pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 20 de setembro de 2014

FUNDAJ: Pesquisa revela as condições atuais dos campi de universidades federais instaladas em cidades do interior do Nordeste




A pesquisa “A interiorização recente das instituições públicas e gratuitas de ensino superior no Nordeste: efeitos e mudanças”, produzida por uma equipe de 11 pesquisadores e cinco bolsistas e mestrandos coordenada pela pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Patrícia Bandeira de Melo, revelou as condições atuais dos campi instalados nas seguintes cidades do interior do Nordeste: Angicos (RN), Arapiraca (AL), Barreiras (BA), Bom Jesus (BA), Cachoeira (BA), Caruaru (PE), Cuité (PB), Garanhuns (PE), Laranjeiras (SE), Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Rio Tinto (PB), Serra Talhada (PE), Sobral (CE) e Vitória de Santo Antão (PE).


Desenvolvida entre 2010 e 2014, a pesquisa discutiu as condições do desenvolvimento da política de interiorização das instituições federais de ensino superior (IFEs), investigando junto a 256 professores, 1628 alunos e 201 egressos das universidades situadas nos novos campi qual a compreensão e a magnitude que o processo adquiriu desde 2003, quando teve início a ampliação do número de unidades de ensino público superior no país.

Os alunos

A melhor notícia, resultante da pesquisa, é que os estudantes beneficiados com a interiorização das IFEs, mesmo com um perfil socioeconômico próprio das classes de renda baixa, estão construindo uma nova trajetória de vida, pois conforme indicam os resultados da pesquisa, 35,7% das mães dos universitários matriculados têm até o ensino fundamental completo e os pais de 83,1% dos estudantes não tiveram acesso à universidade.

Segundo o estudo, “o grau de escolaridade predominante dos pais desses jovens, entretanto, é o ensino médio, e eles pertencem a famílias de classe econômicas D e E”. O estudo demonstrou, ainda, “que o predomínio nas unidades interiorizadas é de jovens pardos, solteiros, sem filhos, que moram com os pais, com idade entre 20 e 25 anos, cujo sexo feminino é maioria na faixa etária de até 20 anos. Jovens que estudaram grande parte do ensino médio em escolas públicas”.

Uma observação que vale ressaltar é a de que, uma média de 55,6% dos estudantes migra, sobretudo, entre regiões do mesmo Estado para cursar o ensino superior numa universidade federal.

A Interiorização das unidades federais para os docentes

Quanto aos professores, o trabalho dos pesquisadores da Fundaj avaliou outras questões.“Verificamos que, a infraestrutura que as IFEs dispõem para realização do trabalho docente, precisa ser aprimorada, de acordo com as entrevistas”, destacam Patrícia Bandeira e Luis Henrique Romani. Eles explicam que, os docentes ouvidos na pesquisa qualificam como apropriadas apenas 24,6% das instalações para laboratórios, salas para grupos de pesquisa, núcleos e atendimento a alunos; 32% das salas de professores; 12,2% dos espaços físicos reservados para realização de pesquisa; 23% dos equipamentos e materiais disponíveis para pesquisa. Os pesquisadores da Fundaj apontam que, “entretanto, em algumas unidades estes equipamentos ainda não estão em funcionamento, conforme informaram os docentes”. Uma boa notícia revelada pela pesquisa é a de que no quesito infraestrutura, as bibliotecas foram as áreas mais bem avaliadas.

Uma das conclusões da pesquisa é que, mesmo com a dificuldade avaliada do chamado imperativo do produtivismo acadêmico, que foi identificado como um problema a sobrecarregar todos aqueles que se encontram envolvidos na construção da universidade pública brasileira na última década (2003/2014), a maioria dos professores, ou seja, 57% dos docentes entrevistados se mostram satisfeitos com a carreira acadêmica.

“Em geral, os professores aprovam o modelo como a carreira docente está estruturada – qual sejam, o tempo de serviço e o mérito -, acatando o regime de dedicação exclusiva, desde que abranja os complementos salariais pertinentes”, comentam os pesquisadores, que encerram as conclusões informando que “entre os docentes entrevistados, três em cada quatro disseram estar desenvolvendo projetos de pesquisa”.

UAG/UFRPE

Como um caso particular, por exemplo, a pesquisa revelou a necessidade da Unidade Acadêmica de Garanhuns, da UFRPE, melhorar suas relações de cooperação, que se mostraram limitadas e frágeis com o tecido produtivo e institucional – até pela unidade se situar distante do centro da cidade. Segundo os pesquisadores, “a situação do município de Garanhuns, porém, pode servir de modelo para se pensar outros pólos produtivos localizados no mesmo espaço territorial de universidades federais. A postura adotada pelo MEC para alocação dos novos campi em municípios que compõem APL, indica o reconhecimento da contribuição importante de um campus universitário para arranjos produtivos locais em todo o país”.

Egressos/Vitória de Santo Antão(PE)

"O projeto de interiorização das universidades federais no Nordeste – como deve ocorrer no resto do Brasil – promoveu mudanças na qualidade de vida dos egressos do ensino superior”, na opinião dos autores da pesquisa. Eles contam que, “também a título de exemplo, no caso do Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão (PE), os entrevistados descrevem suas trajetórias, apontando avanços relevantes em sua qualidade de vida após o ingresso no ensino superior”.

Para Luiz Henrique Romani e Patrícia Bandeira, “ainda que a oferta de cursos de graduação ainda fosse reduzida à época de sua entrada na universidade, em relação aos campi instalados nas grandes cidades, foi possível para estes jovens realizar escolhas de cursos próximos aos seus interesses”. Resumindo: “houve melhoria de renda e acesso a bens culturais, como teatros e museus”.

Romani e Bandeira contam que, “as transformações se ampliaram para os seus círculos de relacionamento, a ponto de eles cobrarem de pessoas próximas o esforço para cursarem universidade ou modificarem os grupos de amigos de acordo com os novos interesses, advindos do novo capital cultural adquirido”. E mais: “verificam-se aqui as diferentes formas de aquisição de capital cultural: nos jovens entrevistados, houve um processo de incorporação posterior, através do acesso à universidade, que não estava em acordo com o seu capital herdado. Isso, porém, não inviabilizou a aquisição do capital escolar e nem a manutenção de relações com parentes e amigos anteriores ao seu ingresso no ensino superior. As dificuldades foram superadas pelo esforço e o desejo de 
mudar as suas condições socioeconômicas, pois a maioria deles advém de famílias com renda inferior a dois salários mínimos”.

