pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Editorial: E não é que o nosso Javier Milei pode vir de Goiás!



Há alguns meses, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado(União-GO), esteve presente a uma das sessões da então CPI do MST. Caiado foi convidado pela oposição justamente por pilotar um projeto bem-sucedido no estado no que concerne a evitar conflitos fundiários. Depois ficaríamos sabendo que o Estado de Goiás hoje ostenta bons índices no tocante a um problema nevrálgico para o país: o recrudescimento da violência urbana. Caiado tomou algumas medidas que contribuíram para baixar tais índices, como a melhoria das faixas salarias dos policiais, assim como a criação de um batalhões com atuação específica em zonas rurais. Vale o registro de que a avaliação de seu governo é uma das melhores do país. 

Passada a fase de diálogo amistoso com os parlamentares de oposição que compunham aquela comissão, o governador enfrentaria embates duros com parlamentares governistas, que lembraram, inclusive, a morte do ativista Chico Mendes, quando ele dirigia a UDN - União Democrática Ruralista. A sessão precisou ser interrompida. Comendo o mingau quente pelas beiradas do bolsonarismo, identificando-se com o grupo, mas assumindo posições menos radicais, o governador de Goiás, surge no retrovisor das eleições presidencais de 2026, quiçá, como representante de uma direita menos extremista. 

Conforme afirmamos em outros momentos, os bolsonaristas radicais se comportam como se não houvesse um substituto para o capitão. O bordão das ruas é o "Volta, Bolsonaro", repetido à exaustão, sempre que o capitão participa dessas mobilizações. Difícil saber como vamos nos arranjar institucionalmente, uma vez que o capitão está inelegível. Durante a posse do presidente argentino, Javier Milei, ele não perdeu a pose. Tentou sair na foto com os Chefes de Estado presentes à cerimônia. Precisou ser retirado.

Mesmo sabendo-se dos seus eventuais projetos políticos nacionais, o governador Ronaldo Caiado mantém a sua discrição. Faz costuras de bastidores, evitando os holofotes. Difícil dizer se ele chegará na frente nesta verdadeira corrida de obstáculos para se posicionar como herdeiro legítimo do bolsonarismo. De todos os quadrantes do país, há outros candidatos ao trono deixado por Jair Bolsonaro, desejosos de sua benção. O mingau é quente e, como Caiado tem experiência de campo, sabe que pode se queimar se tentar comê-lo pelo centro.  

Editorial: Gleisi Hoffmann acende a luz amarela durante encontro do PT.



Em nossa época de estudante, estávmos sempre presentes aos encontros mais importantes do Partido dos Trabalhadores. Tínhamos uma coleção de teses e resoluções de fazer inveja até aos mais fiéis militantes de base. Conhecíamos o partido pelas entranhas, ou seja, nosso conhecimento não ser resumia àquilo que era produzido pela academia. Embora já não acompanhe o partido como antes, não nos causa surpresa as recomendações do morubixaba petista, sugerindo que o partido retome o diálogo com as bases, reconquiste o eleitorado evagélico. 

Ao longo dos tempos, quase como uma Lei da Oligarquização, como sugere o sociólogo alemão Robert Michels, o partido oligarquizou-se, burocratizou-se, priorizando a luta pelo voto, negligenciando as suas articulaões de base, entre os quais com grupos evangélicos, hoje um nixo eleitoral dos mais importantes. Como sugeria o cientista político italiano, Angelo Panebianco, as instituições, por mais que elas mudem ao longo dos anos, guardarão sempre algumas referências sobre como as cartas foram jogadas durante a sua fundação. 

O PT nasceu como um partido de base, organicamente vinculado aos movimentos sociais e setores progressistas da sociedade brasileira, inclusive com setores da Igreja Católica. Mas não só com setores da Igreja Católica. O PT já possuiu um núcleo evangélico só para ampliar as articulações com tal segmento. Essas referências ainda estão ali presentes, mas já não exercem o mesmo papel ou poder decisório de antes. Quem dá as cartas, hoje, são os núcleos burocráticos da legenda. 

Agora, por ocasião da última Conferência Nacional, realizada no Auditório Ulisses Guimarães, em Brasília, em sua fala, a atual presidente nacional da legenda, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann faz uma advertência preocupante sobre os rumos do Governo Lula, sugerindo que aplicar o torniquete do austeridade econômica, neste momento, poderia prejudar a avaliação do Governo Lula junto à população, o que seria, no final, uma sentença de morte para Lula, vítima constante de um Congresso hostil. 

O que ocorreu com Dilma Rousseff poderia, igualmente, ocorrer com o morubixaba petista. Austeridade comprometendo o implemento de políticas públicas, neste momento, poderia ser classificado como um "austericídio", sugere Gleisi Hoffmann. A fala, naturalmente, não agradou ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sempre tentando colocar panos mornos sobre este assunto, nevrálgico para o Governo Lula. O mercado e setores da imprensa pressionam o Governo constantemente sobre a necessidade de conter a sangria de gastos públicos, que jé elevaram a cifra do déficit para R$ 120 bilhões. Não será fácil "tapar esse buraco" contraindo mais despesas. As contas não batem.    

domingo, 10 de dezembro de 2023

Editorial: Agora é oficial. Kassab convida Raquel Lyra para se filiar ao PSD.



Embora em São Paulo, atuando como um superministro do governo de Tarcísio de Freitas, o Presidente Nacional do PSD, Gilbeto Kassab, continua movimentando as peças no tabuleiro do xadrez político nacional. O bruxo, como o tratamos por aqui - espero que ele não se aborreça - é tido hoje como um dos mais argutos estrategistas políticos no cenário nacional. Até recentemente, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE)fez um gesto de aceno ao PSD, convidando o Ministro da Pesca, André de Paula, para ingressar na legenda. A governadora aproveitou o ensejo para nomear a filha do ministro para assumir a Secretaria de Cultura do Governo do Estado, sem titular à época.  

A manobra afastou, por completo, o partido da base de apoio do prefeito João Campos(PB-PE), um ator político em franca ascenção, que alimenta o projeto de se tornar governador do estado, disputando as eleições de 2026, depois de renovar o contrato de locação com o Palácio Antonio Farias, nas eleições de 2024. Qualquer embaraço que possa contrbiuir para atrapalhar os planos do filho do ex-governador Eduardo Campos, será sempre bem-vindo pelos seus opositores. Assim, os arranjos políticos neste sentido já começaram. Numa manobra ousada, João Campos trouxe o grupo Coelho para a sua base, abrindo espaço no governo municipal, de olho na grande capilaridade política que o grupo exerce na microrregião do Sertão do São Francisco. O grupo, aliás, deu um grande apoio para a eleição da governadora, mas foi ignorado na composição do seu governo. 

Já faz algum tempo, que a governadora esboça um certo desconforto no ninho tucano, sem que se saiba exatamente do que se trata, porque, até mesmo as suas boas relações com o Palácio do Planalto não é vista como um grande problema para os novos dirigentes da agremiação, como é o caso de Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, recentemente conduzido à direção nacional da legenda tucana. Raquel, inclusive, é daquela geração de jovens governadores tucanos que saírem das urnas nas eleiões passadas e que poderiam injetar um sangue novo na legenda, ao lado de Eduardo Leite, hoje uma unanimidade -até entre os inimigos - como nome do partido para as eleições presidenciais de 2026. Mas, enfim, Raquel demonstra sentir um certo desconforto no ninho. Temos aqui algumas hipóteses, mas ficariam no plano das especulações, o que não recomendaria externá-las. Até manobras palacianas para levá-la para um partido da base aliada já foram orquestradas, mas esbarrou nas disputas políticas provincianas do país de Caruaru, cidade de origem da governadora. 

