pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 7 de maio de 2014

As falácias neoliberais sobre o trabalho

Entre suas propostas de desregulamentação, o neoliberalismo colocou ênfase na flexibilização laboral. Por trás dessas palavras está a precarização do trabalho.

por Emir Sader em 03/05/2014 às 08:17





Emir Sader

Entre suas propostas de desregulamentação, o neoliberalismo colocou forte ênfase na “flexibilização laboral”. Por trás dessa palavra atraente  - assim como a de “informalização” – o que se esconde é a precarizacão das relações de trabalho, é o trabalho sem carteira de trabalho.

Esta foi uma das transformações mais importantes pregadas pelo neoliberalismo. Junto a ela promoveu a invisibilização das temáticas do mundo do trabalho. O aumento do desemprego e do que eles chamam de “desemprego tecnológico”, alegando que a tecnologia dispensa mão de obra, produzindo mais com menos trabalhadores, com aumentos de produtividade.

Se colocaria para o trabalhador a alternativa entre seguir empregado, mas baixando a produtividade e a competitividade da empresa e do próprio país ou sair do mercado para melhorar sua qualificação e retornar depois. Na verdade, não existe o tal “desemprego tecnológico”.

Quando há um aumento de produtividade, significa que se pode produzir a mesma mercadoria em menos tempo, digamos, na metade do tempo. Não se deduz imediatamente daí, que se deve expulsar tralhadores dos seus empregos. Há três alternativas: ou se produz o dobro da mesma mercadoria e se mantem a todos os trabalhadores empregados. Ou se produz a mesma quantidade de mercadorias e se diminui a jornada de trabalho pela metade. Ou então – que é o costume acontecer – se continua produzindo a mesma quantidade de mercadorias e se manda embora a metade dos trabalhadores.

Não é a tecnologia que manda embora aos trabalhadores, não é ela que desemprega. É a luta de classes, é quem se apropria do desenvolvimento tecnológico, que pode servir seja para diminuira a jornada de trabalho ou para aumentar os lucros dos empresários.

Quando foi inventada a luz elétrica, a primeira consequência não foi a melhoria das condições de vida na casa das pessoas, mas a introdução da jornada noturna de trabalho. A culpa não foi do Thomas Edson, mas da apropriação dessa invenção para estender a jornada de trabalho e a super exploração dos trabalhadores.

Desde que se fez a crítica do paradigma da centralidade do trabalho, como uma visão reducionista em relação às outras contradições, se impôs uma tendência oposta, a de fazer do trabalho uma atividade menor, sem transcendência. Exatamente quando mais gente que nunca vive do seu trabalho. De atividades heterogêneas, diversificadas, frequentemente com o mesmo trabalhador em vários empregos ao mesmo tempo. Mas trabalham homens e mulheres, idosos, jovens e crianças, brancos e negros – todos ou quase todos vivem do seu trabalho.

No entanto o tema do trabalho quase desapareceu, inclusive no pensamento social, em que a sociologia do trabalho passou, em poucas décadas, de uns dos ramos mais buscados a um especialidade entre outras. A mídia invisibiliza a atividade que mais ocupa as pessoas no mundo – a atividade laboral. Como se a tecnologia tivesse reduzido o trabalho a uma atividade virtual, sem esforço físico, sem desgaste de energia, sem a super exploração de jornadas de trabalho esgotadoras e intermináveis.

Para completar, tentam sempre fazer do primeiro de maio o Dia do trabalho e não do trabalhador.

Linchamentos são seletivos e atingem mais pobres, defende pesquisadora.

Linchamentos não são aleatórios e atingem mais pobres, defende pesquisadora

Por Redaçãomaio 7, 2014 00:24
Linchamentos não são aleatórios e atingem mais pobres, defende pesquisadora

