pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 11 de março de 2014

Carta aberta ao primeiro ministro do Japão



Excelentíssimo  Sr. Shinzo Abe,
MD Primeiro Ministro do Japão 

Em 13 de setembro de 2013, completava 26 anos  o acidente com o Césio-137, maior tragédia atômica ocorrida em área urbana que vitimou milhares de pessoas em Goiânia, capital de Goiás (Brasil).

Nessa mesma data, 114 organizações japonesas, 107 organizações brasileiras, 32 Prêmios Nobel Alternativo e outras entidades dirigiram à autoridades diplomáticas e governamentais, japonesas e brasileiras, uma Declaração (abaixo reproduzida) contra um acordo nuclear Brasil/Japão, em defesa de um tratado de cooperação para o uso de energias renováveis entre os dois países.

O silêncio das autoridades referidas acima, frente a essa iniciativa, não abalou nossa convicção de que o diálogo é o melhor caminho para a consolidação da paz no mundo!

Por isto mesmo, no terceiro ano do colapso de Fukushima, voltamos a nos dirigir a V. Exa, manifestando preocupação com os prejuízos que o Japão vem causando à humanidade, pelas dificuldades de controlar a radioatividade liberada pelas avariadas usinas Daiichi que, por 3 anos, contamina trabalhadores, populações e o meio ambiente. Material radioativo segue fluindo das usinas para águas subterrâneas, desembocando no Oceano Pacífico.

Desde que a imprensa noticiou, em outubro passado, que V. Exa,  reconhecendo a gravidade da situação, pediu ajuda tecnológica qualificada ao mundo todo para solucionar os impactos do acidente de Fukushima, aumenta por toda parte o temor pelo futuro do planeta, pois sabemos, todos, que usinas nucleares são mortais e a radiação atômica não respeita fronteiras. Apesar do apoio dos EUA e dos bilhões de dólares já gastos na “descontaminação”, o fracasso para evitar o vazamento de radioatividade em Fukushima evidencia a incompetência da tecnologia nuclear japonesa. Mas o governo continua exportando esta perigosa tecnologia para países, como Índia, Turquia e Vietnã, ampliando o raio de ameaça para outros povos.

Mais preocupante ainda é que o governo está apoiando leis de sigilo que criminalizam autores de noticias sobre supostos "segredos" nucleares. Toda a mídia do Japão e até o New York Times se opõem a esta repressiva legislação, que poderá transformar em crime informação sobre vazamentos radioativos e perigos em usinas nucleares japonesas.

Nesta oportunidade, estamos nos dirigindo a V. Exa. para, mais uma vez, manifestar nossa solidariedade às vitimas da tecnologia atômica, em todo o mundo, e nosso apoio às exigências dos japoneses que anseiam pela imediata indenização de todos os trabalhadores e das populações afetadas pela tragédia de Fukushima; pela evacuação imediata das crianças e comunidades da região; pela revogação da lei que ameaça a liberdade e o direito à informação; pelo fechamento das usinas nucleares e pela não exportação desta tecnologia para outras partes do Planeta!
Receba, Sr. Ministro, a expressão de nossa mais alta estima.


Zoraide Villasboas
Articulação Antinuclear Brasileira


Francisco Whitacker
Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares 

Na inauguração da Ambev, Eduardo volta a atacar Dilma Rousseff



A fábrica da Ambev, em Itapissuma, município da região metropolitana norte do Estado, foi inaugurada no dia de hoje, 11/03/2014, com a presença do governador Eduardo Campos. Mais uma vez, bem ao estilo de seus aliados de ocasião, o candidato voltou a dirigir duras críticas a presidente Dilma Rousseff. Comparando-a a FHC, sugeriu que a presidente estaria colocando a sujeira abaixo do tapete. Em pronunciamento na Câmara Alta, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu a presidente dos constantes ataques do candidato Eduardo. Para Humberto, Eduardo faz um jogo de cena, apenas criticando sem propor soluções alternativas. A campanha já está nas ruas, muito antes dos prazos determinados pela Justiça Eleitoral.

Michel Zaidan Filho: Imaginário político pernambucano

  

               


