pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : 2025
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domingo, 6 de julho de 2025

Editorial: O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Nova federação para complicar ainda mais os arranjos políticos no estado.



Ontem comentávamos por aqui acerca de um jantar, realizado em Lisboa, em homenagem ao ex-presidente Michel Temer, por ocasião de um evento organizado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Jantares e almoços com a presença do ex-presidente sempre constam no menu as articulações políticas. Desta vez não foi diferente. Esteve em jogo, conforme divulgado pela revista Carta Capital, as negociações em torno da formação de uma nova federação, desta vez envolvendo os partidos MDB e o Republicanos. Conforme afirmamos no final daquela postagem, os arranjos celebrados no plano nacional estão produzindo alguns complicadores no estado de Pernambuco, como de resto, possivelmente, em outras praças da Federação. 

A cada nova aliança formada entre essas legendas, mais os problemas se avolumam na quadra política local. Como se já não fossem suficientes os problemas produzidos pela federação entre o Podemos e o PSDB, que acabou sendo desfeita já depois dos estragos produzidos, veio a aliança formada entre Progressistas e o União Brasil, onde uma ala perfila ao lado da governadora Raquel Lyra(PSD-PE) a outra segue firme com o prefeito João Campos(PSB-PE), agora é a vez de formação de uma eventual federação entre o MDB e o Republicanos, que deve colocar mais lenha nesta fogueira de vaidades e disputas pelas duas vagas ao Senado Federal, reservadas nas eleições de outubro. 

Definições claras apenas para a disputa da cadeira do Palácio do Campo das Princesas, onde se tem como certas as candidaturas da governadora Raquel Lyra e do prefeito João Campos. Para o Senado Federal, o quadro continua completamente embolado. Concretizada a federação entre o MDB e o Republicanos, provavelmente eles trabalharão o nome de um candidato presidencial para as eleições de 2026, provavelmente Tarcísio de Freitas, hoje filiado ao Republicanos. O MDB e o Republicanos, aqui na província, estão ao lado do prefeito João Campos, do PSB,. um aliado do Planalto, que, provavelmente, deve apoiar o projeto de reeleição de Lula, hoje bastante animado depois dos resultados positivos da campanha dos pobres contra os ricos. 

Até recentemente, Raul Henry, Secretario de Articulação da Prefeitura do Recife, empreendeu todos os esforços para manter o comando da legenda sob seu controle, o que significa dizer mantê-la ao lado da base de sustentação do prefeito João Campos no estado. Filiado ao Republicanos, hoje, um dos nomes mais cotados na bolsa de apostas da disputa ao Senado Federal é o do Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Em declarações recentes, o senador Humberto Costa considera mais provável uma aliança com João Campos do que com Raquel Lyra. A reeleição de Humberto Costa é a prioridade número um do Planalto no estado. O PT não vai negociar, mas cobrar o apoio de Lula ao nome dele numa dessas chapas. 

Festival Caminhos do Frio.



Entre os dias 18 e 24 o Festival Caminhos do Frio chega à cidade de Bananeiras, na região do Brejo Paraibano. O comendador Arnaldo nos pediu para dar uma força aqui pelo site, mas, a rigor, nem precisava. Ana Carolina e Nando Reis estarão entre as atrações que se apresentarão na cidade, que, neste época do ano, recebe milhares de turistas para apreciar sua gastronomia, curtir seus encantos naturais, conhecer seu sítio histórico e tomar um chocolate quente sob um friozinho que pode chegar aos 12,6 graus no período, como já foi registrado numa ocasião. Localizada a 130 km da capital João Pessoa, na microrregião do Brejo Paraibano, a cidade de Bananeiras já se prepara para realizar um dos encontros do  Festival Caminhos do Frio concorridos do Estado. 

Atrativos não faltam e a cidade já conta com uma excelente infraestrutura gastronômica e de hospedagem. Bananeiras está para a Paraíba, assim com Gravatá está para Pernambuco. Neste período, no friozinho da Serra da Borborema, além das festividades, os turistas poderão saborear os melhores pratos da gastronomia rural, preparados pelos restaurantes e hotéis da cidade para o festival gastronômico, que coincide com o Circuito do Frio paraibano. Vá preparado para curtir bastante os atrativos da cidade, como as trilhas rurais, as cachoeiras, a visita aos engenhos, como o Goiamunduba, que produz a cachaça Rainha desde 1877. Neste período, a cidade fica repleta de turistas, sobretudo do Rio Grande do Norte, atraídos pelos encantos da cidade. 

As reservas nos hotéis precisam se feitas com bastante antecedência, evitando a possibilidade de transtornos. Bananeiras, no passado, já foi a maior produtora de café do estado, constituindo-se num polo exportador do produto para todo o país. Hoje, sua economia se concentra na pecuária, no turismo, nos investimentos imobiliários e na produção de bananas, produto muito bem adaptado ao clima da região. No sábado, não perca por nada a oportunidade de conhecer a feira de Solânea, que integra a programação do Festival. Para este editor, não existe nada mais fascinante do que a região do Brejo Paraibano, onde desfrutamos de bons momentos ao lado da esposa e dos filhos. 

sábado, 5 de julho de 2025

Editorial: Jantar em homenagem a Temer se transforma em articulação por nova federação.



Curiosamente, alguns ministros do Governo Lula 3, do MDB, estiveram presentes num jantar em homenagem ao ex-presidente Michel Temer. Eles vão alegar, coerentemente, que não poderiam recusar um convite formulado por um dos nomes mais proeminentes do partido. Por outro lado, há outros indicadores subjacentes. Até recentemente, rebento de uma das raposas mais cevadas do partido admitiu que, sem uma federação, o partido vai para a série "B" da política. Republicanos e MDB já conversam há algum tempo sobre a formação de uma possível federação. Pelo andar da carruagem política, a ideia inicial de Lula em propor uma chapa com aquele grêmio partidário, com o propósito de concorrer à reeleição em 2026, é algo fadado ao fracasso. 

Esse namoro com o Republicanos é mais um indicador de que o nome do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, continua fortalecido na corrida às eleições presidenciais de 2026, quando se sabe que o próprio Michel Temer e Gilberto Kassab estão afinando este violino. É quase certo que MDB e Republicanos fechem um acordo em torno deste assunto, ampliando sensivelmente a representação parlamentar de ambos os partidos na Câmara e no Senado Federal. Isso, naturalmente, produzindo suas consequências em torno das políticas aliancistas nas quadras estaduais, a exemplo de Pernambuco, onde um dos nomes mais cotados para concorrer ao Senado Federal já está praticamente fechado com o prefeito João Campos, do PSB, que deverá ter o apoio de Lula para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas.  

Até recentemente, o PSB praticamente fechou uma federação com o Cidadania. Não quis conversa com o PT, que deve permanecer com o seu cercadinho ideológico, ou seja, o PV e o PCdoB. Superada a contenda depois das audiências de conciliação no STF sobre a questão do aumento de impostos do IOF, sabe-se lá como Lula irá se comportar em relação à sua base aliada. Votaram contra o Governo na Câmara e chegaram a pedir ao STF que mantivesse a decisão tomada pela Legislativo em relação ao assunto, indicando uma absoluta dissonância de entendimento. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Começa a ganhar corpo a ideia de um semipresidencialismo no país.