Até recentemente, especulou-se que o presidente Lula, durante essa última viagem, sugeriu a interlocutores de que a governadora poderia ser muito bem-vinda ao PT. Isso, naturalmente, implicaria em manobras políticas ousadas, uma vez que, no Estado de Pernambuco, ou em particular na cidade do Recife, o PT mantém uma aliança de décadas com o PSB, do atual prefeito João Campos, adversário natural da atual governadora. A qustão que se coloca por aqui é sobre se Gilberto Kassab teria conversado com o motubixaba petista para formular o convite à governadora, encontrando uma saída para o imbróglio, colocando-a na base aliada, sem criar arestas com o PT local? Nada é improvável nas manobras de um bruxo. Há de se considerar, inclusive, o cenário nacional. Bruxos possuem feeling apurados.    

Editorial: Bolsonaristas se mobilizam pelo #DinoNoSTFNão


As mobilizações programadas pelos bolsonaristas radicais para dia de hoje, 10\12, com o propósito de protestar contra a indicação do Ministro da Justiça, Flávio Dino para o STF, é marcada por uma série de emblemas. A começar pelo inusitado de uma manifestão pública contra a indicação de um nome do Executivo para assumir uma vaga no STF. Salvo melhor juízo, não há precedentes no país. Convém esclarecer que a batalha dos bolsonaristas radicais contra a indicação do ministro Flávio Dino é dentro e fora do parlamento. Assim como o Portal UOL, que realizou uma sondagem para saber quantos votos o ministro havia assegurado, a tropa de choque bolsonarista está trabalhando em favor de uma rejeição do nome do ministro na sabatina programada para o dia 13, quarta-feira. A data da sabatina também é emblemática. Para alguns, o número 13 dá azar.  

A julgar como correto o levantamento realizado pelo Portal UOL, o ministro precisa de mais 21 votos para ter a homologação de sua indicação, votos que precisam ser negociados junto aos caciques do Centrão, numa engenharia política intrincada, que, como sempre, deve incluir algumas concessões do Executivo. Neste contexto, a possibilidade de uma rejeição é remota, mas nada que desanime os bolsonaristas mais radicais, que têm programação até para a Esplananda dos Ministérios, em Brasília. Na realidade, pensávamos que tais mobilizações seriam apenas na capital federal, mas elas devem ocorrer em todo o país, principalmente nas grandes capitais.   

Há algum tempo, os bolsonaristas tentam remontar as grandes concentrações de rua do passado. Hoje, tais mobilizações de rua convocadas por eles estão bem distante de atingir as multidões de outrora. Uma boa questão para os analistas polítcos seria a de tentar responder a essa questão. Pontualmente, não se pode dizer que o "mito" deixou de ter seus seguidores, dispostos a passar frio e calor para a acompanhá-lo, como ocorreu recentemente no Rio Grande do Norte. Por outro lado, as "pautas' ou agendas bolsonaristas, sem a presença do líder, parece que não empolgam mais como antes. 

Há de se considerar aqui, igualmente, os efeitos pedagógicos produzidos a partir da prisão e da condenação de alguns daqueles envolvidos na tentativa de golpe do dia 08 de janeiro. Talvez os conselhos da vovó ajudem a conter os ânimos exaltados das novas gerações. Tudo é possível. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão de não comparecer a alguns desses encontros, como este último, realizado na Avenida Paulista. Ele sabe que precisa tomar alguns cuidados para não infringir as restrições legais impostas. 

P.S.: Contexto Político: Confirmando que sugerimos acima, enquando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ovacionado na posse do colega argentino, as mobilizações programadas pelos bolsonaristas aqui no país resultaram num tremendo fracasso de público.   

Editorial: CPI da Braskem avança no Senado Federal.



Polêmicas à parte, está tudo certo para a instalação da CPI da Braskem, na próxima terça-feira,dia 12, no Senado Federal. A proposta, encaminhada pelo Senador Renan Calheiros(MDB-AL), não encontrou grandes dificuldades de tramitação, exceto pelas críticas de alguns adversários políticos do estado de origem do proponente, o que não seria de surpreender, se considerarmos a correlação de forças locais. Em 2026 teremos novas eleições para o Senado Federal. Trata-se de uma CPI que terá a hegemonia da base govenista, assim como ocorreu com a CPI da Covid-19. Vamos ter os senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e o próprio Renan Calheiros, que foi relator daquela comissão e luta por espaço semelhante na composição dessa nova CPI. 

Muita coisa precisa ser esclarecida sobre este caso, para que possamos tirar nossas conclusões, assim como identificar os responsáveis - entre agentes públicos e privados - por este desastre ambiental de proporções gigantescas, que vem  penalizando a população do estado de Alagoas. Como se sabe, em situações assim, o moído é grande. Desde o início dos trabalhos, ainda na fase das licenças, que os órgãos ambientais do Estado teriam desanconselhado a exploração do sal gema no local, recomendação vencida pelos interesses políticos e econômicos subjacentes. O embate é longo e começou ainda sob o regime militar. 

Desde então, os desmandos se sucederam um a um, sempre priorizando os lucros auferidos pela exploração, sem o menor cuidado ou preocupação com as consequências produzidas contra a população do entorno da mina. Quando o quadro agravou-se, elas precisaram deixar suas residências, sem que saiba, concretamete, como serão devidamente indenizadas pela mineradora. Para completar o enredo nebuloso, a mina fica localizada bem próxima à lagoa Mundau, fonte de sobrevivência econômica de centenas de pescadodores, que sobrevivem da pesca. Um colapso da mina salgaria a lagoa, matando os peixinhos que gostam de água doce. 

P.S.: Contexto Político: A briga aqui, como se diz no Nordeste, é de cachorro grande. A abertura desta CPI põe em lados opostos o grupo político reprsentado pelo senador Renan Calheiros e o atual prefeito da capital, João Henrique Caldas (JHC), filiado ao PL e aliado de Arthur Lira no Estado, um inimigo figadal do senador. Há, por exemplo, acordos celebrados entre os gestores da Braskem e a administração municipal, estimados em bilhões, sem que tais recursos tivessem chegado aos atingidos pelas desocupações compulsórias. Para completar o enredo, também não seria de bom alvitre uma comissão hegemônicamente governista, fustigando o atual Presidente da Câmara dos Deputados.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 9 de dezembro de 2023

Editorial: O temor dos bolsonaristas em relação à condução de Flávio Dino ao STF.


Há, nitidamente, um temor dos bolsonaristas com a indicação do Ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. Nunca se soube de uma articulação política tão intensa no sentido de impedir sua homologação ao cargo, tendo em vista a sabatina no Senado Federal. Surpreendentemente, até mobilizações de rua estão sendo programadas para protestar contra a indicação, como a que vai ocorrer amanhã, dia 10, em Brasília. Um caso inusitado. Com isso, os bolsonaistas apertam o torniquete contra o Governo Lula, dentro e fora do parlamento. 

Talvez com o propósito de serenar os ânimos, o ministro já declarou que, ao ser indicado para a Suprema Corte, deixa de ter lado, não tem mais partido. Republicanamente, assim mesmo deveria ser. Agora, tentem convencer um bolsonasita desses nobres propósitos. A hipótese de não ser aprovado para o STF é remota, mas os bolsonaristas estão apostando numa exceção à regra. A situação não é das melhores, segundo uma estimativa realizada pelo Portal UOL, que conseguiu apurar que o ministro conta, apenas, com 21 votos, obtidos na base mais identificada com o Governo. Seria preciso acionar o Centrão para a obtenção de novas adesões.  

Segundo comenta-se nos escaninhos, além da tropa de choque do Governo, até ministros do STF estão empenhados na aprovação do ministro para aquela Corte. Aos bolsonaristas, de um modo geral, preocupa que a apreciação de processos movidos contra eles caia nas mãos do futuro integrante da Suprema Corte. Salvo melhor juízo, o próprio capitão já teria manifestado preocupação neste sentido. A margem de manobra de Flávio Dino, na condição de Ministro do STF, como se sabe, amplia-se exponencialmente. 

Arrumando as malas para assumir o novo cargo, a vaga a ser ocupada no Ministério da Justiça tornou-se uma batalha campal dentro da base aliada do Governo Lula. Na nossa modesta opinião, acreditamos que o morubixaba petista já tomou uma decisão sobre o assunto e os socialistas serão os mais penalizados. Vamos aguardar o rumo dos acontecimentos.   

