As visitas da presidente Dilma Rousseff a região Nordeste,
sobretudo nos últimos meses, estão sendo marcadas por alguns simbolismos
inevitáveis. Um deles é a contenda com o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, que parece mesmo decidido a lançar seu nome à disputa presiencial de
2014. Tradicional reduto petista, a região coloca a popularidade de Dilma
Rousseff nas alturas, conferindo-lhes uma alta taxa de aprovação, a despeito
dos problemas enfrentados, como uma seca prolongada, a maior nas últimas
dédacas, responsável por um grande drama social. Caso se vaibilize mesmo como candidato - ele afirma que não entra na
disputa com menos de 10% das intenções de voto – a idéia de não se colocar como
um adversário de Dilma, mas como um aliado que pode “fazer mais”, além do fato
de ser um líder na região, de fato, como já afirmamos, foi suficiente para
acender a luz amarela no Planalto. Lula tem tranqüilizado a companheirada,
afirmando não acreditar nessa candidatura. Em todo caso, melhor não se descuidar. O Nordeste foi fundamental para a eleição de Dilma Rousseff nas últimas eleições. Por isso mesmo, o Planalto vem ampliando a agenda da presidente na região, inclusive em Estados governados pelos socialistas. Seu ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, continua entre a cruz e a espada. Logo, logo terá que fazer uma escolha de sofia.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Mais carne às hienas: Borges assume o Ministério dos Transportes.
A presidente Dilma Rousseff deverá mesmo nomear o
ex-governador baiano César Borges(PR), um ex-carlista de carteirinha assinada, para o ministério dos Transportes, em
substituição a José Carlos Passos. Passos foi um dos que sobreviveram à faxina
ética desencadeada por Dilma, que defenestrou daquela pasta Alfredo Nascimento. Cioso das responsabilidades que assumia, diante da vigilância cerrada da opinião pública, o ex-secretário-executivo
do órgão tratou de por ordem na casa, o que significou uma rinha aberta com os parlamentares do
partido, que não o consideravam como cota da agremiação no Governo. Em última
análise, o que se pode dizer é que Passos vinha fazendo uma gestão muito
austera no órgão. A rearrumação se dá apenas para acomodar interesses
relativos às aleições de 2014, onde o PR fazia beicinho, esboçando uma
dissidência na base governista. Dilma, que já havia entregue a cabeça de Brizola Neto às hienas do PDT,
agora entrega a de José Carlos Passos às raposas do PR. A res publica fica torcendo que Borges
também substitua a copeira daquele órgão. Na época de Nascimento o café
preparado por ela era tão saboroso que havia um deputado que dava plantão
no órgão apenas para saborear a iguaria.
domingo, 31 de março de 2013
Blogsfera ameaçada? O caso de Luiz Carlos Azenha
O
sufoco por que passam os blogs não corporativos, fenômeno que vinha se
intensificando nas últimas semanas com a condenação judicial, ainda que
em primeira instância, de uma série de blogueiros – Cloaca News, Marco
Aurélio de Mello, Rodrigo Vianna, os irmãos Mário e Lino Bocchini (da
Falha de São Paulo ) - tornou-se uma questão de primeira ordem a partir
da repercussão de um post em tom de desabafo escrito por Luiz Carlos
Azenha. Nele, o jornalista e editor do Viomundo declara-se em vias de
fechar o blog por alegadamente não poder arcar com os custos de um
processo judicial movido por Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo da
Globo, os quais só na primeira fase já teriam somado 30 mil reais.
Mais do que trincheiras de militância política, os chamados "blogs
sujos" vêm se tornando, de forma cada vez mais intensa, polos de
resistência e de diversificação de enfoques e análises em um país cujo
setor comunicacional, fortemente concentrado, encontra-se assumidamente
partidarizado – contexto que, por sua vez, no contexto do jornalismo
brasileiro, gera um déficit de credibilidade que agrava ainda mais a
crise estrutural da imprensa decretada pela popularização da internet.
Arena democrática
O Viomundo ocupa uma posição privilegiada nesse cenário. Em primeiro
lugar porque, ao contrário do que logo se apressaram a proclamar membros
de uma certa esquerda que parece sempre mais interessada em desagregar e
instaurar a cizânia de modo a fazer valer suas posições, nunca foi um
blog chapa-branca. Pelo contrário: as vigorosas reportagens de Conceição
Lemes sobre a gestão federal da Saúde, o acompanhamento das greves
nacionais e da questão sindical e a reprodução de textos selecionados de
colaboradores – dentre os quais alguns dos posts mais críticos ao
governo por este blog publicados – formam, hoje, somados a textos que
apresentam uma visão mais simpática – mas não necessariamente menos
crítica – do governo Dilma , um testemunho vivo dos erros e acertos da
atual administração federal em seus mais de dois anos de vigência.