Para Ariadne Natal, do NEV-USP, pessoas com maior poder aquisitivo gozam de uma rede de proteção mais eficiente. “Tanto que é muito raro identificarmos uma vítima de classe média entre as vítimas de linchamento. E não porque não haja, entre a classe média, quem cometa crimes”
Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil
Ao contrário do que aponta o senso comum, linchamentos como o que vitimou a moradora de Guarujá (SP), a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, não podem ser vistos meramente como uma ação irracional. A conclusão é da pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Ariadne Natal, autora de tese sobre casos de justiçamentos sumários ocorridos na cidade de São Paulo e região metropolitana, entre 1980 e 2009.
“Qualquer pessoa que tenha participado do linchamento da Fabiane vai dizer que tinha certeza de que a dona de casa era o mal encarnado. Que era preciso linchá-la para expiar o mal que atribuíam a ela. Ou seja, estão equivocadas ao acreditarem fazer justiça, mas não estão agindo irracionalmente”, sustentou a pesquisadora, em entrevista à Agência Brasil.
Destacando o fato de que a defesa do uso da violência como solução para os conflitos é prática recorrente na sociedade brasileira, Ariadne Natal defende que o caso da dona de casa deve servir de exemplo. “Exemplo de que a justiça não pode ser feita sumariamente. De que cabe apenas às instituições do Estado fazer justiça. E se essas instituições não estiverem fazendo isso a contento, o que a sociedade tem que fazer é aperfeiçoá-las”.
Após estudar 385 casos de linchamento que foram noticiados pela imprensa, entre 1º de janeiro de 1980 e 31 de dezembro de 2009, a pesquisadora concluiu que os participantes da ação acreditam em suas justificativas e não agem de forma aleatória, ao escolher aqueles que devem ser “justiçados”.
“Não é qualquer pessoa que pode ser desumanizada e, portanto, linchada. As potenciais vítimas de linchamento carregam consigo a marca daquele que pode, em última análise, ser eliminado”, aponta Ariadne, sugerindo que pessoas com maior poder aquisitivo suspeitas de cometer crimes semelhantes ao atribuído à dona de casa agredida, na noite do último sábado (3), gozam de uma rede de proteção mais eficiente. “Tanto que é muito raro identificarmos uma vítima de classe média entre as vítimas de linchamento. E não porque não haja, entre a classe média, quem cometa crimes”.
Ela destaca que a análise das causas de justiçamentos devem levar em conta dinâmicas macrossociais, como a falta de políticas de infraestrutura e habitacionais, que podem levar moradores de determinadas áreas a buscarem mecanismos privados para a resolução dos problemas.
Fabiane morava com o marido e dois filhos no bairro de Morrinhos, localidade que concentra famílias das classes C e D, e possuía alguma espécie de transtorno mental, conforme divulgado pela imprensa. Situação comum a outros casos analisados no estudo de Ariadne Natal. “São pessoas cujas atitudes os outros têm dificuldades para compreender”, aponta a pesquisadora.
“Lógico que nada disso é explicitado. Há diferentes justificativas para os casos de linchamento ao longo do tempo”. Na década de 1980, por exemplo, as motivações dos participantes estavam mais relacionadas a crimes contra a propriedade. Já na década de 1990, houve mais casos ligados a crimes contra a vida e os costumes, como o estupro.
Além disso, a partir da década de 1990, a polícia, quando acionada, passou a atender mais rapidamente esse tipo de ocorrência, reprimindo-a. “Por isso o número de casos de linchamentos que resultaram em morte eram maiores na década de 1980”. Quando a pesquisadora defendeu sua tese, em 2013, ainda não havia informações precisas sobre a primeira década deste século. Mesmo assim, Ariadne afirma que o perfil das vítimas de linchamentos mudou pouco ao longo do tempo. Embora o número de mulheres alvos dessas ações tenha aumentado, a partir dos anos 2000, os homens jovens continuam sendo as vítimas mais recorrentes. E quase a totalidade dos casos ocorre em regiões periféricas.
“O que está relacionado ao acesso que os moradores dessas áreas têm às instituições de Estado. Não só em termo de presença, mas, principalmente, quanto à qualidade dos serviços prestados por essas instituições. A tese da ineficiência do Estado é, portanto, um dos componentes que ajudam a explicar esses crimes. Mas há também a própria dinâmica das relações sociais nesses locais, onde as pessoas se conhecem e as informações transitam com maior facilidade”.
Outro diferencial é que, hoje, os linchamentos são frequentemente filmados e exibidos na imprensa e na internet. Foi o que aconteceu no caso de Fabiane. As cenas das agressões sofridas pela dona de casa vêm chocando o país. “O linchamento é sempre um evento público com caráter de exemplaridade. Faz parte do processo de humilhar a vítima expô-la sendo agredida. Como, hoje, há sempre alguém filmando, o que no passado ficaria restrito a um contexto local ganha uma maior dimensão. Essas imagens são fortes, mas a reação de quem as vê depende muito do filtro da percepção de cada um. Há muitos que, ao verem as imagens de um garoto algemado a um poste, sentiram-se satisfeitos e acharam pouco. A diferença no caso da Fabiane é que essas mesmas pessoas se comovem ao saber que uma pessoa inocente foi morta. Se ela de fato tivesse sequestrado uma criança, a reação seria diferente. E não deveria ser, pois estranho é o linchamento”.
A pesquisadora conclui que “Numa democracia, o que se espera é que as pessoas se mobilizem para melhorar as instituições e não para fazer justiça de forma sumária, sem dar aos suspeitos o direito à defesa. E, com isso, no afã de tentar fazer uma suposta justiça, comete-se grandes injustiças. E mesmo que a vítima tenha de fato cometido algum crime, isso não diminui o aspecto lamentável de um linchamento”.
Foto de capa: Reprodução
(Publicado originalmente na revista Fórum)

O historiador do futuro e o desejo de extinguir "essa raça".