 "Eu sou mameluco, eu sou leão do norte...."
                 Como as épocas históricas, os povos não são tradicionalistas por vocação. São   por necessidade. Desde a Revolução de 30, quando as oligarquias estaduais perderam parte do poder de que gozavam, produziu-se um discurso saudosista, cujo objetivo era provar que o Brasil, a brasilidade, os brasileiros tinham  nascido no Norte, no Nordeste, em Pernambuco ou em Apipucos, Olinda, nos Montes Guararapes ou no marco zero....
                 Essa astuta engenharia simbólica produziu uma religião, uma igreja e seus sacerdotes. O seu grão-mestre chamava-se Gilberto Freyre, e sua obra "a brasilidade nordestina". Na ausência da pompa e circunstância dos tempos dos barões, condes e viscondes, era indispensável agora escrever a epopeia civilizatória, a saga da oligarquia nordestina. Saga alimentada por mitos, fábulas e ficções que nos fizesse crer que éramos mais brasileiros do que os outros brasileiros. Criou-se até uma ciência cujo propósito era conferir legitimidade científica à fábula e os bardos armoriais passaram a falar em "nordestinados", "nor-destinos".
                  A posição de subalternidade econômica da nossa região, no contexto da nova divisão nacional do trabalho, passou a ser compensado com as proezas de João grilo, as memórias de alcova do senhor de engenho falido, ou a apresentação épica do patronato da "Casa Grande", os pais-fundadores da nordestinidade brasileira. Daí  o salto para o nativismo, o nacionalismo, o republicanismo e até o socialismo caboclo foi rápido. Pernambuco era o berço precoce de todas as ideologias politicas modernas, convivendo é claro com o museu  natural da  história do escravismo e da dominação branca, cristã e lusitana, de que o patronato político sempre se achou hereditário.
                 Dessa tradição vem o costume de embalar os mortos e os falecidos com a bandeira do  heroísmo, da honestidade, da coragem, da bravura indômita etc. O sujeito podia ter sido um cafajeste. Mas depois de morto, virava santo. A morte seria uma espécie de purgatório, que reabilitava as pessoas para a posteridade. Sobretudo, se fosse rico, bem sucedido, bem relacionado e influente. Aí, não tinha defeito o falecido. Só virtudes e qualidades. Imagine-se quantos mártires, santos e heróis pernambucanos não foram produzidos por essa astuta operação  de elevação moral e cívica dos que se foram. Imagine  os livros de estória (em quadrinhos) distribuídos nas escolas públicas com essa hagiografia  cívica, produzida pela nossa "brasilidade nordestina"!
                Essas considerações vem a propósito desse culto totêmico que costumamos fazer a determinadas personalidades politicas, econômicas e sociais da nossa região. Enquanto não formos capazes de "humanizarmos" essas criaturas, desmitologizando-as e reduzindo-as à sua condição de simples mortais, enterrando seus espíritos definitivamente nos jazigos e cemitérios, não construiremos jamais uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais.
Michel Zaidan é filósofo, historiador e professor da UFPE


O QUADRO CINZENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL


José Luiz Gomes escreve:
                                   