Um segundo ponto em que o Viomundo se destaca é pela qualidade de sua
caixa de comentários, que acaba diversas vezes por se transformar,
efetivamente, em um fórum de debates de bom nível, feito raro no atual
estágio da blogosfera, que os demais blogs políticos de grande
audiência, corporativos ou independentes, estão longe de repetir, com
suas igrejinhas, trolls e agressividade grassante.
Luta é pela blogsfera
É evidente que não são só por essas qualidades que lutar pela
sobrevivência do Viomundo é neste momento essencial. Descrevo-as como
forma de esconjurar o fantasma de seu possível encerramento através do
testemunho afetivo do que ele significa para mim. Mas ainda que se
tratasse de um blog minúsculo, chapa-branca e sem comentaristas – ou com
comentaristas a se digladiar agressivamente – a luta se faria
igualmente necessária, por o que está em jogo aqui é a garantia de
liberdade de expressão para além do universo capitalista das corporações
midiáticas e a manutenção dessa experiência riquíssima de participação e
debate politico que a blogosfera e as redes sociais têm propiciado no
Brasil na última década.
Creio não ser preciso me alongar
quanto a isso: é já dado histórico que, num passado recente, foram, em
larga medida, essas novas modalidades comunicacionais que, entre tantos
outros episódios, desvelaram a farsa midiática por trás de episódios
como a publicação da ficha policial falsa da candidata Dilma Roussef na
capa da Folha de S. Paulo; o aparelhamento político-partidário da
revista Veja e sua transformação em máquina de factoides e destruição de
reputações; a farsa envolvendo Lina Vieira, secretária da Receita
Federal ligada ao clã chefiado por Agripino Maia (DEM/RN); a bolinha de
papel que atingira o candidato José Serra (episódio em relação ao qual o
próprio ex-presidente Lula, em seu histórico encontro com blogueiros,
reconheceu a importância da atuação da blogosfera no restabelecimento da
verdade que o Jornal Nacional estava a falsear).
Através dessa
atuação a blogsfera política foi ganhando respeitabilidade, audiência,
proliferando em novos blogs – e hoje, embora ainda esteja longe de
oferecer em quantidade reportagens e matérias jornalísticas originais,
vem superando, em termos de credibilidade e para um público maior e
melhor qualificado, a mídia corporativa como fonte de análises
politicas.
De arauto a grilo falante
O que parece
essencial sublinhar, no esforço para contextualizar os fatores que
levaram à atual crise da blogosfera, é como ela passou, ao longo de
governo Dilma, de alinhada prioritária da administração federal petista à
atual condição de "persona non grata" nas hostes palacianas. Um
primeiro estranhamento se deu no período imediatamente posterior à
eleição de Dilma, em que um esperado gesto de agradecimento da eleita
para com os blogueiros que se dedicaram intensamente à sua campanha não
veio (foi no intuito de preencher tal lacuna que se organizou o encontro
de Lula - veja bem, de Lula, não de Dilma - com os blogueiros). Tal
quadro agravou-se com a nomeação de Ana de Hollanda para o Ministério da
Cultura e a adoção de uma política reacionária em relação a direitos
autorais e novas tecnologias digitais, contrária à posição dos
principais ativistas da causa no país, cuja mobilização pela eleição de
Dilma, liderados por Marcelo Branco, fora intensa.
Mas a cereja
do bolo na banana que Dilma deu à blogosfera foi sua aproximação
entusiasmada para com a mesma mídia corporativa que a difamara de todas
as formas durante a campanha eleitoral, incluindo uma visita ao programa
Ana Maria Braga e a confraternização com a fina flor do tucanato na
festa pelo aniversário Folha de S. Paulo.
Daí por diante a
blogosfera, que, embora majoritariamente unida em torno da candidatura
Dilma, nunca fora o monolito ideológico que seus adversários pintam,
passou a apresentar divisões internas mais nítidas. Uma porcentagem de
seus membros optou pela oposição sistemática ao novo governo e, embora
prevalecesse a maioria a favor, esta dividiu-se entre os blogs de apoio
irrestrito ao governo, outros de apoio crítico - entre os quais se
insere a maior parte dos blogs sob judice - e ainda outros que professam
imparcialidade jornalística. Seja como for, o apoio entusiasmado do
período de disputa eleitoral com José Serra e a pior direita deu lugar,
em larga medida, à produção de demandas políticas específicas e de
conteúdo crítico em relação ao governo Dilma. A blogosfera se
transformara em grilo falante, definiu alguém.
