Ninguém, com o mínimo de bom senso, poderia embarcar na defesa de uma tarifa de 50% para exportação de produtos. Passado o calor das emoções iniciais, quando a atitude do presidente norte-americano acendeu o entusiasmo dos bolsonaristas locais, o que deve ter se seguido foi uma reflexão mais consequente acerca deste fato, antevendo-se suas consequências para o conjunto das exportações brasileiras para aquele país. O governador Tarcísio de Freitas tirou o boné, apagou uma postagem numa de suas redes sociais e, como se não fosse ainda suficiente, teria procurado a Embaixada Americana no Brasil no sentido de propor uma solução negociada em relação à essas tarifas absurdas impostas pelo governo americano aos produtos de exportação brasileiro.
Num único equívoco de avaliação política, o governador Tarcísio de Freitas forneceu uma carrada de munição a seus adversários e até aos aliados, a exemplo da família Bolsonaro que ficou profundamente insatisfeita com a sua procura à Embaixada American. O presidente Lula, numa entrevista logo em seguida, cobrou a retirada do boné do governador das redes sociais, alegando que, apesar da retirada, a população sabe qual é o lado do governador. Por outro lado, o deputado federal do PSOL, Guilherme Boulos, está solicitando a abertura de uma investigação contra o governador, argumentando que ele poderia está tentando facilitar uma eventual fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando solicitou ao STF a liberação do seu passaporte para que o ex-presidente pudesse negociar pessoalmente com o presidente Trump a redução dos índices dessas tarifas de exportação dos nossos produtos.
Erros de avaliação tem suas consequências. A direita brasileira e o governo norte-americano forneceram as condições ideais para uma sobrevida das forças do campo progressista brasileiro, que tomaram um impulso surpreendente, embaladas pela defesa dos pobres contra os ricos e pelo nacionalismo. O danado é que Trump vai precisar ceder; não muda nada em relação ao andamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deverá ser condenado; e, talvez ainda pior - para eles, claro - tirou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva das cordas.
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