Ainda repercute bastante pelas redes sociais uma reportagem exibida no último domingo, por um programa de televisão conhecido, sobre o caos instaurado na educação básica brasileira. Pernambuco, Alagoas e Maranhão foram os Estados contemplados na reportagem. Esse quadro não deveria surpreender a ninguém, menos ainda a quem lida diariamente com a cotidianeidade do que ocorre nas salas de aulas das escolas públicas municipais. Neste final de semana, exibimos em nosso blog uma denúncia sobre a qualidade da merenda escolar oferecida aos alunos da Rede Pública Municipal do Recife. Uma gororoba de carne processada, cozinhada ao molho de tomate. Previa-se a oferta de cachorro-quente, mas teria faltado o pão. Só chegaram as salsichas. Deve ser muito complicado encontrar o pãozinho nas padarias do Recife. Um descaso absoluto. Além da escolha por um produto de qualidade duvidosa, soma-se o enorme desrespeito pelo alunado, submetido a esses vexames cotidianos.
                                   O espantoso, no caso, são os valores cobrados pelas empresas vencedoras dessas licitações, além da total negligência dos setores públicos responsáveis e os órgãos de fiscalização que, em tese, deveriam ficar atentos a esses descasos. Se tivéssemos a oportunidade de enumerar todos os "gargalos" da educação básica no país nesse artigo, talvez devêssemos escrever um rosário sem fim, desnecessário para a maioria de nossos leitores. São escolas sem professores, sem bancas, sem banheiros, sem material escolar, de difícil acesso etc. Preferimos nos concentrar nas possíveis causas do problema, ou seja, o que anda errado com o gerenciamento da educação básica no país.
                                   O professor Cristóvam Buarque costuma afirmar que a "municipalização" de nossas criancinhas teriam sido um grave equívoco, daí sugerir que elas voltem a ser “federalizadas”, no bojo de um elenco de medidas – que passa pela melhoria das condições de trabalho do professor - o que poderiam contribuir enormemente para a solução do problema. O Estado, na realidade, entregou nossos entes mais vulneráveis à sorte de prefeituras falidas, prefeitos corruptos, somados a um conjunto de outros fatores que apenas depõem contra a qualidade do ensino básico.
                                   Isso é um fato, sobretudo se considerarmos os níveis de desvios de recursos públicos no Brasil. O FUNDEB, por exemplo, é a rubrica mais visada pelos malandros do erário. Rubrica campeã nos desvios de recursos. No último ano, por exemplo, ocorreu um caso curioso. Os aumentos de repasses de recursos coincidiram com a redução dos índices obtidos no IDEB. Em qualquer análise que se faça, fica evidenciado que existe o problema da corrupção, mas, per si, recursos não é o único problema.
                                   O mesmo raciocínio se aplica aos salários dos professores. A reivindicação por melhorias salariais é justa, mas essa variável nunca esteve diretamente relacionada à melhoria da qualidade do ensino, salvo acompanhada de outras medidas igualmente importantes. Inúmeras pesquisas informam que a qualificação dos professores é uma variável bastante interveniente quando se está em jogo a melhoria dos padrões de qualidade do ensino básico.
                                   Neste caso, há de se perguntar como estão saindo nossos professores dos centros de formação e das faculdades de pedagogia. Aqui vamos entrar numa seara do domínio técnico das habilidades inerentes requeridas para o exercício profissional e a tão polêmica capacidade de formar "alunos críticos", um termo relativamente desgastado nos últimos anos. Já vi gente defender com unhas e dentes essas duas teses, não necessariamente, excludentes.
                                   A tese do domínio das habilidades técnicas sempre esteve mais próxima de teóricos mais conservadores, ao passo que a formação de alunos capazes de compreender a realidade subjacente às engrenagens sociais angariou a simpatia, digamos assim, de certa esquerda. Num ponto, acreditamos que todos concordam: a formação obtida nos centros acadêmicos pode melhorar sim. A Era Lula/Dilma facultou as condições políticas para esse debate. Até bem pouco tempo, em razão dos altos índices de presidiários analfabetos ou com uma precária formação, estava se pensando em oferecer nos cursos de pedagogia uma especialização com objetivo de formar pessoas aptas a atuarem naqueles espaços, numa clara demonstração da sensibilidade social petista na administração pública.
                                   Há quem informe que os cursos de pedagogia, hoje, possuem uma carga horária muito teórica. Nossa experiência com professores desses cursos indicam que faz sentido essa observação. Por vezes os nossos alunos se queixavam de colegas que eram capazes de tecer um rosário de críticas sobre determinadas teorias e incapazes de propor algo diferente ou, concretamente, dizer "como ensinar" determinado assunto ou disciplina.
                                   Outra questão estratégia, lembrada por um colega numa rede social, é a capacidade de mobilização da sociedade civil organizada no sentido de reivindicar, das diversas instâncias de Governo, as responsabilidades necessárias no que concerne ao compromisso de revertermos esse quadro. Até 2020 o país precisa ter índices de países  desenvolvidos, do grupo da OCDE, ou seja um IDEB de 6,0. As recentes mobilizações de rua no país parecem indicar para uma inversão de prioridades das políticas públicas, o que é um bom indicador. O povo deseja uma educação padrão FIFA, uma saúde padrão FIFA. Pena que os governantes continuem ignorando esses apelos legítimos da população.
                                   Como candidatos, sem ter feito a lição de casa – com índices acachapantes no quesito educação – há um deles que anda alardeando sua sintonia com a “agenda das ruas”, um discurso esquizofrênico, que beira ao mau caráter e um profundo cinismo. Para se ter uma ideia, sua Polícia Militar baixou a lenha nos manifestantes em várias ocasiões. A educação no Estado anda mal das pernas. Político cevado no mais puro patrimonialismo da sociedade brasileira, tenta vender a imagem do “novo”, do não político, do diferente, bem semelhante àqueles políticos daquilo roxo que surgem a cada vinte anos. Tollat qui non noverit.
                                   Outro indicador que nos preocupam são os índices alcançados pelos alunos brasileiros no PISA (Programme for International Student Assessment) que, no Brasil, é coordenador pelo INEP. Ao longo dos últimos testes, obtivemos algumas melhorias, mas continuamos na rabeira. NO último indicador, entre 65 países avaliados, ficamos na posição 57%.
                                   A municipalização da educação básica no Brasil surgiu no Governo de Fernando Henrique Cardoso, no bojo dos reflexos das políticas de corte neoliberais na educação, notadamente como “recomendação” dos organismos financiadores internacionais, a exemplo do BID. Esse assunto deu muita tinta para os acadêmicos. Há uma enormidade de estudos sobre o assunto, seja de intelectuais mais conservadores, seja de uma estirpe de bons intelectuais de esquerda, que se preocuparam em produzir bons ensaios críticos sobre o assunto.
                                   Quando ainda estávamos na lida da sala de aula, gostávamos muito de um texto que desconstruía, uma a uma, todas as teses levantadas sobre os possíveis benefícios da municipalização da educação básica. Um bom texto, escrito por uma professora que, infelizmente, não nos recordamos do nome. Entre as possíveis falácias, a professora enfatiza a defesa do princípio – muito ao gosto do mercado – de que a descentralização – e consequente municipalização – permitiria que houvesse um maior controle, uma maior participação e fiscalização da população sobre o que ocorria em sala de aula, cobrando diretamente dos gestores melhores indicadores de desempenho. Por esse raciocínio, a comunidade poderia se dirigir diretamente às autoridades municipais sobre alguma irregularidade observada no município.
                                   É como se a diminuição das “distâncias” proporcionasse uma maior cidadania e, portanto, maior fiscalização e controle que, em última análise, representariam uma melhoria na qualidade do ensino. Nada disso ocorreu. Participação não se impõe por decreto, muito menos ainda podem brotar da prancheta de algum burocrata. Na história desse país a única vez que a população saiu às ruas com uma agenda sobre educação foi nas manifestações de junho de 2013. Há indícios que nos indicam que a rapaziada deve voltar às ruas nos próximos meses. Esperamos que a bandeira de uma educação pública de qualidade esteja entre as suas reivindicações aos governantes de turno, seja ele quem for.

José Luiz Gomes da Silva é editor do blog.



                                    

Temer informa a Dilma que PMDB de Pernambuco apoiará candidatura do Planalto. Que PMDB?

