pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 19 de março de 2014

João da Costa, como sempre, antecipa-se à cúpula do PT e anuncia apoio a Armando Monteiro




Alguns setores do PT pernambucano ainda resistem ao apoio do partido ao nome do senador Armando Monteiro(PTB). Uma coisa seriam as composições políticas municipais. Outra, bem diferente, é o apoio integral do partido ao seu nome como candidato da oposição ao Governo do Estado. A cúpula da legenda já está fechada com o nome do senador, sendo, portanto, pouco provável que iniciativas como a de Oscar Barreto - que prevê uma candidatura própria - ganhem força na agremiação. A resistência desses setores dizem respeito às relações do senador com o capital. Setores petistas menos "puros" ideologicamente, entretanto - como os ligados ao ex-prefeito João da Costa - já teriam anunciado que apoiarão o nome do senador como candidato ao Governo do Estado. Salvo algum engano, o anúncio do apoio do partido ao nome de Armando Monteiro seria formalizado no próximo dia 23 de março. O partido deve ocupar um lugar na chapa majoritária, mas há dúvidas se o Deputado João Paulo deve concorrer ao Senado ou encarar uma vice. Nos últimos dias, em caráter de prenúncio, o senador Armando vinha fazendo rasgados elogios ao ex-prefeito.

Casos em que o resgate de "bandidos" pela PM desmonta a cena do crime

publicado em 18 de março de 2014 às 16:05
Morte na Brasilândia from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.
por Luiz Carlos Azenha
Voltei à casa de Duda, o jovem de 20 anos morto na região da Vila Brasilândia, em São Paulo (ver reportagem acima, feita na época). Mais de um ano e quatro meses se passaram e não houve qualquer resultado da investigação. Ninguém explicou, por exemplo, porque a PM paulista desfez a cena do crime, se Duda estava morto. O corpo foi retirado e colocado em uma viatura. A família não sabe a quem atribuir o assassinato, já que Duda nunca teve qualquer tipo de envolvimento com drogas ou passagem pela polícia e estava numa esquina vendo o movimento. A desconfiança de vizinhos é de que policiais à paisana tocaram terror no bairro, numa guerra surda contra o crime organizado.
Meses depois, o secretário de Segurança chegou a proibir a remoção de corpos pela PM paulista, aparentemente numa tentativa de impedir a farsa dos “autos de resistência”. Remover corpos, plantar provas e inventar versões. De onde vem isso? Ah, da ditadura militar, não é mesmo? O pai de Ivan Seixas, que morreu sob tortura no DOI-CODI paulista, teve a morte simulada num tiroteio. Já o deputado Rubens Paiva, segundo a ditadura, foi sequestrado quando dirigia o próprio automóvel (na verdade foi morto sob tortura em instalações militares). É parte do que resta da ditadura por aí.
18/03/2014 07h37 – Atualizado em 18/03/2014 15h28
‘Acharam que ela era bandida’, disse filha de arrastada por PMs no Rio
Thais Lima foi ao estúdio do Bom Dia Rio nesta terça-feira (18).  Cláudia Silva Ferreira foi arrastada por carro da PM após ser baleada.
Thaís Lima, filha de Cláudia Silva Ferreira, que foi arrastada por um carro da PM na manhã deste domingo (16) após ser atingida por uma bala perdida no Morro da Congonha, em Madureira, no Subúrbio do Rio, disse que os policiais que estavam no local acharam que Cláudia tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. Thaís foi ao estúdio do Bom Dia Rio na manhã desta terça-feira (18) para contar como tudo aconteceu. Ela disse que não acredita na Polícia Militar. Auxiliar de serviços gerais, Cláudia tinha 38 anos, era mãe de quatro filhos e criava quatro sobrinhos.
“Foi só virar a esquina e ela deu de frente com eles. Eles [os policiais] deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí falaram [os policiais] que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos”, contou.
Segundo Thaís, os moradores tentaram impedir que a polícia levasse Cláudia do local. No tumulto, policiais teriam atirado para o alto para afastar as pessoas. Ainda segundo ela, o porta-malas do carro da PM que levou Cláudia abriu uma primeira vez na Rua Buriti, logo após o socorro feito pelos PMs.
“Um pegou ela pela calça e outro pela perna e jogou dentro da Blazer, lá dentro, de qualquer jeito. Ficou toda torta lá dentro. Depois desceram com ela e a mala estava aberta. Ela ainda caiu na Buriti [rua, em Madureira], no meio do caminho, e eles pegaram e botaram ela para dentro de novo. Se eles viram que estava ruim porque eles não endireitaram (sic) e não bateram a porta de novo direito?”, questionou.
A filha da vítima contou que trocas de tiros são comuns no Morro da Congonha, mas que o episódio que tirou a vida de sua mãe foi atípico, já que, segundo ela, não houve confronto com traficantes e os policiais militares teriam chegado na comunidade atirando.
