pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 8 de maio de 2017

Le Monde: Nenhum hectare a menos

RURALISTAS, CAPANGAS E MOTOSSERRAS

NENHUM HECTARE A MENOS

Sob Temer, interesses privados e paroquiais instalados no Congresso e no Executivo passaram a operar sem nenhum filtro, freio ou contrapeso. Todos os sonhos dos ruralistas começam a se realizar; nenhuma proposta é ousada demais.
por: Carlos Rittl
8 de maio de 2017
Crédito da Imagem: Antonio Cruz/ Agência Brasil
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Que fase, senhoras e senhores. Nos últimos trinta dias, tivemos uma chacina de trabalhadores rurais em Mato Grosso, uma tentativa de massacre de índios no Maranhão, o desmonte do licenciamento ambiental batendo novamente na trave no Congresso, a aprovação de uma Medida Provisória legalizando a grilagem de terras públicas e a apresentação da reforma trabalhista no campo que transforma o trabalhador rural em escravo. No momento em que escrevo, aguardam votação no plenário da Câmara duas outras MPs, que entregarão a grileiros, madeireiros e mineradores áreas que o governo federal deveria proteger na Amazônia e na Mata Atlântica. Faltou alguma coisa? Ah, sim: todos os procedimentos de demarcação de terras indígenas e titulação de territórios quilombolas estão parados. E o presidente da Funai foi demitido por seu chefe, o überruralista Osmar Serraglio, ministro da Justiça, por se opor a nomear indicados pelos ruralistas no lugar de técnicos em unidades regionais da Funai.
Essa sequência de eventos não é coincidência. Ela deriva diretamente de uma sinalização política de que o Brasil está aberto ao esbulho. As “barreiras” ao dito “setor produtivo” representadas pela legislação ambiental, trabalhista e fundiária estão sendo removidas todas de uma vez pelo governo de Michel Temer, que renova sua antiga aliança com a bancada ruralista. O Observatório do Clima denunciou, em carta publicada no mês passado, que estamos diante do maior conjunto de retrocessos ambientais da história do Brasil desde a redemocratização.
O presidente evidentemente não está criando nada de novo. A tensão entre ruralistas e setor empresarial, de um lado, e o patrimônio socioambiental do Brasil, do outro, sempre existiu. É do ambientalmente avançado Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, a frase que qualifica “índios, quilombolas e o Ministério Público” como “entraves” ao “desenvolvimento”. Sob Dilma Rousseff essa corda começou a arrebentar do lado do meio ambiente: a bancada ruralista provou seu poder com o desmantelamento do Código Florestal, enquanto o Palácio do Planalto tentava minar o poder da Funai e barrava áreas protegidas para fazer avançar obras na Amazônia. Hoje, graças à Lava Jato, sabemos quais são os interesses que sustentam este insustentável modelo de “desenvolvimento” a qualquer custo.
O vice de Dilma agora aperfeiçoa as políticas de sua antecessora. Foi auxiliado nisso pelo fato de, diferentemente da ex-presidente, ter um governo monolítico e ampla identificação com o Congresso. Sob Temer, a bancada ruralista ganhou um poder que nunca teve antes, dado que a legitimidade que o presidente não teve nas urnas precisa ser compensada no Parlamento, e esta depende de atrair a Frente Parlamentar da Agropecuária. A barganha do impeachment tornou Temer para sempre refém e cúmplice da Câmara dos Deputados. O peso numérico dos ruralistas naquela Casa se encarregou do resto, com consequências dramáticas para o meio ambiente no Brasil.
