusado o convite, algo inusitado, apenas por uma questão pessoal. Capital político para assumir a pasta ele teria de sobra. Conta com a simpatia do Planalto, teria o apoio de parlamentares da legenda e, como se isso ainda não fosse suficiente, conta com um padrinho de peso, com bom trânsito junto ao presidente Lula. 

Pode-se fazer uma leitura orientada unicamente por uma linha de raciocínio que vincule a decisão a uma decisão pessoal, mas, por outro lado, outras conjecturas também são possíveis. Afinal, o seu partido, o União Brasil, está em processo de formação de uma federação com o Progressistas, o que representará a exibição de uma musculatura com a maior bancada na Câmara dos Deputados. As lideranças dessas duas legendas hoje discutem abertamente a possibilidade de desembarcarem do Governo Lula e constituírem uma alternativa às eleições presidenciais de 2026. O PP, naturalmente, liderado por um bolsonarista, o senador Ciro Nogueira, certamente, nunca esteve no barco lulista. 

O União Brasil tem um grupo que defende uma saída, enquanto um outro grupo ainda mantém esperanças de um quarto mandato para o presidente. Este grupo, por questão óbvias, é o mesmo que preserva os cargos no Governo Lula. Não se sabe como o Planalto reagirá à decisão de Pedro Lucas. Pedirá aos dirigentes do partido para indicar um outro nome? Buscará outras alternativas entre os partidos da base aliada? Pelo andar da carruagem política o nome de Pedro Lucas estava sendo sondado antes mesmo da saída de Juscelino do cargo de Ministro do Turismo. O nó agora é refazer as costuras. O Governo ficou amuado, mas, diante das contingências políticas adversas que enfrenta, a margem de manobra é pequena e perigosa, uma vez que o União Brasil se equilibra em duas jangadas. 

terça-feira, 22 de abril de 2025

Editorial: Primeira Turma do STF, por unanimidade, torna réus os integrantes do núcleo dois da trama golpista.



Estávamos numa grande expectativa nesta manhã sobre se a TV Justiça iria transmitir ao vivo a apreciação, pela primeira turma do STF, da denúncia da PGR acerca do núcleo dois da trama golpista. A equipe de profissionais que compõe a TV Justiça é muito bem preparada. Realizam externas, comentam os resultados, cobrem os bastidores da notícia. Transmissão impecável, sem qualquer contratempo. Jornalistas e equipe técnica de primeira ordem. Noutros tempos, aqui em Pernambuco, tivemos que acompanhar, ainda pelo rádio, o julgamento dos implicados na morte do procurador Pedro Jorge, por ocasião do famoso escândalo da mandioca. O seu colega de trabalho, Hélio Maldonado, também procurador fez uma acusação irretocável dos envolvidos no assassinato. 

À época, fizemos questão de enviar-lhes as congratulações pelo feito, o que o deixou bastante feliz, pois se tratava, segundo ele, de uma manifestação autêntica, partindo de uma pessoa simples, que havia apenas acompanhado a transmissão e sequer o conhecia pessoalmente. Os agora réus do núcleo dois da trama golpista não podem se queixar da defesa proferida pelos seus advogados, trabalho elogiado pelos próprios ministros do STF e não apenas por um telespectador. Vamos aguardar o rito do julgamento daqui para frente, consoante o que estabelece a lei. A Policiai Federal fez o seu trabalho, a PGR embasou as investigações, encontrou elementos suficientes, e pediu o indiciamento dos implicados, que hoje se tornaram réus. 

No grupo se encontra aqueles que, supostamente, teriam tentado criar expedientes para atrapalhar os eleitores de Lula na região Nordeste. A Ministra Cármen Lúcia, ao corrigir a fala de um dos advogados de defesa, lembrou um fato ocorrido à época, onde o senador baiano Oton Alencar havia observado que apenas os carros de eleitores petistas eram parados. Afinal, bolsonaristas não andam de ônibus com pneus careca. Se a operação continuasse quem ficaria careca de votos seria o PT.  

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Editorial: Paraná Pesquisas: Lula venceria Tarcísio se as eleições fossem hoje.



