Na semana passada produzimos um editorial aqui neste blog sobre uma matéria do jornal O Estado de São Paulo, onde era abordada uma eventual decisão do INEP, órgão executivo do Ministério da Educação, indicando que a sua direção havia deliberado não divulgar os dados do SAEB relativos ao segundo ano do fundamental, dado crucial para se aferir a quantas andam o nosso processo de alfabetização na idade certa, a pedra angular da educação básica, esteio onde se sustenta as outras fases do processo educacional. Um problema aqui será sentido em todas as fases seguintes de aprendizagem do aluno. Existem algumas atitudes que não se coadunam com um governo de perfil progressista, como é o caso do Governo Lula 3, identificado e compromissado com a educação dos jovens no país. A matéria foi muito bem elaborada pelo jornal paulista, conforme enfatizamos naquele momento. Assumimos um posicionamento equidistante, uma vez que havia os argumentos dos gestores do órgão, inclusive sobre indicadores aferidos através de outro expediente que não unicamente o SAEB.
O jornal, no entanto, voltou a tratar deste assunto no dia de hoje, argumentando que o diretor do órgão fora alertado acerca do equívoco na omissão de não divulgar esses números. Mas, afora essa questão, que está se tornando grave, uma olhada sobre o quadro da educação no país neste momento não nos permitem muito otimismo em torno do assunto. Vejo as informações do estado vizinho, na Paraíba, onde órgãos de controle e fiscalização encontram irregularidades graves em número expressivo de creches vistoriadas; aqui em Pernambuco, o problema de uma licitação controversa em relação à contratação de merendeiras, envolvendo vultosa quantia de recursos públicos, algo denunciado por uma das empresas que participaram do processo licitatório; Não fosse isso suficiente, há ainda um processo licitatório nebuloso de aquisição de livros sob suspeita de superfaturamento, barrado pelo TCE.
Com as contas públicas em frangalhos, cobertor curto, o Governo Lula 3 deveria, na realidade, sanear as contas públicas, racionalizar os recursos, criar as condições ideais para evitar a volta da inflação e, no final, investir em políticas públicas estruturadoras, voltadas para áreas como educação, segurança pública, saúde. Existem alguns gargalos aqui, como o fantasma da inflação e o grave problema de segurança pública que, se não forem enfrentados corajosamente, arruínam qualquer projeto de continuar como inquilino do Alvorada. A receita do bolo, no entanto, ainda é aquela da vovó, envelhecida, superada, de décadas atrás, com ingredientes que hoje sequer existem no mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário