pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

No dia do Escritor, autores contam como é escrever

 


No Dia do Escritor, autores contam como é escrever
3

 

 

 

Em 25 de julho de 1960, o então ministro da educação e cultura do governo Juscelino KubitschekPedro Paulo Penido, criou o Dia Nacional do Escritor. Penido quis homenagear o I Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro. O evento ocorreu na mesma data. Já a celebração em nível mundial é realizada em 13 de outubro.

No Brasil, o Dia do Escritor também é uma oportunidade para refletir sobre a proteção dos direitos de autor e as dificuldades pelas quais os escritores passam no país. Não é fácil ser escritor e é muito mais difícil ser escritora. 

O estudo do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), de 2018, concluiu que o perfil majoritário é homem, branco, de classe média, nascido no eixo Rio-São Paulo. E o padrão se estende para narradores, protagonistas e coadjuvantes, que são em sua maioria homens, também brancos, de classe média, heterossexuais e moradores de grandes cidades.

“O que me motivou a escrever foi a poesia, foi o teatro. Com 9 anos de idade, li um poema de Manuel Bandeira. Quis ser Bandeira. E quis a falta de saúde dele. E o teatro que fiz na escola, no Recife, também aos 9 anos, me motivou a inventar personagens, a criar diálogos, a pensar na luz, na sombra, no ar da palavra. Aos 14 anos eu já tinha uma peça encenada no meu bairro. Até hoje o que escrevo é poesia, o que escrevo é teatro”, conta o escritor Marcelino Freire, criador da Balada Literária, festa que discute escritores e artistas com uma proposta de valorização para a literatura.

Para celebrar a data e entender mais sobre a beleza do ofício, Cult perguntou para alguns escritores (as), o que significa escrever para eles. Abaixo, confira as respostas de Marcelino Freire, Veronica Stigger, Eliane Potiguara, Fabrício Corsaletti, Micheliny Verunschk, Tito Leite, Jarid Arraes e Milton Hatoum.

 

“Escrever é uma resposta que eu procuro e não encontro. Sabe uma criança perdida? Escrever é procurar eternamente uma criança perdida. Busco, busco. Isso foi ontem, é hoje, será amanhã.”
Marcelino Freire

 


“Escrever, para mim, é uma forma de preservar a lembrança do que passou. Nisso, estou com o personagem Bopp, de Opisanie świata: escrevemos para não esquecer ou para fingir que não esquecemos. O escritor é uma espécie de guardião da memória: ele lembra, por alguma razão, aquilo que todos esqueceram.”
Veronica Stigger

 


Literatura Indígena e nativa vem das entranhas da Terra, é o grito sufocado dos que precisaram emudecer, explodindo no ar seu verbo colorido como se fora uma grande bolha de água cristal-celeste. É a explosão dos séculos e a nova forma de pensar, agir e decidir. Deixem-me dizê-la, por favor! E creem em mim como a luz do sol, como a essência da alma. É a manifestação “apressada” da Identidade indígena, que por sua vez é a manifestação do Cosmo através da ancestralidade.”
Eliane Potiguara

 


“Escrever é o contrário de se alienar. É uma das maneiras mais eficazes de tocar a realidade (seja lá o que isso signifique) ou a própria imaginação.”
Fabrício Corsaletti

 

 


Comecei a escrever as primeiras histórias, poemas, letras de música, ainda na infância. E cresci cercada pela palavra e tendo como norte a noção de que esta palavra, trabalhada pelo labor literário, era algo de extrema importância para mim, me colocava de pé diante do mundo. Sigo acreditando nisso e escrevo porque é o que faço de melhor, porque é minha forma de responder à vida.”
Micheliny Verunschk

 

 


“Só devemos escrever o necessário, o que for impossível não escrever. E é por isso que a gente escreve, quando o desejo de escrever prevalece sobre o silêncio. Quando isso não acontecer é melhor silenciar, e é preciso ter coragem para silenciar também. Raduan Nassar é um corajoso, não tinha mais nada a escrever e parou, o que não deixa de ser admirável.”
Milton Hatoum

 

“Escrever é a forma que eu encontrei para dialogar com os meus espantos, com as minhas questões e também para dialogar com o mundo. Eu comecei a escrever porque eu sou monge Beneditino. Eu moro no Mosteiro e eu tenho uma vida de clausura. A escrita foi a forma que eu encontrei para dialogar com as questões que surgem no mundo. Essas questões que nos causam indignação e que nos revoltam e também outras questões. A escrita é diálogo, é a forma que eu tenho para dialogar comigo mesmo, com as minhas dúvidas e com o mundo externo. Então, escrever é uma forma de encontro.  Uma forma de buscar bons encontros e ao mesmo tempo não apenas buscar bons encontros, mas também de adentrar o real. É mostrar a realidade tal como ela é.”
Tito Leite

“Escrever é chafurdar nos incômodos mais penosos e insistentes. É encarar a sujeira, a feiura, o terrível, e sustentar o olhar.”
Jarid Arraes

 (Publicado originalmente no site da Revista Cult)

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Editorial: Saiu uma nova IPESPE com a disputa pelo Governo do Ceará



Acaba de sair do forno uma nova pesquisa de intenção de voto entre os candidatos que concorrem ao Governo do Ceará. Desta vez, a pesquisa foi encomendada pelo jornal O Povo  e realizada pelo Instituto IPESPE, do cientista político pernambucano Antonio Lavereda. O levantamento foi produzido num período que já incorpora o resultado da implosão da histórica aliança que havia naquele Estado entre o PT e o PDT. Como se sabe, as duas siglas romperam, depois que o Diretório Estadual do PDT homologou a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza, o médido Roberto Cláudio, para o Governo do Estado, contrariando um acordo prévio entre as duas siglas, que previa que a vice-governadora Izolda Cela, fosse apoiada pelas duas legendas como candidata a continuar na gestão do Palácio da Abolição. 

Correta e bem-avaliada pela população, Izolda era praticamente uma unanimidade entre as principais lideranças dos dois grêmios partidários. Interferências de lideranças do PDT, no entanto, impediram suas legítimas aspirações. Depois do impasse, o PT local lançou a candidatura do Deputado Estadual Hermano de Freitas, como postulante ao Governo do Estado, com o apoio da cúpula nacional da legenda. Até bem pouco tempo, Lula esteve naquele Estado, com o objetivo de alavancar a candidatura do correligionário, que, por algum motivo, pode se deparar com a mesma situação de outros Estados da federação, onde ocorre um descompasso entre as intenções de voto no morubixaba petista e entre os seus apadrinhados, como Bahia, Pernambuco, Minas Gerais.Ainda é cedo, porém, para enquadrar Hermando neste perfil. 

Afinal, apenas recentemente seu nome foi anunciado como candidato. Conta a seu favor, o fato de ter ao seu lado um cabo eleitoral de peso, o ex-governaror Camilo Santana, com uma eleição praticamente assegurada para o Senado Federal, que deixou o governo com 70% de aprovação da população. Ali se daria o contrário. Seria o candidato ao Senado puxando o candidato ao Governo. Isso numa avaliação bem otimista. Na realidade, esse impasse entre as duas legendas pode ter dado fôlego ao candidato do União Brasil, o capitão Wagner, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento. No plano nacional, Wagner é uma das apostas mais promissoras do bolsonarismo. A pesquisa do IPESPE foi realizada entre os dias 30 de julho e 02 de agosto, encomendada pelo jornal O Povo, ouviu 1000 pessoas, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, e está e está registrada no TSE-CE: 01695\2022.