Mutações do poder
Nesse ínterim, o ministro Paulo Bernardo, que no início do governo
frequentava risonhamente as redes sociais prometendo disseminar a banda
larga e batendo altos papos com blogueiros, dá um block geral,
enclausura-se no interior do ministério em companhia dos acólitos das
teles e passa a qualificar os blogueiros de "vagabundos" enquanto trama
um repasse milionário do Estado para as empresas particulares de
telecomunicação, recordistas de queixas nos Procons, que, com a anuência
do governo, vendem banda larga a preço de internet por satélite e
velocidade de conexão discada.
É no contexto dessa dinâmica que
se dá, lenta e paulatinamente, o confronto entre um governo cuja
secretaria de Comunicação continua a irrigar generosamente os cofres da
mídia corporativa – da mesma mídia corporativa que muitos dos blogueiros
chama de PIG, como "homenagem" à forma implacável como tais veículos
exercem uma oposição tão cerrada quanto desqualificadora em relação ao
governo federal -, enquanto mantém a torneira fechada para os blogs e
demais órgãos de imprensa alternativos.
Pragmatismo x ideologia
A lógica por trás da ação governamental é cristalina, e se amolda a
perfeição ao seu projeto de expansão de hegemonia político-eleitoral à
revelia das questões ideológicas, priorizando alianças o mais amplas
possível (ainda que´politicamente esdrúxulas ou eticamente
insustentáveis), o desenvolvimentismo a qualquer custo e a manutenção
prioritária dos índices econômicos. Em relação a tal programa, parte
considerável da blogosfera, com suas críticas pontuais, sua memória para
com compromissos de campanha e, sobretudo, o pendor com que teima em
insistir numa tomada de posição ideológica por parte do governo,
transforma-se de aliado de primeira hora em incômodo porta-voz de
escrúpulos que se quer superados. "Com a tentativa de dar um abafa no
jornalismo independente, o governo Dilma manda um recado claro para bons
entendedores: a politização do debate não está nos seus planos, muito
menos aquela que daria ensejo a recortes de classe, ainda que somente
uma tomada de consciência", assinalou um observador arguto.
O
dado paradoxal – e revelador da importância jornalística da blogosfera e
do quanto é falsa sua visão como um bloco monolítico chapa-branca – é
que o leitor jamais se inteiraria da dinâmica de tal processo através
das fontes jornalísticas convencionais. Seria preciso investigar o
retrato do governo Dilma em blogs como os agora processados, ou, por
exemplo, os de Altamiro Borges e Maria Frô, ou mesmo este humilde
boteco, para se inteirar de tais percalços.
Problema é antigo
No atual contexto, um eventual recuo da blogosfera ante dificuldades
econômicas impostas pelo custo de processos judiciais – algo que uma
eventual combinação de litigância de má-fé e proximidade das eleições
pode tornar explosivo – significaria um tremendo retrocesso, com graves
consequências para o debate público no país e, em decorrência, para seu
próprio avanço democrático. É importante notar que tal possibilidade não
se trata de um fato novo: em um texto publicado no Observatório da
Imprensa no já longínquo ano de 2009, logo após o fechamento do blog A
Nova Corja em virtude dos custos físicos, psicológicos e financeiros dos
processos judiciais que sofrera, :
A despeito do temor de alguns
blogueiros de que alguma forma de representação coletiva venha a
comprometer sua independência, torna-se cada vez mais urgente, devido à
profusão de processos judiciários contra blogs e ao intervalo cada vez
menor entre eles, a montagem de uma rede de proteção jurídica a curto ou
médio prazo. Ela poderia ser erguida, por exemplo, com a participação
de advogados voluntários, ligados ou não a ONGs e universidades, mas
cientes da importância do papel da blogosfera independente e dispostos a
contribuir com seu tempo e saber jurídico da mesma forma generosa e
gratuita que tantos blogueiros se dedicam às atividades de pesquisa e
redação.
Reação pungente
Esse tema foi intensamente
debatido no I Encontro Nacional de Blogueiros, realizado em 2010) e,
talvez com menos intensidade e menor sentido de urgência, nos encontros
nacionais e regionais posteriores. Com a deflagração da atual crise da
blogosfera, torna-se urgente a retomada de tal debate e a efetivação
concreta de medidas reativas.