Há alguns anos atrás, quando queríamos nos referir à crise de governabilidade no país, recorríamos sempre ao conceito de presidencialismo de coalizão, um conceito atribuído ao historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro. Cabe a Alencastro, quando pouco, a popularização do conceito no país. Ao longo do tempo, o conceito deixou de dar conta da complexidade - e também das dificuldades - em se tornou a relação entre o Executivo e o Legislativo no país. Temos qualquer coisa, menos um presidencialismo de coalizão, onde, mesmo aos trancos e barrancos, ainda era possível construir alguma possibilidade de governabilidade, por vezes, quando do mensalão, por exemplo, de forma pouco republicana. Hoje, não mais. Se por, por um lado, o parlamento ganhou mais autonomia e relação ao orçamento, por outro lado, sua capacidade de legislar ficou comprometida. 

A declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele afirma que precisa recorrer ao STF se deseja governar é um atestado da falência do modelo de gestão governamental no país. É o próprio Supremo Tribunal Federal que tem esboçado, através de discursos dos seus membros, a necessidade de se encontrar uma outra alternativa de governo, como propôs recentemente o Ministro Gilmar Mendes, durante encontro em Lisboa, Portugal, onde aventou a proposta de um semipresidencialismo. A corda está muito esticada entre os Três Poderes da República. Na medida em que o Judiciário atende aos pleitos do Executivo, amplia as arestas junto ao Poder Legislativo, para alguns esvaziados, sempre que as suas decisões soberanas são revogadas. Nenhum poder pode ser muleta do outro. Cada qual no seu quadrado. 

Revoltado com a revogação do decreto do aumento do IOF pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o Governo Lula 3 antecipou uma campanha publicitária que estava prevista para dar suporte de opinião pública em relação a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. A campanha, literalmente, tirou o PT das cordas nas redes sociais, injetando um fôlego novo na militância, que já ganhou entusiasmo para convocar uma mobilização para Paulista, assim como fazem, com regularidade, os bolsonaristas. Curioso é que a campanha é do marqueteiro Otávio Antunes e não da Secom, como se poderia imaginar a princípio. 

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: "PobresXRicos" indica recuperação de popularidade do Governo Lula.


Há pouco líamos um texto onde a articulista questionava a insistência da Secom em dar prioridade, em suas campanhas de comunicação institucional, às redes sociais. O Governo Lula 3 apanha feio nas redes desde algum tempo. Desde 2013, para sermos mais precisos, quando a direita ou extrema direita ganhou as ruas, assumindo o protagonismo de um movimento de protestos que começou contra o aumento da tarifa de transporte público. Trata-se, na realidade de um projeto de poder meticulosamente pensado, planejado e executado, inclusive com a utilização de métodos sórdidos, que consiste na disseminação de fake news com o propósito de desacreditar seus opositores ou adversários. 

Entende-se a preocupação de Sidônio Palmeira, sobretudo quando se sabe que o Governo - seja ele qual for - quase sempre chega atrasado na comunicação de suas realizações. Não acompanha a velocidade e, consequentemente, não consegue desmentir a onde de boatos em tempo hábil, que se espalha feito rastilhos de pólvoras pelas big techs. Desta vez, no entanto, no caso do IOF, o tiro parece ter saído pela culatra para a Oposição. Juridicamente, o Ministro Alexandre de Moraes tornou sem efeito todas as decisões tomadas em relação ao IOF, aguardando-se uma reunião de conciliação entre Executivo e Legislativo, onde se espera que se construa algum consenso em torno do assunto.  

Do ponto de vista político, a campanha de taxação dos super ricos encetada pelo Secom e pelas redes sociais petistas, vingou e já anda incomodando os parlamentares em relação aos seus eventuais efeitos nas próximas eleições. Até as ruas sugere-se que o Governo está recuperando, se considerarmos as mobilizações do MTST na sede do Banco Itaú, na Faria Lima. Pesquisas internas confirmam que a popularidade do Governo Lula esboçou uma reação positiva com esta campanha. Já existe até lista de assinaturas circulando nas redes sociais em apoio à taxação dos super ricos.  

P.S.: Contexto Político: Na realidade, a campanha BBB do PT foi criada pelo marqueteiro Otávio Antunes. A previsão é que a campanha pudesse ser lançada daqui há alguns meses, ancorada na promessa de campanha do partido de isentar de imposto de renda que ganha até cinco mil reais. A derrubada do IOF antecipou a campanha, que está alcançando grande repercussão nas redes sociais, bem acima das expectativas e da performance do PT naquela arena. Desconhecemos se existe alguma relação entre Otávio Antunes e Sidônio Palmeira. 

Editorial: Direita devolve Lula aos braços dos pobres.

Crédito da Foto: Instagram do Diário de Pernambuco. 

A política tem algumas coisas curiosas. Lula é criticado por alguns setores mais autênticos - ou seriam radicais? - da esquerda por fazer, segundo esses críticos,  o jogo da direita. Isso dentro e fora do PT, uma vez que alguns dos postulantes à direção nacional da legenda, que terá eleição no próximo domingo, também defendem uma inflexão à esquerda do partido. Lula carrega essa pecha desde os momentos mais cruciais de sua atuação sindical, quando o então Ministro-Chefe da Casa Civil dos Governos Militares, o general Golbery do Couto e Silva, espécie de estrategista político do regime,  argumentava que os conservadores não teriam o que temer em relação aos  posicionamentos políticos do barbudo. Lula não era comunista, segundo avalizava o militar. Segundo esses setores, Lula foi usado pelas hostes conservadores para impedir a eleição de Leonel Brizola, este sim, alguém que poderia abalar as estruturas do sistema. Os radicais de esquerda tratam Lula como uma "cria" de Golbery. É preciso esclarecer aqui esses candidatos que concorrem à direção nacional da legenda defendendo uma inflexão à esquerda não chegam a dizer que Lula fez o jogo da direita, mas são críticos dessa conciliação conservadora. 

Por outro lado, eleito para um terceiro mandato nas circunstâncias em que foi eleito, exigia-se um Lula ainda mais moderado, fazendo um governo de conciliação, ampliando seus vínculos com setores conservadores da direita, excluindo-se tão somente os extremistas. Na realidade, tal condição até se impunha, uma vez que a direita venceu as últimas eleições no país. Lula até tentou, seja do ponto de vista da articulação com o Congresso, seja no tocante à gestão da máquina, onde integrantes do governo anterior continuaram exercendo cargos de confiança no Estado ou exercendo funções de conselheiros em estatais, caso da Eletrobras, com excelentes jetons, diga-se de passagem. Um deles foi indicado até para secretário-executivo de um ministério. 

Nos últimos meses esse distanciamento foi se ampliando, com derrotas sucessivas no Congresso, chegando ao limite da recusa de um convite a um membro de um partido da base aliada para assumir um ministério no Governo. Hoje, a dita base aliada- formada por partidos de centro-direita, a exemplo do União Brasil e PP - está completamente desmobilizada. Numa entrevista recente, o presidente nacional da federação União Progressista afirmou que um apoio da legenda ao projeto de reeleição de Lula é uma condição remotíssima. Até recentemente, Antonio Rueda era elogiado no Planalto por sua lealdade. O outro nome forte dessa federação, o senador Ciro Nogueira, segundo os escaninhos da política na capital federal, estaria na bolsa de apostas para integrar a chapa com o governador Tarcísio de Freitas à Presidência da República, na condição de candidato a vice.   