Em política acontecem alguns lances curiosos. Nas recentes negociações entre PMDB e PT, os caciques da legenda abdicam da cabeça de chapa em seis Estados da Federação, inclusive me Pernambuco, onde deverão apoiar o nome do candidato do PT(B), Armando Monteiro. Só se for o PMDB do B (bode) porque o PMDB do C(cozido) está fechado com a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos. Agora, no que concerne ao PMDB do B, trudo indica que eles estarão, de fato, com o candidato Armando, de acordo com pronunciamento do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio.

Na briga com o PMDB, Dilma perde em duas frentes.

Na briga com o PMDB, Dilma perde em duas frentes.

Em política acontece algumas coisas curiosas. Disposta a colaborar com o amigo Cid Gomes, a presidente Dilma Rousseff insiste para que o senador Eunício Oliveira(PMDB-Ceará) assuma a pasta da Integração Nacional, preterindo o nome indicado pelo partido, o do senador pelo Estado da Paraíba(PMDB-PB), Vital do Rêgo, Vitalzinho para os íntimos. O arranjo é bastante complicado e Dilma perde em duas frentes. Primeiro o senador Eunício Oliveira percebeu a manobra do Planalto para tirá-lo do páreo da disputa ao Governo do Estado do Ceará, em 2014, facilitando a vida dos Ferreira Gomes. Não aceitou e abriu um cisma na legenda peemedebista. Um incêndio de consequências imprevisíveis, com setores da legenda - inclusive os soldados que atendem ao comando do líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha - em pé de guerra com a presidente. Depois, como se isso já não fosse suficiente, fragiliza sua candidatura no Estado da Paraíba, onde os irmãos Vital almejam uma candidatura ao Governo do Estado. Hoje tem votação de interesse do Planalto na Câmara Federal e, pelo andar da carruagem política, o Governo pode sofrer uma refrega. Eduardo Campos assiste a tudo de camarote, de olhos nos novos urubus voando de costa.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O PT precisa responder a Eduardo Campos

A cada dia fica mais evidente que o candidato Eduardo Campos tenta consolidar a imagem de um anti-PT, conforme recomendava seus aliados de turno, os urubus voando de costa da Era Lula. Recentemente comentou-se que ele estaria sondando a possibilidade de trazer para a sua equipe de campanha o antropólogo Renato Pereira, que foi afastado, por divergências, da equipe do senador Aécio Neves. Para se indispor com Aécio Neves não precisa muito. Basta dizer para ele deixar de frequentar com tanta assiduidade as noites cariocas. Eduardo tem um pacto de não-agressão com o mineiro. Os analistas começam a observar muita semelhança entre ambos, o que estaria levando o eleitorado a uma indefinição sobre as duas candidaturas, daí eles terem estacionados em índices que ainda não preocupam o Planalto. São tão parecidos que estariam "embolados". Faz sentido, portanto, trazer alguém para afinar o discurso do candidato, redefinir estratégias, sob pena de um desastre ainda mais acachapante nas urnas. Os petistas precisam responder na mesma moeda ao governador. O pacto de não-agressão é entre ele e Aécio Neves. O caboclo não perde a oportunidade de atacar a presidente Dilma Rousseff. 

Eduardo volta aos bancos acadêmicos. Está matriculado em Análise de Discurso.

O candidato Eduardo Campos continua endurecendo suas críticas contra a  presidente Dilma Rousseff, sem que a própria ou o PT se pronunciem sobre o assunto. Ele está jogando abaixo da linha da cintura. Durante o período de carnaval, em visita a uma cidade do interior, no calor da multidão que o acompanhava, afirmou que Dilma estava de "aviso prévio", uma expressão infeliz e desrespeitosa. Mas recentemente, já então nos salões nobres do empresariado nacional, afirmou que a presidente "não sabia de nada" e conduzia uma nau sem rumo. Eduardo precisa urgentemente pagar uma disciplina de Análise de Discurso. O antropólogo Renato Pereira que poderá vir a compor o seu staff de campanha, quem sabe não poderá ajudá-lo nesse sentido. Confesso que ainda não entendi essa sua estratégia de se apresentar ao eleitorado como um político "novo", sintonizado com a "agenda das ruas". Fica cada vez mais parecendo que ele está falando para setores - bem conhecidos nossos - que, de fato, estiveram nessas manifestações, mas com propósitos bem preocupantes, chocando o ovo da serpente, incentivados por forças reacionárias. Seu projeto vai do centro para direita, arregimentando em torno de si gente muito perigosa, sem compromissos efetivos com a normalidade democrática. A Polícia Militar do Estado baixou a lenha nos manifestantes e, agora, seu candidato ao Governo do Estado recebe de presente camisetas do Movimento Passe Livre. Parem o trem da política pernambucana que eu quero descer. Aliás, há um vereador do PPS que recentemente fez um contorcionismo linguístico enorme para justificar o apoio daquele partido ao candidato Paulo Câmara. O menino tem bons professores.

Prefeito de Abreu e Lima, filiado ao PT, assume apoio ao nome de Paulo Câmara(PSB).