Capitão Wagner(União Brasil)          38%

Roberto Cláudio( PDT)                 28%

Hermano de Freitas(PT)                13% 



O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A convenção dos "pequenos": Psol e Rede



Este editor teve acesso a um estudo interessante sobre o desempenho dos partidos "radicais" de esquerda ou seja, aqueles grêmios partidários que ainda se identificam com algumas teses caras ao pensamento de esquerda. Muito mais do isso, ainda observam, com alguma reserva, a luta política através da via institucional. Claro que, com o processo de decomposição ideológica pelo qual passaram alguns partidos dito de "esquerda" brasileiros, tornou-se cada vez mais difícil estabelecer essa clivagem.   

Mais, olhando com a acuidade política necessária, ainda é possível identificar alguns deles, como é o caso do PSTU e o Partido da Causa Operária, por exemplo. Embora na margem esquerda do lago ideológico, possivelmente alguns analistas teriam dúvidas sobre o devido "enquadramento" ideológico de partidos como o Psol e a Rede, organizações partidárias que hoje atuam com desenvoltura no parlamento e travam batalhas eleitorais a cada nova eleição. Aqui em Pernambuco, por exemplo, na Câmara Municipal do Recife, o PSOL possui uma bancada das mais atuantes. São dois vereadoes que fazem um trabalho excepcional: Dani Portela e Ivan Moraes. O último "feito" foi a aprovação de um projeto de lei, da vereadora Dani Portela, proibindo homenagens a violadores dos direitos humanos no Recife.  

Para eles, a democracia representativa não é, necessariamente, apenas uma democracia "burguesa". Há, ali, meios e espaços para lutar e puxar a brasa para a sardinha dos mais fragilizados socialmente, ampliando direitos de minorias, assegurando moradia, renda digna, educação de qualidade, comida na mesa e emprego. Todo esse entróito é para concluir que o eleitorado brasileiro parece ter diminuido suas resistências em relação a esses partidos políticos, principalmente em relação aos mais "radicais", que estão ampliando seu eleitorado a cada nova eleição. 

A ampliação do eleitorado desses partidos ainda é pequena, mas trata-se de um fenômeno que merece a atenção do mundo acadêmico, no sentido de entender o que este aumento significa. O PSOL e A Rede fizeram recentemente sua convenção no Estado e a festa foi muito bonita, passou uma energia muito positiva. Antes, o professor José Arnaldo foi recebido pelo candidato Lula, confirmando a tese de que Lula, de fato, terá três palanques de apoiadores aqui em Pernambuco, o que seria natural, pois os dois partidos estão alinhados com o projeto de Lula no plano nacional.  

Outro aspecto bastente interessante nesses candidatos é uma preocupação "propositiva", ou seja, levam a ação política muito a sério, constróem, programas de governo, têm, de fato, uma agenda de governabilidade para por em prática caso atinjam as instâncias de governo. Saudamos, nesse espaço, a chapa do PSOL\Rede, desejando que vocês continuem contribuindo para a ampliação de nossa experiência democrática e a qualidade de vida de todos os brasileiros e brasileiras. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Editorial: Carta pela Democracia já atinge 700 mil assinaturas



Você já assinou a Carta pela Democracia? Não? Então assine, pois estamos passando por um momento de crise institucional e política onde a nossa experiência democrática precisa ser defendida e você, como brasileiro e brasileira que tem compromissos com o país, precisa demonstrá-lo. Os arroubos de contraposição a esta iniciativa partem exatamente dos atores políticos que já demonstraram que não possuem quaisquer compromisso com os princípios que norteam um regime democrático. 

A experiência democrática brasileira precisará ter nervos de aços para superar e continuar sobrevivendo às intempéries autoritárias. Como enfatizo sempre por aqui, somos hoje a democracia mais ameaçada do planeta. Iniciativas como esta, quando a sociedade civil se mobiliza para defendê-la serão sempre bem-vindas. Pilares de nossa democracia, como a isenção, transparência e lisura dos processos eleitorais passaram a ser questionados cotidianamente, criando um clima de hostilidades entre os poderes, nada salutar para uma boa convivência política entre esses atores. 

Hoje, em pronunciamento mais incisivo, o Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco(PSD-MG) lembrou um dado que já havia caído no esquecimento: as urnas eletrônicas são um orgulho nacional. Ao longo dos anos, esse instrumento foi sendo aperfeiçoado, tornando-se um meio seguro e transparente de votação, acompanhamento e aferição dos resultados de uma eleição.  Um ambiente político de respeito mútuo, de delegação a órgãos com a idoneidade e espertise técnica suficientes para arbitrarem e deliberarem sobre os resultados de um processo eleitoral é um preceito fundamental dos regimes democráticos.    

Editorial: A cada nova pesquisa, Rodrigo Garcia recupera espaço no ninho tucano.



A rigor, a melhora dos índices de intenção de voto de Rodrigo Garcia(PSDB-SP)no ninho mais emplumado dos tucanos já seria esperada. Exceto, talvez, pelos seus opositores, que acreditavam que, a exemplo da debacle nacional, ali também os tucanos teriam grandes problemas. Problemas eles até tiveram e, certamente, continuarão tendo, mas nada que arrefeça o ânimo de um segmento fiel do eleitorado paulista em votar num candidato tucano. A disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, como informamos em editoral anterior, será uma das mais acirradas, a julgar pela dinâmica que vem se desenhando. 

O candidato do PT, Fernando Haddad, começou bem, lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento, mas é o candidato com a maior taxa de rejeição entre os concorrentes, ou seja, 48% do eleitorado, o que sugere a dimensão das dificuldades no sentido de ampliar o seu teto de crescimento. Em tese, naquela praça, ele poderia ajudar muito mais Lula do que o contrário, uma vez que o petista perde para Bolsonaro num confronto direto. Inexiste, pelo menos neste momento, a possibilidade de tranferência de voto de Lula para o afilhado político.  

Outro problema seria fazer uma crítica aos tucanos sem melindrar o bico fino que o acompanha como aliado, Geraldo Alckmin, hoje filiado ao PSB. O bolsonarismo supera o petismo naquela Estado, mas a relação entre o presidente Jair Bolsonaro(PL) e o seu ex-Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas(Republicanos), já enfrentou dias melhores. Rodrigo Garcia(PSDB-SP), por sua vez, corre numa raia própria, com um segmento do eleitorado fiel ao tucanato, tornando-o um candidato bastante competitivo. Na pesquisa divulgada no dia de hoje, pelo instituto Real Time Big Data, ele já aparece em segundo lugar na disputa, embora ainda dentro da margem de erro do instituto. 

Fernando Haddad(PT)       33%

Rodrigo Garcia(PSDB-SP)   19%

Tarcísio de Freitas       20%

   

Editorial: Os efeitos da PEC Kamikaze já são sentidos no desempenho de Jair Bolsonaro.



