pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Lula dá o start para as eleições presidenciais de 2022
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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Editorial: Lula dá o start para as eleições presidenciais de 2022



O país, como se sabe, está mergulhado numa profunda crise institucional. Difícil mesmo fazer alguma previsão sobre seu desfecho, uma vez que, em alguns casos, a prudência e o bom-senso foram abandonados e pululam atores políticos - e até do meio artístico - com o propósito de colocarem mais combustível na fogueira, assumindo o papel de incendiários, apostando no quanto pior melhor. Uma aposta preocupante para as nossas instituições democráticas, assediadas e fragilizadas ao longo dos últimos anos, com atos que atentam até mesmo contra a sua existência. Nem mesmo as medidas restritivas de liberdade como a imposta a um ex-deputado, que teve a prisão decretada em razão de atos que ferem os princípios constitucionais, conseguiram atingir os efeitos pedagógicos de frear o ímpeto e arroubos de uma horda de atores que se insurgem contra as instituições - conforme é o caso do Menino da Porteira - que, em vídeo, propõe a radicalização de uma possível pararalização das atividades dos caminhoneiros, prevista para setembro. 

Nosso tecido democrático não resistiria ao aprofundamento dessa crise institucional, somada a uma crise econômica, social e sanitária, sem previsão de arrefecimento. No campo da saúde pública - a despeito da ampliação do programa de vacinação e a estabilização de casos de mortes e infecções pelo corona vírus, a nova cepa conhecida como Delta ainda preocupa bastante. Desemprego e inflação em alta corroem o tecido econômico, colocando em risco os mais socialmente fragilizados. Jamais se poderia pensar numa radicalização política neste momento. Aliás, objetivamente, em momento algum. 

É dever de todos buscar o diálogo, construir pontes, costurar consenso, serenar os ânimos, pensar no coletivo. Louvável aqui a atitude do grupo majoritário da CPI da Covid-19, que tem usado da ponderação necessária na condução daqueles trabalhos, aparando arestas, minimizando embates desnecessários, como uma acareação entre o Ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni e o deputado Luiz Miranda, acerca de fatos ocorridos nas coxias do poder, em Brasília.  E, por falar em ponderação, desembarcou ontem aqui no Recife o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Viçoso, elegante e diplomático, costura uma ponte aliancista com os socialistas, de olho nas eleições presidenciais de 2022. 

Antes, porém, convém observar que há evidentes indícios de uma fratura entre os socialistas locais, um fato que já se observa desde algum tempo, principalmente por ocasião para a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados.  Sob a liderança do ex-governador Eduardo Campos, o grupo era mais coeso. Este fato ajuda a entender porque eles espõem divergências quanto a consolidar, desde já, uma aliança com o ex-presidente Lula, embora o governador Paulo Câmara(PSB-PE) tenha se desmanchado em elogios ao ex-presidente Lula através das redes sociais. O principal herdeiro do espólio político dos socialistas no Estado, o prefeito João Campos(PSB-PE), no entanto, ainda demonstra reticências em relação ao assunto.   

Por outro lado, o ex-ministro Ciro Gomes(PDT) também tem sondado os socialistas, igualmente de olho nas eleições presidenciais de 2022. Aliás, diferentemente de Lula, que foi abandonado nas eleições municipais, o ex-governador Ciro Gomes participou diretamente daquela campanha.Pelo andar da carruagem política, entendo, hoje, ser mais provável uma aliança entre socialistas e petistas, em razão da polarização política que o país atravessa. 

O eleitorado, no entanto, parece um pouco saturado com esta conjuntura, de acordo com levantamento de pesquisas qualitativas realizados mais recentemente. Ciro Gomes(PDT-CE),no entanto, não consegue descolar-se de um eleitorado consolidado, o que dificulta apresentar-se como esta alternativa. Como ainda teremos algum tempo pela frente, não é de todo improvável que surja no horizonte um nome com potencial de fazer frente a esta polarização entre lulistas e bolsonaristas.  

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