publicado em 6 de maio de 2014 às 18:53


Adeus, PT
por Marco Antonio Villa
O Globo, 06.05.2014
Tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo.
A cinco meses da eleição presidencial é evidente o sentimento de enfado, cansaço, de esgotamento com a forma de governar do Partido dos Trabalhadores. É como se um ciclo estivesse se completando. E terminando melancolicamente.
A construção do amplo arco de alianças que sustenta politicamente o governo Dilma foi, quase todo ele, organizado por Lula no início de 2006, quando conseguiu sobreviver à crise do mensalão e à CPMI dos Correios.
Naquele momento buscou apoio do PMDB — tendo em José Sarney o principal aliado — e de partidos mais à direita. Estabeleceu um condomínio no poder tendo a chave do cofre. E foi pródigo na distribuição de prebendas. Fez do Tesouro uma espécie de caixa 1 do PT. Tudo foi feito — e tudo mesmo — para garantir a sua reeleição.
Parodiando um antigo ministro da ditadura, jogou às favas todo e qualquer escrúpulo. No jogo do vale-tudo não teve nenhuma condescendência com o interesse público.
A petização do Estado teve início no primeiro mandato, mas foi a partir de 2007 que se transformou no objetivo central do partido. Ter uma estrutura permanente de milhares de funcionários petistas foi uma jogada de mestre.
Para isso foram necessários os concursos — que garantem a estabilidade no emprego — e a ampliação do aparelho estatal. Em todos os ministérios, sem exceção, aumentou o número de funcionários. E os admitidos — quase todos eles — eram identificados com o petismo.
Desta forma — e é uma originalidade do petismo —, a tomada do poder (o assalto ao céu, como diria Karl Marx) prescindiu de um processo revolucionário, que seria fadado ao fracasso, como aquele do final da década de 60, início da década de 70 do século XX. E, mais importante, descolou do processo eleitoral, da vontade popular.
Ou seja, independentemente de quem vença a eleição, são eles, os petistas, que moverão as engrenagens do governo. E o farão, óbvio, de acordo com os interesses partidários.
Se no interior do Estado está tudo dominado, a tarefa concomitante foi a de estabelecer um amplo e fiel arco de dependência dos chamados movimentos sociais, ONGs e sindicatos aos interesses petistas.
Abrindo os cofres públicos com generosidade — e que generosidade! — foi estabelecido um segundo escudo, fora do Estado, mas dependente dele. E que, no limite, não sobrevive, especialmente suas lideranças, longe dos recursos transferidos do Erário, sem qualquer controle externo.
O terceiro escudo foi formado na imprensa, na internet, entre artistas e vozes de aluguel, sempre prontas a servir a quem paga mais. Fazem muito barulho, mas não vivem sem as benesses estatais. Mas ao longo do consulado petista ganharam muito dinheiro — e sem fazer esforço. Basta recordar os generosos patrocínios dos bancos e empresas estatais ou até diretamente dos ministérios.
Nunca foi tão lucrativo apoiar um governo. Tem até atriz mais conhecida como garota-propaganda de banco público do que pelo seu trabalho artístico.
Mas tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo. O cenário não tem nenhum paralelo com 2006 ou 2010. O desenho da eleição tende à polarização. E isto, infelizmente, poderá levar à ocorrência de choques e até de atos de violência.
O Tribunal Superior Eleitoral deverá ser muito acionado pelos partidos. E aí mora mais um problema: quem vai presidir as eleições é o ministro Dias Toffoli – como é sabido, de origem petista, foi advogado do partido e assessor do sentenciado José Dirceu.
Se a oposição conseguir enfrentar e vencer todas estas barreiras, não vai ter tarefa fácil quando assumir o governo e encontrar uma máquina estatal sob controle do partido derrotado nas urnas.
As dezenas de milhares de militantes vão — se necessário — criar todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros. Aí — e como o Brasil é um país dos paradoxos — será indispensável ao novo governo a utilização dos DAS (cargos em comissão). Sem eles, não conseguirá governar e frustrará os eleitores.
Teremos então uma transição diferente daquela que levou ao fim da Primeira República, em 1930; à queda de Vargas, em 1945; ou, ainda, da que conduziu ao regime militar, em 1964. Desta vez a mudança se dará pelo voto, o que não é pouco em um país com tradição autoritária. O passado petista — que imagina ser eterno presente — terá de ser enfrentado democraticamente, mas com firmeza, para que seja respeitada a vontade das urnas.
É bom não duvidar do centralismo democrático petista. Não deve ser esquecido que o petismo é o leninismo tropical. Pode aceitar sair do governo, mas dificilmente sairá do aparelho de Estado. Se a ordem de sabotar o eleito em outubro for emitida, os militantes-funcionários vão segui-la cegamente. Claro que devidamente mascarados com slogans ao estilo de “nenhum passo atrás”, de “manter as conquistas”, de impedir o “retorno ao neoliberalismo”. E com uma onda de greves.
A derrota na eleição presidencial não só vai implodir o bloco político criado no início de 2006, como poderá também levar a um racha no PT. Afinal, o papel de Lula como guia genial sempre esteve ligado às vitórias eleitorais e ao controle do aparelho de Estado. Não tendo nem um, nem outro, sua liderança vai ser questionada.
As imposições de “postes”, sempre aceitas obedientemente, serão criticadas. Muitos dos preteridos irão se manifestar, assim como serão recordadas as desastrosas alianças regionais impostas contra a vontade das lideranças locais. E o adeus ao PT também poderá ser o adeus a Lula.
Marco Antonio Villa é historiador
PS do Viomundo: Trata-se, obviamente, de wishful thinking. Do antipetismo doentio e cada vez mais agressivo que toma conta de amplas parcelas da classe média, que não se conforma com a invasão de seu espaço e com o fim da rígida hierarquia social. Para ela, de fato, o mundo está de pernas para o ar. Porém, não se pode negar o óbvio: a falta de coragem do PT para defender seu patrimônio político, inclusive com a criação de meios para fazê-lo, foi o que levou ao estado atual de coisas. A grande mídia demonizou diuturnamente o PT e os efeitos disso se disseminaram muito além dos bairros nobres das grandes metrópoles. Mas não nos esqueçamos das promessas descumpridas, do esgarçamento da coalizão governista e do desgaste natural de 12 anos no poder. Esta combinação pode, de fato, tirar Dilma do poder em outubro.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O PSB deixou de ser socialista