Isoladamente, talvez não aja uma outra variável tão determinante numa eleição como os resultados obtidos na economia. Inflação e desemprego, conforme já discutimos por aqui, serão determinante para o desfecho do resultado das próximas eleições presidenciais. Se tais problemas persistirem, o candidato Lula teria que se apresentar ao público como a "solução" para esses problemas, o que o tornaria praticamente imbatível. Ocorre, no entanto, que se tais problemas forem contornados, as chances de uma reeleição de Jair Bolsonaro melhoram sensivelmente, independentemente da crise institucional em que o país está mergulhado.  

Ainda é cedo para dizer até que ponto esses problemas da economia serão devidamente contornados, contribuindo para melhorar o desempenho do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, mas dois grandes institutos, em suas séries históricas de pesquisas de intenção de voto realizadas, sinalizam para indicadores que apontam para essa melhora de desempenho há menos de dois meses das eleições: melhora a avaliação do seu governo, sobretudo entre os grupos benefiários do Auxilio Brasil, e, com isso, ele amplia seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo a diferença em relação ao seu principal competidor, Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

Na segunda-feira o Paraná Pesquisas apontou que a diferença entre ambos caiu para 5,5 pontos percentuais. Hoje, saiu a pesquisa do Instituto Quaest\Genial, praticamente confirmando uma tendência de recuperação, registrando que, até este momento, na série de pesquisas realizadas por aquele instituto, esta é a menor diferença observada entre ambos na corrida pelo Palácio do Planalto. Nesta última pesquisa, Lula aparece com 44%, enquanto Jair Bolsonaro crava 32%. Ouvido pela reportagem da revista Veja sobre o assunto, o diretor do instituto, Felipe Nunes, confirma que tais índices de recuperação seriam reflexos direto dos efeitos da PEC Kamikaze sobre a economia. Ou mais precisamente - acrescento - sobre os segmentos sociais contemplandos com essas medidas, pois a inflação continua fazendo seus estragos no bolso da população como um todo, pois uma caixa de leite longa vida já custa R$10,00 e uma lata de óleo de cozinha chega a R$14,00.  

Editorial: PT rompe com o PSB no Rio de Janeiro.

Crédito: Mauro Pimentel\AFP


A ambição política e os interesses de grupos nem sempre contribuem para a união em prol de projetos coletivos mais consistente, de corte republicano. Até recentemente, o PDT rompeu uma aliança política com o PT, no Estado do Ceará, que já durava 16 anos, responsável por desbancar oligarquais carcomidas do Palácio da Abolição e não permitir que grupelhos proto-fascistas ditassem os rumos da política naquele Estado. Havia um consenso de que o nome que deveria dar continuidade ao projeto seria o da vice-governadora, Izolda Cela, até então filiada ao PDT, confiável, competente e muito bem avaliada pela população.Sua eleição era tida como certa. 

Infelizmente, o diretório estadual do PDT, com forte influência dos caciques da legenda, optaram por um outro nome, o que facilita a vida do candidato oposicionista, ligado ao bolsonarismo, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Agora, é o caso do Rio de Janeiro, onde havia um acordo - mais do que acordado - entre o PT e o PSB, com reflexos nos padrões de alianças entre os duas legendas no plano nacional. Marcelo Freixo filiou-se ao PSB para ser o candidato do partido ao Governo do Estado, apoiado pelo PT, que indicaria o candidato ao Senado Federal na chapa. 

Arranjos políticos locais contribuíram para melar o acordo. O diretório do PSB no Estado resolveu, à revelia do acordo assumido, lançar o nome de Molon para o Senado Federal. Lideranças petista nacionais exerceram todas as negociações possíveis para que o acordo fosse respeitado. Inclusive o próprio Lula entrou no circuito, pedindo a intervenção da Executiva Nacional do PSB no caso. A diplomacia não conseguiu reverter a situação e o PT resolveu romper com o PSB, criando uma situação política hoje confusa, onde as forças do campo progressista agora precisam encontrar uma alternativa para o palanque de Lula no Estado. 

Em meio a este turbilhão de vaidades e interesses pessoais, a situação ganha espaço e já recupera alguns pontinhos preciosos em seu reduto político tradicional. Louve-se aqui a lealdade e a dignidade do candidato Marcelo Freixo, que não poucou esforços para que o acordo fosse mantido, recebendo o reconhecimento do PT na carta de rompimento político. Há uma possibilidade de desdobramentos desse racha, com reflexos, inclusive, no Estado de Pernambuco, onde o PT administra uma aliança com inúmeros problemas com o PSB.     

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um apelo à civilidade na política pernambucana



Li, não sem alguma apreensão, a estratégia que deverá ser usada por um grupo político pernambucano em relação à candidata do Solidariedade, Marília Arraes, nas próximas eleições estaduais. A preocupação desse grupo, de acordo com uma fonte ouvida por um blog local, é que a sua vitória desmontaria toda uma estrutura de poder montada no Estado, capitaneada por partidos como o PSB, o PT, e o PC,doB. Perder para qualquer outro candidato da oposição seria uma derrota eleitoral, não uma derrota política, caso Marília vença as eleições e passe a ocupar o Palácio do Campo das Princesas. Como as chances de uma reversão, na disputa, pelo candidato apoiado pelo grupo são remotas, atrapalhar os planos de Marília já estaria de bom tamanho.  

Uma eventual vitória de Marília provocaria um tsuname nessa estrutura de poder, construída durante anos no Estado, por esse grupo político. Assim, todas as baterias estarão apontadas para atingir a candidata do Solidariedade e, nós aqui da província pernambucana, já sabemos o que isso pode significar: Prenúncios preocupantes sobre o "debate político propositivo" que deverá ser travado nas eleições de outubro. Nas eleições passadas, para a Prefeitura da Cidade do Recife, já tivemos uma pequena amostra do que poderá vir por aí, com farto material apócrifo produzidos pelo chamado gabinete da sacanagem, que funciona nos moldes do gabinete do ódio, disseminando fake news com injúria, calúnias e difamações sobre os adversários. 

Um dos mais atingidos, inclusive, foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que hoje se encontra, por uma ironia do destino - ou seria conveniências políticas de ocasião - alinhado com esse grupo. Jogaram com todas as armas para não permitir que a candidata Marília pudesse ser bem-sucedida no segundo turno daquelas eleições. Aliás, o assédio contra a candidata vem de longas datas, desde suas indisposições com atores políticos do cenário pernambucano, quando a cidade amanhecia com cartazes com ilações à sua honra. 

Com couraça e resiliência testada ao longo de sua vida pública - quase sempre exposta a tais intempéries de natureza nada republicanas - a assesoria da candidata informa que, desta vez, enfrentará a disputa consoante as circunstâncias políticas determinarem, ou seja, já se prepararam para o que poderá vir por aí. Uma pena que o bom debate político no país tenha caído a tais níveis nos últimos anos. Aliás, a rigor, diante desses "padrões" de disputas políticas, o debate fica suprimido. No Recife, nas eleições passadas, a partir de um determinado momento, a campanha desceu aos níveis de baixarias e guerra jurídica, não permiitindo ao eleitor fazer suas escolhas sobre o melhor nome para conduzir os destinos da pólis.  