 

Ontem observei uma figura estranha no encontro da Agenda 40 em nossa cidade, Paulista. Estavam lá próceres figurinhas carimbadas do PMDB e do PSB, exceção do governador Eduardo Campos. Eis que num cantinho da mesa, em sua extremidade esquerda, uma personalidade filiada ao PT, o prefeito de Abreu e Lima, pastor Marcos José da Silva. O curioso, no caso, é a sua filiação ao Partido dos Trabalhadores. Cordiais relações com o Palácio ele sempre teve. Lembro que até recentemente o governador Eduardo Campos compareceu ao seu casamento, numa atitude, à época, entendida como uma aproximação do candidato com setores evangélicos. Por outro lado, ligado à família Gadelha, uma verdadeira dinastia política na cidade, o pastor Marcos mantém excelente relação com o deputado Raul Henry(PMDB), a quem já afirmou o propósito de seguir suas orientações. O PT precisa definir-se rapidamente em relação ao pleito de 2014, adotar medidas consistentes em relação aos seus filiados e segurar o rebanho, sob pena de amargar mais defecções daqui para a frente. Minha mãe, oriundo da região do Cariri paraibano, usava sempre uma frase que ficou marcada em nossa memória: boi ronceiro bebe a lama.

domingo, 9 de março de 2014

Renato Pereira poderá assumir campanha de Eduardo Campos

 

O antropólogo Renato Pereira, segundo o noticiário político, estaria sendo sondado para assumir a coordenação da campanha de rádio e TV do candidato presidencial Eduardo Campos. Até bem pouco tempo, em razão de divergências com o senador Aécio Neves, Renato foi afastado do seu staff de campanha, uma das razões pelas quais os interlocutores estão mantendo sigilo sobre as negociões. Aécio e Eduardo já firmaram um pacto de não-agressão até o primeiro turno das eleições de 2014. Essa estratégia tem prazo de validade curto, possivelmente implode até mesmo antes do primeiro turno. Caso seja confirmado o nome do publicitário e antropólogo, teremos pela frente mais um duelo entre Pereira e Santana, que se enfrentaram nas eleições da Venezuela. Um a zero para Santana. O argentino Diego Brandy não perderá sua ascendência junto ao governador. Continuará monitorando o termômetro das ruas, e definindo o comportamento do candidato ao Palácio do Planalto. Diego Brandy o acompanha desde 2006.

Caravana socialista visita Paulista. O que vai encontrar?

Paulista é praticamente uma cidade sem opções de lazer. Quando éramos garotos, nos virávamos como podíamos, colhendo frutas nos sítios, batendo uma bola nos campos de várzea. Ao longo dos anos, destruíram boa parte da cobertura vegetal e sumiram os campos de pelada. Hoje foi dia de os paulistenses, sobretudo aqueles mais ligados ou filiados ao PSB, receberem a caravana 40. A prática política local é acentuadamente de corte clientelístico e fisiologista, não havendo espaço para um trabalho sério na condução dos poderes locais, de corte emancipador e republicano. Políticos profissionais atuam naquela quadra apenas com o propósito de se locupletaram de suas funções. Sabemos que essa análise pode ser generalizada para outras quadras, mas, naquela cidade, assume alguns contornos bem particulares, sobretudo em razão de sua histórica dependência de oligarquias tradicionais, a começar pela hegemonia dos Lundgrens durante décadas, que interditou sua população de uma participação mais efetiva sobre os destinos de sua cidade. Há carência de exercício de cidadania, o que cria as condições ideias para a manipulação política. Paulista vive uma eterna crise de representação política, com revesamento de políticos sem qualquer compromisso com as reformas estruturadoras que o município sempre reclamou. Um acordozinho de comadres, um simples loteamento de cargos cujo único objetivo são os benefícios imediatos e a garantia dos votos nas eleições seguintes. Em duas décadas de gestão socialista, não se conhece, por exemplo, nenhum projeto estruturador para a área de educação, cujos índices do IDEB são vergonhosos. É nessas condições que a caravana 40 chega ao município para apresentar os novatos Paulo Câmara como candidato ao Governo do Estado pelo PSB. O trabalho do secretário da área mais se parece com o de um colunista social, sempre simpático e sorridente, posando com as professoras em visitas programadas às escolas., se brincar, filando uma merendinha para parecer popular. Uma lástima.

Uma eleição dura para o cobrador de impostos

O PSB deu início aos seus encontros municipais, um momento utilizado para apresentar o desconhecido candidato ao Governo pelo partido, o ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara. Eduardo Campos aproveita a "deixa" para consolidar seu nome como candidato presidencial nas eleições de 2014. É interessante observar a falta de traquejo político do candidato escolhido pelo Palácio do Campo das Princesas para concorrer ao Governo do Estado. O moço não leva o menor jeito. Está mais perdido do que cachorro em dia de mudança, desesperado, ante a possibilidade de ficar para trás. Pelo andar da carruagem política, percebo algumas dificuldades para o candidato Paulo Câmara, a despeito da enorme capilaridade construída pelos socialistas no Estado ao longo desses anos de poder. Nesse cenário, aliado a outros aspectos, a candidatura de oposição torna-se bastante competitiva. É encabeçada por um político experiente, que vem pavimentando seu nome no interior há bastante tempo, conta com o apoio do Planalto - que promete jogar toda carga no Estado - além de compor a chapa com políticos "metropolitanizados". Será uma eleição dura.

Dilma sem palanque na Paraíba.