Acabamos de saber que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, acaba de suspender as decisões do Executivo e do Legislativo no tocante ao aumento de impostos do IOF. O estrago, no entanto, já está feito. Aquilo que antes tratávamos aqui como indisposições e instabilidade institucional, hoje pode ser tratado como uma guerra declarada entre o Executivo e o Legislativo, antecipando, inclusive, a plataforma discursiva que poderá ser usada nas eleições de 2026. Já tem gente até erguendo a bandeira branca, incomodado com essa narrativa de que estão defendendo os interesses dos ricos, em detrimento dos mais humildes. O Planalto tem apostado todas as suas fichas de publicidade institucional nas redes sociais. Alguém andou sugerindo que isso poderia ser um equívoco. De fato pode, mas, no momento, o Governo surfa numa narrativa que vem obtendo aderência junto ao público, ou seja, apresentando Lula como uma espécie de Robin Hood. 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Veta, Lula.


A polêmica em torno do aumento do IOF, como se diz na canção do compositor Chico Buarque de Holanda, pode ser a gota d'água que faltava para o copo transbordar no que concerne à relação entre os Três Poderes da República. Esta relação não tem sido harmoniosa faz algum tempo, mas, aos trancos e barrancos, eles vão sobrevivendo às inúmeras escaramuças armadas ao longo do tempo. Nesta questão do decreto do IOF, se o que resta da vaselina política não for devidamente empregada, podemos amargar alguns atropelos irreversíveis, como uma ruptura definitiva. Membros da Suprema Corte, sentindo o peso do ônus de uma decisão como esta, depois de sua judicialização, aconselham que o diálogo e a construção de um consenso seria o caminho mais prudente. 

Ontem ficamos sabendo que o nome de Nikolas Ferreira estaria sendo estimulado a assumir a relatoria da CPMI do INSS só para contrariar e colocar mais lenha na fogueira. Caberia, na realidade, ao PL indicar o relator, mas, convenhamos, haveria outros nomes menos inflamados ou polêmicos. Com Omar Aziz na direção dos trabalhos, talvez não passemos sequer do estágio das preliminares durante as sessões. É possível que entre em pauta o PL da Anistia, o que seria mais um petardo atirado contra o Planalto. Entendendo a complexidade do problema, sugere-se que Davi Alcolumbre esteja pensando em limitar o números de atores com prerrogativas para recorrer ao STF sempre que o Congresso toma uma decisão polêmica, a exemplo desta última do IOF. O PSOL, através do deputado Guilherme Boulos, também recorreu da decisão junto ao STF. Em entrevistas concedidas depois do episódio, o presidente Lula tem se mostrado enigmático. Ora afirma que não pode governar sem recorrer ao Supremo Tribunal Federal, ora afirma que isso não significa, necessariamente, que ele cortou o diálogo com o Congresso. 

Há uma campanha nas redes sociais, provavelmente encetada pelos hostes petistas, para que ele vete o aumento do número de deputados, projeto aprovado recentemente pela Câmara dos Deputados, contrariando a narrativa de corte de gastos e controle das contas públicas que o Legislativo cobra do Executivo. Para ser coerente com a narrativa dos próprios congressistas, Lula teria que vetar. Acreditamos que ele deverá vetar. Sugere-se que cruzamos a linha do diálogo e entramos na fase das escaramuças entre ambos os Poderes. Segundo especulou-se no dia de ontem, o2, o Ministro Alexandre de Moraes, antes de tomar uma decisão sobre o IOF, estaria propenso a jogar água nesta fervura entre Executivo e Legislativo, ou seja, tentaria construir um consenso sobre o assunto. 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Resenha do romance Tramas do Silêncio.



O romance reconstitui, historicamente, a decadência da industrialização têxtil no país, a partir de uma experiência observada na cidade-fábrica de Paulista, localizada na região Metropolitana do Recife, em Pernambuco. Durante o seu apogeu, o município ostentou a condição de maior polo têxtil da América Latina, situação que o coloca como um indicador seguro para entendermos como este ciclo de industrialização se deu em todo o Brasil, pois as indústrias do Grupo Lundgren, em Paulista, se constituíam numa espécie de termômetro ou parâmetro seguro para avaliarmos o que ocorria neste setor da economia no país como um todo. Este é o terceiro dos romances tratando deste assunto, abarcando o ciclo da industrialização têxtil no município desde às suas origens, com o romance Menino de Vila Operária; apogeu, com o romance Memórias de uma Cidade Tecida; e, finalmente, Tramas do Silêncio.   

Além de abordar o processo de decadência da indústria têxtil no município, o romance envereda pelas consequências daí decorrentes, uma vez que tudo, absolutamente tudo no município girava em torno dessa indústria, a Companhia de Tecidos Paulista. Como ficaria a cidade com o encerramento de suas atividades? O que fazer com o espólio de construções históricas do período? Qual a memória a ser preservada? A da oligarquia industrial – representada pelo clã da família Lundgren - ou a memória da luta dos trabalhadores e trabalhadoras por sua emancipação? A indústria fechou suas portas na década de 80 do século passado, mas, já na década de 60, refletia a crise no setor têxtil que se observava no plano nacional, de onde não haveria mais retorno, exceto pelo interregno da fase do Milagre Econômico Brasileiro, decorrente da fase inicial desenvolvimentista da ditadura militar implantada no país com o Golpe Civil-Militar de 1964. Milagre que durou muito pouco, pois o santo era de barro. O que perdurou por longos 21 anos foram os danos políticos e institucionais daí decorrentes, como a supressão de direitos, liberdades civis e a perseguição aos adversários, com seus reflexos no município, elementos que são, igualmente, tratados no romance. 

O texto está dividido em três partes. Na primeira parte abordamos os problemas enfrentados pela indústria têxtil naquele período histórico específico, envolvendo, inclusive, as sucessivas greves ali verificadas, aguçando, até o limite do possível, o conflito entre capital e trabalho. A greve de 1962 é a mais emblemática entre elas, pois ocorre num ambiente político extremamente favorável à classe trabalhadora, significando conquistas importantes, embora não duradouras, pois, logo em seguida, dois anos depois, ocorreu o Golpe Civil-Militar de 1964. Naquela oportunidade perdida para que o país pudesse encontrar o seu verdadeiro rumo, tínhamos na Presidência da República João Goulart e no Ministério do Trabalho, Almino Afonso. No Governo do Estado de Pernambuco, Dr. Miguel Arraes, que proibiu a sua Polícia Militar de reprimir as manifestações legítimas dos trabalhadores. 

A segunda parte enfoca as consequências da queda das atividades da indústria têxtil no município, pois existia um padrão de interdependência bastante acentuado entre esta indústria e os moradores locais, uma relação que extrapolava o caráter estritamente produtivo, atingido outras esferas, como a moradia - existia uma vila operária – assim como os roçados da companhia, que produziam alimentos para a população local. Naquele momento histórico específico, o município entrou numa fase de orfandade produtiva, talvez uma anomia social daí decorrente, pois a cadeia produtiva havia sido rompida. No seu período áureo, estima-se que a indústria têxtil do município chegou a empregar 20 mil trabalhadores em suas duas fábricas de tecidos.  O cinema, o Clube dos "assustados", os festejos tradicionais, a exemplo do Natal, período em que as chaminés ficavam iluminada e com uma grande estrela, algo que permaneceu na memória dos moradores locais durante décadas. 