Editorial: Bolsonaro solta o verbo na Argentina.


No dia de ontem, publicamos por aqui algumas informações sobre a presença da comitiva bolsonarista na Argentina, que aguarda a posse do presidente Javier Milei, amanhã, dia 10. Hoje, seja de um lado ou do outro do espectro político extremamente polarizado, tudo precisa passar por uma rigorosa checagem antes de ser publicado. Até recentemente, a Polícia Federal constatou que não havia nenhum brasileiro envolvido com grupos radicais islâmicos, muito menos preparando atantados em solo brasileiro contra o povo judeu. Tudo não havia passado de uma armação.  

O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi acusado, injustamente, de injúria racial contra uma camameira de um hotel. Hoje, investigações conduzidas pela Polícia Civil desmontaram a farsa e a acusação leviana contra o ministro. No caso da viagem de Bolsonaro, rondam duas especulações: Que recursos teriam financiado tal excursão do grupo ao país andino? Uma viajem bancada pelos próprios viajantes? Seriam recursos provenientes do partido PL, do qual ele é o presidente de honra? Especulações também dão conta, por exemplo, de que o presidente poderia não mais voltar ao país, sabedor de que, em caso de alguma condenação, Javier Milei negaria a sua extradição. Nos reportamos aqui apenas às especulações que circulam nas redes sociais. 

De concreto mesmo, duas declarações polêmicas do ex-presidente. Numa delas, durante um encontro com o futuro presidente argentino, Bolsonaro declarou que Lula seria o seu futuro Ministro do Turismo, numa alusão às viagens recorrentes do atual presidente do Brasil. A analogia não foi muito feliz se ele tentou fazer uma média com o futuro mandatário do país andino. O Ministério do Turismo foi um dos primeiros a entrar na motosserra do aloprado presidente de extrema-direita. Agora, mais recentemente, numa entrevista a uma rádio local, sugeriu que o PT seria o responsável pela fuga de nordestino para São Paulo, um fenômeno histórico, que ocorre muito antes mesmo da existência do PT. 

O editorial de hoje do Estadão sugere que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não teria estatura de estadista, ao se apequinar, raciocinar com o fígado, cedendo às provocações do Javier Milei, quando se recusou a comparecer à posse, indicando o seu Ministro das Relações Exteriores para cumprir a missão diplomática. Não deixa de ser curiosa essa birra do jornal contra o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há várias hipóteses em torno do assunto, inclusive uma possível aquisição do jornal por um grupo tradicionalmente de oposição ao Governo.   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Editorial: As entregas do Ministério dos Direitos Humanos.



Na condição de estudante, sempre costumava entregar os deveres de casa no momento exigido. Como professor, passamos a ter um carinho todo especial pelos alunos e alunas que cumpriam suas tarefas exigidas dentro do tempo determinado. Aprendemos, possivelmente em decorrência dessas premissas, a admirar os homens públicos ciosos do seu papel republicano, assim como imbuídos de espírito público. Até candidatos a cargos públicos, como era o caso do ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes(PDT-CE), independentemente de ideologias, passaram a contar com o nosso apreço. Ciro estudou, em profundidade, os problemas do país. Conhece-os como poucos,  propondo soluções para o seu enfrentamento. 

Era o candidato mais bem-preparado para enfrentar os desafios que hoje enfrentamos. Infelizmente, política também são circunstâncias, momentos, e o país passou a enfrentar um padrão de competitividade eleitoral marcado por uma polarização renhida, impenetrável. Assim como o ex-governador Leonel de Moura Brizola, Ciro merecia uma chance. Lutou como pode para demonstrar isso aos eleitores. Tudo em vão. Tornou-se um João Batista pregando no deserto. Mas vamos em frente, se isso for possível, porque, segundo o oráculo cearense, já caímos no fundo do poço. 

Não tivemos a oportunidade de acompanhar no tempo certo, a audiência do Ministro Sílvio Almeida, na Câmara dos Deputados, atenddo às convocações das comissões de Finanças e Tributação e Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Como se sabe, a presidente dos trabalhos, Deputada Federal Bia Kices, preciosu interromper os trabalhos depois de um bate-boca e um tumulto generalizado, provocado pela intervenção do Deputado Federal bolsonarista Gilvan da Federal - para variar - que afirmou, irresponsavelmente, haver ligações entre o Ministério dos Direito Humanos e o crime organizado. Vejam se isso é possível. Trata-se de uma afirmação estapafúrdia, para dizemos o mínimo. 

Nessas ocasiões, o ministro Sílvio Almeida sempre faz o dever de casa, respondendo a cada parlamentar, prestando conta dos trabalhos de sua pasta, abrindo agenda para atender os parlarmentares, com cafezinho de boa qualidade, registre-se. O problema é que os bolsonaristas, em sua maioria, parece que não gostam de cafezinhos. Na ocasião, e isso é o que importa, o ministro apresentou um documento com as entregas do minitério, uma "dissertação de mestrado", por assim dizer, em razão da quantidade de páginas, algo em torno de cem, com as medidas ou providências tomadas até este momento. Vamos acessar o site do ministério para procurá-la. Como estamos num momento de transparência das ações ou políticas públicas, acreditamos que não teremos dificuldades. 

Editorial: Bolsonaristas invadem Argentina para a posse de Javier Milei.


No próximo domingo, dia 10, o futuro presidente da Argentina, Javier Milei toma posse no cargo. O presidente Jair Bolsonaro já se encontra no país, acompanhado, conforme informamos ontem, com um séquito de pessoas próximas, entre parentes e seguidores. Outras caravanas de bolsonaristas devem cumprir o mesmo trajeto, dado o entusiasmo despertado entre eles pela eleição do radical de extrema-direita argentino. Até aqui nenhum problema. O que vem chamando atenção, no entanto, é a desenvoltura do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não apenas por suas mobilizações públicas, mas em razão de alguns pronunciamentos, criando m ambiente que alguns críticos jé estáo tratando como uma espécie de governo paralelo. 

Ontem comentamos por aqui sobre o "Volta, Bolsonaro", um bordão que vem se repetindo à exaustão quando o capitão sai às ruas. Ao longo dos anos, as democracias representativas passaram por algumas metamorfoses, como observaram alguns analistas. Essas metamorfoses, no entanto, nunca ultrapassaram alguns princípios ou pilares essenciais, como a alternância do poder, eleições regulares para a escolha dos representados, por exemplo. Quando algum ator político infringe essas regras, existe um ordenamento jurídico que determina as sanções a serem aplicadas. 

No nosso caso, o TSE já decidiu que o ex-presidente tornou-se inelegível. A rigor, o presidente Jair Bolsonaro não reúne as condições legais de participar das próximas eleições presidenciais. Qualquer coisa fora disso, já não estamos falando dentro do escopo de uma democracia representativa, daí a nossa preocupação com esse bordão. Ele pode até voltar, mas bem mais lá para frente, depois de cumprida a pena imposta, decorrente das transgressões das regras do jogo democrático. 

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Editorial: Opositores apostam na cassação do mandato do senador Sérgio Moro. .



Neste momento, o atual senador da República, Sérgio Moro(UB-PR), está sendo ouvido no Tribunal Regional do Paraná(TRE-PR), sobre um processo que envolve dois pedidos de cassação do seu mandato, argumentando-se sobre irregularidades cometidas durante a campanha. Inimigos e correligionários são unânimes no pessimismo quanto ao desfecho desse processo, que pode ser o início da perda do mandato de Senador da República pelo Estado do Paraná, depois de passar por outros crivos, como o STF e o próprio Senado Federal. Não vamos remontar aqui toda uma trajetória errática seguida pelo ex-juiz da Lava-Jato, até a tomada de decisão de candidatar-se ao Senado Federal pelo Paraná. 