Resolvemos inverter a ordem "natural" das coisas na chamada deste editorial. O Instituto Paraná Pesquisas divulga hoje, dia 22, uma nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República nas eleições de 2026. As chamadas, geralmente, são para a vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, sobre o presidente Lula, mas há alguns problemas aqui. De fato sim, Bolsonaro lidera a corrida presidencial para aquelas eleições, venceria Lula no primeiro e no segundo turno, mas deverá permanecer inelegível até o ano de 2030. Já discutimos por aqui noutras ocasiões que esta penalidade interditiva é o maior problema que o ex-presidente enfrenta, já que está se recuperando bem da cirurgia a que foi submetido recentemente. 

Já começam a surgir no horizonte até mesmo alguns atenuantes em relação à tentativa de golpe de Estado, como o avanço dessa proposta de anistia no Legislativo que, embora com ressalvas, pode atenuar a situação dos envolvidas, com a redução das penas aplicadas, por exemplo. Na nossa modesta opinião Bolsonaro é um nome que não  concorrerá às eleições de 2026. Apesar da boa performance que sempre apresentou nessas pesquisas, algo também sugere que o nome de Michelle Bolsonaro estará nas urnas, mas nas urnas do Distrito Federal, na condição de candidata ao Senado. Líderes do PP e do União Brasil, que articulam a formação de uma federação que ficaria com a maior bancada da Câmara dos Deputados, admitem que o nome hoje mais bem "assimilado" pelo campo conservador é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

Há rumores, inclusive, de movimentações em torno do nome que deverá ser ungido para concorrer a sua cadeira no Palácio Bandeirantes, assim como ocupar a vaga de vice em sua chapa. Há alguns balões de ensaio, mas que podem serem esvaziados em torno de um consenso sobre o nome do governador paulista. Portanto, no momento, Tarcísio de Freitas é o nome a ser enfrentado por Lula, seu principal oponente. A pesquisa do Paraná Pesquisas ouviu 2.020 pessoas em 160 municípios das 27 unidades da federação, entre os dias 16 e 19 de abril de 2025, presencialmente, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e índice de confiabilidade da ordem de 95%. Para o primeiro turno, Lula aparece com 34,0%, enquanto Tarcísio assinala 27,3%. 

Editorial: A popularidade de Lula entre católicos e evangélicos.

 

Crédito: PoderData. 


Há poucos dias o PoderData trouxe uma pesquisa onde aponta que os índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuam em baixa. Os indicadores de melhoria desses índices, apontado por uma pesquisa anterior, realizada pelo Instituto Datafolha, a rigor, não se confirmavam pelos dados levantados pelo PoderData, indicando que a sangria não havia sido estancada. Um elemento bastante crucial, se considerarmos os esforços de comunicação e de programas que o Governo vem anunciando para reverter tal situação. Permanecem as críticas em relação à estratégia de comunicação adotada, assim como em relação aos programas de cunho populistas em voga, talvez no sentido de produzir aqueles impactos imediatos, embora inconsistentes, repetindo projetos que já forma bem-sucedidos em outras épocas e circunstâncias, como o Bolsa Família, o Vale Gás, Minha Casa Minha Vida. A estratégia expõe demais o Lula, mas é isso mesmo o que deseja Ministro da Secretaria de Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira.  

Os níveis de aprovação do presidente no momento são preocupantes, talvez inviabilizando uma reeleição. É neste sentido que se explica, em parte, a estratégia adotada, independentemente das consequências para as contas públicas, onde já se prevê alguns problemas de insolvência já para 2027. Na percepção de um determinado núcleo do PT, controle das contas públicas significa uma austericídio. Controla-se as contas públicas, mas perde-se as eleições. Um dilema complicado. Essa lógica leva à proposta de um plano de saúde popular, quando o mais sensato seria a implementação de um programa efetivo para acabar com as filas do SUS. Desejar um postura republicana aqui é pedir um pouco demais. 

A pesquisa do PoderData, já comentada por aqui, em outro momento, indica uma perda de popularidade do presidente entre os segmentos evangélicos e católicos. Em estatística usa-se um termo curioso, utilizado para exemplificar quando os índices, seja negativos e positivos, se encontram: A boca do jacaré está se fechando. No caso de Lula, o fechamento da boa ocorre no caso dos católicos, como se evidencia no infográfico acima, e no que concerne aos evangélicos a boca está se abrindo. Nas duas situações, porém, o quadro não é nada alvissareiro para o presidente Lula. Há uma expectativa de que esse quadro sofra mudanças até as eleições de outubro de 2026. Por enquanto, não há indicadores que remetam a algum otimismo em relação ao assunto.   