“Lá é quase sempre assim, mas dessa vez ninguém entendeu nada a atitude deles, de chegar atirando assim, na rua. Não teve troca de tiros”, explicou.
Thaís comentou também a diferença de postura no socorro da sua mãe e de um outro baleado na mesma situação. Segundo ela, o corpo do homem atingido na suposta troca de tiros permaneceu no local esperando a perícia, enquanto Cláudia foi levada para o hospital.
“Se matou ela, como se fosse bandida, por que deixaram o outro na rua? O corpo dele ficou lá, esperando a perícia. Eles levaram a minha mãe igual a um louco (sic)”, questionou ela, que disse querer justiça na resolução do caso que matou sua mãe.
“Eu quero justiça e que eles paguem o que eles fizeram com a minha mãe”, finalizou.
PMs ‘riram’, disse filha
Durante a entrevista, Thaís citou o momento em que os policiais riram após a troca de tiros. “Todos eles que estavam lá em cima [na ação da PM], estavam lá embaixo [na manifestação na Avenida Edgard Romero, no domingo]. Eles estavam rindo e eu fui perguntar para eles: ‘Minha mãe trocou tiro com vocês, minha mãe é bandida? Cadê a arma? Eles ficaram quietos’”, contou ela, que disse ter sido segurada pelos amigos para não enfrentar os agentes.
Beltrame repudia conduta dos PMs
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse por meio de nota nesta segunda-feira (17) que repudiou a conduta dos policiais que fizeram o resgate de Cláudia. Ele informou que, além do inquérito Policial Militar instaurado, a Polícia Civil também investiga o caso.
Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves foram presos em flagrante e serão julgados pela Auditoria de Justiça Militar após a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM), que tem prazo de 30 dias para ser finalizado. O resultado da perícia realizada pelo Centro de Criminalística da PM será anexado ao documento. Eles serão encaminhados a Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, após o término dos depoimentos.
A Polícia Militar informou, em nota, que a conduta de levar a vítima no porta-malas não condiz com as orientações do curso de formação da corporação. Segundo a PM, o procedimento correto quando há possibilidade de socorro para baleados é instalar a vítima no banco traseiro do veículo.
Testemunhas contaram que Cláudia foi colocada no porta-malas do carro da polícia para ser levada ao hospital. No entanto, durante o trajeto, o porta-malas abriu e a auxiliar de serviços caiu, sendo arrastada pela rua.
Moradores da comunidade também acusam os policiais que participaram da ação de armar um falso flagrante. Segundo relatos, os PMs teriam plantado armas ao lado do corpo do segundo suspeito morto na operação. No domingo e nesta segunda-feira, moradores de Madureira fizeram manifestações contra a morte de Cláudia.
PMs afastados
“Lamentamos muito a forma como a senhora Cláudia foi socorrida, é uma forma que nós não toleramos. A corporação não compactua com isso. Por essa razão, eles estão sendo autuados e serão conduzidos à unidade prisional”, afirmou o relações-públicas da PM, tenente-coronel Cláudio Costa em entrevista à GloboNews. “O ideal era que ela fosse no banco de trás, amparada por um policial. O que não aconteceu”, acrescentou Costa, referindo-se à forma como a vítima foi socorrida.
O jornal Extra publicou nesta segunda-feira o vídeo feito por um cinegrafista amador que mostra a mulher sendo arrastada por cerca de 250 metros. Cláudia teria ficado pendurada no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa.
Resposta da PM
Em nota, a PM disse que Cláudia da Silva Ferreira foi colocada no porta-malas do carro e no caminho do hospital a porta se abriu. Foi nesse momento que parte do corpo da moradora acabou sendo arrastado pela rua, provocando mais ferimentos. O comando da PM afirmou que este tipo de conduta não condiz com um dos principais valores da corporação que é a preservação da vida e da dignidade humana.
A Polícia Militar informou ainda que os policiais encontraram Cláudia já baleada no alto do morro. Ela ainda foi levada para o Hospital Estadual Carlos Chagas, mas não resistiu.
Segundo a PM, na operação em Madureira, um traficante foi morto e outro foi ferido e preso. Os policiais apreenderam quatro pistolas, rádios e drogas na comunidade. A Polícia Civil vai investigar de onde partiram os tiros.
Para a família, a dor se mistura à indignação. “A sensação é que no morro, na favela, só mora bandido, marginal. Insegurança, somos tratados como animais”, diz um amigo de Cláudia.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