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Editorial: Atentados à democracia no 7 de setembro?




Temos repetido por aqui, reiteradas vezes, que hoje, somos a democracia mais ameaçada do planeta. Esta afirmação não é do cunho deste humilde cientista político, mas de órgãos que se proponhem a analisar a saúde das democracias pelo mundo. Para este humilde observador de nossa cena política, é realmente uma lástima que tenhamos chegado a este estágio. Como informava o filósofo, dormimos o sono político que produziu o monstro. No futuro, é possível que cheguemos a conclusão de que talvez tenhamos sido demasidamente tolerantes com os intolerantes, quebrando uma regra básica do paradigma de Karl Popper, ao apontar os inimigos de uma sociedade livre.  

Somos informados pelo mídia que se planeja para o próximo 07 de setembro, quando comemoraremos os 200 anos de nossa independência do país, uma grande mobilização popular, tendo, entre as suas principais reivindicações, imaginem, um pedido de transparência do processo eleitoral. Isso equivale dizer que as urnas eletrônicas serão mais uma vez atacadas. O país possui uma das melhores espertises mundiais em eleições, isto com o reconheciemento da comunidade internacional. Eleições limpas, transparentes, com seus resultados respeitados e referendados, eis aqui um dos fatores que mais contribuíram para consolidar nossa democracia política nos últimos 34 anos, depois da redemocratização. 

Ainda ontem, por ocasião da retomada dos trabalhos no TSE, o ministro Edson Fachin voltou a falar sobre este assunto, enfatizando a absoluta condição de segurança do nosso sistema eleitoral. Infelizmente, o país atravessa um momento de instabilidade institucional e político, com capacidade de produzir danos ainda mais severos aos alicerces de nossa democracia. Esta é a primeiro vez, em muitos anos de eleições, que olhamos para os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação maior que a simples performance alcançada pelo nosso candidato em relação ao adversário. 

Nesses tempos bicudos, esses números passaram a se constituir em indicadores de risco para a nossa democracia, como já anda tendo rumores de que teremos um setembro negro no próximo dia 07, com suspeitas de que poderiam haver atentados, com o propósito de atingir os próprios partidários, e responsabilizar a esquerda pelos atos, com o objetivo de criar aquele climão tão bem conhecido de todos. Quando vejo a Polícia Federal pedir a prisão preventiva de candidato a vereador recentemente preso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, depois de ameaças a membros do STF e ao candidato Lula, suspeitando de sua vinculação com organizações criminosas, fico de orelha em pé. 

Editorial: Pelo Paraná Pesquisas, a diferença entre Lula e Bolsonaro cai para 5,5 pontos



Como já afirmamos em outras ocasiões, a espertise adquirida por um instituto de pesquisa como o Datafolha torna-se sempre uma referência para os formadores de opinião.Mesmo quem não goste dos seus números não podem ignorá-los, sob pena de estar comentendo um grave equívoco ao seu planejamento de campanha. Certa vez observei o presidente Jair Bolsonaro(PL) desdenhando a pergunta de uma repórter sobre o assunto, mas duvido que seus assessores políticos não ponham esse dados sobre a mesa para as suas análises. 

Pela última pesquisa de intenção de voto do  Datafolha, por exemplo, Lula abre uma vantagem enorme sobre o seu principal concorrente, de dezoito pontos de diferença, o que pode indicar muita coisa, inclusive algum equívoco cometido na estratégia adotada por sua assesoria com o objetivo de recuperar alguns pontinhos nas pesquias de intenção de voto. A pesquisa do Datafolha, inclusive, apontou os segmentos do eleitorado que demonstram reticências ao candidato, como as mulheres, os mais jovens e os mais pobres. 

Confiando ou não nos indicadores do Datafolha, a convenção do PL pode ser traduzido como um aceno governista para enfrentar as resistências desse eleitorado, abrindo espaço para a sua esposa, Michele Bolsonaro, assumir, profissionalmente, um papel na campanha do marido. Naturalmente, que os bolsonaristas se sentem mais à vontade com os números de outros institutos, como é o caso do Paraná Pesquisas, onde essa diferença cai drasticamente para 5,5 pontos. 

A tarefa de explicar esse fenômeno da enorme diferença entre os institutos é hercúlea, para muito além de um espaço com os limites impostos por esses editoriais. Leitores mais atentos já entenderam que tais escores dependem de inúmeros fatores e não estão relacionados à teoria da conspiração. Entendendo isto já seria suficiente. A pesquisa do Paraná Pesquisas foi realizada entre os dias 28 de julho e primeiro de agosto, ouviu 2.020 pessoas em todas as regiões do país, está registrada no TSE - BR : 05251\2022 e apresenta os seguintes números: 


Luiz Inácio Lula da Silva(PT)         41,1%

Jair Bolsonaro(PL)                    35,6%

Ciro Gomes (PDT)                      7,9%

Simone Tebet(MDB)                     1,8%

André Janones(Avante)                 1,7%

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Editorial: O tom afinado entre o TSE e o STF na volta dos trabalhos



Pelo mundo, o Governo Americano anuncia a morte do médico Ayman Al-Zawahiri, através de uma operação militar com ataque de drone, em espaço aéreo do Afeganistão. Pelas informações divulgadas, Ayman Al-Zawahiri, que substituiu Osama Bin Laden no comando da Al Qaeda, seria um dos responsáveis pelos ataques do 11 de setembro. Esses aparatos tecnológicos têm sido usados com relativa regularidade pelo Governo Americano, sempre com críticas dos opositores sobre violação de direitos internacionais, como este último no Afeganistão. 

Mas, como diria o cronista Rubem Braga, a notícia mais importante está no nosso quintal, ou mais precisamente, nos corredores do  Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. Nem se os ministros daquelas duas Cortes tivessem ensaiado teriam produzidos discursos tão convergentes na condenação das mentiras, do desrespeito às regras do jogo democrático e na defesa intransigente dos princípios que norteiam nossa democracia. 

Os ministros Edson Fachin, Luiz Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes deram o tom do entendimento e da linha de ações que serão adotadas para a gestão do processo eleitoral que teremos pela frente. Da fala de Barroso, destaco sua observação de que a mentira precisa voltar a assumir seu verdadeiro status, de algo falso, pernicioso, danoso, que precisa ser repelido. Como se sabe, nesses tempos bicudos que passamos a viver no país, as fake news, em alguns casos, passaram a assumir status de verdades absolutas, conduzidas por aparatos tecnológicos, plantadas para destruir a reputação dos adversários. A mentira tornou-se uma arma política poderosa nas mãos de atores políticos inescrupulosos. Tal expediente não se coaduna no escopo de um regime democrático. 

Editorial: Fernando Haddad lidera em São Paulo, mas o páreo será duro.