A situação política na Paraíba não se mostra muito favorável ao Planalto. Dilma corre o risco de ficar sem palanque naquele Estado. O governador Ricardo Coutinho (PSB) é candidato à reeleição. É tida como certa a candidatura do senador Cássio Cunha Lima pelo PSDB. O PMDB também cogita a possibilidade do lançamento do nome de Veneziano Vital (PMDB), ex-prefeito de Campina Grande, mas ali, o PMDB anda de relações cortadas com Dilma desde que ela não nomeou o senador Vital do Rêgo para a pasta da Integração como eles desejavam. Nas eleições passadas o quadro era outro, muito favorável a presidente Dilma, que chegou a contar com dois palanques. Um oficial e outro oficioso. Nas eleições de 2010 a presidente contava com o apoio de José Maranhão (PMDB) e do "Mago"(PSB). Há um grande pucha-encolhe em relação à candidatura do senador Cássio Cunha Lima, mas nos bastidores da política paraibana ela é tida como certa. Alguns de seus assessores comentam que estarão fazendo reuniões partidárias para definir o quadro, mas, na realidade, tratam-se apenas de reuniões mineiras, ou seja, onde tudo já teria sido aprioristicamente definido.

Michel Zaidan Filho: A Vida e a morte de Sérgio Guerra


Conheci o deputado Sérgio Guerra, por indicação de seu  nome para um debate na UFPE, por uma colega de universidade que tinha  integrado o secretariado do segundo governo Arraes. Um assessor de Armando Monteiro Neto tinha me contatado para que organizasse um debate público  com Armando Monteiro, que estava querendo se candidatar a deputado federal. Respondi que só o faria com um outro parlamentar com uma visão distinta da do candidato. O escolhido foi Sérgio Guerra, então apontado como um deputado do PSB muito preparado e muito competente em assuntos econômicos. O debate foi muito interessante, embora tivesse pouca  gente.
                                               Naquela  época, Sérgio Guerra ainda estava ligado ao Governo Arraes. Tinha sido seu secretário por duas vezes e nas discussões em que participava, sempre defendia o legado político e administrativo de seu ex-chefe político. Voltei a me comunicar com ele, em outras ocasiões, para a sua participação em outros debates (Sudene, política regional de desenvolvimento, globalização etc.) Nunca deixou de atender aos meus convites, ao contrário de outros parlamentares pernambucanos. A característica que mais me chamou a atenção da vibrante personalidade do ex-parlamentar era a sua versatilidade política. Do mesmo jeito que vi e ouvi Guerra defendendo a herança política de Miguel Arraes, vi depois ele se aliar com a maior tranquilidade do mundo aos adversários políticos do ex-governador. E arrastar consigo vários prefeitos e chefes políticos do interior para o lado dos novos aliados. Esta capacidade de mudar de um lado para outro, sem mais, que o crítico Antonio Cândido chamou de dialética da malandragem ou da ambiguidade, fez do ex-presidente do PSDB o "dono" da legenda em Pernambuco. Dizia-se que ele carregava no bolso o diretório provisório do partido, em nosso estado, porque isto facilitava as negociações com A,B.C.... A personalização do legenda era tão grande que o PSDB era Sérgio Guerra e vice-versa.
                                              Outro traço  notável era a ambição política de ex-deputado e ex-senador. A vida inteira ele   nunca escondeu que gostaria de ter ocupado um cargo majoritário: prefeito, governador....Mas os aliados de ocasião conhecendo   o tamanho da ambição  do deputado e sua astúcia de velha raposa política, nunca deram a menor chance dele postular o cargo. Guerra era conhecido  um verdadeiro trator, quando se tratava de alcançar seus objetivos, não se detinha diante de nada, de nenhuma lealdade ou compromisso.  Numa engenharia típica dos políticos de São Paulo, o  escolheram para presidir o PSDB, como já tinham feito com o nome do ex-senador Marco Maciel. Reina, mas não governa. A de se lembrar que as pretensões políticas do patronato nordestino - mesmo com o verniz de moderno - ao cargo de presidente dentro do PSDB, foram sistematicamente negadas pelos paulistas. Nem o nome de Aécio Neves era aceito. Mas a manobra da escolha de um nome do NE para presidência do PSDB  servia como uma  luva para barrar tais pretensões.
                                              A vaidade, sobretudo a vaidade de ser rico, muito rico, constrangia a amigos e aliados. Ouvi da boca de um ex-secretário de   planejamento do velho Arraes, que Guerra se jactava de usar sapatos de couro importados e de ostentar um alto padrão de vida. Há o episódio da CPI anões do Orçamento que chamuscou alguns parlamentares da região. Mas me dispenso de falar desse assunto.
                                              De  toda  maneira, a morte de Sérgio Guerra deixa sem interlocutor confiável no PSDB o atual governador do estado, de quem era amigo de longa data. E enfraquece a candidatura de Aécio Neves em todo norte-nordeste. O político psdbista nordestino de maior prestígio e que podia sim ajudar essa candidatura era a pessoa de Sérgio Guerra. Sua morte dificulta  a "venda"  da candidatura do político mineiro no Norte-nordeste e amplia a vantagem de outras candidaturas.