Há uma discussão bastante interessante no texto sobre o papel das mulheres em todos os movimentos de contraposição entre capital e trabalho no município. Curiosíssimo este aspecto, uma vez que, ouvida pelo antropólogo José Sérgio Leite Lopes, uma fiandeira daquele período explica essa movimentação mais ativa das mulheres por uma razão aparentemente numérica. Afirma que sempre as mulheres foram maioria entre os empregados da companhia, uma explicação que não nos convenceu totalmente, principalmente quando se sabe que, mesmo o sindicato local sob intervenção, elas se dirigiam ao sindicato da Várzea para acompanharem as movimentações da categoria. Há até um fato emblemático aqui. Elas peitaram os coronéis para a liberação de uma hora nos seus turnos aos sábados para realizarem a feira.  

Na terceira e última parte, abordamos o quadro de ebulição política que exista no país naquele momento, no início da década de 60, de muita agitação política, sindical e estudantil, em torno das reformas de base que país reclamava, que envolvia questões relativas à reforma agraria, educação de adultos, entre outras, e como tal momento se refletia no município. Historicamente, como se sabe, tais reformas foram abortadas pelo golpe de classe articulado pelas forças conservadoras consorciadas com os militares, produzindo longos dias de trevas para o país. Como esses acontecimentos se refletiram entre os moradores do município, que registra casos de torturados, mortos e desaparecidos no período? Um dos casos mais emblemáticos neste aspecto é o que ficaria conhecido como o Massacre da Granja São Bento, onde seis guerrilheiros da VPR foram mortos, entre eles a paraguaia Soledad Barrett, de quem reproduzimos no texto seu último poema, que ela dedicou a sua mãe. 

Editorial: Por onde anda os bons exemplos de austeridade com o dinheiro público?



Nas redes sociais, estimulada por uma campanha do Planalto em favor do aumento de impostos do IOF, decreto do Executivo já derrotado pela Câmara dos Deputados, desencadeia-se uma verdadeira guerra entre pobres e ricos, com a participação efetiva da militância petista. O que ocorre, na realidade, é que ninguém deseja dá bons exemplos de austeridade com os recursos públicos. A mesma Câmara que cobra do Executivo o controle dos gastos, reduzindo a carga tributária, é a mesma Câmara que cria novos gastos, ora estuporando em emendas parlamentares, ora ampliando o número de parlamentares. Nesta conta sequer entrar as maracutaias verificadas pela Operação Overclean, da Polícia Federal, onde essas emendas estariam sendo utilizadas com outros propósitos, nenhum pouco do interesse público.  

Na última operação realizada no estado da Bahia, prefeitos de duas cidades foram afastados dos seus cargos. São espantosamente curiosos os mecanismos operacionais de um cidadão conhecido, que, com interlocuções privilegiados em Brasília, opera praticamente em todo o país, reproduzindo o modus operandi de desvio de finalidade dessas emendas. O mecanismo é tão azeitado que prepostos seus são indicados para cargo de confiança em determinadas prefeituras apenas para cumprir essa missão, fato já verificado em Belo Horizonte. No dia de ontem, um parlamentar considerou não haver nenhum problema em liberar milhões de emendas para uma entidade onde a sua família teria interesses, pois realizava negócios com o órgão.  

O STF, prudentemente, através do Ministro Flávio Dino, vem fazendo o possível para conter essa sangria de recursos públicos liberados sem controle, sem mecanismos de fiscalização seguros, culminando em situações como a mostrada na foto acima. É uma confusão sem tamanho, pois há um mal de origem que atende pelo nome de orçamento secreto. Na medida em que o STF retém, cria arestas com o Legislativo e trava o Executivo. O ambiente está se tornando tão turvo e delicado que já há sinalização da Corte de que o diálogo seria o melhor caminho pera dirimir essa questão do decreto do IOF. 

terça-feira, 1 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: Lula na frigideira do Centrão

Cláudio de Oliveira\Folha de São Paulo. 


Jorge Messias, Ministro-Chefe da AGU, confirma que o Governo Lula vai mesmo recorrer ao STF em relação ao decreto que aumenta o IOF, recentemente rejeitado pelo Congresso. Pelo andar da carruagem política, podemos concluir que as armas estão afiadas entre Governo e Oposição, numa batalha que se estenderá até as eleições de outubro. Lula já se encontra definitivamente na frigideira do Centrão. Os ingredientes da fritura, por outro lado, não são nada agradáveis para parcelas da sociedade brasileira, uma vez que atendem a interesses patrimonialistas espúrios, ditados pela Faria Lima, replicado por setores da mídia, mancomunados com seus prepostos no Congresso. Equipe de cozinheiros afinados, que preparam esse prato há séculos, sempre com os mesmos ingredientes. Fernando Haddad tem razão ao afirmar que a proposta incomoda porque atinge o andar de cima da pirâmide, aquela que não pode ser incomodada, que nunca abdicou um milímetro de seus interesses.  

Já temos uma CPMI do INSS praticamente definida e eles tentarão criar embaraços em relação à proposta de antecipar a devolução dos recursos desviados irregularmente do INSS, como deseja o Governo Lula. Segundo o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, Lula pulou da frigideira quase no ponto. É verdade. O Centrão prefere as carnes mal passadas, daqueles cortes que sangram ao serem cortados. O arsenal disponível por essa gente para desgastar determinados atores é incomensurável. Já se especula, por exemplo, articulações no sentido de negociar a entrada de um senador conhecido, hoje um dos mais ilustres representantes do Centrão, na composição da chapa que deverá ser encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas. 

Resta saber como Lula irá agir a partir de agora, uma vez que ele havia dado provas de que sua intenção ou primeira opção seria a conversa, o diálogo, a negociação com o Legislativo. Até ocorrer o tsunami do IOF, podia-se dizer que ele estava em lua de mel com David Alcolumbre, Presidente do Senado Federal.  Há indícios que comprovam que, um pouco antes da votação, foram liberados mais de um bilhão em emendas parlamentares.  Fala-se em estimativas um pouco menores, mas a verdade é que ocorreram tais liberações, em montantes expressivos, com o intuito de cumprir o acordado com o Congresso. Nem assim as coisas funcionaram.   

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Ato esvaziado na Paulista preocupa bolsonaristas.



Como se diz popularmente, depois de um certo período, possivelmente a partir de 2013, grupos conservadores de direita ou extrema direita começaram a fazer barba, cabelo e bigode na política brasileira. Ganharam as ruas, as redes sociais e a representação parlamentar. Continuam bem nas redes sociais, na oposição ao Governo Lula 3 no Congresso, mas emitem sinais de ressaca no que concerne às ruas. Há um consenso entre os próprios bolsonaristas de que a última concentração realizada na Paulista esteve esvaziada, bem aquém das últimas manifestações organizadas. O declínio de público nessas manifestações, aliás, vem se verificando desde algum tempo, seja nas mobilizações programadas para a praia de Copacabana, seja na própria av. Paulista, indicando uma tendência. 

O jornal Folha de São Paulo do dia de hoje, 01, traz uma matéria onde informa uma espécie de caça às bruxas, ou seja, eles estariam procurando identificar os culpados pelo fiasco. Os bolsonaristas tinham uma grande expectativa em relação a este ato, uma vez, ao que se sugere, seria o primeiro de uma serie de mobilizações no sentido de protestar contra o andamento do julgamento dos envolvidos nos atos antidemocráticos do 08 de janeiro ou na tentativa de golpe de Estado. Difícil identificar as razões objetivas dessa "saturação", principalmente quando se sabe que este declínio não esta sendo capitalizado pelo outro lado. As manifestações convocadas pela esquerda ou pelas forças do campo progressista também enfrentam o mesmo problema. 