Em mais uma pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas e publicada no dia de hoje, 01\08, o candidato do PT, Fernando Haddad, continua na liderança pelo Palácio dos Bandeirantes. Salvo melhor juízo, este é um dos melhores desempenhos de um candidato do Partido dos Trabalhadores naquele Estado da Federação, o maior colégio eleitoral do país. Se a situação se mantivesse no ritmo dessa carruagem política, seria Haddad que poderia ajudar Lula em sua corrida ao Palácio do Planalto e não o contrário, uma vez que o candidato do PL, Jair Bolsonaro, aparece à frente do petista naquela praça. 

A vida, no entanto, não será muito fácil para o professor Fernando Haddad daqui para fente, embora ele tenha adquirido, ao longo de sua vida pública, a couraça suficiente para enfrentá-la. Evidente que está sendo preparado um arsenal pesado pelos adversários, com o propósito de despertar o antipetismo histórico do eleitor paulista. A propaganda eleitoral pelo rádio e televisão será decisiva para o petista manter tais índices de liderança, observando que ele precisa construir um escudo resistente para enfrentar os petardos. 

Neste sentido, atores políticos como Márcio França(PSB-SP), que lidera a corrida pelo Senado Federal, e o ex-governador Garaldo Alckmin(PSB-SP) poderão exercer um papel estratégico no sentido de quebrar tais resistências junto ao eleitorado. Identificado naturalmente com o eleitorado do Tucanistão, o atual governador, Rodrigo Garcia(PSDB-SP), como já seria previsto - pois suas bases eleitorias sempre estiveram adubadas - avança a cada nova pesquisa nos índices de intenção de voto e poderá manter tal performance, salvo por algum "acidente" de percurso vier a ser cometido.  

Existem algumas arestas entre os bolsonaristas do Estado, mas a tendência é que as mesmas sejam aparadas até as eleições de outubro, prevendo-se uma disputa acirradíssima, voto por voto, entre os três principais competidores. Apesar de Lula ter ampliado sua vantagem sobre Bolsonaro na última pesquisa do Datafolha, o mês de agosto começa bem para o bolsonarismo, com sinais de equilíbrio dos índices no seu reduto, o Rio de Janeiro, e a superação do petista em São Paulo. 

Fernando Haddad(PT)       33,2%

Tarcísio de Freitas(Progressistas)    22,5%

Rodrigo Garcia(PSDB)       14%    

Editorial: Como está a corrida eleitoral em São Paulo



Ontem, aqui em Pernambuco, tivemos uma festa da democracia com a realização das convenções de alguns dos candidatos que disputarão o Palácio do Campo das Princesas nas próximas eleições. Apesar da verdadeira guerra de torcidas, tudo ocorreu na mais absoluta normalidade, com os concorrentes trazendo, em seus discursos, muito mais do que as críticas, as propostas para tirar o Estado de Pernambuco do limbo em que se encontra depois do desastre administrativo das últimas gestões. 

Hoje, segunda-feira, primeiro de agosto, ganha destaque na imprensa nacional uma nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre a corrida eleitoral no Estado de São Paulo, com o desempenho dos principais concorrentes, no plano nacional, ao Palácio do Planalto. Por razões óbvias, sempre chama muito a atenção os levantamentos de desempenho dos candidatos naquele Estado, o maior colégio eleitoral do país, posto que São Paulo se constitue numa espécie de "termômetro eleitoral" para o país. 

Naquela praça, por exemplo, o candidato do PT ao Governo do Estado, Fernando Haddad(PT-SP), lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Lula, embora esteja à frente do seu principal concorrente no plano nacional, ali aparece atrás do candidato Jair Bolsonaro(PL), ainda que no limite da margem de erro do Instituto, de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. O tucano Rodrigo Garcia, que vinha num ritmo frenético, parece ter moderado o fôlego neste último levantamento, mas continua crescendo, a partir de levantamentos anteriores do próprio Instituto. Pontuava com um pouco mais de 9% no último levantamento e agora crava 14%.

O representante do bolsonarismo naquele Estado, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, do Progressistas, aparece em segundo lugar, com algo em torno de 10 pontos de diferença para o líder, Fernando Haddad, do PT. Enquanto Tarcísio crava 22,5% das intenções de voto, o petista assinala 33,2% das intenções de voto. Apesar de bater Lula, numericamente, naquele Estado, como se sabe, a relação entre Tarcísio é de indisposição com grupos ligados ao bolsonarismo, o que significa dizer que a transferência de votos de Bolsonaro para Tarcísio não seria assim tão orgânica. 

Segundo alguns observadores da cena política naquele Estado, o staff de campanha do tucano Rodrigo Garcia, aguarda o início da propaganda eleitoral pela televisão para continuar avançando, desta vez construindo uma narrativa de contraposição em relação, neste primeiro momento, contra o representante do bolsonarismo no Estado. Apesar da liderança neste momento, há quem advogue que o candidato do PT enfrentará muitas dificuldades daqui para a frente, num Estado com segmentos eleitorais francamente hostis ao petismo, principalmente no interior. Eis os números no plano nacional: A pesquisa ouviu 1.880 pessoas, entre os dias 25 e 28 de julho de 2022, com margem de erro de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. TSE: SP 03818\2022. 

Jair Bolsonaro(PL)        40,1%

Lula(PT)                  36,2%

Ciro Gomes(PDT)           7,1%

Simone Tebet(MDB)         1,7%


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O Recife em ritmo de convenções - festa da democracia

Crédito: Blog do Magno Martins


Além da convenção do Partido Liberal, que homologou a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que concorre ao Governo do Estado de Pernambuco, nas próximas eleições, tivemos, neste domingo, 31\07, duas outras convenções partidárias. A do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, do União Brasil, e a da candidato do Solidariedade, Marília Arraes. Podemos tratar aqui de uma festa da democracia, pois tudo ocorreu dentro da mais absoluta normalidade, cada qual procurando realizar o melhor evento possível, com o devido respeito pelos adversários. Apenas os transeuntes de ruas próximas aos eventos puderam reclamar de alguma coisa, uma vez que as ruas ficaram intransitáveis, devido ao grande público atraídos para os eventos.  

Até os discursos, embora contundentes e inflamados, foram conduzidos dentro dos parâmetros da civilidade política, evitando as baixarias. Críticas duras aos opositores e ao Governo do Estado - o saco de pancadas preerido, por razões óbvias - mas dentro do respeito e da urbanidade, conforme recomenda os bons manuais de convivência política num regime democrático. Os convencionais pernambucanos estão todos de parabéns. Deram um aula de organização, de mobilização da militância e, sobretudo, de respeito às regras impostas por um regime democrático. 

Vamos debater propostas de governo, alternativas para um Estado que se encontra no limbo, com indicadores sociais de fazer vergonha ao país. É preciso resgatar a auto-estima dos pernambucanos, que hoje anda cabisbaixo diante dessa situação a que chegamos, na condição de Ente Federado que mais contribuiu para baixar os níveis de pobreza do país. O Estado, na realidade, está precisando ser repensado, reconstruído e ficamos muito felizes com os concorrentes que estão, de fato, esquecendo as picuinhas políticas, para propor formas de enfrentamento dos grandes gargalos de atraso verificados.  

domingo, 31 de julho de 2022

Editorial: A hierarquia de prioridades dos eleitores nas eleições presidenciais de 2022.

