Um jogo de intrigas envolvendo uma sucessão no FBI acabou com a renúncia do presidente Richard Nixon, nos Estados Unidos. Mark Felt vinha trabalhando para assumir o cargo, mas foi preterido pelo presidente, que resolveu indicar um outro nome de sua confiança para assumir o cargo. Quando estourou o Escândalo Watergate, Felt, que conhecia bem as artimanhas do órgão naquele episódio, passou a auxiliar dois jovens repórteres do Washington Post em suas matérias sobre o caso, desmontando a tese de que a invasão do Partido Democrata se travava de um simples arrombamento, algo realizado por delinquentes comuns.
Ao contrário, agentes de Estado - ou falsos agentes de Estado, para ser mais preciso, uma vez que cruzaram a "linha" - haviam sido utilizados de forma irregular para plantar escutas na sede do partido, com o objetivo de favorecer o projeto de reeleição de Nixon. Mantendo o anonimato, Felt passou a se encontrar em locais esmos, como estacionamento de prédios, com o propósito de checar as investigações e subsidiar ar matérias que estavam sendo produzidas pelos dois repórteres. Sugere-se que este tenha sido o primeiro caso de jornalismo investigativo do mundo. Numa dessas conversas, Felt recomendou aos repórteres que seguissem o dinheiro para desvendar o novelho da trama que havia sido orquestrada pelo comitê de reeleição de Nixon.
Hoje, depois das notícias envolvendo a prisão do general Braga Netto, surgiram rumores sobre uma caixa de vinho com dinheiro que andou circulando, que tinha como destino gente das tropas especiais envolvida na tentativa de golpe e, mais emblemático, a doação, segundo um delator, teria sido oferta do agro. Com isso fica provada as digitais de gente ligado ao agronegócio na trama da tentativa de golpe, o que não se constitui, necessariamente, numa surpresa, dadas as indisposições desse nicho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.