No mais, aquilo que já se esperava. Um Jair Bolsonaro pedindo para que seus apoiadores continuem apoiando os projetos políticos do grupo, principalmente fortalecendo-o na representação parlamentar, onde está sendo montada a trincheira de luta contra os outros poderes da República. Um Tarcísio de Freitas cauteloso, modulando o discurso, batendo forte contra o PT, mas poupando os ministros da Corte, como quem não deseja se queimar logo na largada.  

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: O "fator" Marília nas eleições para o Senado Federal.

Crédito da Foto: Miqueias Gomes\Folha de Pernambuco

 


O fotógrafo da Folha de Pernambuco, Miqueias Gomes, captou uma foto bastante emblemática no que concerne aos arranjos de forças políticas que devem disputar o Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2026. Seja em relação ao Governo do Estado, seja em relação ao Senado Federal. A foto apresenta o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), ladeados de sua prima, Marília Arraes, do Solidariedade, o Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho(Republicanos), e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(União Progressista). Os festejos juninos se constituíram numa excelente oportunidade para os políticos pernambucanos, independentemente das matizes ideológicas, se movimentarem nos polos de festejos por todo o estado. 

Uns se expuseram mais, outros foram mais discretos, mas, no geral, todos se empenharam em adubar as bases e consolidarem seus projetos políticos junto aos eventuais apoiadores. No ranking das movimentações, dizem até que a governadora Raquel Lyra se movimentou mais do que o prefeito João Campos, que, em uma de suas redes sociais, aparece curtindo os festejos junto à namorada, Tabata Amaral,  e à família. em sua residência no bairro de Dois Irmãos. Na semana anterior havíamos publicado aqui pelo blog uma foto onde o prefeito João Campos aparece ao lado do ministro Sílvio Costa Filho e do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. Perguntávamos, logo em seguida, se essa seria a chapa que deveria concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, tendo ele como candidato a governador, Sílvio e Miguel concorrendo às duas vagas ao Senado Federal.   

Durante a semana anterior, em entrevistas concedidas, Sílvio reafirmou sua condição de candidato ao Senado Federal e praticamente consolidou o nome de João Campos como candidato ao Governo do Estado, algo que, como dissemos em outros momentos, já não se trata-se de uma decisão que  depende apenas dele. Segundo matéria do mesmo jornal, assinada pela jornalista Carol Brito, há dez candidatos ao Senado Federal em Pernambuco. A disputa é acirradíssima, numa engenharia de composições políticas das mais complexas, pois dependem de inúmeras variáveis, a começar pela enorme dificuldade de construção de consensos. Fazer algum prognóstico por aqui não é tarefa simples. 

Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, por exemplo, aponta que Pernambuco é um dos poucos estados onde o PT tem chances de eleger ao menos um senador, que seria, naturalmente, a reeleição do senador Humberto Costa, prioridade número um para o partido no estado. Apesar do desgaste nacional, Lula ainda conta com o seu capital político preservado no estado, o que pode ajudar bastante no afunilamento das composições de chapa, onde, em princípio, o caminho mais "natural" seria o PT compor com o prefeito João Campos, isso se houver condições de entrar no forró. Para complicar ainda mais o enredo, agora surge a candidatura de Marília Arraes ao Senado Federal. 

Marília construiu uma sólida relação com setores do PT ao longo de sua trajetória politica. O "fator" Marília, quer queiramos ou não, dá uma sacudidela nos arranjos que estão em andamento, seja no que concerne às composições de chapa, seja em relação ao capital político da neta do Dr. Miguel Arraes. Numa pesquisa do Instituto Simplex, ela já aparece liderando a corrida ao senado. A questão é saber como se comportariam os eleitores do PT ou da esquerda - ou do Grupo da Educação - em relação ao seu nome. Com experiência de eleição majoritária no currículo, Marília é um fator que pode desequilibrar o jogo. 

Editorial: Tarcísio já está ensaiando o iiiihul?


Hoje, as negativas do governador Tarcísio de Freitas no sentido de que não será candidato presidencial em 2026 já podem ser entendidas como uma confirmação de sua candidatura ao Planalto. As forças do campo conservador já entenderam que seria o momento de uma definição e fazem gestões junto ao governador para que ele assuma sua candidatura. Já faz algum tempo que o Planalto percebeu as movimentações em torno do nome de Tarcísio de Freitas. Logo no início do seu Governo, o Estado de São Paulo enfrentou uma dessas intempéries da natureza e Lula foi aconselhado a visitar o estado para equilibrar o jogo e não ficar mal na fita. O feeling político apurado do ex-ministro José Dirceu também percebeu que ele seria o nome das hostes conservadoras a ser abatido pelas forças do campo progressista, em 2026. 

Há, aqui, deliberadamente, uma narrativa pautada pelo nós contra eles. Se Lula for mesmo candidato à reeleição, essa narrativa tende a recrudescer, sobretudo porque o programa do PT hoje está resumido a defender as instituições democráticas da extrema direita, esgarçando esse cabo de guerra da polarização, que já deu certo na eleição anterior, e eles apostam que possa surtir efeitos nas eleições de 2026. Se houver uma confirmação de uma eventual candidatura do cearense Ciro Gomes, ele que prepare o gogó, mais uma vez, para demonstrar a falácia deste discurso, como ele tentou nas últimas eleições presidenciais passadas. 

Além das cores, Tarcísio vai sempre com a cor azul do time reserva da seleção brasileira, ele procura calibrar o seu discurso consoante os arranjos institucionais possíveis. Está sendo muito bem orientado. Tudo que ele não deseja é se indispor com o sistema logo na largada. Nos escaninhos da política, dizem que ele está sendo moldado por duas hábeis raposas: o ex-presidente Michel Temer e  Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD. Lula acena para o MDB, mas é muito pouco provável que a cúpula da legenda aposte suas fichas no petista. Talvez ele tenha que se contentar, como sempre, com o apoio das oligarquias regionais da legenda, em regiões como o Nordeste e o Norte.  

domingo, 29 de junho de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: O incrível número de pescadores de Mocajuba, no Pará.


Até recentemente publicamos por aqui uma postagem onde, através de cruzamentos de dados entre o Ministério do Desenvolvimento e Segurança Alimentar e o IBGE constatou-se que nada menos do que 1.400 beneficiários do Programa Bolsa Família escondem que são casados para continuarem habilitados a receberem o benefício. Quase 900 alunos milionários de Santa Catarina têm seus cursos superiores em instituições privadas financiados por um programa do Governo do Estado destinado a atender alunos pobres. Problemas existem, igualmente, em relação ao Programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação, em alguns municípios do país. O jornal O Estado de São Paulo apontou irregularidades no estado da Bahia, onde, em uma cidade, mais de 100% dos alunos matriculados no ensino médio, salvo melhor juízo, estariam recebendo o benefício. Quer dizer, há alguma coisa errada aqui. 