Crédito da foto: Alan Santos e Ricardo Stuckert


Metaforicamente, alguém já afirmou que o maior inimigo de Bolsonaro nas próximas eleições não é Lula, mas os problemas decorrentes da economia, como inflação alta e desempregro. Os rumos da economia poderão determinar os resultados dessas próximas eleições presidenciais. Aqui abro um parêntese para observar que a adoção das medidas emergenciais - e até irresponsaveis do ponto de vista das contas pale públicas, traduzidas na PEC Kamikaze - como a distribuição de Vale Gás, Vale Caminhoneiro e o aumento do Auxílio Brasil - medidas para se contrapor aos sérios problemas econômicos enfrentados pela população socialmente mais fragilizada, não estão conseguindo atingir, ainda, os efeitos esperados pelo Governo. 

Concretemente, isso pode explicar, por exemplo, os 17 pontos que Lula abre de diferença em relação a Jair Bolsonato, de acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha. Estas observações vem a propósito de uma metéria publicada pela revista Veja desta semana, escrita pelo jornalista Alan Feuerwerker, onde ele observa que, a cada eleição, existiria ao menos duas variáveis que orientam as escolhas dos candidatos. Nas eleições passadas, as de 2018, observa Alan, Bolsonaro foi eleito na esteira da luta anticorrupção que, naquele momento, acrescento, se confudia com o próprio antipetismo. 

Hoje, a inflação que corrói o salário e o desemprego podem levar Lula de volta ao Palácio do Planalto. Competeria ao PT, observa o articulista, não perder essa narrativa junto ao eleitorado. Pelo histórico dos Governos da Coalizão Petista, de fato, Lula reúne as condições de se apresentat ao eleitorado como a "solução" para esses problemas, já escolhido pelos eleitores como as prioridades dessas eleições. Raposa política, Lula tem pautado a sua campanha de forma a não afastar, junto ao imaginário do eleitorado, essas preocupações mesmo diante das medidas emergenciais (ou seriam eleitoreiras?) 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O bolsonarismo se mobiliza para prestigiar Anderson Ferreira.



Quero, neste espaço, pedir perdão aos leitores por não ter mencionado, entre as convenções partidárias previstas para hoje, a do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(UB-PE), prevista para hoje, no Recife, à tarde, no Clube Internacional, sendo anunciada como a maior das convenções entre os concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2022. E, por falar em convenções, está sendo realizada, neste momento, a convenção do Partido Liberal, que homologará a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, ao Palácio do Campo das Princesas. 

De fato, uma das maiores convenções realizadas até agora, dando a dimensão da presença e força do bolsonarismo em nosso Estado. Não seria improvável que possamos ter, nas próximas eleições, um segundo turno entre um candidato apoiado por Lula e outro de perfil bolsonarista. Numa das últimas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado, o candidato Anderson Ferreira já aparece em segunda colocação, embora esteja ainda no chamado "bolo" de candidatos que ainda não consequem se deslocar do empate técnico, dentro das margens de erro dos institutos de pesquisa. 

O irmão de Anderson, André Ferreira, passou a coordenar a campanha do presidente Jair Bolsonaro aqui no Estado. A família tem uma forte tradição entre os evangélicos e, ao que se sabe, o presidente Jair Bolsonaro já teria confirmado sua presença na próxima Marcha para Jesus, a ser realizada no Recife. Na região Nordeste, há uma forte aposta do bolsonarismo em estados como Pernambuco e Ceará. No Ceará eles já lideram a corrida pelo Palácio da Abolição com o Capitão Wagner, que possui um forte apoio entre policiais militares, pois apoiou movimentos grevistas dessa categoria. 

A despeito de uma grande rejeição ao seu governo, Bolsonaro tem uma espécie de dívida de gratidão com o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, a quem não tem poupado esforços no sentido de ajudá-lo. Quando não está presente fisicamente, sempre dá um jeito de aparecer através de uma videoconferência, como agora, por acosião da convenção estadual do partido, onde ele enviou uma mensagem aos convencionais, não esquecendo, claro, do pacote de medidas previstos na chamada PEC da Bondade. Sem uma pesquisa mais consistente, seria difícil tirar conclusões sobre as razões pelas quais o bolsonarismo consegue ser forte no Estado. Uma das possíveis razões - ou seria hipótese - é a forte presença de grupos evangélicos no Estado. Mas, como afirmamos, apenas pesquisas poderão nos conduzir a alguma conclusão sobre o assunto.       

Editorial: Simone Tebet no segundo turno? Bolivar Lamounier acredita.



Houve um tempo em que acompahávamos com mais frequência as publicações do cientista político Bolívar Lamounier. Sempre muito lúcido e arguto, suas reflexões ancoravam nossas ponderações sobre temas áridos do cenário político nacional, fornecendo pistas importantes para compreendermos nossa realidade. Por alguma razão, perdão se estivermos equivocados, suas análises deixaram de ser assim tão frequentes. Eis que hoje, a partir de uma postagem no blog do Magno Martins, fui pego de surpresa com o título de uma matéria informando que a candidata Simone Tebet(MDB-MS) iria desbancar o presidente Jair Bolsonaro(PL) e iria para um segundo turno com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

O título da postagem, em si, já seria suficiente para causar um certo impacto em quem lesse a matéria. Mais impacto ainda sentiria o leitor ao se deparar com a autoria do conteúdo, informando que se trata do conceituado cientista político Bolívar Lamounier que, através das suas redes sociais, tem a coragem - acima de qualquer outra coisa - de fazer tais afirmações, num momento em que a banca acadêmica e jornalística já jogou a toalha em relação à viabilidade da chamada terceira-via. Simone Tebet - quem acompanha o blog sabe de nossa admiração pela senadora - enfrentou, na realidade, uma corrida de obstáculos para chegar à homologação de sua candidatura, ocorrida na semana passada, em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania. 

Há caciques da legenda emedebista que não apoiam o nome da senadora, pois já teriam assumidos compromissos com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Vão cozinhar o apoio em banho maria, até o momento de comunicar oficialmente a traição. Pela última pesquisa do Datafolha, Simone crava apenas 2% das intenções de voto. Avança em relação às pesquisas anteriores, mas ainda muito longe de representar uma reação, uma vez que esta iniciando a corrida muito tardiamente e é pouco conhecida dos eleitores. 

Diante de tal contexto, seria pouco provável que um cientista político como Bolívar Lamounier arriscasse sua reputação com uma afirmação como esta. Como as postagens de redes sociais possuem limitações de espaço, sugere-se que o cintista político pudesse dissecar tal análise, oferecendo aos seus diletos leitores a oportunidade de interagir com os seus argumentos.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: É tempo de convenções no Recife.



No dia ontem, no Clube Português, aqui no Recife, a pré-candidata Raquel Lyra(PSDB-PE) foi oficializada como candidata da coligação PSDB e Cidadania ao Palácio do Campo das Pricesas, nas eleições de outubro. Acompanham Raquel, como candidata a vice, a Deputada Estadual Priscila Krause e o ex-Prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, que concorre ao Senado Federal. Ontem, por aqui, deixamos claro qual o nosso posicionamento em relação à candidatura da ex-prefeita de Caruaru, no contexto da dinâmica competitiva do cenário político pernambucano. 