ASCOM/FUNDAJ

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Conversa Afiada: Chega ao Planalto o concorrente do IBOPE.

 Montenegro deixou o Datafalha com a brocha na mão.


Segundo a agenda oficial da Presidenta, representantes da Rede TV, Band e Rede Record estiveram com a Presidenta Dilma para anunciar que contrataram os serviços de medição de audiência da empresa alemã GfK.

O ansioso blogueiro soube que o objetivo da audiência foi mostrar à Presidenta que o Brasil passa a contar com um novo modelo de aferição de audiência “para sair da ditadura do IBOPE”, aqui também conhecido pelo cognome “Globope”.

Até onde é possível captar o movimento dos astros, “ela gostou” do que ouviu.

Clique aqui para ler “como os ‘analistas do mercado’ garantem o bônus de Natal com o vazamento das ‘pesquisas’ eleitorais”.

Como se sabe, a audiência da Globo caiu vertiginosamente depois que as concorrentes da Globo anunciaram o fechamento do contrato com a GfK.

O que se pode explicar, também, com a possibilidade de o Globope ter corrigido alguma imperfeição que se teria consolidado há décadas: conferir à Globo uma audiência que o GfK não confirmará …

Por essas e outras, o Fintástico passou a dar 13 e o jornal nacional foi para a casa dos dez.

E treze pontos do Fintástico e o jn na casa dos dez não pagam as contas dos jatinhos da Globo Overseas, aquela que mereceu tantos elogios do Garotinho e do Lula, em Porto Alegre.

Com essa audiência, vai para o saco o modelo de negócio dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio.

A menos que a Dilma perca – o que está fora das cogitações do DataCaf e da Vox.

Porque se a Dilma perdesse, os bancos estatais – esses que a Bláblá quer sufocar – iam fazer da Globo um “vencedor” !

Outra notícia muito interessante é a que está na Keila Gimenez, da Fel-lha (*), na seção “Televisão”.

A família Montenegro vendeu todo o IBOPE à WPP, o maior conglomerado de mídia do mundo.

Nasceu na Inglaterra, expandiu-se nos Estados Unidos, a WPP no Brasil controla as agências de publicidade Ogilvy, Newcomm e Wunderman.

Trata-se, portanto, de uma empresa de reputação global, submetida ao rigor da transparência, que, lamentavelmente, não se aplica ao “negócio” de “pesquisas” de intenção de voto, no Brasil.

Por exemplo, este ansioso blogueiro soube que, num importante Estado do Nordeste, um candidato a Governador foi o único que se interessou por pagar quase R$ 200 mil por uma “pesquisa” de famosa instituição. 

Pagou, mas decidiu não publicar.

Preferiu guardar para mais adiante, na campanha.

Ou seja, a pesquisa não tem qualquer caráter informativo. 

Embora assim pareça, quando sai, anabolizada,  no PiG (**) – nacional e estadual …

Dificilmente uma empresa como a WPP correrá o risco de se meter nas arapucas desse “mercado”.

O que tem outro significado importantíssimo.

A WPP vai deixar a Datafalha com a brocha na mão.

Vai acabar essa tabelinha segura-no-meu-que-eu-seguro-no-seu entre o Globope e a Datafalha, acasalados no jornal nacional.

A Datafalha vai ficar de brocha na mão.

O Montenegro tira o time de campo e deixa o Otavinho na chuva…


Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

José Luiz Gomes: Afinal, quem venceu o debate entre os candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco?


Por José Luiz Gomes.