Moro elegeu-se justamente pelo capital político acumulado durante os anos em que atuou como juiz daquela operação, assim como por suas afinidades com o bolsonarismo mais radical, de raízes fortes no estado. O Estado do Paraná, aliás, apresentou um excelente elenco de pessoas muito bem-preparadas, concorrendo ao Senado Federal.  Afirmamos isso com a autoridade de quem teve a oportunidade de acompanhar os debates transmitidos pela televisão. No final, pesaram outros fatores e o eleitorado sufragou o nome do ex-juiz da Lava-Jato. Como as eventuais irregularidadess estão relacionadas com a chapa, caso o senador seja memo cassado, surge, então, uma penca de candidatos ao posto, que deverão disputar novas eleições.

Os partidos mais interessados neste desfecho são o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo candidato esteve bem no pleito, e o PT, que deseja a candidatura, de Gleisi Hoffmann,  atual Presidente Nacional da legenda, para o cargo. O filho do ex-governador Roberto Requião, que hoje anda amuado com o PT, também promete entrar na disputa. Caso se confirme as previsões ruins, a situação fica bastante complicada para o ex-juiz, que perderia o foro privilegiado em outros processos que existem contra ele.  

Editorial: O Javier Milei brasileiro é o próprio Jair Bolsonaro. Como pode?


Há alguns textos que, quando caem em nossas mãos são capazes de produzir bons momentos de contentamento. Por vezes isso ocorre "acidentalmente" movido pelo algoritmo, que considera importante indicar textos correlactos às nossas pesquisas. Até recentemente, tivemos acesso a um texto bem antigo, escrito pelo poeta Mauro Mota, quando ele ainda presidia o então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais(IJNPS), hoje Fundação Joaquim Nabuco. O artigo foi publicado num dos números da Revista Ciência &Trópico, sucedânea dos famosos Boletins do IJNPS, um marco em termos de produção científica no campo da sociologia no país.  

O artigo de Mauro Mota é sobre a meninice do sociólogo Gilberto Freyre, quando ele passava as férias escolares no Engenho São Severino dos Ramos, que pertencia aos seus avós maternos, localizado na cidade de Palmares, Zona da Mata Sul do Estado de Pernambuco. Apesar de ter nascido em perímetro urbano, a experiência de Gilberto Freyre com o meio rural não é nada desprezível. Seu avô paterno era um ilustre senhor de engenho, comissário do açúcar, da fina flor da aristocracia açucareira do Estado de Pernambuco.    

Segundo o poeta, de quem Gilberto era amigo e confidente, em um cardeninho de anotações, o futuro sociólogo tomava nota de tudo, em diálogos constantes com os moradores locais, os senhores da Casa-Grande, os trabalhadores do eito, as mucamas que realizam trabalhos domésticos. Tinha um interesse particular pelas receitas e, principalmente, pelos padrões de relações estabelecidos entre senhores e escravos, gênese do que ficaria conhecido mais tarde como equilíbrio entre antagonismo.  Ali estava, naquele caderninho de anotações, segundo o poeta, o embrião de sua obra-prima, o livro Casa Grande & Senzala

A relação entre o poeta e o sociólogo era de profunda cumplicidade. Mauro Mota foi indicado por Gilberto para assumir o IJNPS em circunstâncias políticas bastante específicas. Até então, Mauro Mota era essencialmente um grande poeta, mas teve a confiança de Gilberto para dirigir um instituto de pesquisas cientíticas. Para se adequar ao novo status, o poeta mudou, inclusive, o seu lugar de sujeito, passando a se apresentar com as credenciais de um pesquisador que havia realizado uma pesquisa importante sobre o cajueiro nordestino, tese de livre docência para seu ingresso no tradicional Ginásio Pernambucano. 

Outro texto foi produzido por uma socióloga, que observa que as condições históricas da sociedade brasiliera, fomentaram a eclosão do bolsonarismo entre nós, ou seja, as condições ou chocadeira do ovo da serpente já existiam, carecendo, tão somente, de alguém que pudesse acionar o gatilho (exemplo bem ao gosto do bolsonarismo). Sociedade desigual, racista, de perfil autoritário e permeável ao genocídio. Esta advertência da professora vinha a propósito da enorme quantidade de estudos que tinham como objetivo discutir as causas do surgimento do bolsonarismo entre nós. 

Jair Bolsonaro, como se sabe, lidera uma enorme comitiva, estimada em mais de cinquenta pessoas, para prestigiar a posse do seu amigo argentino, Javier Milei, festejado hoje como um expoente da extrema-direita no continente. Por questões de ordem legal, tratou de comunicar ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes,  que irá se ausentar-se do país. O ex-presidente, que passou um período acabrunhado, voltou a tomar gosto pela atividade política está, como se diz aqui no Nordeste, de vento em popa. Vai às ruas, despacha como presidente de honra do PL, aconselha a sua base aliada a se posicionar em votações importantes no Congresso. 

Sobre a sabatina de Flávio Dino, segundo um bem-informado colunista, Bolsonaro chegou a sugerir até algumas perguntas durante a sessão. Em declaração recente, afirmou que o pulso das ruas é o mesmo de 2018, quando conseguiu se eleger Presidente da República. Pelos seus cálculos, o PT vai tomar uma surra nas eleições municipais de 2024 e em 2026, quando teremos novas eleições presidenciais.  Para o próximo dia 10\12, está programada uma mobilização de bolsonaristas em Brasília, segundo dizem, para protestar contra a indicação de Flávio Dino à Suprema Corte. 

Salvo melhor juízo, talvez estejamos aqui diante de um fato inusitado, ou seja, pela primeira vez no país irá ocorrer uma mobilização de rua contra a indicação de alguém para o Supremo Tribunal Federal. Depois de Javier Milei levantar a bola do bolsonarismo na região, perguntamos por aqui, mais de uma vez, quem seria o nosso futuro Javier Milei, ou seja, quem, no escopo do bolsonarismo, poderia se apresentar às urnas nas eleições de 2026, com a sua plataforma e seus símbolos. 

Entre os habilitados, considerando-se a inelegibilidade do capitão, estaria o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-Ministro de Infraestrutura do Governo Bolsonaro, de perfil eminentemente bolsonarista radical. Um fato que tem sido curioso, no entanto, é que a massa ensandecida que acompanha Bolsonaro nas ruas, entoa sempre o bordão: Volta, Bolsonaro. Sinceramente? Não sabemos como vamos nos arranjar por aqui. Um cursinho rápido sobre inelegibilidade e democracia representativa faria bem aos bolsonaristas mais entusiasmados? Já que eles gostam do termo, quem sugere o Volta, Bolsonaro, não está jogando dentro das quatro linhas de uma democracia representativa. Há de se perguntar o que eles estão sugerindo.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Editorial: Sílvio Almeida na alça de mira dos bolsonaristas.



Quem vier a ser indicado para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública sabe que terá uma tarefa complicada pela frente, ou seja, enfrentar a tropa de choque do bolsonarismo, disposta a encontrar cabelo em ovo para desgastar o ocupante da pasta. Isso sem falar nas convocações sistemáticas a prestar depoimentos nas comissões do Legislativo, algumas delas sob controle da Oposição. Pauta de gênero, segurança pública, direitos humanos, agronegócios, são assuntos nevrálgicos na agenda bolsonarista, daí se entender porque os ocupantes de pastas que lidam com tais assuntos se tornarem alvo das investidas do grupo. 

Flávio Dino ainda não foi homologado para assumir a sua cadeira na Suprema Corte - rito complicado desta vez, programado para o dia 13 - e já começa a aparecer no retrovisor das indisposições políticas dos bolsonaristas, o próximo algo, ou seja o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida. Na realidade, para sermos sinceros, isso já está ocorrendo há algum tempo. Até vítima de lacrações o ministro se tornou. Nesta sua última audiência na Câmara dos Depuados, por convocação das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o embate ficou configurado, sobretudo em razão das respostas contundentes do ministro aos parlamentares ligados ao bolsonarismo. Como sempre, em situações assim, não se chega a bons termos. Tiveram que interromper a sessão em razão do tumulto provocado. 