Um exemplo foi o recurso inconstitucional às Medidas Provisórias para alterar limites de unidades de conservação. Isso havia sido tentado por Dilma em 2011, a fim de reduzir oito áreas da Amazônia para abrir espaço às hidrelétricas do Tapajós. O processo foi questionado pelo Ministério Público e parou.
Com Temer a coisa fluiu. No ano passado, o presidente editou uma MP, a 756, para cortar 305 mil hectares da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, e outra, a 758, para reduzir 800 hectares de um lado e acrescentar 51 mil do outro ao Parque Nacional do Jamanxim. Em poucos meses os textos chegaram ao Congresso e passaram em comissões especiais, mas com um “twist”: emendas de deputados transformaram a perda de 305 mil hectares em 1,1 milhão e o ganho de 51 mil hectares em zero. E expandiram os cortes a outras áreas protegidas até na Mata Atlântica, que não havia entrado na história.
Outro exemplo é a relação com os índios. Em nome das obras e do agronegócio, Dilma (madrinha de casamento de Kátia Abreu, não custa lembrar) fez o que pôde para impedir a expansão de terras já demarcadas, permitir hidrelétricas em terras indígenas e enfraquecer o rito de demarcação, introduzindo a consulta a outros “interessados” – leia-se ocupantes ilegítimos. Temer resolveu o “problema” indígena no atacado, por assim dizer: nomeou para o Ministério da Justiça o relator da Proposta de Emenda Constitucional que transfere do Executivo para o Congresso a prerrogativa de demarcar TIs, entregando aos ruralistas a política indigenista. E acelerou o desmonte da Funai.
Sob Temer, interesses privados e paroquiais instalados no Congresso e no Executivo passaram a operar sem nenhum filtro, freio ou contrapeso. Todos os sonhos dos ruralistas começam a se realizar; nenhuma proposta é ousada demais. Como a venda de terras para estrangeiros, que avança no Parlamento após anos parada, ao mesmo tempo em que seus proponentes crucificam ONGs ambientalistas brasileiras por representarem supostos “interesses estrangeiros”.
Os efeitos desse conjunto de retrocessos, porém, voltarão para assombrar o governo brasileiro. De duas formas.
A primeira é a continuidade da aceleração do desmatamento na Amazônia, que já acumula alta de 60% em dois anos. O desmatamento destrói a pouca credibilidade internacional que nos resta no combate ao aquecimento global. Em 2015 e 2016, o Brasil conseguiu a proeza de ser o único país do mundo a acelerar suas emissões enfrentando a pior recessão de sua história. Agora, juntamente com os EUA de Donald Trump e a Rússia de Vladimir Pútin, será a única grande economia da Terra a caminhar em direção à carbonização progressiva, na contramão até de Índia e China.
A segunda, que decorre da primeira, é uma desconfiança global crescente dos padrões de qualidade das nossas commodities. O governo viu, com a Operação Carne Fraca, como os mercados internacionais podem ser voláteis e qual é o prejuízo decorrente disso. Num momento em que o país investe pesado na imagem internacional de seu agro “sustentável, a insistência dos ruralistas em repetir um padrão de comportamento do século 20 para atender a um mercado consumidor do século 21 é um tremendo tiro no pé. Cafezinho brasileiro com trabalho escravo, bife com sangue indígena e soja com carbono são péssimos produtos de exportação. Quando os compradores se derem conta, não vai mais adiantar botar a culpa na Polícia Federal ou mandar o Blairo Maggi para Londres para tranquilizar os mercados.
Ao impor uma política de terra arrasada sobre o meio ambiente, trabalhadores rurais, povos indígenas e quilombolas, governo e ruralistas agem como a cobra que come o próprio rabo, jogando a reputação e a competitividade do agronegócio brasileiro na lama do maior retrocesso socioambiental do planeta no século XXI.