Acompanheamos atentamente o debate promovido pelo Sistema Jornal do Commércio de Comunicação, no último dia 16/09/2014, entre os candidatos ao Governo de Pernambuco. Pelas regras do programa, participaram os candidatos Paulo Câmara (PSB), Armando Monteiro (PTB) e José Gomes (PSOL). Confesso que, como muitos eleitores, tinha alguma curiosidade para observar o desempenho do candidato do Palácio do Campo das Princesas. Não apenas pela ausência de traquejo inerente a um burocrata recentemente alçado à condição de candidato, mas, sobretudo para procurar entender como sua assessoria está formulando o “discurso” em torno do que seria um eventual mandato dele como governador de Estado. Não nos decepcionamos. Como previsto, seu desempenho foi fraco.
Os marqueteiros o colocaram numa verdadeira “camisa de força”, fazendo-o repetir um discurso de uma ilha da fantasia, dissociado do mundo real, do cotidiano do eleitor médio. Isso nos remete a outra preocupação: qual o espaço da intervenção da cidadania num contexto como este, “engessado” por uma engenharia institucional perversa, aliada a uma série de manobras escusas, que deixam o eleitor cada vez mais distante de votar movido por suas convicções, adensadas por um debate republicano de alto nível? Com a morte do ex-governador Eduardo Campos, os analistas políticos chegaram à conclusão de que alguma coisa funcionava muito bem em seu Governo: a imagem institucional, que o colocava entre os governantes mais bem-avaliados do país, mas que não resistia, por exemplo, a uma simples checagem dos indicadores de IDH. A vida cotidiana do pernambucano, quando se tomava como parâmetros a educação – apesar do IDEB – a saúde, a mobilidade urbana, o meio-ambiente, essa não ia muito bem.
De há muito, o financiamento de campanhas políticas no Brasil tornou-se um caso de polícia. A maioria dos partidos são meras sopinhas de letras, guiados consoantes arranjos de caráter nada republicanos, orientadas, por vezes, unicamente, em função do recebimento do fundo partidário e negociação do tempo de TV com as legendas maiores, além de outras práticas prostituídas, que preferimos nem mencionar. Os políticos, contingenciados pela Lei de Ferro da Competição Eleitoral (Wanderley Guilherme dos Santos), movem-se consoante uma racionalidade própria, cujas amarras são apenas o pragmatismo, nunca a ideologia ou o perfil programático de suas propostas. Nem pensam duas vezes em mudar de barco se a sua eleição estiver comprometida.  No apogeu da “Onda Marina”, hoje estabilizada, temos informações de que até “petistas” Dianas de Pastoril já estavam tentando entabular algumas negociações com a irmã.
O debate de Terça-Feira foi um bom indicador para observamos essa questão. Gosto muito do bloco que permite abertura às perguntas formuladas pelos ouvintes, talvez um dos poucos momentos de lucidez cidadã do embate, embora não possamos nos iludir quanto a uma possível clivagem dessas perguntas e dos cidadãos que as formulam. Uma dessas perguntas foi sobre a questão do transporte público na cidade no Recife e outra sobre os graves problemas sociais da cidade de Goiana, cidade localizada na Mata Norte do Estado, cujos indicadores de educação, saúde, habitação, saneamento, cuidados com o patrimônio histórico não são nada alvissareiros.
Estão em fase de execução grandes investimentos na cidade, como diversas fábricas de auto-peças, uma montadora da FIAT, a Hemobras, um porto, um aeroporto etc. Além do impacto ambiental, há uma série de outros problemas endêmicos, como o baixo índice de formação escolar e profissional da população, prostituição infantil, abandono do patrimônio artístico, moradias sub-humanas, baixo índice de saneamento etc. Certa vez, ao falarmos nesse assunto, que conhecemos muito bem, entrou no nosso perfil de uma rede social, um grão-mestre neo-socialista para afirmar, equivocadamente, que éramos contra esses investimentos. Não é verdade.
Assim como aquele morador da cidade que formulou a pergunta, estamos, na realidade, preocupados com esses problemas endêmicos, aliás, de longas datas. Ao se reportar ao assunto, ao invés de responder ao cidadão que havia formulado a questão de forma concreta, ou seja, dizer das providências do Estado para combater, por exemplo, os altos índices de prostituição infantil na área, a bandidagem dos grupos de extermínio, o candidato do Palácio do Campo das Princesas limitou-se a repetir um discurso previamente ensaiado que, no fundo, não diz nada. Pura retórica. Uma forma sutil de não responder.
Uma das edições da Revista AlgoMais deste ano, traz uma longa matéria sobre a cidade de Goiana, Mata Norte do Estado. Sou apaixonado por aquela cidade. Na condição de professor, sempre levei grupos expressivos de alunos para conhecer a comunidade quilombola de São Lourenço, localizada num dos distritos do município. Como precisamos de "pontos de apoios" acabamos conhecendo toda a cidade, além da belíssima praia de Pontas de Pedra. Posso falar de cátedra sobre os problemas da cidade, uma vez que os conheço bem.
Além das excursões com os alun@s, frequentei a cidade em muitas outras ocasiões, já com o propósito de conhecer um pouco mais sobre a Fábrica de Tecidos que existiu no município, uma das primeiras instaladas no Estado, se não a primeira, de acordo com alguns historiadores. A matéria traz uma série de referências históricas importantes, como o envolvimento de filhos da terra em movimentos libertários, além do fato de a cidade ter libertados seus escravos antes da assinatura da Lei Áurea. Seria muito importante, entretanto, que, além dos investimentos que estão previstos para a cidade, o poder público, a iniciativa privada e sociedade civil ficassem atentas para alguns problemas nevrálgicos daquela cidade: a) O descaso e o abandono evidente do riquíssimo patrimônio histórico do município. Alguns prédios estão exigindo intervenções imediatas, sob pena de caírem; b) Como se trata de uma área de fronteira entre dois Estados - do lado de cá, Goiana (PE), do lado de lá, Alhandra(PB) - é uma das cidades que apresenta um dos mais alto índices de prostituição infantil; c) Atuando no entorno, sobretudo em Itambé, existem grupos de extermínio muito bem-estruturados, com forte presença no Estado. A morte do advogado Luiz Mattos, ex-assessor do Deputado Federal Fernando Ferro, é atribuída a esses grupos; d) Indicadores sociais básicos, como educação, saúde, habitação, apresentam índices preocupantes; e) Mesmo antes desses investimentos se materializarem, o município já sofre bastante com as agressões ambientais. Na comunidade de São Lourenço, por exemplo, um mega investimento para a construção de uma fazenda de camarão em cativeiro provocou um verdadeiro desastre ambiental nos manguezais, comprometendo a cadeia econômica dos moradores locais, que sobrevivem da captura do caranguejo Uçá e outros crustáceos. Goiana precisa formular urgentemente um Plano Diretor.
A outra questão formulada dizia respeito às tarifas de transporte praticadas no Recife, um problema crucial, que esteve na agenda das manifestações de Junho. Uma questão que se arrasta e que, até hoje, não foi devidamente esclarecido é a transparência sobre as planilhas de custos, o que poderia ser esclarecido se a caixa-preta das empresas de transportes urbanos fosse aberta. Até hoje a população cobra uma transparência sobre o assunto, mas o lobby dos empresários é muito forte e impede que os dados sejam mostrados à população. Sabe-se que a infra-estrutura de mobilidade é precária, temos um transporte público ruim e de alto custo. Mais uma vez, ao se reportar ao assunto, o candidato do Palácio fugiu da resposta, retomando os projetos relativos aos BRTs – que estão atrasados desde a copa e os veículos - com custo estimado próximo a um milhão de reais por unidade – estão se deteriorando nas garagens enquanto aguardam a conclusão dos corredores.
O candidato da oposição, Armando Monteiro, não se pode negar que é uma pessoa muito mais preparada. Afirmo isso não por torcida – o que não seria conveniente nesses comentários – mas por entender que a sua vida pública o credenciou para tal. Diferentemente de Paulo Câmara, Armando sempre esteve na arena política, articulando projetos de investimentos do Governo Federal para o Estado, envolvidos com os bastidores da política nacional. Paulo é um neófito, produzido no laboratório do Campo das Princesas, representante do espólio de um legado político deixado pelo ex-governador Eduardo Campos. Convocado em razão de uma série de circunstâncias políticas específicas, ele não representa, sequer, o grosso do pensamento neo-socialista no Estado. Representa os interesses de uma nucleação específica, que deseja manter o espólio do finado sobre rígido controle familiar.
Zé Gomes, do PSOL, é um bom candidato, tem propostas interessantes, mas ainda precisa percorrer um longo caminho nessa arena. Está se posicionando, construindo um eleitorado politicamente orientado, embora sem chances reais de chegar lá. Não ainda. O pessoal do PSOL lembra, de alguma forma, o que já foi o PT em décadas passadas, ali pelos seus primórdios dos anos 80, um partido orgânico, idealista, propositor de uma linha ética na condução da coisa pública. Cresceu é foi “engolido” pelo establishment. Para um partido como o PSOL, por exemplo, assumir bandeira de defesa da criminalização da homofobia é, não apenas importante, mas convergente sobre o que ele representa no sistema, um partido que propõe mudanças no status quo.
No contexto nacional, nenhum dos grandes, por exemplo, resolveram  assumir esse risco. E não o fazem por razões óbvias. Marina ainda colocou no programa, mas, após a reprimenda de Malafaia, logo tratou de afirmar que se tratava de um “rascunho”, algo que foi desmentido pelo próprio elaborador do programa, ligado ao grupo LGBT. O voto num partido como o PSOL, no momento, é importante para a formação de uma opinião. Pelas últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas, as eleições no Estado estão em empate técnico entre os candidatos Paulo Câmara e Armando Monteiro.