O caso Viomundo provocou uma
grande reação na blogosfera e nas redes sociais, mobilizando corações e
mentes para uma rápida reação. Uma reunião foi marcada para a próxima
terça-feira, 02/04, as 17h, no Centro de Estudos da Mídia Alternativa
Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454 – 1o. Andar – conj. 13) visando a
busca de soluções para o caso e o encaminhamento de debates visando
resolver tal impasse. Todos os interessados são convidados.
Candidatura de Marinho em SP ganha força no PT
31 de Março de 2013 às 10:05
SP247 – O prefeito reeleito de São Bernardo de
Campo, Luiz Marinho, é o primeiro nome que o ex-presidente Lula
escolheria para disputar o governo de São Paulo contra o tucano Geraldo
Alckmin no ano que vem. Ele, porém, declinou o convite e a segunda opção
do cacique petista passou a ser o ministro Alexandre Padilha, da Saúde,
maior pasta em evidência hoje no governo.
Apesar de negar ser candidato, Luiz Marinho vem ganhando força como
opção para 2014. Muitos da cúpula do PT paulista vêm dizendo que ele é a
"melhor alternativa" e "o candidato mais viável", de acordo com a
coluna de Ilimar Franco, do jornal O Globo, deste domingo. Fundador do
PT, Marinho é amigo de longa data do ex-presidente, além de ser prefeito
do município que é o berço do sindicato dos metalúrgicos, onde começou a
vida política de Lula.
Na avaliação do ex-presidente,
que concedeu entrevista ao jornal Valor Econômico nesta semana, Luiz
Marinho seria uma "figura nova", definição que vem ao encontro do
discurso de renovação do partido, o mesmo usado para eleger o prefeito
de São Paulo, Fernando Haddad. Em entrevista ao 247,
o presidente do PT-SP, Edinho Silva, não cogita o nome do prefeito de
São Bernardo como um dos possíveis candidatos, afirmando que ele "acabou
de ser reeleito".
A estratégia do PT é lançar o nome para a eleição paulista no início
do segundo semestre, a fim de facilitar a atração de aliados, como o
PMDB, que deve ficar com a vice, se for cumprido o desejo dos petistas. É
preciso ainda definir as chances dos outros nomes cogitados pela
legenda: os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e o da Fazenda,
Guido Mantega. Para Edinho Silva, todos têm condições de disputar em São
Paulo. O critério, segundo ele, deveria ser quem pode deixar o governo
federal neste momento.
(Publicado originalmente no Brasil 247)
Delfin e a doméstica que virou manicure
Veio do professor Antonio Delfim Netto a boa resposta aos sábios que
defendem uma freada na economia. Numa breve declaração à repórter
Gabriela Valente, ele disse o seguinte:
- A empregada doméstica virou manicure ou foi trabalhar num call center.
Agora, ela toma banho com sabonete Dove. A proposta desses "gênios" é
fazer com que ela volte a usar sabão de coco aumentando os juros.
Aos 84 anos, com 13 de ministério, durante os quais mandou na economia
como ninguém, mais 20 de Câmara dos Deputados, Delfim diz que o Brasil
vive um "processo civilizatório".
Graças ao restabelecimento do valor da moeda por Fernando Henrique
Cardoso e ao foco social expandido por Lula, Pindorama passa por uma
experiência semelhante à dos Estados Unidos durante o governo de
Franklin Roosevelt. Em poucas palavras: ou tem capitalismo para todo
mundo, ou não tem para ninguém.
Ao tempo dos gênios, um ministro do Trabalho disse que o Brasil não
tinha desemprego, mas gente sem condições de empregabilidade.
Em 2002 havia no país seis milhões de desocupados. Entre eles estivera o
engenheiro Odil Garcez Filho. Em 1982, quando Delfim era ministro do
Planejamento, ele fora demitido, decidiu abrir uma lanchonete na avenida
Paulista e batizou-a de "O Engenheiro que virou Suco". No vidro da
caixa colou seu diploma. Garcez morreu em 2001 e não viveu uma época em
que faltam engenheiros no mercado.
A doméstica que virou manicure da metáfora de Delfim Netto não tem
identidade, mas é um contraponto ao Brasil de Garcez, de uma época em
que os gênios viriam a atribuir a falta de absorventes femininos a um
"aquecimento da demanda", como se o Plano Cruzado tivesse interferido no
ciclo biológico das mulheres.