*Carlos Rittl formou-se administrador pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP- FGV), e fez mestrado e doutorado em Biologia Tropical e Recursos Naturais, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Atua há 20 anos na área ambiental e, nos últimos 10 anos, dedicou-se ao tema de mudanças climáticas, tendo liderado a Campanha de Clima do Greenpeace no Brasil (2005 a 2007) e o Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil (2009 a 2013).
(Publicado originalmente no site do Le Monde Diplomatique Brasil)

SEMINÁRIO REGIONAL SOBRE O CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA

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domingo, 7 de maio de 2017

Editorial: O cerco montado em Curitiba para condenar Lula



Está tudo pronto para a audiência onde o ex-presidente Lula deverá depor, envolvendo investigações da Operação Lava Jato. Seus algozes não esqueceram nem mesmo de espalhar diversos outdoors pela cidade, informando que as grades da prisão da República de Curitiba estariam prontas para recebê-lo. Não é de hoje que o país está completamente cindido entre "coxinhas" e "mortadelas" - como pobre, eu acho mortadela uma delícia -, depois dos embates que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República, num processo extremamente precário, como se sabe. Talvez, em função disso, é que um colunista teria recomendado não ser prudente a presença da militância petista naquela praça. Mas, a julgar pelo plano de contingência elaborado pelos dirigentes petistas, não se espere que os "coxinhas" ficarão à vontade para achincalhar um ex-presidente que, apesar dos problemas, teve a coragem de mexer nas estruturas cristalizadas das injustiças sociais do país. 

Algo nos diz, desde o início, que Lula será condenado porque, em última análise, o projeto é inviabilizá-lo politicamente. Como afirmamos antes, neste clima de insegurança jurídica que enfrentamos, seus opositores já reuniram os "elementos" para materializar uma provável sentença condenatória. De acordo com recentes pronunciamentos do presidente da legenda, Rui Falcão, isso não ficará barato. Haveria uma grande mobilização, em caráter nacional, de protestos contra uma medida dessa natureza, reunindo movimentos sociais, partidos políticos e outros segmentos da sociedade civil. As declarações de Rui Falcão não significam uma declaração de guerra - quiçá com o propósito de pressionar a República de Curitiba - mas a admissibilidade de que não há dúvida sobre o plano das intenções malévolas desse processo, desde o início. Não há como manter alguma ilusão sobre este assunto. Os movimentos das hostes conservadoras dos últimos dias indicam que, na inconsistência das acusações de recebimentos de favores indevidos, auferidos em relação ao tríplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia, vão usar os últimos depoimentos dos delatores, sobretudo os espontâneos, para enquadrar o ex-presidente. 

Um outro movimento do sistema que também nos parece preocupante é aquele que indica que, não satisfeitos sobre uma provável condenação e, consequentemente, uma inviabilidade política do ex-presidente Lula, há, igualmente, uma sanha no sentido de atingir a também ex-presidente Dilma Rousseff, hoje vítima preferencial de alguns delatores, como se tudo estivesse previamente acertado, no sentido de envolvê-la nas investigações da Operação Lava Jato, como uma possível troca de e-mails entre ela e Marcelo Odebrecht, a partir de um notebook de uso pessoal, cujo rastreio hoje torna-se perfeitamente possível. Como afirmou Marcelo Odebrecht em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o político que diz que não utilizou-se desse recurso nas últimas campanhas está mentindo. A questão é que essa elite brasileira parece ainda insatisfeita em ter surrupiado o mandato da senhora Dilma Rousseff. Pretendem infringi-la um mal ainda maior, como uma possível condenação no curso das investigações da Operação Lava Jato. 

O momento político, volto a repetir, é dos mais delicados. Alguns atores estão inexoravelmente condenados a uma execração pública, numa tecitura ardilosamente montada. Confesso que até pensava que o afastamento da presidente Dilma Rousseff seria o preço a ser pago por ela, mas, pelo andar da carruagem política, eles pretendem também enxovalhar o seu nome junto à opinião pública, relacionando-a a algum ilícito em sua gestão ou durante as campanhas. A Polícia Federal, assoberbada de trabalhos mais relevantes, agora terá que se debruçar sobre as trocas de emails pessoais da presidente, com os seus assessores mais diretos, durante as campanhas, como possíveis financiadores ou a esposa do seu marqueteiro, Mônica Moura, hoje uma fiel colaboradora da justiça. Ora, talvez seja o caso de enfatizarmos aqui: Deixem dona Dilma cuidar dos seus netos em paz. 

