Começou a caça às bruxas no Governo da Paraíba. O governador Ricardo Coutinho(PSB) prepara a degola. São milhares de cargos de confiança que serão exonerados, em razão de desincompatibilização de função - alguns serão candidatos - e outros em razão de motivações políticas mesmo. Ricardo Coutinho chegou a conclusão de que alguns deles estão no Governo, mas fazem oposição. Alguns desses cargos, inclusive um secretário de Estado, são ligados ao senador Cássio Cunha Lima(PSDB), que deverá sair candidato nas próximas eleições. A disputa ao Governo do Estado nas próximas eleições promete uma disputa acirradíssima. A criatura deverá enfrentar o criador. Em 2010, ambos, Ricardo e Cássio, estavam no mesmo palanque. Agora deverão disputar assento no Palácio Redenção. Profundo conhecedor das engrenagens da política paraibana, Cássio Cunha Lima leva algumas vantagens sobre o oponente, apesar da caneta. Apesar de sua meteórica carreira política - de vereador a governador em apenas 13 anos - Ricardo Coutinho ainda tem muitas dificuldades de penetração nos chamados "grotões", dominados pela família Cunha Lima. Por enquanto, os palanques de Aécio e Eduardo estão armados naquele Estado. Dilma continua órfã.
PT AJUDOU A CONDENAR O DIRCEU
Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada
Não deve parecer estranho que a nota oficial do Diretório Nacional do PT, da semana passada, tenha sido tão discreta ao defender o José Dirceu, condenado à prisão perpétua pelo Presidente Joaquim Barbosa.
Aliás, o PT jamais mencionou pelo nome os companheiros condenados.
O PT defendeu os condenados do mensalão com o constrangimento de quem é obrigado a proteger o genro chantagista.
(Ou não foi o PT que demitiu e depois readmitiu o Delúbio? Não foi o PT que tirou o Genoino da Presidência? E trata o Dirceu como se fosse chefe de ONG?)
E por que?
Porque o PT fez, como a UDN, uma interpretação moral do mensalão, ou melhor, da AP 470.
O PT ficou com vergonha de seus líderes.
O Tarso Genro, o José Eduardo Cardozo, o zé do Dantas, esses, então, só não celebraram porque seria um erro político fatal.
O PT jamais enfrentou o Supremo.
E jamais enfrentou o Supremo na arena em que o Supremo julgou a liderança petista: na arena política.
Dirceu, Genoino e João Paulo foram condenados sem prova.
E Delúbio cometeu um crime eleitoral, já prescrito, o de Caixa 2.
O PT ganhou a eleição de 2002 e dois de seus principais aliados estavam quebrados: o PTB de Roberto Jefferson, e o PL de José Alencar.
O que ia fazer o Dirceu?
Renunciar à vitória e não deixar o Lula governar?
Ele fez o que TODOS os partidos brasileiros fazem – com exceção, é claro, do imaculado PSDB: mandou o Delúbio recorrer ao Caixa 2..
O PT corria o risco de levar e não governar.
O que esteve em jogo no Supremo foi se o PT tinha o direito de governar, mesmo depois de ganhar a eleição.
Quando o Ministério Público Federal, sob a batuta do inesquecível Antonio Fernando – depois advogado de Daniel Dantas – denunciou “Ali Babá e os 40 ladrões”, para regozijo do PiG, quis dizer assim: se o Lula botar a cabeça pra fora, a gente pega o Ali Babá!
O Supremo queria, nessa ordem: a cabeça do Dirceu, Genoino, Gushiken e João Paulo.
Depois, a do Lula e da Dilma.
Foram trucidados três presidentes do PT – Gushiken, Dirceu e Genoino e um Presidente da Câmara, o João Paulo, na linha direta de sucessão do Presidente.
(Gushiken foi absolvido à beira da morte, sem ouvir a retratação do Pizolatto).
O objetivo do Supremo não era “restaurar a moralidade”!
Era decepar o PT.
E conseguiu.
Com a ajuda do PT.
Porque o PT – a “UDN de tamancas”, segundo o Darci Ribeiro – se deixou conduzir pela cantilena moralista.
E o que estava em jogo era o PODER !
Não era Ética, a Ética do Gilmar Dantas.
A nota do Diretório revela que o PT não entendeu a relevância da queda do crime de quadrilha, nos embargos infringentes.
O Joaquim Barbosa e o Ataulfo Merval de Paiva entenderam perfeitamente.
É porque sem o crime de quadrilha não tem domínio de fato.
Sem a quadrilha, o Dirceu dominava o que?
Que quadrilha?
A de São João?
A queda do crime de quadrilha desmancha a lógica de toda a condenação dos petistas.
E é por isso que a revisão criminal se torna inevitável.
O que pode permitir, eventualmente, que Dirceu reassuma o controle político do PT, formalmente, mais cedo do que se pensa.
O Barbosa entendeu a natureza do julgamento muito mais do que o PT.
Barbosa entendeu que o gesto desafiador do Dirceu – e do Genoino – , com os punhos cerrados, erguidos, atingia o estômago do processo.
Eu não fui condenado – e muito menos derrotado, diz o gesto.
E é por isso que Barbosa deixará Dirceu na masmorra enquanto for tolerável.
Até o ponto em que não contribuir para reforçar a imagem de mártir que já cobre Dirceu.
Pouco antes de ser preso, um dos condenados disse ao ansioso blogueiro:
“Eles acham que vão nos derrotar, nos abater? Eles não entendem do que somos feitos. Nós somos quadros. Nós somos de Partido. Nós vamos fazer o que fazemos até a morte. Nós não temos compulsória aos 70 anos.”
Dirceu pode estar na rua, em regime aberto, por volta de novembro.
Quem mais teme esse momento não é o Barbosa, que já terá ido embora.
É o PT.
PS do Viomundo: José Dirceu é odiado por muitos. Inclusive na esquerda. Não pelos seus muitos defeitos, mas por seus méritos. É um estrategista brilhante. É inteligente. Bem informado. Corajoso. Como me disse hoje João Vicente Goulart, o filho do Jango, ninguém chuta cachorro morto. Jango estava vivo e provavelmente se elegeria presidente em 1965. Ou ele, ou Juscelino. O resto é picaretagem historialista de… deixa pra lá. O motivo de alguns petistas desejarem o enterro de Dirceu é o medo da sombra de Dirceu. São aqueles que vivem apenas de sugar o brilho alheio. Os arrivistas. Os capachos. Alguns alcançaram inclusive o ministério de Dilma pela capacidade de dizer amém. Os amigos jornalistas que me restaram na mídia patronal dizem: “A melhor forma de f…. o PT é ouvir um petista em off. Estão sempre querendo destruir uns aos outros”. Uma vergonha.
(Publicado Originalmente no Viomundo)