Michel Zaidan Filho, historiador, filósofo, professor da Universidade Federal de Pernambuco. 

sábado, 8 de março de 2014

A péssima qualidade da merenda escolar servida na Rede Pública Municipal do Recife.


Aqui mesmo pelo Facebook, através de postagem publicada a partir de denúncias de internautas, é possível observar o inacreditável descuido das empresas vencedoras das licitações para fornecer a merenda escolar para os alunos da Rede Pública Municipal. Além da qualidade duvidosa das escolhas dos itens, o desrespeito com os alun@s. De acordo com a denunciante, o cardápio a ser servido naquele dia previa a distribuição de sanduíches com a gurizada, mas chegaram apenas as salsichas, envolvidas numa gororoba que sabe-se lá o que é. O curioso, além do desrespeito e a opção do produtos de baixo preço e qualidade, é o valor licitado por essas empresas junto aos órgãos públicos. Some-se a esse fato, a total ausência dos órgãos públicos que deveriam ficar atentos à qualidade dos serviços licitados. Uma pena.

Vitalzinho recusa Ministério do Turismo. Mais lenha na fogueira entre PMDB e PT.




De acordo com notícias recentes, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), conhecido entre os colegas como Vitalzinho, recusou a oferta da pasta do Turismo, negociada entre Dilma e Michel Temer. Fuçador, habilidoso, melífluo e bem articulado, o senador paraibano obteve destaque na bancada do PMDB. Desejava a indicação para o Ministério da Integração Nacional, mas a indicação jamais se concretizou. Segundo dizem, hoje, a pasta está reservada ao governador do Ceará, Cid Gomes, que faz esforços para que o nome do senador Eunício Dias (PMDB-CE) seja indicado, afastando-o do seu caminho nas eleições de 2014 para o Governo do Estado do Ceará. O caldeirão está fervendo na política paraibano. A indicação de Vital do Rêgo para a Integração poderia facilitar os arranjos políticos pró-Dilma naquele Estado. Assim como os Cunhas Lima, a família Vital do Rêgo tem seu berço político na cidade de Campina Grande, uma cidade estratégica não apenas para os rumos políticos no Estado, mas pra todo o Brasil. Encampando uma candidatura própria do PSDB, o senador Aécio Neves não perde a oportunidade de saborear uma canjica naquela cidade por ocasião dos festejos juninos. Um outra coalizão de forças gira em torno do atual governador, Ricardo Coutinho(PSB), candidato à reeleição. Dilma sai fragilizada no episódio. A Paraíba está entre os Estados onde a presidente encontrou uma situação mais confortável em 2010.

DEM torna-se eduardista. Alguma surpresa?

Faz pouco tempo, o professor Michel Zaidan Filho, comentando em artigo as fotos estampadas por um jornal local sobre os encontros de políticos por ocasião dos bailes organizados no período carnavalesco, entre os convivas de todas as tendências políticas, faltava apenas o DEM. Mas, certamente haveria espaço para essa tribo política no camarote dos eduardistas. Pois muito bem. De acordo com o andar da carruagem política, os democratas já estariam afivelando as malas para compor a base aliada do governador Eduardo Campos. Essa possibilidade já existia. Na província, ex-remanescentes ilustres da legenda, caso do casal Tony Gel, já compõem a base de sustentação do Governo. A rigor, não há grandes surpresas nisso não. Gradativamente, Eduardo vai alinhavando um leque de forças políticas em torno de si, hoje, com uma tendência claramente do centro para a direita do espectro político. Em alguns aspectos, apenas nisso, essa nova coalizão remete um pouco à reedição da União por Pernambuco, que acabou implodindo alguns anos depois, muito antes de concretizar o seu projeto de poder político escalonado entre os seus membros, que haviam loteados as esferas de poder público entre eles. Incluía, inclusive, o hoje falecido Deputado Federal Sérgio Guerra. Esqueceram, apenas, de combinar com o deputado João Paulo que, com sua vitória para a Prefeitura do Recife, entornou o caldo da União. Recomendo a leitura do artigo do professor Zaidan em nosso blog: http://www.blogdojolugue.blogspot.com/

sexta-feira, 7 de março de 2014

PT x PMDB

Rui Falcão diz que seu partido não aceita “ultimato” do PMDB.



Saiu na Carta Capital artigo de André Barrocal:


PT x PMDB



Rui Falcão diz que seu partido não aceita “ultimato” do PMDB. Eduardo Cunha cometerá um erro se achar que ele falou apenas em nome do PT

por André Barrocal

Às vésperas do carnaval, o deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB, atirou longe alguns adereços da fantasia “governista” e articulou a criação de um “blocão” partidário para infernizar a presidenta Dilma Rousseff. Na terça-feira gorda, rasgou o que lhe restava do figurino e, pelo twitter, pregou que o PMDB reveja a aliança com o PT. Hábil, tido como um “gênio do mal” em Brasília, Cunha parece ignorar que o radicalismo interessa à presidenta.