Contrariando as expectativas deste editor, a candidata constrói uma narrativa que a coloca em contraposição a Lula e Bolsonaro, cravando um perfil de terceira-via. Como disse antes, o problema não é ela ser contra Lula ou Bolsonaro, mas assumir um discurso de terceira-via, sobretudo num contexto político historicamente tão polarizado, conforme é o nosso. A estratégia de marketing dela deveria estar focada num outro aspecto, conforme igualmente discutimos nesses artigos. Mas aqui quero enfatizar que respeito a opinião de sua assessoria política. 

Nossa opinião é apenas a de um observador da cena política. Hoje, teremos mais duas convenções de homologação de candidaturas, conforme vem sendo noticiado pela crônica política pernambucana: a do candidato do PL, Anderson Ferreira, e a da candidata do Solidariedade, Marília Arraes. O candidato do PSB, Danilo Cabral, será o último a realizar a sua convenção, programada para o dia 05 de agosto. Pelo andar da carruagem política, a cadeira de governador do Palácio do Campo das Princesas deverá estar reservada para um desses três últimos convencionais que, espelha, no Estado, a polarização que se verifica no cenário nacional. 

Não temos,naturalmente, alguma bola de cristal, mas é o que se apresenta como possibilidade real, deixando margem para alguma imprevisibilidade, mesmo que remota. Danilo teria que fazer um esforço hercúleo para reverter uma situação francamente desfavorável nas pesquisas de intenção de voto, mas conta com a máquina e o apoio oficial de Lula. A máquina bolsonarista já mói em favor de Anderson Ferreira(PL), uma das apostas do bolsonarismo. Bolsonaro o tem ajudado o quanto pode. Já teria confirmado presença na Marcha para Jesus, que será realizada em breve. 

Marília Arraes continua fazendo seus "estragos" nas bases de apoio socialistas e petistas pelo Estado afora. No dia de ontem, um conhecido blogueiro informou que um cacique da legenda petista estaria mapeando essas defecções com o propósito de expulsá-los do partido, um ato que tenderá a ser recorrente daqui para a frente. Preocupou uma eventual fala de um expoente da legenda, possivelmente da assessoria de Lula, tecendo críticas aos padrões de alianças da candidata que, até recentemente, durante o segundo turno das eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, havia celebrada uma aliança com atores políticos ligados ao bolsonarismo. 

Pura intriga da oposição, uma vez que até Lula já estaria entabulando conversações com partidos como o Progressistas e o Republicanos, que são partidos da base de apoio bolsonarista. Lula conhece essas nuances e sabe que precisará de muita abertura política para governar num regime de semipresidencialismo não oficial como o nosso. Outro dia um deles afirmou que se Fernando Haddad(PT-SP) fosse eleito, não chegaria ao final do mandato. Alguém duvida? 

sábado, 30 de julho de 2022

Editorial: Lula chega a um Ceará "Rachado"



Os padrões de civilidade na política precisam ser enaltecidos, sobretudo nestes momentos bicudos que o país atravessa, quando tornou-se comum o ataques às pessoas e às instituições da democracia. Ataques, aliás, recorrentes mesmo diante dos protestos da sociedade civil e das advertências dos poderes constituídos da República. Assim, louve-se aqui a demonstração de civilidade política do ex-governador Camilo Santana(PT-CE), ao pedir a saudação do público em relação ao ex-governador Cid Gomes(PDT-CE), uma espécie de padrinho político de Santana. 

Ao final de sua fala, ele afirmou que ninguém iria destruir a amizade entre ambos. Da mesma forma agiu Camilo ao se despedir de sua vice, a atual govenadora Izolda Cela, a quem queria que o sucedesse no Palácio da Abolição. Polido e educado, como afirmei antes, pareceu-nos muito sincero em suas palavas, quando percebeu que o partido de Izolda Cela, o PDT, a havia rifado em nome de uma possível imposição do candidato Ciro Gomes(PDT-CE) ao nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE). 

Como se sabe, tal medida provocou um tsuname na relação entre o PT e o PDT naquele Estado, rompendo uma aliança que representou 16 anos de governos envolvendo o PT e o PDT. Os Ferreira Gomes construíram uma das alianças políticas mais exitosas e duradoras do Estado do Ceará, rompendo um antigo ciclo coronelista na gestão da máquina estadual. Camilo Santana é um dos resultados desse processo e teve a dignidade de reconhecer isso durante a sua fala, mesmo diante das circusntâncias políticas atuais, que os coloca em lados opostos na disputa. Isso talvez explique o fato de Camilo ter deixado o Palácio da Abolição com mais de 70% de aprovação e ter uma eleição assegurada para o Senado Federal.

Como o futuro a Deus pertence, Lula também evitou melindrar os Ferreira Gomes. Mesmo diante das falas de Ciro sugerindo que não o apaoiaria num eventual segundo turno. Não seria de todo improvável que possamos ter um reequilíbrio na competição eleitoral até outubro, a despeito da vantagem hoje do petista. Aquela praça, aliás, é uma das grandes apostas do bolsonarismo, através da figura do candidato do União Brasil, Capitão Wagner, como fortes ligações com as forças policiais do Estado. O racha entre o PT e o PDT pode ter dado um combustível às forças ligados ao bolsonarismo.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel Lyra tem candidatura homologada em convenção.


Desde que sinalizou que seria candidata ao Palácio do Campo das Princesas, a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), tem enfrentado muitos obstáculos nesta caminhada. Nada que a sua determinação não consiga superá-los, mas, em princípio, talvez nem ela mesma tenha previsto tantas dificuldades. Até mesmo em seu reduto político, o país de Caruaru, cujo prefeito que assumiu Rodrigo Pinheiro, adota uma postura claramente de quem segue uma diretriz política própria, afastando da prefeitura municipal os secretários indicados pela ex-prefeita. 

Pelo andar da carruagem política, ela não conta com um aliado dentro do seu próprio reduto político. Depois, vieram os problemas com a composição da chapa, um problema que, aliás, ela divide com os demais postulantes ao Palácio do Campo das Princesas. Depois de muitas idas e vindas, finalmente, ela conseguiu fechar a chapa para a disputa. O ex-Deputado e ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, disputará a vaga para o Senado Federal, enquanto Priscila Krause foi escolhida como vice, num lance de alto risco, uma vez que teria sua eleição assegurada para continuar com o exitoso trabalho na ALEPE. 

O maior problema de Raquel, como já enfatizamos num outro momento, diz respeito à sua conformação na disputa, ou seja, sua identidade entre os demais competidores. Como a tendência da polarização tende a reproduzir-se nas praças estaduais, o eleitorado do Estado também poderia seguir tal alinhamento, ou seja, apostando num candidato identificado com Lula, por um lado, e outro identificado com o presidente Jair Bolsonaro(PL), isolando os demais no limbo da chamada terceira-via, que encontra enormes dificuldades de viabilidade política. 