Não é a primeira vez que Roberto Amaral entra em rota de colisão com os dirigentes do PSB. Em todos esses casos, sempre por razões programáticas. Faz muito tempo que fica evidente o hiato entre o ideário socialista e a postura pragmática e oportunista de suas lideranças. De socialista na legenda, apenas as teses e programa da agremiação, concebidas ainda na época do Dr, Arraes.Esse programa, agora, é o estopim da discórdia entre seus membros. Para não melindrar o capital, querem fazer mudanças no capítulo referente às questões fundiárias. Que história é essa de socializar a propriedade da terra, perguntam os ruralistas e latifundiários. Sua principal liderança - e candidato presidencial nas eleições de 2014, Eduardo Campos - já fez barba, cabelo e bigode com o capital. Ou, pelo menos, tentou fazê-lo, uma vez que o establishment vem emitindo indicativos de que jogará suas cartas na candidatura do senador Aécio Neves. Salvo engano, Roberto é da velha guarda socialista, político que trocou muitas ideias com Arraes. Outro dia, numa entrevista, Luiza Erundina também havia esboçado um certo desconforto com as "negação" da política proferida pela Rede de Marina Silva. Não vou nem entrar no mérito das divergências entre as duas agremiações, mas, a rigor, certamente, essas posturas de conveniências - para agradar Deus e o Diabo - não podem trazer resultados muito positivos para o candidato da legenda à Presidência da República. Aqui na província, as coisas não são muito diferentes. Outro dia a coalizão acusou um mal-estar com as declarações do candidato que concorre ao Governo do Estado pelo partido, sobre a "herança maldita" do Governo Jarbas Vasconcelos, um aliado de última hora. Reeditada a "União por Pernambuco" - com o concurso dos demos - ele volta atrás, tecendo loas à gestão Jarbas/Mendoncinha.

Mais duas vítimas do "Efeito Raquel Sheherazade".





Mais duas pessoas foram vítimas, por engano, da "justiça com as próprias mãos', uma prática que está se tornando, infelizmente, uma rotina no Brasil, depois da onda gerada pelas declararações de uma jornalista do Sistema Brasileiro de Televisão. Na periferia do Rio Grande do Norte, um pedreiro foi brutalmente espancado ao ser confundido com alguém que havia cometido uma assalto. Usava uma camisa da mesma marca da usada pelo assaltante. No Guarujá, em São Paulo,uma mulher de 33 anos foi espancada até a morte, depois de "identificada" por uma foto postada nas redes sociais, como sendo uma suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra. Fabiana Maria de Jesus foi vítima de um engano. De acordo com as autoridades policiais - e aqui vem mais um agravante - no Guarujá, onde ela residia, sequer há resgistro de queixas contra rapto de crianças. Aqui mesmo pelas redes sociais, quase que diariamente, surgem novos casos. Parece que voltamos à barbárie.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Paulo Freire, o pensador do século XXI