Com seu sabonete Dove a manicure de Delfim entrou num mercado de higiene pessoal que em 2012 faturou mais R$ 30 bilhões.
O "processo civilizatório" incomoda. Empregada doméstica com hora extra e
acesso à multa do FGTS, o sujeito de bermuda e chinelo no check-in do
aeroporto, cotistas e bolsistas do ProUni na mesma faculdade do Júnior,
são um estorvo para a ordem natural das coisas.
Como o foram a jornada de oito horas, os nordestinos migrando para São Paulo e o voto do analfabeto.
Quando Roosevelt redesenhou a sociedade americana, a oposição
republicana levou décadas para entender que estava diante de um fenômeno
histórico. Descontando-se os oito anos em que o país foi presidido pelo
general Eisenhower, ela só voltou verdadeiramente ao poder em 1969, com
Richard Nixon, 36 anos depois.
sábado, 30 de março de 2013
Fernando Bezerra Coelho entre a cruz e a espada
Dilma
Rousseff e Eduardo Campos deverão se reencontrarem novamente. No
primeiro encontro, por ocasião da inauguração de trecho da Adudora do
Pajeú, em Serra Talhada, a presidente não apenas dispensou ao
pernambucano um tratamento protocolar,mas,
em seu discurso - certamente preparado sob medida para ocasião, por
algum ghost writer do Planalto, possivelmente Gilberto Carvalho -
enfatizou a dívida de Eduardo Campos aos governos petistas, enumerando
as grandes obras do Estado que contaram com recursos do Governo Federal.
O ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, mais uma vez, ficou
entre a cruz e a espada. Mesmo com temperamento de "sargentona", com o
FBC prevalece a sensibilidade feminina de Dilma, que o trata com muito
carinho. Com Eduardo costurando sua candidatura, FBC, em algum momento,
terá que tomar uma dura decisão: afastar-se do Governo e credenciar-se a
uma aventura incerta sobre a escolha de Eduardo para a disputa do
Governo em 2014, ou, como outra opção, ficar no Governo na cota pessoal
de Dilma, pavimentando, quem sabe, um enfrentamento com Eduardo em 2014,
lançando-se candidato pelo PT.
Do Face: Aécio Neves chuta o pau da barraca no ninho tucano
Depois
de muitas chafurdações em torno do tema, duas candidaturas seguidas de
Serra, o senador Aécio Neves resolveu, literalmente, chutar o pau da
barraca. Em encontro recente no ninho tucano, abriu o jogo e afirmou,
com todas as tintas, que, se o partido
não marchar unido em torno do seu nome, já tem pronto o discurso de
renúncia de sua candidatura. Há quem condene a sua radicalização, mas,
diante das indefinições do partido, no nosso entendimento, sua atitude
não poderia ser outra. Em Pernambuco, por exemplo, apenas para ficarmos
na província, Sérgio Guerra permanece de "bico" calado sobre este
assunto, contingenciado pela aliança branca com o governador Eduardo
Campos.
Do Face:Cássio Cunha Lima condena atitude de José Serra
Em
surpreendente entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o senador Cássio
Cunha Lima declarou publicamente a sua preferência pelo
senador/presidenciável Aécio Neves (MG), como candidato do partido a
Presidência da República em 2014.
Cássio disse que “há um
constrangimento quase generalizado dentro do PSDB com a postura recente
do ex-governador e ex-presidenciável José Serra, que discordância da
postulação do senador/presidenciável Aécio Neves (MG) e ameaça deixar a
legenda.
O senador tucano disse que José Serra sempre teve
espaço importantes dentro do PSDB, tendo inclusive o aval do partido
para disputar a Presidência da República. “O partido sempre esteve ao
lado do Serra em suas candidaturas à Presidência, ao
governo (SP), à
prefeitura (SP) e ao ministério (Saúde). Agora é hora de ele estar ao
lado do PSDB", disse Cássio. Para Cássio "não é momento de projetos
pessoais, e esse movimento que Serra tem feito não engrandece o
currículo que ele tem".
Marcelo Néri assume Secretaria de Assuntos Estratégicos
Com
a saída de Moreira Franco(PMDB) da Secretaria de Assuntos Estratégicos
da Presidência da República, assume aquela pasta o economista Mercelo
Néri, da FGV, um nome bastante identificado com os estudos sobre a nova
classe média. Presidente do IPEA,
Marcelo deve mesmo acumular as duas funções. Mesmo sem os neurônios do
Robertto Mangabeira Unger - professor de Harvard aos 24 anos de idade - a
avaliação é que Moreira Franco conduziu muito bem os trabalhos naquela
pasta. Prestigiado no Planalto, assume a Aviação Civil com a missão de
por ordem na casa.