Charge!Galvão via Folha de São Paulo

Jean Galvão

sábado, 6 de maio de 2017

Welcome, Australian readers



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França
94
Ucrânia
76
Croácia
63


I usually publish only a third of what I write. There are a number of other written texts that are not published here by the blog, for many reasons. They await future editions, perhaps through new books. But in what we publish, readers must have already noticed our commitments to humanitarian causes; Environmental impacts; In defense of republican and democratic principles; As well as intransigence in defense of human rights. I believe that in this agenda lies the credibility that the blog has been achieving over time. Do not think that captivating readers is a simple task. We've managed to chase them away in a few moments. This is because we do not yet master some techniques inherent in the blogosphere, something that other editors can control. The blog has definitely internationalized. By the above statistics, Brazil occupies only the 4th position among the readers. In recent days, another pleasant surprise. A great country began to grow "green" in the lower part of the world map. It was Australia. Our sincere thanks to the readers of that country, who have given us the honor of accompaniment.

Bem-vindo leitores australianos



Visualizações de página por país


Gráfico dos países mais populares entre os visualizadores do blog
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Austrália
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Holanda
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720
Alemanha
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Reino Unido
161
Itália
160
França
94
Ucrânia
76
Croácia
63

Costumo publicar apenas um terço daquilo que escrevo. Há uma série de outros textos escritos que não são publicados aqui pelo blog, por inúmeras razões. Eles aguardam futuras edições, quem sabe através de novos livros. Mas, naquilo que publicamos, os leitores já devem ter notado nossos compromissos com causas humanitárias; ambientais; em defesa de princípios republicanos e democráticos; assim como a intransigência em defesa dos direitos humanos. Creio que reside nessa agenda a credibilidade que o blog vem alcançando ao longo do tempo. Não pensem que cativar os leitores é uma tarefa das mais simples. Já conseguimos afugentá-los em alguns momentos. Isso ocorre por não dominarmos, ainda, algumas técnicas inerentes à blogosfera, coisa que outros editores possam controlar. O blog, definitivamente, internacionalizou-se. Pelas estatísticas acima, o Brasil ocupa apenas a 4º posição entre os leitores. Nos últimos dias, mais uma surpresa agradável. Começou a ficar "verdinho" um grande país ali da parte baixa do mapa-mundi. Era a Austrália. Nossos sinceros agradecimentos aos leitores daquele país, que passaram a nos dar a honra do acompanhamento. 

Publisher: Lula x Moro - The Great Encounter




Judging from a recent interview by former President Luiz Inacio Lula da Silva to the journalist Kennedy Alencar, SBT, it is possible to conclude that he is quite prepared for what awaits him at the scheduled hearing to take place on the 10 th, Federal of Paraná, where he is expected to meet face-to-face with Judge Sérgio Moro, in charge of Lava Jato investigations. It can not be said that the conservative media stopped fulfilling its script in this process. It is enough to observe the headlines of the main national magazines; Highlights from major newspapers; Of the dedication in the television editions of the station of plim plim, emphasizing the declarations of Mr. Renato Duque, who help, according to them, to materialize a project conceived from the beginning, that is, to condemn the former president Lula, pointing him as A kind of "gang leader" or mentor of the fraudsters with public money happened at state-owned Petrobras.

As of the date of this meeting, the massacre against the former president tends to intensify. It is natural that this should be so in the sense of preparing public opinion for an inevitable condemnation. Some caution must be taken with certain statements, but the spontaneous testimony of Mr. Renato Duque, a week before the ex-president Lula's audience, is not without its strange. It seems even that "silver bullet" used by his accusers. The country is experiencing a most delicate moment and, in this context, Lula's judgment assumes an eminently political character. Despite the wear and tear of its association, the PT, Lula is still, as Wanderley Guilherme dos Santos, the political scientist, the biggest political capital of the country, who are being stripped of their rights, demeaned by the dismantling of the state of Social well-being.

This political environment of scorched earth is a breeding ground for adventurers, "novices", anti-politicians, "snake eggs" and other species of the genus. But the concrete fact is that the former metallurgist still appears well in the rear view of those who abhor him, creating some embarrassment in the concert of maintaining regular presidential elections. At first, a new edition of a "class conciliation" seems unlikely at this time, being more prudent for the coup elite a name of "cradle" and not an "emergent", even if emergent is well-behaved, as was the Lula in his two terms, not by changing his historical privileges. As former PM Jose Dirceu admitted, if the PT were to return to power, some reforms would have to be made anyway.