 Armando Monteiro, enfrenta uma batalha difícil. Diria dificílima, uma estratégia muito bem urdida, que começou a ser montada por ocasião da morte do ex-governador Eduardo Campos. Ainda um dia, daqui a uns 10 anos, talvez venhamos a saber quem está por trás disso. Por enquanto, os mentores estão na moita, na surdina, apenas saboreando os resultados até aqui alcançados. Num curto espaço de tempo, o candidato palaciano obteve uma subida vertiginosa nas pesquisas. Armando Monteiro chegou a abrir mais de trinta pontos sobre ele. Uma grande especulação que se faz – que certamente ficará sem resposta é: se Eduardo estivesse vivo, sua performance seria a mesma? Aliás, é quem foi que disse que Eduardo morreu? Ele continua vivo, pedindo votos para o seu candidato, aparecendo nas inserções publicitárias na legenda neo-socialista, comovendo o eleitorado.
No circuito acadêmico existem disputas acirradas. Ora orientadas pelo viés político, ora orientadas pelo viés metodológico, no sentido de fortalecer determinadas tendências de análises. Soma-se a isso, as disputas de vaidade, essas sim, as mais complicadas. Quando alguém no grupo se sobressai, pode esperar a rebordosa, quase sempre, numa perspectiva de desacreditar o sujeito ou suas ações o que, no fundo, é a mesma coisa. Há muito tempo acompanho um analista pernambucano que não costuma se comprometer, emitindo análises - segundo ele, desapaixonadas - sempre no sentido de que "ainda é cedo para se tirar qualquer conclusão'; "o candidato "A", pode vencer, assim como o candidato "B" pode vencer", “ se o candidato “A” vencer, obviamente o candidato “B” perde” as eleições. "isso que fulano está fazendo não é análise, mas torcida". Ora, você afirmar que numa disputa entre dois candidatos ambos podem vencer, convém ficar calado.  Essa pessoa se coloca como o grande oráculo da ciência política no Estado, se arvorando como o único capaz de fazer análises isentas, desprovidas de paixões. Fica na moita, nunca se arrisca, mas está cercado de atores políticos ligados ao grupo político do ex-governador Eduardo Campos. Parece estar se desenhando no Estado uma articulação muito difícil de ser combatido, capaz de mover montanhas, quanto mais interferir nos resultados de uma eleição: a) Institutos de pesquisas, meios de comunicação de massa; b)máquina estadual e municipal a moer em torno de uma candidatura que se utiliza, inclusive de um cabo eleitoral já falecido; c) torcida explícita no momento das ponderações analíticas sobre o pleito. Para completar o circuito, o tal indivíduo ocupa os espaços escancarados das rádios, jornais e redes sociais para alardear que o tal candidato será o vencedor do pleito, num rito previamente combinado, onde sua torcida, no momento, parece indisfarçável. Ainda bem que os comentadores mais sensatos perceberam a armação e as suas contradições, cobrando dele afirmações recentes sobre o mesmo tema. Ninguém é bobo, senhor cientista político das escolhas racionais... talvez as suas.
 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Luciana Genro: com todo o respeito, uma ova, senador!


Foto: Pobre Aécio II, no Brasil Econômico... ;-)


Em nenhuma hipótese utilizaria os termos usados pelo senador Aécio Neves em relação ao PSOL. Sarcástico, num debate recente entre os presidenciáveis, o candidato tucano referiu-se ao partido como uma linha auxiliar do Partido dos Trabalhadores. Tomou um tranco pesado de Luciana Genro, a candidata do partido à Presidência da República. Não se pode negar o que há de comum entre as duas agremiações, sobretudo se considerarmos aquele PT romântico da década de 80, fundado por uma intelectualidade comprometida com as mudanças sociais da sociedade brasileira, os novos sindicalistas, movimentos sociais e setores progressistas da Igreja. O que deixou Luciana profundamente magoada foram as insinuações feitas pelo tucano no que concerne à expressão "linha auxiliar". Antes, porém, Luciana deixou de responder a uma determinada questão formulada sobre educação para tratar do assunto corrupção. Deu uma verdadeira aula sobre o problema da corrupção endêmica do país, enumerando os escândalos aos quais os tucanos estiveram envolvidos na história republicana recente, alguns dos quais, envolvendo a própria figura do senador, caso do aeroporto de Cláudio. De arremate, informou que o partido não era uma linha auxiliar do PT por uma questão bem simples. O PT, infelizmente, também havia enveredado pelo mesmo caminho ao chegar ao poder, chafurdando-se na lamaceira da capital federal. Num debate organizado por uma rede ligada à Igreja, sapecou: "linha auxiliar uma ova". Já comentamos isso aqui noutro momento. Luciana fala para um grupo de eleitores politicamente orientados. Um estrato específico dos eleitorado, de convicções firmes, opiniões muito bem formadas. Para esses eleitores, ela fala, eles escutam e creditam o voto na candidata. Sua desenvoltura está muito relacionada a esse perfil do partido. Nenhum dos postulantes com chances reais de ocupar o Planalto, por exemplo, assume a criminalização da homofobia. Tenho alguns colegas que já assumiram que vão votar na candidata para ajudar o partido a continuar participando do debate republicano, contribuindo com suas proposições importantes para pensarmos o país. Gradativamente, a centrífuga da realpolitik, lamentavelmente, vai desconstruindo essas utopias. Como diria Wanderley Guilherme dos Santos, é apenas uma questão de tempo. O jogo bruto da competição eleitoral irá constrangê-los a negociar com o establishment e acenar para um grupo maior de eleitores. É aqui que a porca torce o rabo. 