PDT cada vez mais próximo de Eduardo Campos
Ao
demitir Brizola Neto do Ministério do Trabalho, a presidente Dilma
Rousseff, literalmente, entregou a carne às hienas, neste caso
espécifico, as velhas raposas do PDT, que desejavam voltar a ter
influência no órgão onde Brizola Neto tentava
remover todos os expedientes de desvio de recursos públicos.
Estranhamente, o partido tem sido relutante em manifestar publicamente o
seu apoio ao projeto de reeleição de Dilma. Comenta-se, igualmente, que
Carlos Lupi, uma espécie de dono do feudo pedetista, tem entabulado
conversações com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que poderia
oferecer ao partido a vice na sua chapa como candidato à Presidência da
República.
Santana monta imagem de Dilma em marcas próprias.
Santana monta imagem de Dilma em marcas próprias
30 de Março de 2013 às 11:26
247 _Em dois anos de governo, a presidente Dilma Rousseff
conseguiu bater na própria figura uma série de carimbos que a
distinguem, para o bem, entre a maioria da população. Essa é a avaliação
do marqueteiro João Santana, coincidente com a da própria presidente e
seus principais conselheiros.
A queda dos juros bancários, a redução nas tarifas de energia
elétrica e a manutenção dos preços dos alimentos são, neste momento, as
"marcas próprias" de Dilma e seu governo que serão mais exploradas nas
mensagens que ela vai transmitir nos horários políticos do PT e, sem
dúvida, em seus pronunciamentos oficiais.
MOMENTO MIDIÁTICO _ O próximo grande momento midiático de Dilma vai
ocorrer no feriado de 1º de Maio, o Dia do Trabalhador. Um pacote de
desonerações de impostos para o setor de ônibus urbanos poderá ser
anunciado. A intenção é obter, ao menos, a manutenção dos preços das
tarifas. Isso aliviaria a inflação, tecnicamente, e politicamente deve
trazer mais dividendos para a imagem da presidente. Na mais recente
pesquisa Ibope, com 76% de intenções de voto Dilma exibiu taxa três
vezes maior que a da soma de seus adversários. Representaria uma vitória
folgada, e consagradora, em primeiro turno.
Os porcentuais recordes e projeções otimistas sobre o desempenho da
economia no segundo semestre proporcionam um clima de otimismo
concentrado entre o staff para as principais questões de comunicação, do
qual, além de Santana, fazem parte os ministros Fernando Pimentel e
Aloizio Mercadante, o senador Delcídio Amaral e o secretário-geral do
PT, deputado Paulo Teixeira. Todos cruzam números, e já se espera
comemorar o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre, mas ainda é
empírica a avaliação de que o segundo semestre será de aquecimento
econômico. A aposta é que as medidas do governo, centradas nas
desonerações fiscais, surtam mais efeito em combinação com as reduções
nos juros e nas tarifas de energia elétrica.
Entre dezembro e janeiro, o Ibope apurou um crescimento de 9% nas
intenções de voto da presidente. O dado levou o marqueteiro João
Santana a concluir que não há o que mudar na linha de comunicação
presidencial, mas muito a aprofundar. O slogan O fim da miséria é só um
começo, usado no momento em que Dilma anunciou ampliações do programa
Bolsa-família será sucedido por outros sobre decisões específicas.
A toda oportunidade, especialmente nos horários partidários pela
tevê, a imagem de Dilma será mostrada em dois planos: o de mãe social e
gestora eficiente. A mensagem que será bombardeada é a de uma presidente
que alavancou o desenvolvimento social e redistribuiu renda como forma
de patrocinar o ingresso do Brasil no primeiro mundo. Os benefícios
distribuidos à população, especialmente a mais pobre, fazem parte de um
plano que está dando certo, e vai tirando décadas de atraso nas
políticas sociais.
(Publicado originalmente no jornal Brasil 247)
Francisco de Assis e Francisco de Roma, artigo de Leonardo Boff
Desde que assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por
isso, Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos, o
de Assis e o de Roma. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se
remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo,
mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo que o
Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruinas”. Giotto o representou bem, mostrando Francisco suportando nos ombros o pesado edifício da Igreja.