Agora vem a notícia, através de uma matéria muito bem realizada pelo Portal UOl, apontando eventuais irregularidades com a concessão do benefício do defeso numa cidade do Pará, Mocajuba, onde haveria um número improvável de tantos pescadores na cidade. Dados da população da cidade, aliados à sua inserção produtiva, descartam completamente a existência de tanta gente se dedicando à pesca no município. Para variar, o pagamento também é realizado pelo INSS, intermediado por entidades, o que potencializa os problemas de irregularidades já existentes no órgão. Caso se confirmem as irregularidades, sugere-se, preocupantemente, que o modus operandi seria o mesmo utilizado por ocasião das fraudes dos aposentados e pensionistas do INSS, procedimento realizado através das entidades ou associações.  

Indo mais além, a matéria apura que houve um aumento exponencial de pescadores no país nos últimos anos, que pulou de um milhão em 2022 para um milhão e setecentos mil em 2025. Questionados sobre esses dados, as autoridades consultadas pelo portal de notícia se mantiveram em silêncio. A CPMI que apura as fraudes no INSS deve começar seus trabalhos em agosto. Pelo andar da carruagem política, vamos ter muito trabalho.  

Editorial: Nova manifestação bolsonarista neste domingo.



Neste domingo, 29, teremos mais uma manifestação bolsonarista na Av. Paulista. A programação começa às 14h00, com a presença do ex-presidente, Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, o governador Tarcísio de Freitas, o deputado Nikolas Ferreira, entre outros convidados. Segundo matérias que estão sendo divulgadas pela imprensa em torno da pauta das discussões do encontro de logo mais, haveria uma contestação sobre o julgamento dos implicados na tentativa de golpe de Estado, inclusive sobre as eventuais fragilidades da delação do tenente-coronel Mauro Cid. Um fato novo sobre o assunto são as especulações em torno de eventuais contatos entre os advogados de defesa dos réus, no sentido de obterem informações mais substantivas sobre o teor da acusação que pesa concretamente contra os seus clientes. Embora os métodos possam ser heterodoxos, entende-se as preocupações. 

Ao que se sabe, as acareações recentes entre os acusados não teriam sido suficientes para mudar os rumos do julgamento em curso. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem prometido um pronunciamento diferente para este domingo. Não se sabe o que significa isso, talvez apenas um incentivo a mais para atrair a presença dos seus apoiadores. Diante das circunstâncias tão adversas no que concerne a reversão de uma condenação no STF e uma revogação de sua inelegibilidade, o ex-presidente tem se mostrado mais flexível no tocante a articular o seu apoio a um candidato de centro-direita às eleições presidenciais de 2026. Antes ele se mostrava irredutível, afirmando que só morto estaria fora daquele pleito. 

Neste aspecto, também se aplica o preceito bíblico. Muitos são os chamados e poucos os escolhidos. Hoje o nome que mais atende às expectativas da família Bolsonaro é o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já devidamente ungido pela Faria Lima. O compromisso do grupo é que, se eleito, Tarcísio indulte, de imediato, o ex-presidente. No dia de ontem, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, divulgou em suas redes sociais um vídeo onde se contrapõe à divulgação de um outro vídeo, possivelmente concebido pela Secom, onde o Governo se coloca contra os BBB's que estariam se insurgindo contra o aumento do IOF: Bancos, Bilionários e as Bets. Zema teve o seu momento de Nikolas Ferreira. 

sábado, 28 de junho de 2025

Editorial: Governo abre frente de batalha e declara guerra ao BBB.


Não é improvável que surja algum vídeo daquele deputado mineiro defendendo o Congresso Nacional na votação que derrubou o aumento do IOF, projeto de absoluta prioridade para o Governo Lula 3. Se o Governo conseguir vencer a batalha jurídica, uma vez que, neste momento a AGU já se debruça no sentido de encontrar os argumentos jurídicos para apresentá-los ao STF, neste caso não teremos qualquer dúvida sobre um novo vídeo do deputado tratando desta questão, que, com o suporte de rede sociais que ele possui, atinge logo os milhões de visualizações em poucas horas. Alguém estava questionando se a Secom não estaria muito focada nas redes sociais, esquecendo de outras frentes ou mídias igualmente importante. 

Não sabemos se o Sidônio Palmeira concordaria com esta avalição, mas, pelo sim, pelo não, neste caso específico do IOF, algo sugere que o Governo partiu mesmo para antecipar-se à guerra de narrativas em relação ao assunto, lançando uma espécie de campanha do nós contra eles. Eles, neste caso, são os BBB's. De bancos, bilionários de Bets. Mesmo se o governo for bem sucedido em seu pleito junto ao Supremo Tribunal Federal e a situação for revertida, não se trata de uma batalha jurídica, mas, sobretudo política e esta o Governo Lula já perdeu. Perdeu no parlamento, perdeu junto ao mercado e corre um sério risco de perder junto à opinião pública, uma vez que parte da população não aguenta mais pagar tantos impostos, e a outra já percebeu a necessidade de se dar bons exemplos de austeridade para conter a sanha do monstro da inflação.

Assim, mesmo que ganhe, o Governo acaba perdendo. O STF, por outro lado, já está cansado de tantos acionamentos do Executivo, esgarçando a relação do órgão com o Poder Legislativo. São muitos pênaltis para bater, segundo comentário que circula pela imprensa, indicando, em última análise, um profundo desequilíbrio na propalada harmonia entre os Três Poderes. Numa última reunião convocada para debater as emendas parlamentares, os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados não compareceram. 

Editorial: Lula vai recorrer ao STF no caso do veto do IOF.



O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a pronunciar-se sobre esta possibilidade, mas com muita prudência, exemplo seguido pelo Ministro da AGU, Jorge Messias. Todos sabem da implicação de uma atitude como esta, num momento em que o Executivo recebe críticas contundentes ao recorrer ao STF sempre é derrotado no Congresso. Juridicamente, talvez se encontre alguma brecha, mas, politicamente, trata-se de uma medida desastrosa. Isso não tem como dá certo, uma vez que ampliará sensivelmente o climão que já existe entre os congressistas e o Governo Lula 3. O Governo insiste em arrecadar mais para continuar gastando mais, num apetite incontrolável por mais tributos. Essa lógica é um desastre para as contas pessoais e para as contas públicas. A matriz é a mesma: não se pode gastar mais do que se arrecada. 

Se as relações já estão difíceis entre o Executivo e o Legislativo, a judicialização do IOF vai significar a pá de cal que faltava. Cálculos um pouco antes da votação que derrubou a proposta do Executivo, indicam que ocorreu uma espécie de liberou geral em relação às famigerada emendas parlamentares. Estima-se um montante superior a um bilhão. Nem assim a situação se reverteu, levando o Governo a uma acachapante derrota na Câmara e no Senado Federal. De há muito já não se trata apenas de uma questão relativa à liberação de emendas, algo que poderia funcionar em outros tempos. Hoje não mais. Há muito coisa em jogo, como as tessituras em relação às eleições de 2026, interesses outros não atendidos pelo Executivo. Ou seja, cruzou-se a linha entre Executivo e o Legislativo, daí ser prudente que o Governo não recorresse ao STF. Mas, por outro lado, quem vai convencer Lula a recuar da decisão?