O pensador do século XXI

Por Redaçãofevereiro 8, 2012 21:35 ATUALIZADO
A teoria de conhecimento desenvolvida por Paulo Freire continua sendo referência nos mais diversos países e influencia quase todas as ciências humanas, mesmo dez anos após sua morte
Por Glauco Faria e Nicolau Soares
O educador Carlos Alberto Torres era um estudante de graduação da Universidade da Patagônia pouco antes do golpe militar argentino, em 24 de março de 1976. À época, finalizava um livro sobre Paulo Freire e, munido de três cópias datilografadas, pegou um avião para Buenos Aires e entregou a obra para o editor Júlio Barreiro, que havia se comprometido a publicá-la.
Chegando lá, Júlio o cumprimentou em seu escritório com afeição, pegou o material e disse a Torres: “Vou lê-los com olhos de editor, mas tenho medo de que não poderei publicá-lo na Argentina nestas condições. Talvez nós possamos publicá-lo na Itália”.
A sentença foi um balde de água fria para o jovem educador. Muitas horas tinham sido gastas para produzir o livro em uma velha casa sem eletricidade no povoado de Trevelin, a 26 quilômetros da cidade argentina de Esquel.
Julio perguntou a Torres o que ele fazia na Patagônia e, ao saber que estava ministrando cursos em escolas e em uma universidade usando textos de Freire, Karl Marx e Jean Piaget, o interrompeu com um tom de voz preocupada: “Carlos, você precisa retornar imediatamente, pedir os programas de seus cursos, destruí-los e trocá-los por outros com bibliografias diferentes, que não incluam Piaget, Freire ou Marx. O governo está inspecionando estabelecimentos educacionais e, como estes autores foram banidos, podem haver conseqüências muito graves para aqueles que os ensinarem.”
Mesmo assim, Torres não se impressionou. “Em minha ingenuidade, perguntei a ele por que a situação lhe parecia tão difícil”, conta. Julio abriu a gaveta de sua escrivaninha e tirou de dentro uma revista muito popular na classe média. Havia duas páginas inteiras no meio com uma reportagem falando de Paulo Freire. A página da esquerda continha trechos tirados de Educação como Prática de Liberdade, a da direita passagens de Pedagogia do Oprimido. “Eram algumas das sentenças mais incendiárias dos dois livros, deslocadas totalmente do contexto original”, recorda Torres.
Ao fim da matéria, a sentença que resumia tudo: “a Revolução Argentina foi feita contra este tipo de educação marxista para nossas crianças”. Julio fechou a revista, olhou para Torres diretamente nos olhos e explicou que era preciso ser muito cuidadoso naquele tempo em particular. “Esta conversa mudou minha vida e talvez tenha salvado a mim e à minha família de um futuro de tortura ou morte certa”, conta.
A história acima não ocorreu apenas na Argentina. Ela se refletiu também no Brasil e em diversos países onde o pendor autoritário não permitia que Paulo Freire fosse sequer lido, quanto mais publicado. Não à toa, todos aqueles que comandavam regimes autoritários percebiam nele o potencial revolucionário que de fato sua obra tentava traduzir não somente por um método de ensino, mas utilizando-se de uma nova teoria do conhecimento que subvertia boa parte da tradição filosófica ocidental.
“Estou tentando fazer o Paulo Freire entrar mais na universidade, mostrando que ele era uma pensador rigoroso, não apenas intuitivo, sem rigor científico. Ele contrariou a ontologia aristotélica, toda nossa teoria do ser, a tradição ocidental, que diz que tudo o que existe é uma estrutura”, explica o professor José Eustáquio Romão, estudioso da obra freireana e que também conviveu com Paulo Freire entre 1986 e 1997. “Não existe o ‘ser’, mas sim o ‘está sendo’. Segundo Paulo, todos somos incompletos, já que precisamos uns dos outros; inconclusos, já que estamos em transformação; e inacabados, ou seja, imperfeitos”, argumenta.
Romão explica que o cerne do pensamento freireano está justamente na insatisfação que move o ser humano para o “ser mais”. “Aristóteles dizia que o que diferencia o ser humano dos outros seres é o raciocínio. Paulo Freire olhava pro cachorro dele e dizia ‘não tenho certeza se esse cachorro não pensa. Mas sei o que sou e fico insatisfeito por ser assim, por isso me esforço para não ser o que sou. Já o cachorro não faz esse esforço’”, analisa. “Não é à toa que ele desenvolve uma teoria do ser, que é a pedagogia do oprimido, e a teoria do ser mais, a pedagogia da esperança. O que diferencia o ser humano é a capacidade ter esperança, de ‘esperançar’”, conclui.
Romão conta que a primeira obra que leu de Freire sequer havia sido publicada, era o texto escrito para um concurso de professor na Faculdade de Belas Artes do Recife, publicado após sua morte pelo próprio Romão. Educação e atualidade brasileira tinha, na nota de rodapé 14, uma crítica pontual ao pensamento vigente à época na intelectualidade brasileira.
“Os grandes autores à época, principalmente o pessoal do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, diziam que o Brasil era subdesenvolvido, mas havia chegado a hora da virada, motivada pelo projeto nacional-desenvolvimentista. De acordo com eles, o contexto era favorável à revolução”, elucida Romão. A tese de Paulo Freire era de que, naquele momento, o povo emergia na arena política, uma relativa novidade para um país com a tradição autoritária do Brasil. Mas, ao mesmo tempo, Freire dizia que a revolução não seria possível, “porque não adiantava o cavalo estar arriado, era preciso montá-lo”, segundo o professor. “Ou seja, era preciso um processo de educação popular, um processo pedagógico. Ele fez algo extremamente marxista, existia a tese, a antítese, mas ainda não a síntese. Os intelectuais tinham parado na antítese. Aquilo era um projeto populista, tinha um limite estrutural nele mesmo.”
Em todo lugar A teoria freireana se estende não apenas por inúmeras áreas do conhecimento humano, mas também por diversos países que têm realidades totalmente diferentes. Foram dezenas de livros publicados em mais de 30 idiomas e outros 40 títulos honoris causa. Seu nome está relacionado a mais de cem instituições em todo o planeta.
Nos Estados Unidos, Paulo Freire é inspiração para educadores, mas também se firmou como referência política, influenciando no campo de atuação da esquerda norte-americana. “Ele sempre foi conhecido aqui como revolucionário em educação de adultos nos anos 1970 e no início dos 1980”, explica Carlos Alberto Torres, o jovem do início do texto, hoje radicado nos EUA. “Entretanto, com sua introdução em programas de treinamento de professores nos Estados Unidos, Freire foi rapidamente colocado como um ‘guru’ da Nova Esquerda nos EUA e também internacionalmente. Seu trabalho transcende o campo da educação e suas teorias são praticadas e aplicadas em diversos setores, particularmente aqueles ligados a políticas culturais”, pontua.
Boa parte do reconhecimento internacional que Freire granjeou decorre de um verdadeiro trabalho militante. Foram centenas de viagens feitas por ele durante toda sua vida e muitos daqueles que hoje divulgam suas teorias e práticas as conheceram por meio do próprio educador. É o caso de Daniel Schugurensky, professor associado do Instituto Ontario para Estudos em Educação da Universidade de Toronto. “Eu era muito interessado nas idéias de Freire desde que era um adolescente porque naquele tempo estava ansioso para encontrar caminhos que contribuíssem para uma mudança social através da educação”, explica. “Aqui, Freire é muito conhecido. Ele passou parte do verão de 1976 ministrando um curso de pós-graduação e desta passagem temos três vídeos nos quais dois educadores de adultos de nosso instituto o entrevistam. No ano seguinte da sua visita a Toronto, um grupo local ligado a sindicatos progressistas começou a realizar uma série de atividades de educação popular”, recorda. Ele ressalta que o legado freireano é significativo em seu país. “Não apenas eu, mas muitos de meus colegas aqui tratamos de aplicar os princípios freireanos a nossa prática pedagógica e política em nossas atividades cotidianas, em nossa relação com nossos estudantes, com nossas comunidades, e em nossa própria organização interna, tratando de ser cada vez mais democráticos e criar estruturas mais democráticas. Também há professores aplicando princípios freireanos em escolas secundárias do Canadá”.
