Talvez um pouco embalada por essas pesquisas, a chamada terceira-via da política brasileira começa a apresentar sua cara ao eleitorado. Esse espectro político é relativamente amplo, mas se conforma ali, para efeitos didáticos, entre as candidaturas de Lula e Bolsonaro, ocupando o espaço do centro ao centro-direita. O PDT continua firme, trabalhando o nome do candidato Ciro Gomes(PDT-CE), que já monta palanques em diversos Estados da federação, principalmente no Nordeste, um tradicional reduto petista.
Algumas dessas alternativas de candidaturas da terceira-via ainda não passam de meros esboços ou especulações, como é o caso do nome do Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(DEM-MG), que ficou bastante animado com o escore de 1% que ele apresenta numa das pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República. Rodrigo Pacheco, aliás, agigantou-se nos últimos embates políticos, em razão de sua defesa intransigente da Constituição Federal, da democracia e suas instituições,como, aliás, se esperava de um presidente do Congresso Nacional. Nas coxias especula que Gilberto Kassab, do PSD, poderia estar animado com a possibilidade de uma candidatura presidencial do senador. Outro nome com este mesmo perfil é o da senadora Simone Tibet(MDB-MS),que cumpre um papel dos mais relevantes e republicanos nos trabalhos da CPI da Covid. Demonstra muito preparo e seria, certamente, um bom nome para concorrer à Presidência da República.
Embora o nome do candidato tucano ainda não tenha sido definido - posto que se pretende que a escolha se dê através das prévias - pelo menos no seu ninho da mais alta plumagem, São Paulo,o start parece que já foi dado, a julgar por uma longa entrevista do governador João Dória(PSDB-SP), acompanhada por este editor, no dia de hoje, quando se dirigia ao trabalho. Ontem ele anunciou com grande pompa que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia(Sem Partido), ocuparia uma secretaia estratégica em seu governo, onde estaria, entre suas funções, tratar de temas como as privatizações.
Sabe-se, no entanto, que ele ocupará um papel estratégico,sim, mas nas costuras políticas que objetivam viabilizar o nome do governador João Dória como um candidato competitivo às eleições presidenciais de 2022. O capital político obtido por Rodrigo Maia na condição de Presidente da Câmara dos Deputados pode-se constituir num trunfo importante para o projeto político do governador João Dória(PSDB-SP). Não nutro grandes simpatias por Dória, mas não há como deixar de reconhecer a sua condição de um obstinado. Deve jogar pesado para vencer as prévias entre os postulantes,como o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB-RS). Entre os tucanos, há até aqueles que não desejam alçar voos agora, mas apoiar um nome de outra legenda, como é o caso do ex-senador Aécio Neves(PSDB-MG). O antes reticente e ponderado ex-presidente Fernando Henrique Cardoso(PSDB-SP) emite indicativos de que apoiaria o voo do tucano João Dória.
Na próxima semana, Dória deve desembarcar aqui na província pernambucana, onde encontra-se com o staff tucano local. Sobe a Serra das Russas para experimentar a famosa chã de bode do Alto do Moura, acompanhado da simpática prefeita Raquel Lyra. Há muitos anos atrás - quando dos arroubos da juventude - um grande amigo dizia que este editor já tinha o discurso pronto, na ponta da língua, tudo muito bem arrumado e articulado. Pois bem. O Dória, já tem um discurso pronto para apresentar-se ao eleitorado na condição de alternativa desta terceira-via, ou seja, faz críticas contudentes ao atual Governo do presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido) e acena para o eleitorado dos segmentos sociais mais fragilizados, justamente aquele eleitorado mais identificado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Assim, ele espera quebrar essa polarização, tornando-se um nome viável na corrida presidencial de 2022.
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