As mudanças na articulação política, pelo andar da carruagem, tornaram as coisas ainda mais complicadas, como, aliás, já se previa. Nada reverteu-se com as mudanças na comunicação institucional, confirmando-se a nossa tese de que o problema era a lâmina enferrujada. Ontem liamos um artigo onde a articulista apontava que um dos erros da Secom pode ter sido apostar todas as suas fichas nas redes sociais. Pouquíssimas são as pessoas que hoje possuem alguma ascendência sobre Lula, capaz de aconselhá-lo nas horas certas. Num momento em que ele precisa tanto desses conselheiros leais e sinceros. 

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Editorial: A excrescência do aumento do número de deputados federais.




Segundo um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo, 76% da população brasileira não desejava que houvesse mudanças na composição da Câmara Federal, que aumentou o número de parlamentares dos atuais 513 para 531. No dia de ontem, 26, foram divulgadas várias estimativas sobre o montante que isso representará para os cofres públicos. Não há como ser muito preciso por aqui, mas sabe-se que haverá um efeito cascata junto às composição de parlamentares em alguns estados da federação. Eles, que advogam, reiteradamente, os bons exemplos do Executivo no sentido de manter controle sobre os gastos públicos, não deram um bom exemplo da austeridade cobrada. Curioso que a tese de que a população brasileira não aguenta mais ampliar a carga tributária, não se aplica ao axioma de manter e até ampliar os seus próprios privilégios. 

Os gastos com cada parlamentar são enormes, envolvendo o salário, em torno de R$41 mil;  verba de gabinete para a contração de assessores; auxílio paletó; cobertura de despesas diversas, com médicos, odontólogos, correios, transporte, passagens, diárias, hospedagens; auxílio moradia ou disponibilização de apartamentos funcionais. Possivelmente outros penduricalhos que a gente não consegue lembrar. Estima-se que, mensalmente, cada parlamentar represente uma despesa da ordem de R$ 273 mil. É só os leitores fazerem as suas próprias continhas. 

Enquanto fazemos essa postagem, a Polícia Federal está em operação no estado Bahia, no curso da operação Overclean, cumprindo mandados de busca e apreensão, com determinação de afastamento de servidores públicos de suas funções, em razão de mais evidência do uso irregular das famigeradas emendas parlamentares. Esta operação é aquela onde está envolvido um cidadão com o apelido de Rei do Lixo, cujas empresas operavam em várias praças do país, sempre nos estertores, constituindo-se num verdadeiro duto por onde escoavam os recursos públicos. Não podemos generalizar, mas, neste caso específico, estamos tratando de irregularidades cometidas por parlamentares. 

Charge! Aroeira via Brasil 247.

 


Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: A infidelidade do União Brasil e a entropia do Governo Lula 3.



Depois da acachapante derrota na derrubada do aumento do IOF, o Governo Lula 3 encontra-se num grande dilema. Usar a via diplomática e da negociação para tentar conter as indisposições do Congresso com o Executivo ou partir para a guerra do tudo ou nada, recorrendo, mais uma vez, ao STF. Em ambas as situações, o quadro é preocupante, indicativo do momento difícil que passa o Governo. Se tenta negociar, os canais estão cada vez mais obstruídos e pouco confiáveis. Se recorre ao STF para se contrapor a uma decisão constitucional e majoritariamente decidida pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, amplia sensivelmente o ambiente de animosidades com o parlamento. A coisa aqui desanda de vez, pois daria argumento ao Congresso para continuar recrudescendo esse cabo de guerra. 

O Governo também está dividido em relação a essa questão. Uma ala põe panos mornos, enquanto os mais radicais consideram que chegou a hora de partir para a guerra do tudo ou nada, impondo a vontade do Executivo goela a dentro, o que  deixaria o Governo cada vez mais isolado. O ex-ministro da defesa, Aldo Rebelo, considera que o Governo Lula 3 passa por um momento de entropia, ou seja, uma desordem, uma descoordenação completa. Lula, logo depois da refrega, ainda sob ressaca, manteve uma conversa com o Presidente Nacional da Federação União Progressista, Antonio Rueda, tentando entender o que está se passando com o "aliado". Na realidade, a grande federação que se formou, juntando os dois partidos, o União Brasil e o Progressistas, esta desembarcando do Governo. Simples assim. Cumpre-se aqui aquela expressão utilizada pelo ex-Presidente da Câmara dos Deputados, que afirmou que ninguém embarca em navio que está afundando. 

Uma matéria do jornal Folha de São Paulo, aponta que o União Brasil, que, junto com o PP, ocupa 04 vagas de estacionamento na Esplanada dos Ministérios, é o partido mais infiel da base de sustentação do Governo. Há um ano e meio das eleições de outubro, começam a fazer sentido as afirmativas no sentido de que setores do Centrão já estão trabalhando pela fritura do Governo Lula 3. O Governo Lula 3 quebrou ali de saída, diante da ausência de base de sustentação política; num nevoeiro de instabilidade institucional onde até tentativa de golpe de Estado chegou a ser posta em prática; com diretrizes focadas em políticas públicas ultrapassadas; acumulando déficits público que podem superar as receitas, numa sanha gastadora desenfreada, impondo uma condição delicada ao seu condutor da política econômica, o ministro Fernando Haddad.   

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Editorial: A hora da sangria?



Todos conhecem aquela expressão fulano já está tomando café frio, numa referência aos indicadores de que determinado chefe já se encontra tão desgastado, com os dias contados no cargo, quando até a copeira da repartição já não tem aquele cuidado de outrora com o cafezinho servido ao cidadão. Ontem, por uma dessas felizes coincidência, encontramos uma foto antiga da ex-presidente Dilma Rousseff, onde o seu semblante externa todo o seu descontentamento com a leitura de um bilhetinho com novas demandas do Centrão ao Executivo. Acreditamos ser aquele momento em que a ex-presidente compreendeu que o seu momento como Presidente da República estava terminando. Nada mais poderia ser feito. 

Agora há pouco tomamos conhecimento de duas notícias bastante emblemáticas acerca desse momento crucial das dificuldades do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma delas diz respeito a uma eventual declaração do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no sentido de que poderá recorrer ao STF para reverter a derrota congressual sofrida em relação ao aumento do IOF. A outra diz respeito a uma eventual ligação de Lula aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, no sentido de retomar o diálogo com o objetivo de evitar novas refregas do Governo no Legislativo. 

Resta saber se a manobra para aprovar a rejeição do IOF foi mais um desses recados ou se trata, na realidade, de uma indisposição efetiva do Legislativo com o Executivo, indicando, neste caso, que chegou a hora da sangria, um momento de não mais retorno, onde, pragmaticamente, os políticos, principalmente os do Centrão, já estão mobilizados em torno dos seus novos senhores, negociando nacos de poder e outras benesses na nova gestão, muito antes da anterior dar o seu último suspiro. A discussão sobre aumento de impostos é bastante relativa, se entendermos que eles aprovaram a criação de mais 18 vagas de deputados federais, brincadeira que pode significar mais de R$ 140 milhões de despesas para os cofres públicos. A austeridade fiscal aqui, tão cobrada ao Executivo,  não vale para eles. 

Charge! Renato Aroeira via 247

 


Editorial: Congresso veta aumento do IOF e impõe derrota ao Governo.


Há alguns dias especulou-se que próceres figuras do Centrão teriam procurado o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, com a missão de informá-lo que já seria o momento de deixar o Governo Lula sangrar até as eleições de outubro de 2026, facilitando a vida dos seus opositores, já articulados com este grupo político. Por outro lado, a discussão em torno das tarifas de energia, quando o governo deseja ampliar a tarifa social, teria incomodado bastante o presidente Hugo Motta. Talvez como resultado dessas situações relatadas, sem avisar o Governo, através de votação remota, o Congresso infligiu uma fragorosa derrota ao Governo Lula, rejeitando o aumento do IOF, procedimento já referendado pelo Senado Federal, numa articulação entre as duas instâncias do Poder Legislativo. 