Há quem afirme que a indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal teria passado por esse cálculo, ou seja, nas duas horas de conversas entre o ministro e o morubixaba petista, tal assunto teria vindo à tona. Naturalmente que existiram outros cálculos aqui, possivelmente mais estratégicos e definidores de sua escolha para a Suprema Corte. Até porque, conforme afirmamos antes, a tropa de choque logo escolheria um outro alvo para os ataques. Infelizmente, a reserva moral do Governo Lula é o alvo da vez na estande de tiro bolsonarista. 

P.S.: Contexto Político: Estávamos mantendo hoje um diálogo com um experiente professor da UFPE. Em certo momento ele observou um outro cálculo na escolha de Flávio Dino para o STF: A sucessão presidencial de 2016, no escopo da base governista, onde o maranhense passava incomodar aqueles atores políticos que gravitam mais próximo ao morubixaba petista e que desejam serem ungidos por ele como sucessores. A hipótese não é de todo improvável. Convém ponderar a respeito. 

Editorial: Uma festa bolsonarista na posse de Javier Milei.


Segundo informes do jornalista Josias de Souza, em sua coluna do portal UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro encabeça uma expressiva comitiva de brasileiros que estão indo à Argentina para participarem das festividades de posse do futuro presidente argentino Javier Milei. O séquito reuniria algo em torno de cinquenta pessoas, entre filhos, parlamentares, governadores de Estado, entre outros agregados ao clã. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por razões óbvias, declinou do convite, embora o futuro presidente argentino tenha tido a gentileza de formalizá-lo oficialmente, através de sua futura chanceler, Diana Mondino. Jair Bolsonaro chegou a esboçar um descontentamento com o gesto do argentino, mas, pelo andar da carruagem política, trata-se de um assunto superado.

Bolsonaro, aparentemente, a despeito dos problemas e dificuldades, procura manter sua uma agenda política num ritmo de regularidade, realizando um périplo de encontros por todo o país. Até recentemente, esteve em cidades importantes do Estado do Rio Grande do Norte, atraindo multidões por onde passou. Os embaraços jurídicos e burocráticos, no entanto, continuam a assombrar suas noites mal-dormidas. O TCU entendeu que alguns bens recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro são bens da União e, portanto, devem ser devolvidos no prazo de quinze dias. Sinceramente? Não gostaríamos de estar na pele do ex-Presidente da República. 

Essa coisa de não se fazer a distinção correta - e o uso, certamente - entre os interesses privados e os negócios de Estado acarretam inúmeros problemas, como sugeria, há muito anos atrás, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Na História recente da República, talvez não tenha havido um presidente tão descuidado em relação a essa questão como o ex-presidente Jair Bolsonaro. As "bijuterias' doadas pela Arábia Saudita ao Governo Brasileiro, quando era presidente Jair Bolsonaro, se constitui num excepcional exemplo sobre tudo que não deveria ser feito. A Receita Federal não foi informada corretamente, servidores sofreram pressão para liberar a muamba, alguns itens foram leiloados, depois recomprados, envolvendo atores diversos, alguns deles até com patente militar. Um enredo digno dos romances policiais do escritor belga Georges Sinemon.Um rolo de dimensões gigantescas, conforme expusemos por aqui em inúmeras ocasiões. É para tirar o sono de qualquer cristão.  

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Editorial: Brasil vai mal no exame Pisa.



O Pisa é um exame que se realiza a cada três anos, entre os países membros da OCDE(Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico), além de alguns convidados, como é o caso do Brasil. Cada país membro estabelece um órgão responsável por sua aplicação. No caso do Brasil, quem realiza o exame é o INEP, vinculado ao Ministério da Educação, o mesmo órgão responsável pela aplicação do ENEM. O Pisa, o mais importante exame internacional na área de educação básica, objetiva medir a capacidade dos alunos em áreas como língua, matemática e ciências. O Brasil nunca apresentou bom desempenho por aqui, o que signifcia dizer que ainda teremos um longo caminho a percorrer até ser aceito na comunidade de países ricos, onde o ponto de corte é seis. 

Um dos critérios de ingresso nesse clubinho fechado é o desempenho dos alunos dos países membros no sistema educacional. Desta vez, no entanto, como o período abarcado envolve os tristes dias da pandemia da Covid-19, no geral, o teste apresentou um desempenho abaixo do esperado, ou seja, a queda no desempenho dos alunos foi generalizada. O Brasil não ficou sozinho. Há alguns anos atrás, publicamos, num site oficial, de uma instituição federal vinculado ao MEC, um artigo tratando deste assunto, advertindo que não chegaríamos a atingir o quociente de entrada na OCDE. Autoridade do MEC, no Governo Lula, mandou retirar o artigo. Fernando Haddad ainda era o Ministro da Educação. 

Os leitores podem imaginar, portanto, que estamos patinando neste quesito há dezenas de anos. Desde então, algumas mudanças foram introduzidas no nosso sistema educacional, mas nos parece ainda insuficientes para mudar essa realidade. Estamos colhendo bons resultados com as escolas em tempo integral, iniciativa que começou em alguns estados, mas que estão sendo incorporadas como políticas públicas federais na gestão de Camilo Santana, que governou um Estado que alcançou grandes avanços na educação nos últimos anos.    

Editorial: A batalha pela aprovação de Flávio Dino ao STF


A sabatina está agendada para a próxima semana, dia 13. A possibilidade de um nome indicado pelo Executivo para ocupar uma vaga no STF ser rejeitado pelo Senado Federal, embora remota, existe. O climão existente entre senadores de oposição e o Ministro da Justiça, Flávio Dino, é o  pior possível. Alegando até motivos pessoais, como o temor por sua segurança física, reiteradas vezes o ministro deixou de comparecer às convocações formuladas por comissões do Legislativo. As indisposições de alguns senadores ao senhor Flávio Dino são pessoais. Até senadores da base aliada estão sendo convencidos pela oposição a votarem contra a indicação do ministro ao STF. O Governo Lula tem um sério problema por aqui, uma vez que não se pode confiar naqueles grêmios que entraram no Governo apenas pela conveniência de liberação de verbas e ocupação de cargos na máquina. Eles já deixaram o Governo na mão algumas vezes. 

Pouco se sabe como anda a mobilização da tropa de choque do Governo no sentido de demover as resistência ao nome de Flávio Dino. Sabe-se, porém, que senadores organicamente vinculados ao bolsonarismo movem moinhos para a infringir uma derrota ao Governo, rejeitando a indicação do ministro. Segundo um site de notícias, o próprio presidente Jair Bolsonaro estaria se empenhando nas manobras, conversando com seus aliados para votarem contra a indicação. A situação se tornou tão complicada que, talvez pela primeira vez, segundo comenta-se, os próprios ministros do STF estariam cabalando votos a favor da aprovação do nome de Flávio Dino. 

Como se sabe, o nome de Flávio Dino foi bem-recebido na Suprema Corte. O momento é bastante alvissareiro para a oposição neste momento, vamos admitir. O Governo enfrenta dificuldades na condução da política econômica, a militância bolsonarista está sendo conclamada para saírem às ruas, como [e o caso de mais uma mobilização prevista para a capital federal, no dia 10\12. As últimas convocações já não empolgaram tanto como as de outras épocas, mas não se pode substimar a capacidade de articulação da oposição. Como dissemos antes, é neste climão que o ministro Flávio Dino irá submeter o seu nome à sabatina do Senado Federal.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Raquel Lyra no PT? Já combinaram com Humberto Costa?



O morubixaba petista, por vezes, toma algumas decisões que deixam a gente confuso. Mais recentemente, contrariando sua base de sustentação política mais fidedigna, indicou o nome do Ministro da Justiça e Segurança Pública para ocupar a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Para a Procuradoria-Geral da República, indicou o nome de Paulo Gonet, igualmente contratiando sua base de apoio, que teria outro nome em mente. O arranjo para susbtituir Flávio Dino, por outro lado, passa por uma manobra que pode desagradar ainda mais a sua base, ou seja, ele pode não contemporizar os insatisfeitos do PT, como também entre os socialistas, que gostariam de ver o atual Secretário-Executivo da pasta assumindo o leme. Salvo melhor juízo, este também seria o sonho do fututo membro da Suprema Corte, Flávio Dino. 