(A charge é de Renato Aroeira)

Tijolinho do Jolugue: Ibsen Pinheiro: massacrado!



Estava observando uma postagem do site Viomundo, onde se comemorava uma vitória em razão de uma decisão judicial em favor da liberdade de expressão. A alegria demorou pouco. Logo em seguida, assim de supetão, como dizem os matutos, fomos surpreendidos com outra decisão de uma juíza do Ceará que, acionada pelo governador Cid Gomes, mandou retirar de circulação a edição da revista IstoÉ desta semana, onde havia declarações de Paulo Roberto Costa sobre possível envolvimento dele no recebimento de propinas nas transações da estatal Petrobras. Sou um ferrenho defensor da liberdade de expressão. Mais cedo, postei uma matéria sobre a saída de Patrícia Poeta do JN, onde se insinuava a participação da presidente Dilma Rousseff, insatisfeita com o dedo em riste da jornalista durante aquela famosa entrevista. Claro que advoguei tratar-se de um absurdo, enfatizando que Dilma jamais tomaria uma atitude dessas. Ao contrário, Dilma enfrenta forte resistência dentro do próprio PT no tocante aos assuntos relacionados à regulamentação da mídia. Por outro lado - não nos parece ser este o caso - Alguns desses veículos são verdadeiras máquinas de moer reputações e também precisam ser responsabilizados pelos seus atos equivocados. A Veja, por exemplo, mesmo tendo checado uma informação e descoberto que se tratava de um equívoco - por questões de logística - manteve uma edição em banca que desabonava a conduta do ex-deputado Ibsen Pinheiro, então presidente da Câmara dos Deputados. Quase acabava a carreira política do cidadão. O blog manteve contato com Ibsen até recentemente. Ibsen é jornalista e advogado. Atualmente, tenta se eleger Deputado Estadual pelo Rio Grande do Sul. Quis saber quais as medidas tomadas por ele depois do episódio, com o intuito de subsidiar-nos em relação a um pleito nosso junto à Comissão de Ética do Serviço Público Federal. Outro personagem com quem mantemos contatos relacionados ao mesmo tema é da "infantaria" petista, mas prefiro não declinar o nome. Ele mesmo pediu sigilo. No Maranhão o grupo ligado ao candidato Flávio Dino anda divulgando - vejam só - um vídeo "preventivo", temendo as manobras da oligarquia Sarney. Num Estado que ostenta indicadores de 1 milhão de analfabetos, se alguém divulgar que fulano tem duas bilolas, os outros saem reproduzindo.Epitácio Cafeteira que o diga. Nas eleições de 1994 ele havia aberto uma diferença de 12 pontos sobre a candidata Roseana Sarney. Começou a circular um vídeo informando que ele havia matado um certo cidadão. Quando o cidadão apareceu vivo, ele já havia perdido as eleições. Essa turma é capaz de tudo - tudo mesmo - quando se sentem contrariadas em seus privilégios.

Nota do editor: Registro aqui parte do diálogo mantido com o cidadão Ibsen Pinheiro:"Prezado José Luiz, obrigado por sua solidariedade. Não cogitei de uma ação judicial de reparação pela convicção de que o sofrimento que me foi imposto não deve ser precificado. Me considero, aliás, compensados pela reparação, judicial, pública e eleitoral, especialmente quando lembro de outras vítimas, atuais ou históricas, que só tiveram reparação no obituário , ou nem isso. Me basta o reconhecimento de pessoas como tu e como os milhares que me confortaram com seus votos nas campanhas que fiz no retorno. Muito obrigado e grande abraço." Ibsen Pinheiro.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Humor: FHC diz que leu a Veja


17 de setembro de 2014 | 11:53 Autor: Miguel do Rosário
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Bem, um pouco de humor não faz mal a ninguém. E FHC se tornou uma espécie de bufão da política brasileira.
Há uma série de declarações dele feitas numa das festinhas, realizada ontem, organizada por João Dória Jr, o mesmo que produz concursos de Poodle para madames paulistas.
Todas as suas frases, como que saídas de um personagem de Eça de Queiroz, são engraçadas.
As campeãs seguem abaixo:
E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. “Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras].”
Hum, quer dizer que o sr. Cardoso sentiu-se golpeado depois de ler a Veja?
Pois bem, ontem entregaram na minha portaria o livro O Brasil Privatizado, do Aloysio Biondi, com apresentação de Janio de Freitas e prefácio de Amaury Ribeiro Jr, relançado há alguns dias pela Geração Editorial.
FHC, outrora um acadêmico respeitado, deveria valorizar materiais que vem acompanhados de documentos, como jamais é o caso da Veja.
Mas é o caso do livro de Biondi.
Pensando bem, melhor que FHC não leia.
Se ele se sentiu “golpeado” lendo as historias de carochina da Veja, não creio que terá condições psicológicas de enfrentar uma leitura baseada em documentos autênticos, como é o livro de Biondi.
O fato de seu nome estar presente em toda parte, já que foi ele o grande artífice das privatizações corruptas que tanto prejuízo trouxeram ao Brasil durante seu governo, também não deve fazer bem à sua saúde, se ele lesse o livro.
Faria bem à saúde do brasileiro, contudo, se não tivéssemos uma mídia tão corrompida, e que insistisse mais nas denúncias e no esclarecimento do que realmente aconteceu na privataria tucana.
privataria (1)

(Publicado originalmente no site Tijolaço)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Logo mais tem debate entre os candidatos ao Governo do Estado.


Logo mais à noite, às 22:00 horas, transmitido pela TV Jornal, ocorre o primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco. Em relação do Estado da Paraíba, Pernambuco sai um pouco atrasado. No Estado vizinho já foram realizados diversos debates entre os postulantes ao Palácio Redenção, inclusive em cidades importantes além da capital, como Campina Grande. Aliás, já comentamos aqui, o debate político no Estado da Paraíba é intenso. Mesmo na TV aberta o cidadão tem a oportunidade de acompanhar, diariamente, alguns bons programas de entrevistas com gestores públicos, parlamentares. É bem verdade, infelizmente, que as coisas caminham para a baixaria, como vem ocorrendo nessa reta final da campanha. Andou circulando um vídeo onde um dos candidatos aparece num entrevero com a esposa, numa clara violação de sua vida privada, com propósitos escusos. As inscrições apócrifas com referência ao PT como o responsável pela morte de Eduardo Campos e o vandalismo aos comitês do candidato Armando Monteiro(PTB) também não nos deixam muito atrás. Lamentavelmente, como adverte o professor Michel Zaidan em artigo publicado no blog, uma engrenagem perversa conspira contra os reais propósitos de uma eleição, qual seja, o de adensar a escolha dos candidatos a partir de suas propostas, do seu programa de governo, de como ele enfrentará os problemas da pólis etc.Mesmo com todos esses constrangimentos dissociativo de uma escolha coerente por parte do eleitorado, vale a pena ficar atento ao debate de logo mais.