Mas em países onde a realidade é menos rósea do que no Canadá, as teses do educador adquirem um outro tipo de importância. Deena Soliar é uma das dirigentes do Centro Umtapo da África do Sul, um dos muitos países visitados por ele no continente, e conta como as sua teoria chegou ao país. “Ele foi introduzido na África do Sul no início dos anos 1970 por Anne Hope, que conduziu o primeiro treinamento baseado na filosofia de Freire para um grupo de ativistas da Consciência Negra, incluindo Steve Biko. Já estávamos convencidos que conscientização através da educação popular era a chave para os problemas do país e dessa forma um dos pilares fundamentais da fundação da Umtapo foi a filosofia freireana”, explica.
Assim como em outros locais, na África do Sul a área da educação também é um campo em que se travam disputas políticas, com diferentes concepções a respeito do papel da educação. Deena e a Umtapo lutam para promover a educação popular e a aplicação da teoria freireana tem sido fundamental para o sucesso dessa empreitada. “Em 1991, a Umtapo fundou a Associação para Alfabetização e Educação de Adultos, afiliada à Associação Africana por Alfabetização e Educação de Adultos, em oposição a outras entidades dominadas por liberais no país que eram críticas de Freire. Agora temos tentado nos últimos anos estabelecer uma ampla coalizão internacional de educadores populares comprometidos com a filosofia e o método freireanos”, conta. A Umtapo também honrou Freire ao premiá-lo postumamente com o Prêmio Steve Biko da Paz Internacional em 2005 e produziu um manual de treinamento para jovens ativistas comunitários em seu nome.
A cultura da paz também foi influenciada pelo educador pernambucano. Davi Windholz foi um dos fundadores do Instituto Paulo Freire em Israel e começou a trabalhar em bairros pobres utilizando a teoria freireana em programas de desenvolvimento de lideranças sociais. “O programa era patrocinado pela Universidade de Jerusalém, e todo o trabalho baseava-se em formação de grupos de lideranças locais para a melhoria das condições de vida desses bairros”, explica. “Acreditávamos que não tínhamos o direito de ir a
esses bairros com uma postura de ‘donos da verdade’ como vinham os assistentes sociais, em geral. Nós, estudantes, e eles, moradores dos bairros pobres, vivíamos em dois mundos diferentes e sem contato. O diálogo era a única forma de poder unir esses dois mundos e achar um meio que pudesse nos libertar, juntos.”
Em um país onde o equilíbrio social é frágil e os conflitos são inúmeros, trabalhar com a filosofia freireana pode ser uma boa saída. “Apesar de todas as diferenças, o diálogo e a educação libertadora são as únicas formas positivas de influir nos processos sociais e educacionais que promovemos”, acredita Windholz, que hoje trabalha com o projeto AlterNative, que busca promover o poder comunitário e a integração étnica.
Música e alternância Além de estar presente em vários lugares com realidades absolutamente distintas, Paulo Freire também se faz presente em diferentes áreas do conhecimento humano, inclusive na música. A dissertação de mestrado de Estevão Teixeira foi sobre alfabetização musical utilizando a teoria freireana, com a intenção de valorizar a cultura popular e rema contra a educação musical tradicional. “Sou professor em conservatório e percebi que quem tem aula ali, aprende por quinze, vinte anos, e não toca nada sem partitura”, conta. “Os músicos populares são considerados analfabetos musicais e, embora Paulo Freire tenha dito que não basta ler, mas é preciso ler dentro do contexto, existe aí uma dominação simbólica. Sempre houve muita ênfase na música erudita e boa parte dos professores não deixa tocar de ouvido”, critica.
Assim, Teixeira desenvolveu o Teclado Didático para o Ensino da Música (Tedem), que ele define como um “ábaco musical”. Trata-se de um teclado onde as teclas se levantam do plano horizontal, possibilitando uma maior compreensão de todas as estruturas musicais. “É um método que não se volta somente à alfabetização musical, mas voltado à formação da criança”, assegura. Em 2004, Estevão lutou para que fosse aprovada em Juiz de Fora (MG) a Lei Municipal (nº 10.861), com o objetivo de reinserir o ensino da música nas escolas públicas da rede municipal de ensino fundamental.
A teoria freireana chega também ao campo. Na cidade baiana de Jaguaquara, a Escola Rural Taylor Egídio trabalha com 600 alunos num regime de internato, mas com uma proposta de pedagogia de alternância. Enquanto 300 crianças estão na escola, 300 estão em suas casas e são visitadas diariamente. “A idéia da alternância é uma imersão na educação formal sem tirar a criança de sua realidade. Ela transita entre educação formal e a vida de sua casa. O grande objetivo é fortalecer o campo, o saber local. Pretendemos que as crianças voltem para a roça e coloquem em prática nos seus quintais, nas plantações dos pais, o que aprenderam na escola, e que possam ensinar para os pais”, esclarece Sonilda Sampaio Santos Pereira, diretora da escola.
“Na sala de aula, é proposto para os alunos uma construção de conhecimento a partir da realidade de cada uma, do concreto das vidas”, explica Sonilda, ressaltando a interdisciplinariedade presente no cotidiano da escola. “Juntamente com a construção da leitura, especialmente da leitura mundo e da palavra escrita, tratamos também a música. Temos uma banda, trabalhamos a questão da voz, informática, fazemos tarefas com Lego. Mas o eixo de todas as práticas é o campo, que é muito explorado nas aulas de agricultura.”
Mas de fato o que mais impressiona na teoria freireana, além da sua atualidade, é a capacidade de se reinventar, mesmo dez anos após sua morte. Ao contrário de outros intelectuais, à medida que o tempo passa, Paulo Freire é ainda mais reconhecido pela amplitude de sua obra. “Reconhecemos Freire como um dos grandes educadores do século XX e sempre revisamos sua obra e revisitamos suas contribuições à educação para entender os mecanismos de reprodução social e mudança”, conta Daniel Schugurensky. “Ao mesmo tempo, Freire sempre pediu que não o copiássemos, mas que o reinventássemos, e, aqui em Toronto, estamos colaborando com os esforços que estão sendo feitos no Brasil e em outras partes do mundo para reinventar Freire e nos preparar para os desafios do século XXI”, completa.
Reinvenção é o termo que Carlos Alberto Torres também usa para explicar o que se desenvolve hoje na Universidade da Califórnia (UCLA). “O Instituto Paulo Freire na UCLA está desenvolvendo séries de cursos de treinamento profissional para professores do fundamental e do ensino médio em colaboração com o Programa de Educação de Professores da UCLA. O propósito destes cursos é guiar professores por aplicações teóricas e práticas da pedagogia crítica de Paulo Freire em classes urbanas e multiculturais”, aponta. “O objeto deste cursos não é apenas a aplicação de contribuições de Paulo Freire e de seus seguidores, mas sua reinvenção. A idéia é ligar pesquisa, teoria e prática em um caminho único, que vai permitir a educadores jovens e treinados nas universidade a ensinar seus estudantes, muitos deles filhos de imigrantes recentes a entender e navegar nas complexas e muitas vezes violentas comunidades em que eles vivem. De forma crítica e com compaixão ao mesmo”, conclui.
Para José Eustáquio Romão, o grande legado de Paulo Freire pode ter um significado para a área das Ciências Humanas que equivale a de outros grandes pensadores do século XX. “Charles Darwin, Sigmund Freud e Karl Marx tiveram que criar teorias de conhecimento para explicar o que não podiam por conta das circunstâncias históricas, não acharam elementos disponíveis que pudessem auxiliá-los. Creio que a teoria criada por Freire ainda será a grande teoria do século XXI”. Alguém tem dúvidas?
(Publicado originalmente na Revista Fórum)