Eduardo Campos será tratado a pão e água.


Merval Pereira, no Jornal O Globo, faz uma análise curiosa sobre o discurso do candidato à Presidência da República, Eduardo Campos. Ele tem sido virulento em seus ataques a Dilma, mas poupado o ex-presidente Lula. Em alguns casos, até jogando um contra o outro, como no momento em que afirmou que Dilma estaria "derretendo" as conquistas da Era Lula. Segundo Merval, Serra, na campanha de 2010, também tentou passar essa idéia, mas não logrou êxito. Lembro bem que, de passagem por Pernambuco, o então candidato Serra se derramou em elogios a Lula. Pois bem. Cobra criada na política, Lula já percebeu a manobra do "Galeguinho", que pretende com isso apresentar-se aos eleitores como um político capaz de dar continuidade ao legado do Governo Lula, contrapondo-se Dilma, segundo ele, incompetente para fazê-lo. A manobra não vai dar certo por vários motivos. Entre os quais a indisposição de Lula em entrar na armadilha. Vai participar da campanha, emprestar - como vem emprestando - solidariedade ao Governo Dilma Rousseff, pedir que seus eleitores continuem dando credibilidade a ela e, principalmente, rebatedo Eduardo Campos na mesma moeda. Eduardo será tratado a pão e água. Sem vaselina.

Chuvas no Sertão no dia de São José


Hoje, 19 de março, dia de São José, pelas últimas informações, chove bastante em algumas cidades do Sertão. Um bom indicativo. Segundo o imaginário do nordestino, se chover nesse dia, é sinal de que teremos um inverno bastante promissor. É também o momento de plantar o milho, para colhê-lo em tempo hábil no São João. Vamos torcer que a profecia se confirme.

terça-feira, 18 de março de 2014

Até tu, Marina?


Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Gosto de dar minha opinião através de textos singelos sobre temas que me interessam particularmente, como política energética, fontes renováveis de energia, (in)justiça social, meio ambiente, política universitária. E não deixo de escrever quando determinado assunto me deixa indignado. Particularmente, quando existe o interesse notório de iludir, enganar, ludibriar a boa vontade das pessoas.

Daí escrever este breve comentário sobre o relacionamento político de uma das pessoas públicas brasileiras de grande reconhecimento e de enorme respeitabilidade, a ex ministra Marina Silva.

No portal oficial dessa ilustre personalidade destaca-se: “ganhou reconhecimento dentro e fora do país pela defesa da ética, da valorização dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável”.