Talvez percebendo que não havia outra alternativa, que não a de assumir a sua condição de terceira-via, buscando situar-se entre o grupo de candidatos mais competitivos - aqueles alinhados com Lula ou com Bolsonaro - em seu discurso durante a convenção do PSDB e do Cidadania, Raquel Lyra bateu forte numa narrativa anti-Lula e anti-Bolsonaro, o que significa que ela consolida seu posicionamento político como alternativa à polarização representada pelos dois candidatos presidenciais. Embora entenda o constrangimento imposto pelas articulações nacionais - no plano nacional, em tese, ela estaria com a senadora Simone Tebet, do MDB, que se apresenta como terceira-via - era tudo que ela não poderia fazer. 

Não temos dados precisos sobre este assunto, mas, assim, anpassant, fica difícil imaginar um Estado da Federação onde esta terceira-via está se tornando competitiva o suficiente para ameaçar candidaturas que se inserem nesta polarização. Assim como o Rio Grande do Sul, em Pernambco as disputas políticas, historicamente, são marcadas por essas lutas renhidas entre "esquerda" e "direita". Isso muito antes do ou "Lula" ou "Bolsonaro". Neste aspecto, somos muito parecidos com os gaúchos. Nos Pampas, ou se é gremista ou colorado. Salvo melhor juízo, até a Coca-Cola já aprendeu a lição e muda a embalagem do seu refrigerante consoante as necessidades de se atender um grupo ou outro.   

Editorial: O diálogo político - e programático - entre Lula e André Janones



Um dos aspectos mais enfatizados pelo Deputado Federal André Janones(Avante-MG), candidato à Presidência da República, durante a convenção que homologu sua candidatura, foi o programa de governo daquela agremiação política. Em determinado momento, ele assinala que ter elaborado aquele programa já seria algo que justificasse a sua candidatura, independentemente dos eventuais resultados eleitorais. Nã seria surpreendente, portanto, que ele, ao abrir uma janela de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estipulasse, como condição para a ampliação dessas negociações, a aceitação, por parte do petista, em cumprir alguns tópicos daquele programa de governo, entre os quais, a manutenção do Auxílio Brasil. 

As condições do diálogo neste sentido estão bem encaminhadas, posto que, nem se quizesse, Lula teria as condições políticas para interromper tal benefício, mesmo diante das dificuldades geradas no que concerne à manutenção do equilíbrio das contas públicas. Janones enfatiza que, em nenhum momento, Lula teria pedido para que ele retirasse sua candidatura presidencial, algo que provovelmente será posto na mesa de negociações. Trata-se de um diálogo bem-vindo, sobretudo num ambiente potítico como o nosso, hoje bastante conturbado. 

Um outro fator que poderá ajudar o petista é a capialiridade obtida pelo candidato André Janones nas redes sociais, onde o petista encontra algumas dificuldades em relação ao opositor Jair Bolsonaro(PL). Este, aliás, é um dos trunfos do bolsonarismo para tentar reverter os índices nas pesquisas de intenção de voto, hoje francamente favoráveis ao petista, de acordo com a última pesquisa do Datafolha. Depois dos arsenal de medidas já implementadas pelo Governo, tenho dúvidas sobre se eles ainda teriam alguma bala de prata no tambor. 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Editorial: André Janones sinaliza que aceita o diálogo com Lula


Pode ser apenas uma bravata, mas Ciro Gomes(PDT-CE), já teria dito que não aceitaria conversar com Lula sobre um eventual apoio à sua candidatura à Presidência da República. Pelo menos nesse primeiro turno das eleições. Hoje, pelos números do Datafolha, Lula pode liquidar a fatura das eleições de 2022 ainda no primeiro turno, pois abre 17 pontos de diferença em relação ao seu principal adversário, o Presidente Jair Bolsonaro(PL). Num momento anterior, Lula já teria sido aconselhado por assessores a procurar um diálogo com André Janones, do Avante, em busca daqueles dois pontinhos fundamentais para vencer as eleições de outubro no primeiro turno. Portanto, esse flerte é antigo.

Embora, hoje, de acordo com esta última pesquisa a situação esteja, a princípio, mais confortável, a premissa de vencer as eleições no primeiro turno é uma das grandes preocupações do staff político de Lula, sobretudo num contexto de um ambiente institucional tão inseguro. Daria uma menor margem de manobras para assédios contra as instituições da democracia. Não é algo nada saudável que tenhamos chegado a este estágio, para precisamos nos fortalecermos para enfrentá-lo. 

Curioso que, em seu Twitter, o candidato do Avante tenha enumerado todos os candidatos presidenciais com os quais tentou estabelecer algum diálogo, sem muito sucesso. Alguns deles apenas o ignorá-lo. Segundo ele, Lula teria vestido as sandálias da humildade, dando um excelente exemplo, pois vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, mas está propondo um diálogo com o qual ele, de pronto, está aceitando. Janones vem fazendo uma campanha política interessante, propositiva, e, certamente, poderia contribuir com ideias para um eventual Governo Lula. O programa do Avante está bem elaborado e enxuto. Um outro fato que não pode ser esquecido é que Janone já foi filiado ao PT. 

Editorial: A tensão institucional aumenta com a última Datafolha



Num país de democracia estável, o resultado de uma pesquisa de intenção de voto poderia provocar apenas duas coisas: A euforia dos partidários do candidato que estivesse liderando a pesquisa e, por outro lado, uma preocupação inerente daqueles candidatos que não estão conseguindo as condições de competitividade ideais para emparedar o líder das pesquisas. Isso num país de democracia estável, o que não é bem o nosso caso. Costumo enfatizar por aqui que, hoje, os organismos internacionais apontam o Brasil como a democracia mais ameaçada do mundo. 

Não deixa de ser curioso o fato de passarmos a olhar os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação a mais do que aquela que seria natural. O cenário de instabilidade política sugere tanta preocupação em torno do assunto, que várias questões podem estar inseridas nos seus resultados, para muito além de uma simples checagem de desempenho dos candidatos. Este é o caso desta última pesquisa do Datafolha, divulgado no dia de ontem, sobre a corrida presidencial de 2022. Lula crava 47% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, aparece com 29%, numa evidente demonstração de que, até o momento, as ações empreendidas pelo Governo para tentar reverter o quadro não estão surtindo o efeito esperado.  

Sempre me pergunto por aqui como descemos a ladeira do autoritarismo a partir de 2013, culminando com o golpe institucional de 2016. Desde então, nunca mais tivemos sossego institucional. As ameaças às instituições democráticas são veladas e explícitas, causando o repúdio veemente dos atores que estão diretamente envolvidos na salvaguarda dessas instituições, como STE, o STF, o Congresso. 

Agora é a vez da sociedade civil e da comunidade internacional se mobilizarem em torno da defesa de nossas instituições democráticas. As centrais sindicais estão preparando uma grande mobilização com este propósito. Até recentemente, a Sociedade Brasileira de Direito Público, presidida pelo professor Carlos Ari Sundfeld, da Fundação Getúlio Vargas, lançou uma carta, assinada por empresários, em defesa de nossas instituições democráticas. As reações em contrário a esta iniciativa - traduzida em invasões hackers e falas inoportunas e descabidas - dá bem a dimensão do ambiente político em que estamos metidos.