While maintaining the rules of representative democracy, ie in the event of direct elections in 2018 - do not forget the gentlemen that we are under a regime of exception - it is recommended that progressive field forces begin to think of alternatives to Lula once That the conservative movement of the last days only confirms our suspicions raised from the beginning: the purpose is to make it unfeasible. They must be justified in the testimony of the last few hours, by the absolute inconsistency of the other charges against the PT, such as the fictional narrative created around the Guarujá triplet, as well as in relation to the Atibaia site. In a climate of legal "exceptionality", dubious oral testimonies became more consistent than material evidence. The cover of two of the major weekly magazines gives the dimension of what we say about the "movement".

Em agosto, lançamento do novo livro do professor Michel Zaidan


sexta-feira, 5 de maio de 2017

Publisher: President of FUNAI is exonerated



O ex-presidente da Funai Antônio da Costa em entrevista coletiva em frente à sede da Funai, em Brasília (Foto: Gustavo Garcia, G1)



In other times, perhaps we should celebrate this news, but on these hot days, we should be very attentive about the motivations of these exemptions that are taking place in the government. Not long ago, the printing press that printed the Official Gazette worked double to publish, in Time, the exonerations of the patrons of the deputies who rebelled against the orientation of the government in the vote on the labor reform. When these deputies went to complain about these exonerations, they received a vote in response to the government and everything is resolved. If the Union Official Gazette worked so painstakingly to publish these exonerations in record time, why could not he do the same to accommodate the prodigal children who were returning to the warmth of the home? This was done because more physiologist than this base of government support is impossible.

Good times were those who were exonerated from public office because of poor procedure or even because their performance was below expectations. Especially in these times of institutional strife, it is convenient to be attentive, as I said, to the new possibilities of motivation. Another day, the Temer Government Civil House even tried to file a very respected doctor at the Ministry of Health. It was a way, perhaps, to flatten the criticism that so many ministers were getting caught up in the Lava Jet's troubles. Eliseu Padilha (PMDB) received a no-sound response. If the government wanted a remarkable one, then they already had the remarkable one of them, that is, the engineer and current Minister of Health, Ricardo Barros. There was no other alternative to the government other than the retreat of intentions and a good lesson to political analysts about how appointments are made for the occupation of positions in the public machine.

Currently, the National Foundation of the Indian goes through a gigantic emptying. There is a clamorous harassment about the rights of indigenous communities, as well as their lands. The budget of the organ fell significantly in this government - something around 44% - and even considered the appointment of a military man linked to the Military Dictatorship of 1964 to occupy the presidency of the organ. After a very negative repercussion, the government returned to the nomination, being chosen to preside over the organ Antonio Fernandes Toninho Costa, indicated by the PSC. He recently issued a statement stating that FUNAI had lost control over the management of land conflicts involving indigenous communities. There are no resources, no staff. This, of course, after the episodes involving Gamela Indians and farmers in Maranhão. Absence of State in Brazil is no longer new.

The strong hand of the State has only acted in the sense of cutting rights and expectations of rights, conquered with much struggle by the Brazilian people. The state no longer controls agrarian conflicts; No longer controls the high rates of urban violence; Completely lost control of the prison system. We are faced with a broken bloodletting of the state apparatus. But do not you think Antonio Fernandes would have been exonerated because of this statement. His head was asked to the Planalto by deputies of the PSC, including the leader of the government, André Moura, dissatisfied with the fact that they had indicated 25 names of patron saints to occupy positions in that organ and did not have their suit attended. As is often the case in the public machine, they would fall from a parachute into a technical body with very clear objectives. But as there are no limits to this package of transvestite evils of neoliberal reform - which ultimately seeks the dismantling of the welfare state - the worst is yet to come. It is being quoted to assume the direction of that organ an illustrious representative of the ruralist group. She's more of a fox to take care of the chicken coop.