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: A briga pelo comando da Rede Sustentabilidade.

 


Até recentemente, os grupos da deputada federal Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, e da suplente de deputada federal, Heloísa Helena, travaram uma batalha campal pelo controle nacional da Rede Sustentabilidade. O grupo liderada pela alagoana venceu a batalha, indicando o aliado Paulo Lamac, para o comando da legenda. Em situações assim, são inevitáveis as rusgas deixadas de lado a lado. Há até algumas questões ideológicas identificadas com esses dois grupos interessantíssimas, acerca do posicionamento em relação ao meio ambiente. O grupo de Marina é mais flexível, admitindo que o desenvolvimento capitalista não se constitui num entrave instransponível em relação à preservação ambiental. 

O grupo de Heloísa Helena é mais radical em relação ao assunto, propondo uma espécie de ecossocialismo. Discussões teóricas à parte, o fato é que a agremiação política saiu literalmente cindida da última disputa interna. Os analistas estão sugerindo um destino parecido para o PT nas eleições que definirão seus novos dirigentes, em junho. Marina sugere que continuará lutando dentro da legenda. Não pretende se afastar, embora o seu grupo político tenha externado este desejo. Aqui em Pernambuco, o problema não é menor, se tomarmos como referência as últimas eleições municipais, quando o partido lançou dois nomes para a Prefeitura da Cidade do Recife, numa evidência clara dessas divisões internas, que apenas se agravaram desde então. 

Relações humanas é uma coisa complicada. Procurando algumas fotos de ambas, encontramos várias onde elas aparecem juntas, num padrão de relação que jamais alguém poderia imaginar que pudesse se deteriorar tanto ao longo dos anos. É a vida. 

Editorial: Eliane Potiguara.


Somente mais recentemente, através de um curso sobre literatura indígena e africana, tomamos conhecimento sobre os textos da escritora, professora e ativista indígena Eliana Potiguara, que já teve seu nome indicado para o Prêmio Nobel de Paz, juntamente com outras mulheres com igual estirpe. Nesses cursos, descobrimos coisas interessantíssimas, como uma jovem negra do Maranhão que concebeu um romance - aliás o primeiro romance escrita por uma mulher negra no mundo - em pleno período mais nebuloso da escravidão naquele estado e no país. Como isso se tornou possível? Talvez nem o Laurentino Gomes consiga responder. 

Eliana Potiguara é considerada hoje a escritora indígena mais conceituada e respeitada do país. Até recentemente foi lançado um documentário sobre ela, produzido por Alberto Alvarez Hernandes, intitulado Uma Aldeia em Mim. Num dos nossos romances em construção, ambientando ali na fronteira entre Pernambuco e Paraíba, durante o período da Invasão Holandesa, mais precisamente no distrito de São Lourenço, em Goiana, tivemos a oportunidade de flertar com os povos Potiguara, em geral, em particular com a escritora, resgatando algumas tradições culturais e religiosas locais, solenemente resgatadas em sua obra. 

Este editor tem alguns compromissos com a comunidade quilombola de São Lourenço, visitada regularmente com os alunos e alunas durante os saudosos anos de batente de sala de aula. José do Nascimento, o seu Jipe, Dona Sebastiana, sua esposa já falecida. Dona Lourdes, liderança de um dos poucos espaços de exercício de culto afro-indígena da região. São Lourenço é área do antigo quilombo do Catucá, comandado pelo líder Malunguinho, hoje uma entidade da Jurema. 

 

Editorial: Plano de saúde popular? O que é isso, companheiro?



Uma das primeiras preocupações do novo Ministro da Saúde do Governo Lula, Alexandre Padilha, sugeria que ele almejava sanar o crônico problema da lista de espera do SUS, o Sistema Único de Saúde. Já enfatizamos por aqui que, se o Governo Lula 3 abandonasse essa ideia fixa de créditos e investisse em políticas públicas estruturadoras que, de fato, viesse a sanar este problema, seria um salto quântico, capaz de melhorar seus índices de popularidade e habilitá-lo, de forma competitiva, para o pleito de 2026. Temos poucas informações acerca das ideais do novo titular da pasta do Ministério da Saúde, mas, mais recentemente, surgiu a hipótese de que ele almejava ampliar o atendimento do SUS pela rede privada de hospitais. 