Sem dúvida requisitos louváveis para alguém que se dedica há 30 anos à vida pública, conquistando o respeito dos que querem e lutam por um mundo melhor, no presente e para as gerações futuras. A posição combativa e corajosa da cidadã Marina fez com que ela conquistasse as mentes e corações de uma parcela importante do povo brasileiro (e do mundo afora). Na sua candidatura ao cargo público mais importante, nas eleições presidenciais de 2009, conquistou mais de 20 milhões de votos.

Todavia, recentemente, o “jogo político” levou-a a se aliar com um ex-colega de ministério (1ª gestão do governo Lula), que ocupou o cargo de ministro de Ciência e Tecnologia, o atual governador de Pernambuco e pré-candidato a presidente da Republica nas eleições de 2014.

Portanto, Marina conhece seu aliado da hora, inclusive com posições antagônicas às suas quando participaram do mesmo Ministério na questão dos transgênicos, da reativação do Programa Nuclear Brasileiro e mesmo do entendimento que cada um tinha, e continua a ter, sobre desenvolvimento sustentável, tema tão caro à ex-ministra.

As diferenças entre ambos, atuais carne e unha, são abismais. Inclusive para os marqueteiros, e os que fazem a propaganda dos candidatos, a dificuldade de justificar a aliança de ambos levou-os a trazer a tona na biografia de cada um os seus tutores políticos (ambos falecidos): o ambientalista acreano Chico Mendes, e Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e avô de Eduardo Campos. A intenção é de convencer o eleitor de que os dois têm tudo a ver, complementam-se. Como se fosse possível misturar água e óleo.

De antemão, não será uma tarefa fácil, visto que o eleitor um pouco mais informado e esclarecido vai comparar o que de fato aconteceu e acontece em Pernambuco na administração do pré-candidato presidencial, que se propõe a disseminar em todo Brasil a “nova política (?)”, sua “gestão inovadora (?)”, “competente (?)” e deixar para trás as “raposas políticas (?)”.

Sua ação predatória em relação ao meio ambiente, nos 8 anos de governo, é visível a olho nu em Pernambuco. Só não enxerga quem não quer ver. Ao estimular a vinda de indústrias sujas, como termoelétricas a combustíveis fósseis (quem não se lembra da “maior termoelétrica do mundo” defendida pelo governador e rechaçada pela sociedade), sua defesa da vinda da uma usina nuclear para o interior do Estado (basta ler as noticias nos jornais da época), a atração por estaleiros que sem dó nem piedade expulsou pescadores e narisqueiras e diminuiu sensivelmente a pesca artesanal em Pernambuco. Além do desmatamento, como nunca visto em um período tão pequeno de tempo, na região de Suape, onde o mangue, a mata Atlântica e a restinga desapareceram em nome do tal “desenvolvimento”. A vinda da refinaria e da indústria petroquímica para o Estado, importando para o território o maior vilão do aquecimento global e consequentemente das mudanças climáticas, o petróleo, e todas as mazelas que aporta ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Sem dúvidas as questões sociais, de expulsão das pessoas de suas moradias, a propalada geração de emprego e renda (mais de 40 mil empregos serão perdidos entre 2014 e 2016 em Pernambuco), educação sofrível, os péssimos serviços públicos de água, energia e esgoto/saneamento, o tratamento oferecido da “idade da pedra” aos jovens e adolescentes infratores. Além da forma monocrática de gestão do poder (chamada por alguns de "neocoronelismo”), com o evidente subjugo dos outros poderes constituídos (legislativo e judiciário). Sem falar da posição de atrelamento da mídia empresarial do Estado, que se tornou uma extensão do Diário Oficial, e que colaborou efetivamente para a criação da “ilha da fantasia” em que se transformou Pernambuco.

Enfim, nestas poucas linhas é impossível elencar os pontos tão divergentes nos discursos e práticas de ambos personagens políticos que hoje mostram uma “simbiose” incomum, motivados muito mais pelos interesses pragmáticos do que programáticos, em conquistar o poder.