O cálculo político aqui parece ser simples. Melhor reconstituir as pontes com o Judiciário - afinal os nomes indicados é do agrado de ministros da Corte - do que atender às bases. Elas acabariam se acomodando até as próximas eleições, quando o fantasma da volta do bolsonarismo surgir no horizonte, como uma ameaça real a  assustá-las. Nesta última viagem de Lula, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) foi convidada para integrar a comitiva presidencial presente na COP-28. Em nome da governabilidade, a governadora mantém uma linha direta com o Palácio do Planalto, desde o início do seu Governo. Algo mais aqui diz respeito às movimentações políticas da governadora, o que pode indicar uma insatisfação em permanecer no ninho tucano, conforme alguns analistas estão sugerindo.  

Com isso, abre-se uma enorme possibilidade de sua saída da legenda, apesar de integrar a safra de novos governadores eleitos no último pleito, que poderiam ingetar sangue novo na legenda tucana. Raquel já teria feito acenos para o PDT, segundo dizem com o sinal verde de Lula, assim como ao PSD, de Gilberto Kassab, partidos que integram a base aliada do Governo Lula. Como se sabe, recentemente o PSDB conduziu o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo ao comando do partido, prometendo mudanças substantivas para o grêmio voltar a ocupar os espaços políticos que ocupou em outras épocas, quando elegeu até Presidente da República por dois mandatos, caso de Fernando Henrique Cardoso.  

Perillo propõe, inclusive, que o partido lance nomes às prefeituras das principais cidades do país, o que deve incluir o Recife, naturalmente. Outro dado curioso é que o partido definiu que irá fazer oposição ao Governo Lula, com quem Raquel Lyra mantém cordiais relações. Durante a viagem em que estiveram juntos, circulou a informação de que o morubixaba petista teria convidado a governadora a ingressar no PT. Caso isso se confirme, estamos diante de uma situação que pode trazer alguns complicadores no que concerne às próximas eleições municipais no Recife, onde o Planalto cativa alguns aliados mais póximos, como é o caso do atual prefeito, João Campos(PSB-PE), que é candidatíssimo à reeleição. 

No momento, trata-se apenas de especulações. Possivelmente Raquel Lyra alimenta expectativas de um projeto de reeleição em 2026, o que significa que deve bater chapa com o hoje prefeito do Recife, João Campos. Criar embaraços para João já nas eleições municipais do próximo ano seria de bom alvitre e é essa a leitura que se faz quando a governadora "assedia" partidos de sua base de sustentação. O projeto seria enfraquecê-lo até lá. Não permitir sua reeleição em 2024 seria o ideal, mas aqui estamos tratando de uma missão quase impossível, em razão do grau de aprovação da gestão. 

Outra questão diz respeito aos arranjos internos do PT local, praticamente sob o controle do grupo do senador Humberto Costa. Humberto sempre foi o grande farol de Lula no Estado. Articulações políticas em tais dimensões, naturalmente, teriam que passar pelo seu crivo. Portanto, se é verdade que o morubixaba convidou a tucana para ingressar na legenda, vale aqui um questionamento: Está tudo acertado com o senador Humberto Costa? Se não estamos enganados, o senador chegou a ser recebido no Palácio do Campo das Princesas pela governadora. Em princípio, nada a conjecturar por aqui. Afinal, conforme afirmamos, Humberto Costa é o interlocutor privilegiado de Lula no Estado. 

Há dois meses, o Presidente Nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira, ex-Ministro da Casa-Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez uma aposta bastante inusitada. Ciro afirmou que o PT não faria um único prefeito de capital nas eleições de 2024. Não é de hoje que o partido do presidente Lula vem perdendo representatividade política nas principais capitais do país. Aliado ao PSB do prefeito João Campos, Recife se configura como uma das poucas capitais onde o partido, mesmo não sendo cabeça de chapa, pode assegurar a sua participação no controle de uma capital. 

Recife, inclusive, oferece um ingrediente que estimula ainda mais o partido a manter essa aliança com o prefeito João Campos. Depois de dois anos de mandato, o prefeito arregaça as mangas para percorrer o Estado em seu projeto de se tornar governador, reproduzindo a trajetória de seu mentor político, o ex-governador Eduardo Campos. Portanto, o grande trunfo do PT, neste momento, seria assegurar que a vice ficaria em nome de alguém da legenda, pois seria uma maneira de retormar o controle do Palácio Antonio Farias. Nesses jogos de escaramuças políticas, no entanto, duvidamos muito que o prefeito João Campos possa entregar a vice a um grupo político afeito às circunstâncias de momento, suscetível a priorizar projetos individuais em detrimento de acordos coletivos. A observação acima circunscreve-se às alas oligárquicas e burocráticas, hoje no comando da legenda. Os núcleos de base ainda preservam os princípios que nortearam a fundação do partido, na década de oitenta do século passado.

Para entender melhor o texto acima, você precisa ler também uma postagem onde abordamos o processo das eleições internas entre os tucanos, que culminou com a condução do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo para a Presidência Nacional da Legenda. O texto pode ser lido por aqui.      

Editorial: E essa onda de lacrações? Agora foi a vez do Ciro perder a esportiva.


Pululam as ondas de lacrações pelo país afora. São bolsonaristas lacrando petistas, assim como petistas lacrando bolsonaristas. Nesta briga toda, desta vez sobrou até para o ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, que acabou agredindo um rapaz, durante um show em Fortaleza, depois de ser chamado de bandido. E olha que Ciro tem se mantido equidistante dessas querelas, não se identificando nem com um lado, muito menos com o outro. O país passa por uma onda antivilizatória, onde se tornaram recorrentes  expedientes como a disseminação de fake news, promovendo verdadeiros assassinatos de reputação dos adversários políticos. Vivemos um momento de banalização da mentira. 

No escopo da descida desses degraus civilizatórios chegamos ao estágio das lacrações que, infelizmente, também estão se banalizando, tornando-se igualmente recorrentes. Ministros do STF, a exemplo de Alexandre de Moraes, assim como Luiz Roberto Barroso já passaram por essa experiência desagradável. Mais recentemente, o Deputado Federal por São Paulo, Guilherme Boulos, assim como o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, quando transitava pelo aeroporto de Brasília. 

Para não dizer que estamos puchando a brasa apenas para nossa sardinha, o Deputado Federal Nicolas Ferreira também foi violentamente atacado enquanto transitava pelos corredores da Câmara dos Deputados, em Brasília. Solicitou à Polícia Legislativa que prendesse o sujeito em flagrante delito. Desconhecemos por aqui os desdobramentos subsequentes. Não é dado ao homem público perder a esportiva. Mesmo ele estando certo, o comportamento é naturalmente rejeitado pelo público. Não é a primeira vez que o fato ocorre com o cearense, que já chegou a trocar impropérios com professores em greve, na condição de governador de Estado, o que é mais grave.

A impressão que se passa é a de que o ex-candidato encontra-se naquela condição bíblica de um João Batista pregando no deserto. Aluno aplicado, conhece como poucos a economia do país e, sempre que há oportunidade, tece suas considerações críticas sobre o rumo que o Brasil está tomando sob o Governo do PT. São previsões nada otimistas. Para o cearense, já estamos no fundo do poço. De fato, não é mole cobrir um rombo de mais de R$ 122 bilhões de déficit público. Para piorar ainda mais, no seu Estado, Ciro entrou em rota de colisão até com o irmão, o senador Cid Gomes, pelo controle do Diretório Estadual da legenda. Deve estar com os nervos à flor da pele.      

Editorial: Crise na Enel produz queda na popularidade de Tarcísio de Freitas.