Tijolinho do Jolugue: Patrícia Poeta deixa o JN. Não foi Dilma Rousseff




Fui surpreendido com o afastamento de Patrícia Poeta do Jornal Nacional. Há muito tempo que o Jornal não vai muito bem, mas, a rigor, a culpa não é dela. Trata-se de um problema estrutural, possivelmente motivado pela internet que, ou engole, ou muda o hábito de quase tudo. Até a nossa maneira de ver TV está sendo substantivamente modificado. Hoje a disponibilidade de um bom sinal de Wi-FI nos hotéis tem sido um item mais importante do que chuveiro quente. Mais surpreendente, ainda, é a onda que circula pela redes sociais no sentido de responsabilizar a presidente Dilma Rousseff pela demissão, numa clara manobra eleitoral. Pura leviandade, algo plantado e disseminado pelos seus opositores, com propósitos bem conhecidos. Dilma Rousseff não é disso. Não seria capaz de ligar para a redação de um jornal pedindo a cabeça de um jornalista por esse ou por aquele motivo. Há quem informe que na célebre entrevista do JN Patrícia Poeta teria apontado o dedo para ela. Eu não vi. Se quer há certeza sobre isso. Durante a sabatina, como lembra o jornalista Nogueira, do DCM, Noblat teria sido até mais deselegante, ao pedir que a presidente falasse menos. Os índices de audiência do jornal vem caindo há algum tempo, com poucas possibilidades de recuperação. Como resultado do avanço das novas mídias, não em função do humor dos governantes de turno, embora alguns se prestem a esse procedimento infame de perseguir que se opõe aos seus desmandos.    

Tijolinho do Jolugue: Quem matou Eduardo Campos? Foi o PT?




Quem matou Eduardo Campos? Há de se ter muito cuidado ao tratar deste assunto, sob pena de ser processado e ter que explicar, em detalhes, como se chegou a esta ou aquela afirmação. É o que está ocorrendo com o ex-delegado da Polícia Federal e hoje Deputado Federal, Protógenes Queiroz. O irmão do ex-governador, Antônio Campos, acionou o MP para que ele informe como chegou à conclusão de que o ex-governador foi vítima de um atentado. Aqui na província, a Polícia Federal, acionada pelo PT, também investiga a autoria de uma série de pichações em todo o Estado de Pernambuco, alegando que o PT matou Eduardo Campos. No caso de Protógenes, é difícil prevê onde isso vai dar. Aqui, certamente, não dará em nada. Estamos a menos de vinte dias das eleições e os ânimos estão acirrados. Há notícias de destruição de material de campanha da oposição em Abreu e Lima e Olinda, atos que depõem contra a convivência democrática, com o livre exercício de participar das regras do jogo de uma democracia representativa. Não é a primeira vez que isso ocorre em Pernambuco. Aliás, não seria nenhum exagero concluir que inscrições apócrifas se tornaram uma rotina no Estado. Sérgio Murilo, Jarbas Vasconcelos, Marcos Freire são exemplos de políticos que foram vítimas dessas pichações apócrifas. Não nos ocorre de alguém ter sido responsabilizado ou punido por tais pichações. É o tipo da coisa que você sabe a origem, mas não tem como provar. Essas pichações integra um conjunto de estratégias muito bem urdidas - embora ilícitas -  com o propósito de alavancar a candidatura de um determinado concorrente. No Maranhão, em desespero diante de uma iminente derrota do candidato da oligarquia, Sarney entrou em campo. Reuniu sua tropa de choque em São Luiz. Prevendo o que pode vir por aí, a assessoria de Flávio Dino preparou uma espécie de vídeo preventivo, informando o eleitor sobre a possibilidade de manobras do tipo voltarem a ser usadas. Numa eleição, em 1994, Epitácio Cafeteira estava bem à frente de Roseana Sarney, algo em torno de 12 pontos. Passaram a veicular um vídeo acusando-o de ter morto um cidadão. Epitácio perdeu aquela eleição. Somente depois de apurado os votos, descobriu-se que o cidadão estava vivinho da silva.    

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Financiamento de campanha eleitoral

domingo, 14 de setembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Ana Maria Braga não conhece as comunidades quilombolas.

Escrevo diretamente aqui pelo Facebook e, possivelmente, antes da edição, alguns erros gramaticais são cometidos independentemente da nossa vontade. É natural. Há de se tomar alguns cuidados para não ser ofensivo ao usarmos algumas expressões. Sexta-Feira aproveitei para cortar o cabelo. Havia uma televisão ligada no Programa da Ana Maria Braga. Uma repórter conduzia o quadro "Hoje tem visita". A equipe estava na região Norte do país para conhecer uma comunidade quilombola isolada. Trajeto longo. Viagem difícil. Em certos momentos, a apresentadora tinha que chamar a matéria. Pois bem. Durante um curto intervalo de tempo, por três momentos, a apresentadora se referiu de forma errada quando quis dizer "Comunidade Quilombola". Pegou muito mal, até porque, no caso específico, ela deveria estar familiarizada com a pauta do programa. Há alguns meses criamos um grupo sobre o assunto aqui na rede Facebook. Ainda é pequeno, mas vem obtendo algumas clivagens interessantes: Há pessoas e comunidades desejando inserir-se ao grupo; as postagens são sempre relacionadas ao tema, transformando o grupo num verdadeiro fórum de discussão, na realidade, seu verdadeiro objetivo. Quando à apresentadora, apenas nosso profundo pesar pela ignorância em relação ao assunto. Na foto abaixo, o editor com líder das comunidades quilombolas atingidos pela construção da Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara, no Maranhão. 
Foto: Por três vezes, Ana Maria Braga errou ao se referir às "comunidades quilombolas." 