Portanto, é importante nesta eleição a valorização do voto, analisar, conhecer mais a historia dos candidatos, suas alianças. Ter muita clareza em relação ao quadro real, que se impõe sobre o virtual, o propagandístico. Lamentavelmente para o povo brasileiro que ira escolher, as opções não são nada alvissareiras. Mas que pelo menos vote conscientemente e não deixe ser enganado ou ludibriado por falsas promessas e discursos vazios que não refletem a pratica de quem fala.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Michel Zaidan Filho: A ritualização da memória.

 
 
 
                                                                   A semana foi pródiga em comemoração. Dizia Theodoro Adorno que toda tentativa de compreender e explicar os eventos passados era uma forma de justificação. Há coisas injustificáveis e indizíveis e que, portanto, devem permanecer como estão. Tal como uma ferida que não cicatriza e que sangra a vida toda. É esta a sensação que se tem dos crimes cometidos contra a humanidade e à dignidade da pessoa humana. A expressão "passar a limpo" ou "ajustar as contas" com o passado pode muito bem ser uma forma de exorcismo dos demônios e assombrações que povoam a mente de quem sobreviveu à catástrofe. ao genocidio, ao assassinato e a tortura praticada por agentes do estado contra parentes, amigos e cidadãos comuns. Mas isto é notoriamente insuficiente, quando se trata do ponto de vista da história e da sociedade onde e quando ocorreram esses eventos. A preocupação legítima seria a de não transformar essa necessária e indispensável anamnesis histórica numa comemoração familiar ou em auto-promoção político-eleitoral. Mas grave ainda quando está em jogo o dinheiro público, pago pelo contribuinte, que já suporta uma carga tributária pela hora da morte. Indenizar crianças, cujos pais foram vítima do arbítrio e que em vida receberam compensações pela violência institucional cometida contra eles, é uma  "ação em família", enquanto a viúva do operário Manoel Fiel Filho, assassinado no DOI-CODI, em São Paulo, recebe a pensão de um salário ou pouco mais de uma salário.
 
                                                                  Já não bastasse  a autopromoção familiar,  a propósito da rememoração dos trágicos acontecimentos de 1964, que muitas famílias não tão privilgiadas assim reclamam até hoje para saber onde estão seus familiares "desaparecidos", para enterrá-los condignamente e dormirem em paz, temos de presenciar o festim - celebrado em parceria com ongs chapa-branca e uma universidade jesuita - para convidados especiais, trazidos a peso de ouro do exterior e de outros cantos do país, regado a "coffe-breaking" e farta distribuição de material impresso, em papel couché e capa dura entregues aos inscritos e participantes do convescote.
 
 
                                                                   É o caso de se perguntar: qual é o sentido dessa celebração ritualistica sobre os 50 anos do golpe militar? É entende-lo, exorcizar as fantasmas do passado e apontar responsabilidades pelos crimes cometidos contra os direitos humanos ou transformá-lo em mais uma efeméride comemorativa, destinada a gerar mais publicações, mais repecursão midiática e dividendos eleitorais para aqueles que se julgam herdeiros das vitimas?  Essa celebração mórbida, ruidosa e cara serve a tudo, menos à salvação da memória dos vencidos; que deve sim se resgatada numa ordem de luta, de indignação, de resistência e de protesto. Se não formos capazes disso, é melhor silenciar sobre o passado. É o  mínimo respeito que espera a memória dos que ainda hoje clamam por justiça.
 
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de PE.
 
 

domingo, 16 de março de 2014

Como será o mandato tampaz de João Lyra?

Ontem, através de um blog local, tivemos a oportunidade de ler um artigo onde o autor lembrava uma frase atribuída ao ex-governador, Manoel Borba: ninguém governa governador. Para ilustrar, lembrava as arengas históricas entre os ex-prefeitos do Recife, João Paulo e João da Costa. A frase vem a propósito da transição no Palácio do Campo das Princesas, onde o vice-governador, João Lyra Neto, não teria ficado nada satisfeito com a indicação de Paulo Câmara para concorrer como candidato a suceder Eduardo Campos. A grande questão que se coloca é como agirá o governador João Lyra Neto, sobretudo sabendo que a oportunidade de ter um mandato efetivo não mais ocorrerá. Terá que se conformar, como ocorreu Ranieri Mazzilli, com um mandato tampaz. É uma incógnita. O caboclo ficou chateado.