Crédito da foto: Gustavo Garcia, do G1

Charge!Aroeira

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"O que vemos no mundo hoje não é imigração, mas pessoas buscando vida"


‘O que vemos no mundo hoje não é imigração, mas pessoas buscando vida’
O historiador israelense Ilan Pappé (Foto: Divulgação)

O historiador israelense Ilan Pappé, autor de A limpeza étnica da Palestina, fala sobre linguagem, intolerância e sobre o conflito Israel-Palestina: ‘Se não empoderarmos os palestinos, ele irá continuar’



A substituição dos termos “sionismo” por “colonialismo” e de “questão palestina” por “limpeza étnica” é um dos dispositivos propostos pelo historiador israelense Ilan Pappé para repensar a linguagem e seus mecanismos de opressão. Doutor em História pela Universidade de Oxford e professor da Universidade de Exeter, na Inglaterra, Pappé esteve no Brasil entre os dias 24 e 27 de abril para o lançamento do livro A limpeza étnica da Palestina, lançado no país pela Editora Sundermann.
Frente aos fluxos migratórios recentes, Pappé defende que imigrantes deveriam ser chamados, na verdade, de “buscadores de vida”, uma vez que não deixaram seus países de origem por mera opção: “As pessoas que vêm hoje ao Brasil não são mais imigrantes, e se o país não abrir suas portas, se os Estados Unidos não abrirem suas portas, elas provavelmente morrerão”, diz à CULT.
Baseando-se em estudos em historiadores palestinos e em arquivos do exército israelense, Pappé busca comprovar a existência de uma limpeza étnica do povo palestino, iniciada em 1948. A este ano, inclusive, ele dedica numerosos estudos, pois foi quando a ONU determinou a criação do Estado de Israel, como forma de reparar o holocausto. Atualmente, os árabes ocupam uma pequena parte de Israel, como a Faixa de Gaza, Cisjordânia e a Jerusalém Oriental, envolvidos em constantes conflitos.
Em entrevista à CULT, concedida durante sua passagem por São Paulo, Ilan Pappé desdobra alguns aspectos de sua revisão crítica da história da Palestina e reforça a necessidade de se revisar o uso da linguagem.

CULT – Em A limpeza étnica da Palestina (2017), você se preocupa com o uso correto da linguagem, denominando o sionismo [os apoiadores da criação do Estado de Israel] de colonialismo, e a questão palestina de limpeza étnica. Por que essa revisão é importante?
Ilan Pappé – Porque foi a língua que protegeu Israel do criticismo. Quando se fala sobre o conflito entre duas nacionalidades, sobre ocupação de territórios, sobre o processo de pacificação, é comum pensar que essas coisas vão mudar muito rápido, mas se não repensar a linguagem elas não vão mudar tão cedo. E não vão mudar nunca se não confrontarmos Israel. Em todo conflito há um equilíbrio entre dois lados. E eu uso a linguagem dos ímpares para mostrar que no caso palestino não há equilíbrio. Na colonização, há o colonizado e o colonizador. Na limpeza étnica, há os que promovem a expulsão e suas vítimas. Então, para mim, a mudança de linguagem é importante para mostrar ao mundo que essa não é uma história entre dois lados iguais, e sim sobre vítimas e algozes. Eu espero que usando essa linguagem as pessoas não entrem mais no falso paradigma do “lado palestino”, ou do “lado israelense”, ou do “ouvir os dois lados”.

As pessoas normalmente relutam em utilizar o termo colonialismo para essa situação, com medo de soar anacrônico. Esse julgamento faz parte da visão orientalista, como estudouEdward Said, que impede o ocidente de ter um julgamento claro e empático do mundo islâmico?
Sim, acho que você tem razão. Você também pode ver isso no modo como o mundo ocidental está analisando e descrevendo nossas revoluções do mundo árabe. Na Europa, quando se fala sobre revolução, pensa-se em algo positivo, importante, em mudanças boas. Agora, quando se fala em revolução no mundo árabe, antes da Primavera Árabe principalmente, pensa-se sempre em coisas negativas, não em liberdade. O quadro ainda se agrava quando falamos de uma revolução feita por um grupo muçulmano. O anti-colonialismo também pode ser uma luta islâmica, não apenas luta de não-islâmicos. Eu acho que você está certo, o mundo tem dificuldade de aceitar isso, mas é algo que ajuda a luta. E faz parte dela dizer que na Palestina há uma batalha anti-colonialista, não uma campanha terrorista.