Padre João denuncia o exército de fakes de Aécio na rede

publicado em 4 de abril de 2014 às 10:42

José Anibal, Carlos Sampaio, Aécio Neves e Aloysio Nunes. Foto: George Gianni/site do PSDB


(Publicado originalmente no Viomundo)

Nota do editor: as ações agressivas de alguns candidatos pela internet estão se tornando insuportáveis, e, a rigor, oficialmente, ainda não estamos em campanha. Outro dia foi denunciado um exército de fakes para curtir e compartilhar as postagens de um determinado candidato. 

domingo, 4 de maio de 2014

A Honra do Imperador: Reflexões críticas sobre a era eduardiana em Pernambuco




O material cobre vários anos da gestão de Eduardo Campos, discutindo os vários aspectos: meio-ambiente, saúde, educação, política industrial, de segurança, política de desenvolvimento regional, as alianças, a campanha, as eleições de outubro etc.  Um abraço, Zaidan
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
                                               Índice
                Apresentação...................................................................4
                Eduardo Campos na UFPE....................................................5
                A fala do trono..................................................................6
                0 que há de novo em Pernambuco.........................................7
                A reprodução da oligaquia politica de Pernambuco....................8
                Quando a saúde se transforma num grande negócio..................9
                Educação (sindical) após Aushwitz.......................................10
                Natureza e entropia...........................................................11
                Caminhos que levam aos mesmos lugares...............................12
                Pela memória e pela justiça, sempre!.....................................13
                Tollat qui non noverit.........................................................14
                0 grande eleitor.................................................................15
                Um olhar sobre as eleições municipais de 2012.........................16
                Antecipação de debate eleitoral..........................................17
                Liberdade de imprensa e Democracia......................................18
                A política do amigo e do inimigo.............................................19
                Eduardo Campos e o momento federativo................................20
                0 fim da agonia..................................................................21
                Especulações pós-eleitorais..................................................22
                0 psb e as eleições deste ano...............................................23
                A honra do Imperador..........................................................24
                Reforma administrativa ou reforma eleitoral?.............................25
                0 pragmatismo da irmã e o sofisma do sinhorzinho.....................26
                De raposas, ambientalistas e caroneiros..................................27
                Desencontro programático....................................................28
                A nova política...................................................................29
                Por que escrever sobre Eduardo Campos?................................30
                A chapa verde-encarnada.....................................................31
                A cultura política do bombril..................................................32
                O intimismo à sombra do poder...............................................33
                Problemas inculturais do estado de PE.....................................34
                Estado de exceção episódico.................................................35
                Sem ressentimentos.............................................................36
                Que rei sou eu?...................................................................37
                Bom carnaval, excelente gestão?............................................38
                O uso político da memória......................................................39
                A ritualização da memória......................................................40
                Do conceito de "eficiência" nos discursos políticos......................41
                A obrigação tributária sobre os combustíveis.............................42
                Reforma tributária. O que é isso?.............................................43
                PSB e PSDB, afinidades eletivas ou eleitorais?............................44
                Ambiente político abafado......................................................45
                A volta do menino de ouro......................................................46
                Apêndice:
                O meu encontro com Miguel Arraes...........................................47
                0s primeiros cem dias de Eduardo Campos..................................48
                Pouca análise e muito incenso - André de Paula..........................49
                Tradição oligárquica e mudança em Pernambuco.........................60

