O Ministério Público de Pernambuco, segundo informações, teria determinado que o batuque dos maracatus podem se estender para além das 02:30 horas da madrugada, no limite máximo até as 05:00 horas. Depois da repercussão negativa, o Governo do Estado tratou de explicar que não teria dado nenhuma ordem no sentido de coibir as batidas para além das 02:30 horas da manhã. Estão ocorrendo algumas coisas curiosas com a segurança pública do Estado. Para ser otimista, apenas um ruído na comunicação. Numa hipótese mais pessimista, a ausência de um comando, fato muito grave. Foi a própria Polícia Militar que agiu para reprimir a manifestação da cultura popular. Isso ocorre quando o próprio aparato militar se arvora como intérprete da lei, numa excepcionalidade próxima ao Estado de Exceção. O que não vem faltando na segurança pública do Estado são juristas e cientistas sociais que, não raro, extrapolam as suas funções sejam em declarações infelizes ou na adoção de medidas concretas, como essa última, que reprimiu uma manifestação cultural tão importante para o Estado, como o maracatu. Conforme já informamos, cerceando a liberdade de manifestação, relembrando os idos do Estado Novo, quando os cultos de origem afro-brasileiros e os protestantes eram perseguidos pela polícia de Agamenon Magalhães. Pay attention, senhor secretário.
Já houve um período em que o PT pernambucano foi bem mais resoluto em suas decisões. Na década de 80, por exemplo, expulsou de suas fileiras o então candidato a deputado Arthur Lima Cavalcanti, acusado de abuso do poder econômico. No plano nacional, então, coerente com a sua característica de centralização, afastou sumariamente integrantes que contrariaram as posições do partido no que concerne à Constituição de 1988, hoje, admitida por alguns caciques como uma posição equivocada. Em seu processo de institucionalização, tendências radicais como a Convergência Socialista foram convidadas a deixar o partido. Hoje esse grupo se encontra no PSTU. No Estado da Paraíba - onde o partido vive uma situação muito semelhante à nossa - os processos de expulsão já foram iniciados. Quem desejar continuar no Governo de Ricardo Coutinho (PSB) terá que desligar-se da agremiação. Aqui em Pernambuco, no entanto, permanece o imbróglio. Protagonista do rumo da política pernambucana até recentemente, o partido tornou-se apenas uma peça na engrenagem do projeto político do governador Eduardo Campos, atuando num vácuo político perigoso, onde não moveu uma palha para se desvencilhar. Aceitou as migalhas, traduzidas nos DAS, nas benesses e outros penduricalhos inerentes ao poder. Não recusa um convite para as orgias gastronômicas promovidas no bairro de Dois Irmãos. Política é sobretudo diálogo, mas até isso tem um limite. A deputada Tereza Leitão precisa adotar medidas mais concretas no sentido de emparedar esse grupo que insiste em permanecer no Governo de Eduardo Campos ou na Prefeitura da Cidade do Recife. A cada dia Eduardo incorpora a condição de um adversário do projeto coletivo da agremiação, como no último encontro da aliança Rede/PSB. Do contrário, eles terão que admitir que o vermelho, assim como ocorre com o queijo do reino, é só fachada. O PT precisa retomar a sua condição de uma ator político importante no cenário pernambucano e posturas vacilantes como essa não ajudam muito.