Uma pane ou acidente no sistema de transmissão de energia deixou algumas áreas do estado de São Paulo às escuras, provocando grandes transtornos para a população atingida pelo apagão, que durou dias. A questão pôs em xeque a privatização das empresas que antes operavam o sistema, assim como expôs uma escala de problemas estruturais na gestão da Enel, que hoje, depois do processo de privatização, é a empresa responsável pelo sistema. A Enel, simplesmente, não teve como responder ao problema, seja por dificuldades de operacionalização da rede, seja em função de mão-de-obra qualificada, boa parte dela afastada quando do processo de privatização. Existem até estudos já conluídos - por sinal, caríssimos - com o objetivo de privatizar outras estatais,  a exemplo da SABESP, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São paulo.   

O debate em torno do assunto expôs diversas irregularidades, todas advindas do processo de privatização da companhia estatal que administrava o sistema ou, seja, ao fim e ao cabo, a privatização pode ter sido uma boa para o capital, mas representou danos irreparáveis no que concerne aos serviços prestados à população, sem falar nos aumentos inevitáveis de tarifas. Abordamos essa questão por aqui a partir de uma audiência concedida pela professora Clarice Ferraz, no Senado Federal.  

Na constelação de políticos de perfil conservador do país, ninguém tem dúvida de que o governador Tarcísio de Freitas é aquele ator político que se apresenta, por inúmeras razões, com as melhores credenciais para assumir o papel de susbtituto do capitão nas eleições presidenciais de 2026. Ele diz que não, por razoes óbvias, mas age como sim. Há poucos dias surgiram rumores de que a sua popularidade não ia muito bem, sobretudo depois do rolo do apagão. À época não entendemos muito bem, porque, a julgar pelos números divulgados pelo Instituto Paraná Pesquisas, a situação não era assim tão complicada, colocando o governador, numa eventual disputa sucessória de 2026, apenas abaixo do próprio Jair Bolsonaro, isso porque o eleitorado, fiel ao capitão, parece que não está ainda convencido sobre a sua inelegibilidade. 

O mesmo fenômeno ocorre no universo petista, pois, no horizonte,  ainda não surgiu um nome que possa substituir o morubixaba que, muito possivelmente, não será candidato em razão dos problemas de saúde e o avanço da idade. A questão que acendeu o sinal de alerta, no entanto, seria uma pesquisa para consumo interno, financiada por empresários, onde o atual governador aparece muito mal na fita no quesito popularidade. É como se a sua popularidade tivesse caído sensivelmente, depois desses acontecimentos, o que passou a preocupar os seus partidários.    

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 3 de dezembro de 2023

Editorial: João Pessoa é eleita o terceiro destino turístico do Brasil.

 


A capital da Paraíba, João Pessoa, foi eleita o terceiro destino turístico do país, desbancando pólos turísticos consagrados, a exemplo de Gramado, Foz do Iguaçu, Ouro Preto, entre outros. A nós, que conhecemos bem a cidade, não surpreende tal colocação, mais do que merecida, em razão dos grandes atrativos oferecidos por Jampa aos visitantes. De há muito que a capital do Estado se tornou um dos melhores locais para se viver no país, em razão da qualidade de vida proporcionada, aliada aos baixos custos, o que eleva sua taxa de custo-benefício, possivelmente o melhor rankinhado entre as capitais do país. Nos últimos meses temos observado o grande número de restaurantes de culinária especializada que estão se instalando na cidade. Comida regional nordestina, comida tipicamente paraibana, comida mineira, além de outras opções. 

Há algumas décadas existe na cidade um típico restaurante de comida regional. Houve um tempo em que se costumava dizer que, se você fosse até a capital e não conhecesse tal restaurante não teria ido a cidade. Hoje esses pólos gastronômicos estão se espalhando, reunindo multidões em locais como o Sítio Histórico, no  centro da cidade, e até mesmo em locais menos badalados, mas que o oferecem o melhor da gastronomia nordestina, como o Mercado da Torre, onde existem barracas que oferecem pratos com cuscuz, inhame, batata doce, acompanhados de carne de sol, carne de bode, galinha caipira, entre outros. Por essa época do ano, você ainda encontra as mangas espadas de Santa Rita, as mangas rosas peito de moça e as légitimas castanhas de caju brejeira, realmente assadas em tachos, sob o fogo de palhas de bananeiras. Estão vendendo por aí umas "fritas' no óleo de soja, que faz um mal danado à saúde. Jamais atingem o mesmo sabor.  

Já deu água na boca e olha que nem começamos a tratar ainda dos demais atrativos, como as praias centrais, as feirinhas e mercados de artesanato, o point do Busto de Tamandaré, que reúne todas as tribos, com atrações que se destinam a todas as idades. Há 25 kilômetros dali, as melhores praias do Litoral Sul, como Tambaba, Coqueirinho, Gramamme, Praia do Amor, Tabatinda. O ideal seria se hospedar em Jacumã, mas se não houver muito tempo, contrate um passeio de buggy. 

Foi à praia de Tambau pela manhã, tomou um sorvete de cacau africano na Friberg, à tarde, vá até à Praia do Jacaré acompanhar o melhor pôr do sol do planeta, ouvindo o Bolero de Ravel, na interpretação de Jurandir, que este ano foi assunto até do ENEM. Se estiver acompanhada de criança, não deixe de ir à Bica, que é o nosso Parque Zoobotânico, fazer as trihas pela Mata Atlântica, comer um pastel num dos boxes, passear de pedalinho no lago. As coisas boas da vida estão na simplicidade. Aprendemos isso durante a pandemia. Uma dica de leitura para as horas de folga? Leiam Menino de Vila Operária, romance desde editor, vencedor do Prêmio José Lins do Rego, em sua categoria, no ano de 2022.  

Editorial: Tucanos que não se bicam.


Há quem afirme que a possibilidade de soerguer os tucanos seja uma missão impossível. Mas, existe, por outro lado, aqueles que acreditam nessa possibilidade, ainda que se trate de uma tarefa hercúlea. Ainda existe muitas divisões na legenda. A eleição recente do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, pode contribuir para apaziguar os ânimos entre alas divergentes da legenda, mas o ex-governador irá precisar usar de toda a sua habilidade política para tanto. Mal assumiu o cargo, já existe uma disputa aberta, pelo controle do Instituto Teotônio Vilela, que concentra boa parte dos recursos do fundo partidário. A disputa é  entre as alas do Deputado Federal Aécio Neves e os demais deputados eleitos pela legenda, que já ameaçaram, até mesmo, sair do partido. 

Apesar de ter se recolhido aos seus aposentos por um tempo, o ex-senador Aécio Neves, com a eleição de Marconi Perillo, dá uma demonstração que de ainda possui algum capital político na legenda. Alas como a liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apoiavam os nomes de José Aníbal e Tasso Jereissati para a Presidência Nacional do partido. Aécio Neves só concorda com Eduardo Leite quanto às eleições presidenciais de 2026, ou seja, ele também endossa a tese de que o governador gaúcho é a bola da vez. O cálculo político aqui é simples: o neto de Tancredo Neves sabe que não poderá voltar a aspirar ao cargo. Segundo comenta-se nas coxias, Aécio Neves é candidato ao Palácio Tiradentes, nas eleições de 2026.  

Em Pernambuco ocorre um fato curioso. A governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) emite todos os indícios de que estaria com um pé fora do partido, embora integre a nova safra de governadores eleitos pela legenda nas últimas eleições, o que, segundo nossas perspectivas, poderia injetar sangue novo ao grêmio tucano. Raquel Lyra tem mantido um excelente diálogo com o Planalto, de onde já se especula que poderia ingressar numa legenda aliada ao Governo Lula. O PDT fechou as portas à tucana, sobretudo por ser controlado no Estado por um grupo rival da atual governadora nas querelas paroquiais do país de Caruaru. De feeling político bastante apurado, o bruxo Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, estaria trabalhando nos bastidores com a possibilidade de filiar a governadora Raquel Lyra à legenda. Raquel já anda abrindo espaço no Governo ao partido, o que sugere que as negociações estão bem encaminhadas.  