Coincidentemente ou não, desde algum dia, porém, passou a repercutir a proposta de um plano popular, com serviços de consultas e ambulatoriais, ao valor previsto de R$ 100,00. A estratégia aqui é bastante conhecida, sustentada numa âncora que tem sido usada à exaustão para levantar a popularidade do mandatário, ao passo que políticas estruturadoras estão sendo subestimadas ou comprometidas. Há pouco falávamos aqui sobre a crise financeira enfrentada pelas universidades públicas pernambucanas. Estão literalmente com o pires na mão. Saúde pública no Brasil é um gravíssimo problema, mesmo o país possuindo o melhor sistema de saúde pública do mundo, o SUS, que deve ser melhorado continuamente. 

Isso é o que deve estar no horizontes dos nossos gestores. Acreditamos que a partir da década de 80\90 milhões de brasileiros de classe média perderam seus planos de saúde privada em razão da crise econômica que os impediu de arcar com as altas mensalidades. Mais recentemente, alguns planos criaram uma série de expedientes para dificultar a vida das pessoas que mantiveram, a alto custo, esses planos, uma vez que alguns deles se tornaram pouco rentáveis, quando se sabe que o que sempre esteve em jogo é o lucro e não a vida. Quando o indivíduo deixa de fazer os exames de fezes e entra nos tratamentos de alta complexidade aí é que a porca torce o rabo. 

Aqui no Recife, que possui o terceiro polo médico do país, mesmo com as mensalidade de seus planos atualizada, a classe média alta precisa recorrer à justiça para ter seus direitos assegurados, ou seja, a UTIs apenas por liminares. Com as exigências legais para o atendimento de crianças portadoras do espectro altista, eles recorreram de imediato a ANS pedindo aumento nas mensalidades. Na realidade, já existem clínicas de bairro que oferecem serviços de consultas e ambulatoriais por valores módicos, assim como "planos" que oferecem apenas esses serviços. Quando a situação se agrava, a saída é o SUS. Quando o SUS foi criado, no escopo de tendências das mais avançadas do pensamento médico à época, ao que se sabe, pretendia-se extinguir o serviço de medicina privada. O centrão da época, naturalmente, vetou. O que o centrão vetará hoje? 

domingo, 20 de abril de 2025

Editorial: Universidades federais em Pernambuco atravessam grave crise financeira.


A semana foi marcada por alguns encontros entre os reitores das universidades públicas pernambucana, todas elas enfrentando dificuldades financeiras para manter os seus serviços à comunidade. Difícil dizer se as dificuldades atuais, sobretudo na educação superior, possam já refletir as previsões sombrias para o colapso das contas públicas em 2027, mas não seria improvável. Há, igualmente, verbas retidas de emendas parlamentares, algumas delas destinadas às universidades públicas, em razão das dificuldades encontradas pelo STF acerca dos mecanismos de controle sobre a sua aplicação e, mais importante, a prestação de contas dessas verbas destinadas às IFES. Podemos aqui estarmos fazendo algumas ilações, em razão de não conhecermos a realidade mais objetivamente, já que estamos tratando de coisas básicas, ao que se presume, de verbas de custeio. Isso é muito sério. Durante os governos de FHC, onde adotava-se uma política que favorecia a iniciativa privada em detrimento das instituições públicas, faltava até papel higiênico. 

Em todo  caso, as nuvens permanecem cinzentas para a saúde financeira de nossas instituições universitárias. Na semana passada líamos uma matéria do Marcozero Conteúdo sobre a situação preocupante em que se encontra o nosso saudoso CFCH, que carece de algumas intervenções em suas instalações físicas. Talvez isso não seja viabilizado exatamente em razão dessas dificuldades financeiras. Bateu um sentimento de tristeza neste editor em ver o prédio naquelas condições. Nosso percurso na UFPE ia do CAC ao CE, passando pelo CFCH. Muitas saudades dos seminários do professor Manoel Correia de Andrade; ouvir o professor Antônio Paulo de Resende falar com tanto entusiasmo sobre o anarquismo e a luta operária em Pernambuco;  o vigor intelectual do mestre Michel Zaidan Filho, sempre acompanhado de sua legião de admiradores, em razão de suas irretocáveis posições políticas e intelectuais, assumidas com veemência.