Nós vivemos também grave crise por causa dos escândalos, internos à própria instituição eclesiástica. Ouviu-se o clamor universal (“a voz do povo é a voz de Deus”): “reparem a Igreja que se encontra em ruinas em sua moralidade e em sua credibilidade”. Foi então que se confiou a um cardeal da periferia do mundo, Bergoglio, de Buenos Aires, a missão de, como Papa, restaurar a Igreja à luz de Francisco de Assis.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inoccêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baixo mas sem romper com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais e palacianos de todas a Igreja. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos? Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente em vários escritos a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio. É uma questão de justiça.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, à diferença de Bento XVI, expressão da razão intelectual, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruinas”. Giotto o representou bem, mostrando Francisco suportando nos ombros o pesado edifício da Igreja.
Nós vivemos também grave crise por causa dos escândalos, internos à própria instituição eclesiástica. Ouviu-se o clamor universal (“a voz do povo é a voz de Deus”): “reparem a Igreja que se encontra em ruinas em sua moralidade e em sua credibilidade”. Foi então que se confiou a um cardeal da periferia do mundo, Bergoglio, de Buenos Aires, a missão de, como Papa, restaurar a Igreja à luz de Francisco de Assis.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inoccêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baixo mas sem romper com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais e palacianos de todas a Igreja. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos? Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente em vários escritos a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio. É uma questão de justiça.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, à diferença de Bento XVI, expressão da razão intelectual, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.
Leonardo Boff é autor de Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes 1999.
Do Face: Kassab aceitaria a vice na chapa de Eduardo Campos.
Todos
conhecem a fidelidade canina de Gilberto Kassab a José Serra. Não fosse
pelo "vampiro" e Kassab poderia não ter passado de um simples corretor
de imóveis. Por outro lado, o ex-prefeito mantém ótimas relações com o
governador pernambucano, Eduardo Campos,
provável candidato à Presidência da República, em 2014. Na boca do
palco, ocorreu apenas um recuo do ex-prefeito, com o objetivo de estudar
melhor a situação, quando ele resolveu não integrar o Governo Dilma.
Nas coxias, no entanto, o que se comenta é que se Eduardo colocasse a
vice em suas mãos, ele já teria declarado apoio ao socialista. Eduardo
reserva essa vaga para as negociações com o PDT.
Eduardo cogita acomodar PDT na vice
Os ajustes ministeriais de Dilma Rousseff não riscaram dos planos de
Eduardo Campos as legendas com representantes na Esplanada. O
presidenciável do PSB cogita entregar ao PDT a segunda posição da sua
futura chapa.
Quem dialoga com Eduardo em nome do PDT é seu presidente, Carlos
Lupi. O mesmo Lupi que acaba de obter de Dilma a troca do ministro do
Trabalho –saiu o desafeto Brizola Neto e entrou o escudeiro Manoel Dias.
A preferência de Eduardo pelo PDT levou-o a refugar um aceno de
Gilberto Kassab. Presidente do PSD, o ex-prefeito de São Paulo insinuou
que, tendo a vice, sua legenda poderia fechar com o governador
pernambucano.
Kassab fez isso longe dos refletores, há cerca de dois meses e meio,
numa fase em que ainda discutia com Dilma a entrada do PSD no governo.
Eduardo não topou. Parte de seus operadores achava que ele deveria ter
dado asas à negociação.
Por quê? O PSD dispõe de um tempo de tevê equivalente ao do PSDB de
Aécio Neves. Nas suas avaliações, Eduardo concluiu que o benefício da
vitrine eletrônica não compensaria o custo político de ter como
companheiro de chapa um vice “conservador”. O PDT seria, na opinião
dele, uma logomarca mais apresentável.
A coligação idealizada por Eduardo é composta de cinco partidos: além
do seu PSB e do PDT, os oposicionistas PPS e DEM, e o governista (ma no troppo) PTB. Nesta segunda-feira, a própósito, Dilma deve receber os líderes congressuais do PTB.
Enquanto a presidente tricota com a turma de Brasília, Eduardo se
entende com o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ). Delator do mensalão,
condenado no julgamento do STF, Jefferson encontra-se licenciado da
presidência do PTB. Mas diz-se que ainda controla a legenda. Em 2010,
entregou o tempo de tevê ao tucano José Serra.