Escrevo diretamente aqui pelo Facebook e, possivelmente, antes da edição, alguns erros gramaticais são cometidos independentemente da nossa vontade. É natural. Há de se tomar alguns cuidados para não ser ofensivo ao usarmos algumas expressões. Sexta-Feira aproveitei para cortar o cabelo. Havia uma televisão ligada no Programa da Ana Maria Braga. Uma repórter conduzia o quadro "Hoje tem visita". A equipe estava na região Norte do país para conhecer uma comunidade quilombola isolada. Trajeto longo. Viagem difícil. Em certos momentos, a apresentadora tinha que chamar a matéria. Pois bem. Durante um curto intervalo de tempo, por três momentos, a apresentadora se referiu de forma errada quando quis dizer "Comunidade Quilombola". Pegou muito mal, até porque, no caso específico, ela deveria estar familiarizada com a pauta do programa. Há alguns meses criamos um grupo sobre o assunto aqui na rede Facebook.  Ainda é pequeno, mas vem obtendo algumas clivagens interessantes: Há pessoas e comunidades desejando inserir-se ao grupo; as postagens são sempre relacionadas ao tema, transformando o grupo num verdadeiro fórum de discussão, na realidade, seu verdadeiro objetivo. Quando à apresentadora, apenas nosso profundo pesar pela ignorância em relação ao assunto.

Tijolinho do Jolugue: A frágil democracia brasileira: Ministro da Defesa endossa declarações do comandante do Exército.

Penso que as relações entre civis e militares no Governo Dilma Rousseff oferecem muito elementos para a análise de cientistas políticos que advogam que vivemos numa democracia tutelada ou numa semi-democracia. Vejam só que quadro preocupante para atingirmos aquela situação ideal, onde os militares se submetem ao poder civil. Afinal, numa democracia plenamente consolidada, o comandante supremo das forças armadas é o Presidente da República. Lembro-me agora de um filme - não recordo o título - onde um comandante militar passava uma reprimenda num subordinado exatamente por ele ter cometido uma falta grave, ou seja, havia se rebelado contra uma determinação de uma autoridade civil. Aqui no Brasil, nos últimos meses, ocorreram três fatos curiosos: a) um ex-comandante do Exército determinou uma guarda pessoal para o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, sem o conhecimento da Presidente da República; b) Num total desrespeito à Comissão da Verdade, o atual comandante do Exército encaminhou um ofício determinando que a tropa não se pronunciasse sobre tortura nos quarteis; c) Agora é o ministro da Defesa, a quem o comandante do Exército deveria ser subordinado, que, ao invés de admoestá-lo, endossa suas declarações, negando que tenha ocorrido tortura nos quartéis durante a Ditadura Militar. O Brasil é realmente um país sui generis. No Chile, a presidente Bachelet acaba de propor a revogação da Lei de Anistia, aprovada pelo governo do Ditador Augusto Pinochet.

Foto: A frágil democracia brasileira. Ministro da Defesa endossa declarações do comandante do Exército. 

Penso que as relações entre civis e militares no Governo Dilma Rousseff oferecem muito elementos para a análise de cientistas políticos que advogam que vivemos numa democracia tutelada ou numa semi-democracia. Vejam só que quadro preocupante para atingirmos aquela situação ideal, onde os militares se submetem ao poder civil. Afinal, numa democracia plenamente consolidada, o comandante supremo das forças armadas é o Presidente da República. Lembro-me agora de um filme - não recordo o título - onde um comandante militar passava uma reprimenda num subordinado exatamente por ele ter cometido uma falta grave, ou seja, havia se rebelado contra uma determinação de uma autoridade civil. Aqui no Brasil, nos últimos meses, ocorreram três fatos curiosos: a) um ex-comandante do Exército determinou uma guarda pessoal para o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, sem o conhecimento da Presidente da República; b) Num total desrespeito à Comissão da Verdade, o atual comandante do Exército encaminhou um ofício determinando que a tropa não se pronunciasse sobre tortura nos quarteis; c) Agora é o ministro da Defesa, a quem o comandante do Exército deveria ser subordinado, que, ao invés de admoestá-lo, endossa suas declarações, negando que tenha ocorrido tortura nos quartéis durante a Ditadura Militar. O Brasil é realmente um país sui generis. No Chile, a presidente Bachelet acaba de propor a  revogação da Lei de Anistia, aprovada pelo governo do Ditador Augusto Pinochet.

Tijolinho do Jolugue: Mais uma pérola do familismo amoral da máquina pública brasileira.




Nessas eleições há duas situações que ilustram a confusão que se faz no Brasil entre o público é o privado. Não sei se o termo correto seria confusão. Se estiver equivocado, peço desculpas ao Sérgio Buarque de Hollanda, que escreveu tão bem sobre o assunto, argumentando que, no Brasil,  os padrões de relações familiares são transferidos automaticamente para a administração pública. Em algumas repartições públicas os cargos de confiança são uma verdadeira capitania hereditária, distribuído com a vassalagem. O cidadão se aposentava e deixava no cargo um parente ou a amante. Uma verdadeira esculhambação, que transforma a máquina pública num negócio privado entre amigos. No Maranhão está ocorrendo um fato inédito. A polícia está à procura dos mortos - aliás muito vivos - que estão sacando dinheiro na boca do caixa, possivelmente oriundo de algum laranjal ou dos famosos trem da alegria. Alguém, certamente, está recebendo esse dinheiro por eles. Com a proximidade das eleições - faltam pouco mais de 20 dias - o clima esquentou de vez na Paraíba. Anda circulando um vídeo tratando dos problemas familiares do governador Ricardo Coutinho, neo-socialista, que tenta a reeleição. Esse vídeo surgiu depois que começaram as especulações em torno do salário de um senador da República, que deseja voltar a ocupar o Palácio Redenção, seu concorrente, candidato tucano. Um baita de um salário, superior ao de um ministro do STF e muito superior ao da presidente Dilma Rousseff, numa clara violação constitucional. O interessante ainda estava por vir. Inquirido num debate recente sobre o assunto, o senador alegou que o seu salário atingiu esse teto em razão do pagamento de uma pensão para a ex-esposa, como se o serviço público - financiado com nossos impostos - tivesse algo a ver com as suas aventuras amorosas. Nada de estranho para alguém com os seu hábitos. Outro dia torrou num restaurante rico de São Paulo a bagatela de R$ 7.500,00 num único jantar. A comanda foi paga pelo Senado Federal. 