Paulo Henrique Martins e suas teses sobre a origem da Economia Solidária, possivelmente francesa, se aprendemos alguma coisa sobre o assunto; a energia positiva da professora Silker Weber, que tornava suas aulas tão atrativas; o "Tropical" da cantina do Daniel; o Bar da Tripa, que servia uma tripa de porco deliciosa, mas tão salgada que nos contingenciava a matar a sede com cervejas, ouvindo os improvisos de Guimarães, imitando o Frank Sinatra, cantando Let Me Try Again. Momentos de descontração que ajudavam a contornar as preocupações com a disciplina de Métodos e Técnicas em Pesquisa, ministrada pelo simpático professor José Carlos Wanderley, ponto de corte do programa de pós-graduação. Aquele servidor da biblioteca setorial, que jamais esquecemos a imagem, que sempre perdoava as nossas multas dos livros por atraso na devolução. Gente assim merece sempre menções honrosas.  

Vamos ser francos por aqui, sem "melindrar", que se tornou o verbo da moda. Lula já foi mais sensível aos anseios da comunidade acadêmica, assim como de sua base histórica de apoio político. Setores do próprio PT reclamam sobre a necessidade de uma correção de rumos. Não é por outro motivo que o PT hoje anda tão dividido. Uma divisão maior do que em outros tempos, a julgar pelas candidaturas que se lançam contra a corrente hoje hegemônica na legenda, a CNB. A rigor, até mesmo a CNB está dividida. Movimentos sociais como o MST já foram mais próximos ao partido. Nas últimas eleições trataram de ampliar suas bases de representação no parlamento e seus líderes negociam diretamente parcerias com países como a Venezuela. 

Editorial: Lula não estanca sangria, segundo o PoderData.



Hoje, dia 20, está sendo divulgada uma pesquisa realizada pelo Instituto Poder\Data sobre a avaliação do Governo Lula. O Instituto realizou 2.500 entrevistas entre os dias 15 e 17 de março, em 198 municípios das 27 unidades federadas. 53% reprovam o Governo, índice cravado em 51% na pesquisa anterior, numa variação negativa de dois pontos percentuais. Possivelmente um dos dados mais importantes desta pesquisa está relacionado a grande expectativa que se formou em torno de uma eventual recuperação dos índices de popularidade do presidente, algo sugerido por uma pesquisa do Instituto Datafolha. Como afirmamos antes, a pesquisa do Instituto Datafolha trazia informações que deveriam repousar sobre a mesa do presidente e acompanhada com lupa ampliada, assim como a pesquisa que veio logo em seguida, realizada pelo Instituto Genial\Quaest. 

Aliás, todas as pesquisas subsequentes, inclusive esta do PoderData, em razão de trazerem dados que mostram onde a sangria está sendo observada, seja por região, religiosidade, sexo, poder aquisitivo, entre outros indicadores. A pesquisa do PoderData, por exemplo, evidencia a erosão da popularidade do presidente entre o eleitorado feminino. Em 2023, Lula ostentava 45% de popularidade neste nicho eleitoral, enquanto hoje amarga 21%, uma queda de mais de 50%, o que pode sugerir que as falas sobre a sua Ministra da Articulação Institucional e a representante do FMI não ficaram impunes. A estratégia da SECOM, comandada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, ao que se sugere, será mantida, pois o entendimento é que ela está dando certo, a despeito dos escorregões verbais do presidente Lula. 

Compensa que o mandatário continue comunicando os feitos do seu governo, mesmo sob tais circunstâncias. Os programas, seja para atender os mais humildes ou aos estratos médios da sociedade são de corte populistas, seja o Pé-de-Meia, o Minha Casa Minha Vida, agora ampliado para atender às demandas da classe média. Ficamos sabendo agora que se cogita um plano de saúde popular, ou seja, o Governo poderia subsidiar um plano de saúde - possivelmente apenas ambulatorial - para determinados segmentos da população. Não são políticas estruturadoras. Não seria mais coerente investir em políticas públicas para área de saúde que contribuísse para zerar as filas do SUS? O mais grave dessas gastanças é que setores do próprio Governo admitem que as contas públicas podem entrar em colapso em 2027. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.