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Aécio em empate técnico com Dilma. Calma, gente, é na pesquisa do Instituto Sensus

Nas eleições passadas, éramos mais ativos no microblog Twitter e tivemos a oportunidade de travar bons debates sobre as pesquisas de intenção de voto. Tenho um grande apreço pelos institutos e as polêmicas não nos permitiam desacreditá-los, simplesmente, em razão de suas vinculações com candidatos, órgãos da mídia ou partidos. Nos EUA, onde esses institutos sempre gozaram de um status elevado, salvo engano, existem uma legislação disciplinando essa relação, minimizando as possibilidades de alguma promiscuidade. Aqui no Brasil, infelizmente, como sempre, as coisas correm frouxas. Não raro, os grandes institutos terceirizam suas atividades nos Estados, escolhendo outros institutos sem as menores credenciais para realizarem um trabalho dessa dimensão e responsabilidade, o que pode induzir a muitos erros. Um outro expediente, esse mais escrachado, é o surgimento de institutos que surgem de última hora, fabricando resultados favoráveis para os candidatos que contrataram suas pesquisas. Na Paraíba, que conheço bem, somente depois de muitas "filtragens" é que se pode dar credibilidade aos resultados anunciados pelos institutos. Existem, no entanto, alguns ardis mais sutis que podem ser tanto favorável ou perniciosos a determinados candidatos. Talvez nessa última categoria possamos enquadrar a pesquisa do Instituto Sensus, que promete divulgá-la amanhã. Nessa pesquisa, a candidata Dilma aparece em "queda livre", enquanto o candidato Aécio Neves aproxima-se perigosamente dos seus índices, quiça já indicando um empate técnico entre ambos. Dilma 31%, Aécio 27%. Os índices, apesar de deixar os tucanos mais felizes do que pinto no lixo, trazem, no entanto alguns sérios questionamentos. É padrão entre os institutos apresentarem os nomes dos candidatos de forma circular evitando, assim, a sobreposição de um sobre o outro, o que poderia "induzir" o eleitor. Nesse metodologia, há uma paridade entre os concorrentes. Eis que o Instituto Sensus resolveu "inovar', ordenando os nomes por ordem alfabética, ou seja, Aécio aparece na cabeça. Até bem pouco tempo, o cientista político Ricardo Guedes trabalhava para os tucanos. Segundo o site Tijolaço, também haveria problemas com o registro da pesquisa no TRE. Vamos colocar nossas barbinhas de molho, ficarmos atentos, pois o que não faltam são pessoas dispostas a inflar artificialmente candidatos que representam interesses nefastos para o povo brasileiro e atacar a honra de pessoas íntegras, como o fez um tal Paulinho da Força, movido por pileques e eivado de irresponsabilidade.

O caos na administração pública de Paulista.



Os servidores municipais entraram em greve em Paulista. Várias categorias aderiram ao movimento, o que reforça o poder de pressão. Já comentamos aqui que o município de Paulista, nosso torrão de infância, é um município sui gêneres. Tenho até evitado tocar no assunto para não ferir a suscetibilidade de nossos conterrâneos. Nossa última postagem dizia respeito a uma espécie de rodízio de alunos nas escolas da rede pública municipal. Havia alunos denunciando que estavam a duas semanas sem aula. Um verdadeiro descaso. Uma internauta até comentou que conhecia rodízio de pizzas, de chopp, de carne, mas, de alunos seria coisa nova. Imagina se essa moda pega. Nosso município, infelizmente, não amadureceu para uma prática política de corte republicana. Entra prefeito, sai prefeito e as coisas continuam naquele mesmo diapasão. Pouca coisa mudou desde que fizemos nosso primário no Circulo dos Operários Cristãos. Paulista ressenta-se de ausência de homens públicos, de fato, interessados em atender as demandas dos cidadãos daquela cidade. Secretários são nomeados consoantes interesses paroquiais, eleitoreiros, comezinhos. Coisa de compadres. Até recentemente, ocupava uma pasta estratégica - visando as eleições de 2014 - um cidadão cujo programa consistia em tomar café da manhã com a turma, merendar, pintar as fachadas dos prédios e posar para as fotos do Facebook. Detalhe: Ganhou a secretária para facilitar sua plataforma de olho na ALEPE em 2014.

(Na foto acima, vereadores do município protestam contra o racismo, comendo bananas, numa atitude essencialmente questionável, apenas seguindo a "onda"... equivocada)