Um duro recado ao Governo, pego de surpresa, e já com ameaças de retaliações, através da retenção de emendas. O Ministro Fernando Haddad pode até ter razão em seus argumentos de que o aumento do IOF atingiria aqueles que moram em cobertura, no andar de cima. Mas, por outro lado, ninguém aguenta mais esta sanha de aumentos de impostos, principalmente quando não se oferece uma contrapartida em relação ao controle do gastos públicos, traduzido pelo próprio Hugo Motta como a ausência de um gesto. É essa a questão. Segundo matéria da coluna do jornalista Cláudio Humberto, 26, Lula já teria liberado seus emissários para estabelecerem conversas com o MDB, de olho numa composição de chapa para 2026. O curioso é que o nome mais vistoso desse assanhamento é o da Ministra do Planejamento, Simone Tebet, justamente a pessoa que nunca contou efetivamente com a simpatia das oligarquias regionais da legenda, que sempre estiveram com Lula em momentos anteriores, a exemplo da família Barbalho, no Pará, e Renan Calheiros, em Alagoas. 

A movimentação preocupa bastante o PSB que, na última convenção partidária, sugeriu um estreitamento ainda maior do Governo Lula 3 com a legenda, quem sabe ampliando os espaço no Governo e, principalmente, mantendo o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial do Planalto para 2026. Política tem uns lances curiosíssimos. Setores mais autênticos do PT, hoje mais próximos de Lula, rejeitam completamente a proposta, em razão da experiência pretérita desagradável com o MDB, que se articulou para a queda da ex-presidente Dilma Rousseff. Hoje, um dos próceres integrantes da legenda, Michel Temer, articula-se exatamente na construção de um nome antipetista para 2026. Por outro lado, o MDB vem sendo sondado para formação dessas tais federações, que partem de um princípio de oposição a Lula em 2026. 

Editorial: Esqueceram de mim? Marília Arraes para o Senado Federal?



Este fenômeno deve estar ocorrendo em todo o país, principalmente num contexto onde as eleições para o Senado Federal devem ser mais concorridas do que mesmo a eleição presidencial em 2026. Ou seja, aqui e ali, em alguns estados da Federação, há alguns francos favoritos, mas, no geral, o quadro está bastante embolado. Pernambuco é um desses estados onde o imbróglio se estabeleceu, tornando-se difícil fazer algum prognóstico para aquelas eleições. Pernambuco, aliás, em razão de ser o estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita-se na eleição de pelo menos um nome do PT, conforme enfatizamos num dos textos anteriores, possivelmente o senador Humberto Costa, com ampla capilaridade política no estado. Humberto, aliás, foi apontado numa pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas como um dos poucos nomes favoritos do PT ao Senado Federal, juntamente com Renato Casagrande, do Espírito Santo, do PSB, mas, em tese, ainda considerado um aliado de primeira  ordem do PT. 

Com os acenos e conversas do PT com o MDB, no sentido de uma eventual composição de chapa para a vice no projeto de reeleição de Lula, a coisa muda completamente de conformação. É mais um dos dilemas que os socialistas enfrentam em Pernambuco, uma vez que o presidente Lula continua com o capital político preservado no estado, a despeito das dificuldades no plano nacional. Como distanciar-se do PT no plano nacional, se aqui na província - berço dos socialistas - a conjuntura política indique exatamente um caminho contrário? Não apenas João Campos(PSB-PE), mas a governadora Raquel Lyra é considerada uma aliada do Planalto, nas palavras de um dos homens fortes do entorno de Lula, Rui Costa. Para completar o enredo, João Campos assumiu recentemente a direção nacional do PSB. 

Com dois palanques governistas montados no estado, por exemplo, não se sabe como deverá se arranjar o senador Humberto Costa, diante de uma conjuntura de inúmeros pretendentes à disputa pelo Senado, com uma penca de nomes disputando espaço nessas duas chapas principais, já configurada pela imprensa como um clássico da política local. Neste festejo junino, as movimentações foram intensas. Os nomes cotados à disputa estiveram presentes em diversos polos, em várias cidades do estado. O nome da deputada Marília Arraes, em princípio, não aparece entre os nomes mais cotados para compor essas chapas, mas, numa pesquisa recente, realizada pelo Instituto Simplex, de 04 de julho, onde foram entrevistados 600 pessoas nas diversas regiões do estado, com margem de erro de 4 pontos percentuais, indica sua liderança na corrida pelo Senado Federal. Vejam os números: 

Marília Arraes      -      13,3%

Eduardo da Fonte -     12%

Gilson Machado -         9,3%

Humberto Costa -         8,1%

Miguel Coelho -             6,8%

Sílvio Costa Filho -        4, 8%

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Editorial: Governo Lula tem pressa em resolver problema das fraudes no INSS.


Passado os festejos juninos, iniciamos uma quarta-feira com um elenco de notícias não muito agradáveis para nos nossos diletos leitores. Segundo matéria publicado pelo Portal UOL, na coluna do jornalista Josias de Souza, 858 estudantes milionários estariam inscritos num programa do Governo de Santa Catarina destinado a atender estudantes pobres em instituições privadas de ensino. Os dados foram levantados pelo TCE, evidenciando não apenas as fragilidades dos programas de cadastramento, mas a consciência "maneira" ou malandra de nossas elites. Historicamente, já existiam críticas ao fato de os filhos da elite estudarem nas escolas da casa grande em todo o círculo da educação básica e, logo em seguida, melhores preparados, ocuparem as vagas nos melhores cursos das instituições federais de ensino superior. O quadro mostrado acima, através da matéria do jornalista, é ainda mais grave. 

No andar de baixo, meu caro Roberto da DaMatta, a coisa não é muito diferente. Dados levantados através do cruzamento de informações entre o Ministério do Desenvolvimento e Segurança Alimentar e o IBGE, constatam que 1.400 pessoas casadas estão inseridas irregularmente no programa Bolsa Família. Ou seja, escondem os cônjuges para se habilitarem a receber os benefícios. A matéria tratando deste caso foi publicado pelo Portal Poder 360. Para atender à chamada deste editorial, o Governo Lula tem pressa em resolver o problema das fraudes do INSS, já estabelecendo um calendário para o pagamento dos aposentados e pensionistas lesados, possivelmente com recursos do tesouro, uma vez que não haveria condições de realizar o ressarcimento em tempo hábil, ou seja, até as eleições de 2026, através da cobrança às entidades que efetivaram os descontos irregulares nos contracheques dos velhinhos. 

Repercute hoje, igualmente, a acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Braga Netto, ocorrida no dia de ontem, 24, nas dependências do STF. É curioso como, mesmo não sendo permitido o acesso ao público várias situações acabam chegando à imprensa, sabe-se lá em que circunstâncias. Não há dúvidas de que a nossa imprensa deve ter fontes bem informadas, plantadas em ambientes estratégicos. É por isso que se torna melhor abrir ao público para que se evitem as ilações daí decorrentes. No geral, entende-se que a delação do militar encontra-se bastante fragilizada.