(publicado originalmente no blog de Josias de Souza, Portal UOL)
sexta-feira, 29 de março de 2013
Seca causa prejuízos de R$ 1,5 bilhão em Pernambuco
Seca causa prejuízos de R$ 1,5 bilhão em Pernambuco
29 de Março de 2013 às 15:42
Leonardo Lucena_PE247 – A maior seca dos últimos
50 anos da Região Nordeste gerou, até agora, um prejuízo de R$ 1,5
bilhão na pecuária de Pernambuco. Ao compilar um levantamento feito pela
Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma Agrária (Sara), em 300
propriedades do Sertão e outras 300 do Agreste, para calcular perdas no
setor pecuário, o Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo (USP) aponta diminuição de 17% na produção
leiteira e o fim de 17% das propriedades.
O Estado, que tem 132 dos 184 municípios em situação de emergência
devido a estiagem, já perdeu cerca de 350 mil animais, sendo 200 mil
transportados para outras unidades federativas e o restante foram
abatidos ou morreram. O secretário-executivo do Comitê Integrado de
Enfrentamento à Estiagem, Reginaldo Alves, confirma as dificuldades de
transporte do milho, principal fonte de energia do gado, que é
transportado do Centro-Oeste para o Nordeste por problemas relacionados à
logística.
O secretário estadual da Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson
Ramos, lembra que, de acordo com a pesquisa, 51% das propriedades não
tinham, sequer, um reservatório de água. Além disso, 2,3 milhões de
litros de leite eram produzidos diariamente antes da seca. Agora, este
volume gira em torno de 720 mil litros diários. Dessa forma, o Governo
Estadual reforça a necessidade do Banco do Nordeste (BNB) oferecer
financiamentos para custear a bovinocultura, sob juros de 1% ao ano, com
prazo de 10 anos para quitar a dívida e, caso o pecuarista pague em
dia, haveria um abatimento de 40%.
Durante encontro com prefeitos na Associação Municipalista de
Pernambuco (Amupe) no último dia 18, o ministro da Integração Nacional,
Fernando Bezerra Coelho (PSB), informou que foram liberados mais de R$
2,5 bilhões para socorrer os municípios afetados pela estiagem, além de
anunciar outros R$ 200 milhões em créditos emergenciais.
Porém, muitos criadores, que não têm condições de pagar, solicitam a
anistia das dívidas. Esta anistia será defendida, inclusive, pelo
governador Eduardo Campos (PSB) na reunião que os governadores do
Nordeste terão com a presidente Dilma Rousseff (PT) na próxima semana
para tratar dos problemas ocasionados pela seca.
Conforme já dito pelo Pernambuco 247, a Comissão de
Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara
Federal aprovou um projeto de lei complementar (249/07), de autoria do
deputado Vander Loubet (PT-MS), para suspender temporariamente as
dívidas dos municípios em situação de emergência. A matéria ainda está
em tramitação na Casa.
Para ajudar os criadores de gado a alimentarem os seus animais, a
Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro)
implantou seis polos de distribuição de cana de açúcar nos municípios de
Caruaru, Garanhuns, Arco Verde, Surubim, Itaíba e São Bento do Una.
Esses polos distribuem 100 toneladas de cana por dia. Já em Pesqueira e
Bom Conselho, este volume é de 80 toneladas diárias.
Além desta medida, outra em vigência é a forragem de milho por meio
de irrigação, em Petrolina, Sertão do Estado. Segundo Reginaldo Alves,
esta alternativa foi viabilizada por causa do alto custo de transporte
de cana para ao Sertão. “A primeira etapa está em andamento, são 140
hectares de forragem de milho, em Petrolina, para atender 11 municípios
do Sertão do São Francisco, do Araripe e o Sertão Central”, acrescentou o
secretário-executivo.
Com o objetivo de distribuir milho aos estados afetados pela seca, o
Governo Federal conta com o Programa Venda Balcão, da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), que, segundo Alves, está ciente da
necessidade de Pernambuco adquirir dez toneladas de milho por mês. No
entanto, o dirigente informou que houve um acordo entre os Executivos
federal e estadual no ano passado, estabelecendo que o Estado seria
beneficiado com 30 toneladas de milho do meio do ano até dezembro. E,
daí por diante, o Estado seria contemplado com mais 33 toneladas até
abril deste ano.
O secretário confirma a logística como um entrave para a aquisição do
milho. “Temos algumas dificuldades para o transporte do milho, falta de
caminhão... Temos agora outro problema porque a safra da soja ‘entrou’ e
muitos caminhões preferem transportar soja do que milho. A logística
do milho do Mato Grosso e de Goiás (dois dos principais estados
produtores de soja do País) tem dificultado essa meta de dez
toneladas-mês”, afirmou.
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