Um dos projetos do atual presidente do partido é reconstituir o ninho mais emplumado dos tucanos: São Paulo, onde o partido vem perdendo espaço considerável. Para as próximas eleições municipais, a proposta é a de que se constituam alternativas de candidaturas nas principais cidades do país. Perillo lamenta que o partido não tenha lançado candidato à Presidência da República nas últimas eleições. Na realidade, o partido até tentou. Realizou prévias e tudo. O problema são as divisões internas, não completamente sanadas, a julgar pela disputa em torno do Instituto Teotônio Vilela. 

Em São Paulo, nas próximas eleições, é bem provável que o partido acompanhe os passos do atual governador, Tarcísio de Freitas, em vias de fechar um acordo com Ricardo Nunes, que deve se candidatar à reeleição. A eventual candidata socialista, a Deputada Federal Tabata Amaral teria procurado as lideranças locais do partido em busca de apoio ao seu projeto de ocupar a cadeira do Edifício Matarazzo. Ocorre, porém, que Tabata ainda é da base de apoio ao Governo Lula. Uma das premissas que acompanham a eleição de Perillo como presidente nacional da legenda é a de abrir uma trincheira de oposição radical ao Governo.   

Editorial: A calorosa recepção ao ex-presidente Bolsonaro em Parnamirim.


Parnamirim é considerada a segunda cidade mais importante do Estado do Rio Grande do Norte, ficando abaixo apenas da capital Natal. Anunciada com uma certa antecedência, aguardávamos, com aquela expectativa de analista, a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro naquela cidade potiguar. Reduto petista, o Estado do Rio Grande do Norte é governado por Fátima Bezerra, filiada ao partida ao PT. Reduto petista é força de expressão, porque, na realidade, há, no estado, assim como ocorre em toda a região Nordeste, uma presença nada desprezível do bolsonarismo. Que o diga o senador Rogério Marinho, representante do Estado na Câmara Alta, ex-ministro do Governo Bolsonaro.  

O ex-presidente cumpre hoje uma missão partidária, percorrendo o país, adubando as bases, de olhos nas próximas eleições municipais de 2024. Se houve um momento de abatimento logo depois da derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alguns meses depois, o Jair Bolsonaro sugere que voltou a tomar gosto pela atividade, expondo-se cada vez mais em público, num périplo por todo o país. Curioso que as trupe que sempre o acomonha nessas ocasiçoes parece esquecer que ele encontra-se inelegível e terá que se contentar com alguém que possa assumir a orfandade do bolsonarismo. Legalmente, ele não poderá voltar a ser candidato em 2026.  

A julgar por um levantamento recentemente realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, no imaginário dos bolsonaristas, o mito é insubstituível. Tomando o pulso para as eleições presidenciais de 2026, o instituto constatou que, se dependesse da vontade única dos bolsonaristas, teríamos um novo páreo entre o Lula e Jair Bolsonaro. O que nos surpreende é que, a despeito dos solavancos, inclusive sob denúncias e condenações, o capital político do bolsonarismo continua inalterado desde então. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ainda está distante de credenciar-se como herdeiro legítimo do bolsonarismo. Pelo menos junto aos próprios seguidores do capitão.  

Charge1 Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 2 de dezembro de 2023

Editorial: Uma CPI para o caso Braskem?



Há, realmente, algumas CPIs que são propostas apenas para atender às conveniências políticas dos grupos que fazem oposição ao Governo, como é o caso, por exemplo, de uma proposta esdrúxula de criação de uma CPI sobre a "Dama do Tráfico", aquele caso rumoroso em que, em circunstâncias bastante particulares, uma senhora que é casada com um suposto membro do Comando Vermelho foi recebida em audiência no Ministério da Justiça. Há, por outro lado, CPIs importantes, como as que foram criadas com o propósito de investigar as ações das Ongs que atuam na região da Amazonas, assim como a que investigou a atuação de atores políticos e partidários que participaram do movimento golpista que culminou com as ações do dia 08 de janeiro. Igualmente importante, a CPI da Covid, magistralmente conduzida pelo senador Omar Aziz, que apresentou um relatório impecável, infelizmente travado nas instâncias subsequentes.  

Algumas CPIs, de fato, não dão em nada, como nos alertou uma internauta pelas redes sociais, numa postagem que sugere uma CPI para investigar as circunstâncias da atuação da empresa Braskem no Estado de Alagoas. Exemplos não faltam, como a que investigou as irregularidades dos balanços contábeis das Americanas, que acabou por não propor o indiciamento dos principais responsáveis. Uma das razões pelas quais uma CPI pode não dar em nada é que isso não depende apenas da boa vontade dos Deputados, Senadores, Presidente ou Relator. 

Sobretudo nesses tempos bicudos de indisposição entre os Poderes da República, em alguns casos, dependendo dos humores políticos,  as coisas imperram, não andam. Até recentemente, a Oposição conseguiu as assinaturas necessárias para a instalação da CPI do Abuso de Autoridade. Os parlamentares não escondem que o objetivo visa rediscutir a atuação de órgãos como o STF e o STE. Ficamos aqui apenas a imaginar como seria uma convocação daquele ministro que é odiado pelos bolsonaristas. No caso da Braskem, segundo as reportagens que tivemos acesso até o momento, há uma série de irregularidades que poderiam vir à tona numa CPI, o que já seria de bom alvitre. O senador Renan Calheiros estaria arregimentando esforços para a criação de uma CPI neste sentido. 

Editorial: Flávio Dino repudia campanha contra sua indicação ao STF.


Circula um abaixo-assinado, proposto pelo partido Novo, contra a indicação do Ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. Até o dia de ontem, o documento já havia obtido mais de 360 mil assinaturas. Matéria da editoria de política do Estadão conseguiu realizar uma retrospectiva sobre a história de poder do clã familiar do atual Ministro da Justiça, a partir de uma dissertação de mestrado concluída na Universidade Federal do Maranhão, onde Flávio Dino foi professor. É uma história de poder que vem desde o Império, conforme observa o jornal. Há, de fato, algumas questões envolvendo essas complexas relações de poder que poderiam ser dirimidas, como a relação de Flávio Dino com o sarneizismo no Estado do Maranhão. 

O sarneizismo praticamente não tem inimigos no Estado. No máximo adversários e, mesmo assim, pontualmente, como é o caso de Flávio Dino, que está recebendo apoio do chefe do clã Sarney em sua campanha pela indicação ao STF. Quando chegou ao poder no Maranhão, algo festejado como o fim da oligarquia Sarney, Flávio Dino subiu ao Palácio dos Leões ladeado por velhas raposas políticas que haviam servido e, posteriormente, se tornado desafetos do clã Sarney. É controverso, portanto, falarmos aqui no fim de uma oligarquia que estava no poder há cincoenta anos. 

Aliás, tanto a UFAL quando a UFPE fizeram uma bela homenagem ao ilustre estudante, que passou pelos seus bancos e está chegando ao ápice da carreira, depois de impossado no STF. Flávio Dino estudou e foi professor da UFAL, concluindo seu mestrado na tradicional Faculdade de Direito do Recife, da UFPE. Por aqui, ainda estamos lidando com manifestações normais, aceitáveis, dentro do escopo republicano. Sabe-se que a intenção do jornal pode não ter sido apenas reconstituir a trajetória de poder do clã da família Flávio Dino, mas aceita-se a investigação jornalística. Vamos combinar assim. 

O que se torna inaceitável são os vídeos que estão circulando nas redes sociais, em campanha aberta contra a indicação do ministro ao STF, utilizando-se de expedientes abjetos, bem ao estilo das campanhas difamatórias, com aquelas digitais conhecidas por todos. Infelizmente, essas práticas se tornaram recorrentes no país, no contexto do uso da mentira como arma política. Tal prática sucumbiu o bom debate político de outrora, abrindo espaço para o vale-tudo das campanhas difamatórias. Através de seu perfil do Twitter, o ministro repudiou esse jogo sujo.