Atualmente, a xenofobia e a imigração são questões muito importantes globalmente. A política de guerra norte-americana contra a Síria, assim como a intenção de Trump construir um muro na fronteira do México apontam para uma tendência de intolerância, preconceito e racismo. Como você pensa essas questões?
Também precisamos mudar a linguagem que empregamos aqui. Imigração é, normalmente, um movimento de pessoas que tinham uma opção de ficar, mas decidiram partir para fazer uma vida melhor, o que é totalmente legítimo e deveria ser permitido. Mas, o que nós vemos no mundo hoje não é imigração, nós vemos pessoas buscando vida, elas são “buscadores de vida” [life-seekers], não imigrantes. Imigrantes são os italianos que vieram ao Brasil. As pessoas que vem hoje ao Brasil não são mais imigrantes. Se o Brasil não abrir suas portas, se os Estados Unidos não abrirem suas portas, elas provavelmente morrerão. Eles [os imigrantes] são os “buscadores de vida” e não podemos pensar nos mesmos termos que a imigração. Quando alguém bate na sua porta, e se há a chance de essa pessoa morrer se ninguém abri-la, você não se preocupa com quanta comida tem na geladeira ou quantas camas estão disponíveis. Eu realmente penso que nós devemos mudar nossa linguagem. É desconfortável receber esses “buscadores de vida”, você realmente precisa mudar alguns aspectos da sua vida. E por isso, talvez, as pessoas tenham tanta dificuldade em aceitar essa situação. Eu estava na Alemanha quando eles receberam os “buscadores de vida” sírios e vi que grande parte dos alemães entendeu a condição deles, então acho que a sociedade consegue lidar com isso. Seres humanos são capazes de mudar sempre suas narrativas, só precisam estar conscientes de como é importante fazê-lo.

Por que a visão orientalista persiste por tanto tempo no imaginário ocidental?
Said nos disse que o orientalismo é um discurso. E um discurso, como uma língua, tem várias forças poderosas por trás. Said diz no livro que o discurso tem “instituições” para sustentar a linguagem. E por isso ele quer dizer os acadêmicos, jornalistas, políticos, pessoas que lidam com cultura. Se estão em posições poderosas, influenciam a maneira como você fala sobre o oriente. Era muito claro para Said que, mesmo que uma pessoa, como eu, mude a linguagem, isso não vai ser suficiente se você não mudar os poderes das instituições. Mas é o que podemos fazer. Como Said analisa no famoso artigo Permission to narrate [1984], em que, partindo do ataque israelita ao Líbano em 1982, ele diz que nunca seremos capazes de atingir um equilíbrio militar entre as forças palestinas e israelenses. Mas que podemos ao menos equilibrar a narrativa, sendo capazes de contar a história tal qual ela é, independente do poder concreto que os israelenses possuem. Vamos ver se conseguimos desafiá-los no lugar em que a história é contada, na academia, na imprensa.

E talvez essa pluralidade de vozes seja uma das mais importantes lutas contra essa visão orientalista.
Eu concordo totalmente e acredito que apenas recentemente nós começamos a ouvir outras vozes. E não apenas na história da Palestina, também na história do Brasil, como você sabe.

O Estado de Israel foi criado em 1948 e, desde então, o conflito parece apenas crescer. Por ele se estende por tanto tempo sem soluções aparentes?
O povo palestino não é muito forte, em termos de capacidade econômica, militar e política. Eles foram seriamente destruídos em 1948, ficaram fragmentados para enfrentar diversos grupos e estavam encarando um movimento colonialista respaldado pelo suporte global. Temos, no entanto, esse paradoxo absurdo, em que os palestinos são os únicos que podem realmente garantir uma solução para o problema. Mas, ao mesmo tempo, os israelitas tem o poder para prevenir e evitar essa solução. Então, enquanto não empoderarmos os palestinos, o conflito irá continuar, porque apenas os israelenses têm o poder concreto para determinar mudanças. E eu acredito que, mesmo que os judeus pudessem encontrar uma solução, poucos palestinos concordariam com ela, a grande maioria iria continuar a resistir ao projeto de estabelecimento colonialista dos judeus. E, enquanto a resistência continuar, o que a imprensa chama de “conflito” também irá continuar.