Tijolinho do Jolugue: Eleições em Pernambuco: Análise ou torcida política?


No circuito acadêmico existem disputas acirradas. Ora orientadas pelo viés político, ora orientadas pelo viés metodológico, no sentido de fortalecer determinadas tendências de análises. Soma-se a isso, as disputas de vaidade, essas sim, as mais complicadas. Quando alguém no grupo se sobressai, pode esperar a rebordosa, quase sempre, numa perspectiva de desacreditar o sujeito ou suas ações o que, no fundo, é a mesma coisa. Há muito tempo acompanho um analista pernambucano que não costuma se comprometer, emitindo análises - segundo ele, desapaixonadas - sempre no sentido de que "ainda é cedo para se tirar qualquer conclusão'; "o candidato "A", pode vencer, assim como o candidato "B" pode vencer", "isso que fulano está fazendo não é análise, mas torcida". Ora, você afirmar que numa disputa entre dois candidatos ambos podem vencer, convém ficar calado.  Essa pessoa se coloca como o grande oráculo da ciência política no Estado, se arvorando como o único capaz de fazer análises isentas, desprovidas de paixões. Fica na moita, nunca se arrisca, mas está cercado de atores políticos ligados ao grupo político do ex-governador Eduardo Campos. Parece estar se desenhando no Estado uma articulação muito difícil de ser combatido, capaz de mover montanhas, quanto mais os resultados de uma eleição: a) Institutos de pesquisas, meios de comunicação de massa; b)máquina estadual e municipal a moer em torno de uma candidatura que se utiliza, inclusive de um cabo eleitoral já falecido; c) torcida explícita no momento das ponderações analíticas sobre o pleito. Para completar o circuito, o tal indivíduo ocupa os espaços escancarados das rádios, jornais e redes sociais para alardear que o tal candidato será o vencedor do pleito, num rito previamente combinado, onde sua torcida, no momento, parece indisfarçável. Ainda bem que os comentadores mais sensatos perceberam a armação e as suas contradições, cobrando dele afirmações recentes sobre o mesmo tema. Ninguém é bobo, senhor cientista político das escolhas racionais... talvez as suas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Twitter dá bronca no candidato Aécio Neves.




Dilma e Marina até que possuem uma boa estratégia de atuação pelas redes sociais. O PT tem um grande know-how no assunto e Marina sempre manifestou uma preocupação com o tema, possivelmente orientada pelas reflexões do sociólogo Manuel Castells sobre assunto. Aliás, ao propor a criação da Rede, até no mome ela procura estabelecer uma identidade com o tema. Esse será, segundo Castells, o grande canal de mediação entre as demandas do cidadão e o Estado, minimizando, por sua vez, a importância de um poder como o Legislativo, corrompido e ineficiente. Há, aqui, claramente, uma tendência de corte populista ou, no limite, fascista. Faz sentido as provocações do pessoal de Dilma sobre como Marina pretende governar caso viesse a ser eleita. Ela faz uma ginástica danada para se arranjar com essas respostas, mas não convence. Afinal, ainda estamos numa democracia representativa e quem ousou governar sem os partidos caiu. 

Quando o cabeça de chapa era o ex-governador Eduardo Campos, as coisas também não iam muito bem. As lambanças culminaram com a saída do coordenador da mídias sociais da campanha. Já o candidato Aécio Neves também enfrenta uma série de problemas e sua forma de enfrentá-lo vem gerando ainda mais problemas. Depois de condenar o submundo da internet sobre os possíveis boatos que se espalham na rede sobre a sua pessoa, sua assessoria jurídica resolveu investir contra usuários da rede Twitter que, segundo ele, estaria denegrindo sua imagem pública. Exigiu que a rede fornecesse os dados pessoais de 66 tuiteiros. O pedido foi negado pela justiça, posto que desprovido de uma argumentação sólida, e os administradores da rede, em seguida, deram uma resposta contundente ao candidato, sintonizada com o direito à liberdade de expressão. 

Quando o sujeito encontra-se sob um tal turbilhão, o melhor caminho é deixar a poeira baixar. Tomar medidas nesse momento, pode até agravar o problema. A assessoria do candidato precisava tê-lo orientado corretamente quanto às consequências de uma medida dessa natureza e os reflexos - negativos - sobre a sua campanha. Alguém já havia previsto que isso não daria em nada. Entenda-se que do ponto de vista dos tuiteiros acionados, alguns deles sequer reúnem condições de constituir advogado. Do ponto de vista do candidato Aécio, os prejuízos são evidentes. Ocorreram muitas manifestações de apoio aos tuiteiros, uma série de artigos circulando pela rede sobre o assunto e incontáveis inimigos forjaram-se com tal atitude. O pior é quando se estabelece um paralelo de sua atitude, no tocante à questão da liberdade de expressão, com um possível governo tucano, onde, possivelmente, a truculência seria evidente. Sua passagem pelo Governo de Minas Gerais foi marcado por muitos problemas com a imprensa. Há jornalistas processados, presos e desempregados em razão de  críticas ao seu Governo. Adotava-se ali a prática de se ligar para as redações dos jornais exigindo a cabeça do "transgressor" que havia escrita uma matéria contra o Governo. Aqui em Pernambuco, até recentemente, estava sendo adotada uma prática semelhante. talvez isso explique o silêncio dos grandes jornais locais sobre um certo jatinho.  Vejam a resposta do microblog Twitter:

A “denúncia” não vicejou na Justiça, e ainda rendeu “bronca” do Twitter ao candidato a presidente: “Com a devida vênia, são meras elucubrações do autor, absolutamente desprovidas de qualquer indício de veracidade”, pontuou comunicado da empresa, em resposta a pedido do próprio juiz acionado por Aécio, que negou pedido de sigilo sobre a ação e determinou que provas concretas de irregularidade fossem apresentadas de acordo com os perfis dos militantes virtuais.
“Quanto à conduta de usuários cuja ilicitude em nenhum momento restou demonstrada, não podem servir de fundamento para a eventual quebra do seu sigilo de dados. Admitir esse tipo de medida corresponde a transformar o Poder Judiciário em instrumento de perseguição de cidadãos, dando margem ao surgimento de um Estado policialesco, que desconsidera as garantias fundamentais dos cidadãos de forma injustificável. (…) No mérito, requer o Twitter Brasil que seja julgada improcedente a demanda, com a condenação do Autor ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios”, concluiu o Twitter.