E Eduardo Campos? Emendaria o bigode com os Sarney?

Em período de campanha eleitoral, seria até natural o comportamento de alguns candidatos, caso de Eduardo Campos, em endurecer suas críticas ao Governo Federal, sobretudo sabendo que sua inquilina deseja a renovação do contrato de locação e o condomínio queixa-se de que seus pleitos não estão sendo atendidos. Algumas dessas observações até que mereceriam, quem sabe, uma autocrítica, uma ponderação. Outras, no entanto, entram no terreno da má-fé ou das bravatas de ocasião. Outras, ainda, descampam para o ridículo, reservadas às anedotas políticas que deverão ser contadas por nossos netos. Aqui entra a questão dos cargos solicitados pelo PMDB, que causou um frisson na relação do condomínio governista. Dilma não cedeu às chantagens, tomou um troco dura dos "aliados" de conveniências, capazes de pisar no pescoço da própria mãe para assegurar os seus interesses. Eduardo, que vem construindo uma carreira política orientada pelas práticas tradicionalíssima da sociedade brasileira, assegura que, se chegar lá, mudará essa realidade. Gostaria muito de saber se ele terá aquilo roxo para enfrentar os feudos que a família Sarney detém na República.

10% para a educação seria jogar dinheiro fora... ou nas mãos dos fraudadores.

Possivelmente, o senador Cristóvam Buarque seja o parlamentar que mais se aprofundou no tema da educação básica no Brasil. Na condição de parlamentar e professor, participou de vários debates na Fundação Joaquim Nabuco, sempre acompanhado atentamente por um auditório formado por professores, gestores educacionais e profissionais ligados às ONGs. Posso dizer que acompanhei toda a trajetória de Cristóvam Buarque, quando ele era apenas um professor a procura de leitores para os seus livros que, aliás, tenho todos, inclusive alguns autografados. Foi em sua gestão no Ministério da Educação que o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra, foi indicado para assumir o comando da Fundação Joaquim Nabuco, o que explica sua presença assídua naquele espaço público. Com a sua experiência e conhecimento sobre o assunto, afirma, com todas as letras que, colocar hoje 10% dos recursos federais para a educação - como querem as entidades de classe - seria jogar dinheiro fora. Embora o pleito seja justo, nas atuais condições de gestão da educação básica no Brasil, ele tem razão. Se tais recursos não forem acompanhados de outras medidas -até mais importantes - nada mudará no quadro precário do nosso ensino básico. Quem iria fazer o festa são os larápios do erário, que já colocaram o FUNDEB como a rubrica onde mais se desvia recursos federais no país.

PMDB, o sabotar da República.

De fato, há alguns assessores que ficam "esvaziados" pelo chefe. Na outra ponta, se projetam tanto que acabam ofuscando o próprio chefe. Nessa segunda hipótese, normalmente caem, em razão de uma conhecida lei do poder. Nenhuma dessas situações se aplicam ao vice-presidente Michel Temer, do PMDB. Michel é uma cobra criada da política e, em nenhum hipótese, aceitaria a condição de cumprir um mero papel figurativo na condição de vice-presidente, como afirmam os seus correligionários de legenda. Também saberia até onde pode ir na sua relação com a presidente Dilma Rousseff. Essa anedota de que ele serve apenas para alimentar as emas do Palácio do Planalto é um tanto quanto exagerada. O que existe de concreto é um apetite fisiológico insaciável do PMDB, aliado a outras características muito bem-conhecida dos eleitores. Características que depõem contra um mínimo de decência republicana que se possa imprimir à administração pública. A revista IstoÉ desta semana foi muito feliz em sua capa ao chamar o deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ) de sabotador da República. Isso sim se aplica ao PMDB