Em algumas declarações você parece discordar da solução apontada por grandes intelectuais, como Noam Chomsky, para a questão palestina. Quais são seus pontos de discordância com outros intelectuais a favor da causa palestina?
Chomsky, em primeiro lugar, ainda acredita na solução dos dois Estados, ele acredita que essa ainda é a única forma realista de resolver o conflito. Eu acredito que, se alguma vez essa solução foi possível, já faz muito tempo. E esse é um debate sério, porque eu realmente acho que estamos perdendo energia e tempo quando conversamos sobre a solução dos dois Estados. Nós também não concordamos quanto ao boicote acadêmico a Israel. Chomsky acredita que isso pode alienar os israelenses futuramente e deixá-los contrários a qualquer forma de solução, além de acreditar que tal estratégia sai da questão palestina e entra no problema da liberdade de expressão – o que é um bom ponto. Às vezes falamos tanto de boicote que esquecemos para o que ele serve. Mas acho que ele está errado, talvez por não viver lá, não conviver com os sionistas e não perceber os impactos positivos do boicote acadêmico a Israel. E finalmente nós discordamos quanto ao direito de retorno dos refugiados. Ele acredita que é errado dizer aos refugiados que algum dia eles vão poder voltar, porque isso provavelmente nunca vai acontecer. Eu acredito que pode acontecer, e é certo dar a essas pessoas o direito de voltar à Palestina.

Por que a solução dos dois Estados não é uma ideia realizável?
Porque Israel criou tantas colônias na Cisjordânia, que se desenvolveram em vilas e cidades, que não há governo israelita no mundo que vá se preocupar em devolver esses territórios. E há um consenso em Israel que eles devem ficar de qualquer forma. E você não pode criar outro estado com o que sobrou da Cisjordânia. E, de qualquer forma, Palestina não é apenas a Gaza ou a Cisjordânia, e sim toda Palestina. E palestinos não são apenas aqueles que vivem nesses dois territórios. Também são palestinos os que vivem em Israel e os refugiados, e se você não incluir todas essas pessoas a solução nunca vai ser boa. É como ter uma doença e tratar apenas os sintomas, ao invés de lidar com toda a doença. Então, para mim, a ideia dos dois Estados está errada, faz parte da visão colonialista de partilhar nossa pátria, quando um movimento de descolonização deve, na minha visão, incluir todas as partes do território.

Como você percebe a ação das Nações Unidas e a reação global ao problema da Palestina?
A ONU carrega responsabilidade pelo que ocorreu em 1948. Ela tentou, desde então, ter uma visão mais equilibrada da problemática palestina. Mas sempre que a ONU está preparada para tomar uma decisão séria no Conselho de Segurança, os EUA vetam essa decisão. Então ela até reflete certa opinião pública internacional, mas não tem dentes para mudar a realidade concreta. Quanto à comunidade internacional, acredito que, finalmente, nos últimos 15 anos, nós vemos uma mudança na percepção da sociedade civil. Há, atualmente, muito mais suporte público favorável à Palestina ao redor do mundo do que havia no início do conflito. Mas o problema aí não está na posição das pessoas, e sim nas posições do governo. E quanto a esse respeito ainda temos muito a caminhar. Há todo um sistema global que não permite que o apoio internacional seja efetivo na Palestina. E são esses mesmos fatores que causam tantas outras injustiças no mundo. Por isso acho que há uma conexão entre a luta por justiça social e a luta por justiça na Palestina. Há conexões entre o direito dos trabalhadores e o direito dos palestinos de tantas formas que o sistema neoliberal parece funcionar igual ao movimento de colonização. Há desumanização do nativo no sistema colonialista assim como há desumanização do trabalhador no neoliberalismo. Em qualquer país do mundo, infelizmente, o sistema político não reflete o que as pessoas querem que aconteça, tanto domesticamente como em âmbito público.
(Publicado originalmente no site da Revista Cult)