Dilma tem várias razões para querer enfrentá-lo. Aos olhos do Palácio do Planalto, Cunha tornou-se o verdadeiro líder da oposição na Câmara. Foi ele o maior defensor, por exemplo dos negócios do banqueiro Daniel Dantas na nova lei de portos, uma votação duríssima vencida por Dilma em 2013. Agora, é Cunha quem emperra a votação de uma lei que garante os direitos dos internautas, que Dilma gostaria de ver aprovada para mostrar em um evento mundial que acontecerá no Brasil em abril. Ao bater de frente com Cunha, réu em um processo no Supremo Tribunal Federal por uso de documentos falsos, Dilma sinaliza à bancada do PMDB que não vale à pena tê-lo como líder.

O confronto com o deputado também tem valor eleitoral. Como os partidos estão desacreditados – 42% acham que o Brasil seria melhor sem eles, segundo uma pesquisa do instituto Datapopular -, enfrentá-los pode render pontos a favor da presidenta na eleição. E é baixa a probabilidade de que o PMDB resolva romper com o governo, na visão de um conselheiro presidencial. A ameaça só daria certo se houvesse outra canoa disposta a receber os degradados. O senador Aécio Neves (PSDB) toparia acolher um partido que abandonasse o governo por fisiologismo? E o governador Eduardo Campos (PSB), que sustenta o sonho presidencial com o discurso de “nova política”, toparia?

A luta do Planalto por enquanto está restrita aos peemedebistas da Câmara, mas faz parte de uma batalha mais ampla entre PT e PMDB. Entre petistas e no entorno da presidenta, não há dúvidas de que o aliado é um problema. Com o tamanho de hoje – é o maior do Congresso Nacional e possui os presidentes da Câmara e do Senado –, o partido consegue boicotar certos anseios do lulismo, como a reforma política. “O PMDB ajuda a ganhar eleição e atrapalha governar”, diz um dirigente petista, a alimentar a expectativa de que a legenda encolha na eleição deste ano.

O PMDB converteu-se no símbolo do conservadorismo nacional, a barrar mudanças estruturais mais aceleradas no País, a partir do fim da ditadura. O marco zero do “peemedebismo” foi a Constituinte (1987-1988), segundo o livro Imobilismo em Movimento, do filósofo Marcos Nobre. Na época, o deputado Roberto Cardoso Alves, o Robertão, da ala conservadora do PMDB, foi o mentor de um grupo suprapartidário montado contra as forças progressistas. Nascia ali o Centrão. Qualquer semelhança com Cunha e seu “blocão” não será mera coincidência.

Os lances oposicionistas de Cunha, como o “blocão” e a defesa de romper com o PT, expressam uma queixa com o Planalto que vem desde o primeiro ano da gestão Dilma. Ele ressente-se do que considera pouco caso da presidenta com os congressistas: demora na liberação de verba para obras incluídas no orçamento pelos parlamentares, objeção a nomes indicados pelos deputados do PMDB para cargos federais, resistência a ampliar o espaço do partido no governo. Ao assumir a liderança peemedebista em 2013, a insatisfação ganhou peso. Cunha passou a falar pela segunda maior bancada da Câmara e a ter mais poder para atrapalhar votações de interesse de Dilma.

O humor dele piorou ao se dar conta de que Dilma pretende concluir a reforma ministerial sem lhe fazer as vontades. Ela não aceita, por exemplo, entregar um outro ministério para ser ocupado por um apadrinhado pelo PMDB da Câmara. Cunha radicalizou na reação. Primeiro, divulgou uma nota dizendo que a bancada peemedebista não iria mais indicar ninguém para a reforma. Depois, juntou oito partidos e montou um “blocão”, cuja primeira tarefa pós-Carnaval será unir-se à oposição para tentar investigar denúncias de pagamento de propina na Petrobras. Agora, propõe que o PMDB reveja a aliança com o PT.

Cunha botou para quebrar na terça-feira 4 por causa de declarações atribuídas ao presidente do PT, Rui Falcão, durante a passagem do petista pela Marques de Sapucaí. Segundo o jornal carioca O Dia, Falcão teria comentado que o PMDB do Rio, do qual Cunha faz parte, deixou correr a ideia de apoiar o senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência como uma espécie de chantagem. O objetivo da chantagem seria arrancar cargos federais, como quer Cunha, e forçar o PT a apoiar o candidato do PMDB ao governo do Rio. O deputado reagiu pelo twitter no mesmo dia: “A cada dia que passo me convenço mais que temos de repensar está aliança, porque não somos respeitados pelo PT”.

A resposta de Falcão veio na quinta-feira 6. A jornalistas, disse que o PT não aceita “ultimato” do PMDB e que o partido precisa decidir se afinal é governo ou oposição. Cunha cometerá outro erro se achar que Falcão falou apenas em nome do PT.

(Publicado originalmente no site Conversa Afiada)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Lyra, queríamos que fosse você.





Lyra é um poço até aqui de mágoas. Mal consegue disfarçar sua insatisfação com o processo de escolha nas hostes socialistas, que resultou no nome do Secretário da Fazenda do Estado, Paulo Câmara, ao Governo do Estado, pelo PSB. Nos bastidores comenta-se sobre um pacote de medidas compensatórias para serenar os ânimos entre os Lyras, inclusive um possível apoio do Palácio ao nome de Raquel Lyra como concorrente à Prefeitura da Princesa do Agreste nas próximas eleições municipais. No entanto, tanto a batida de martelo como a forma como o processo foi conduzido, sobretudo o processo, desagradaram profundamente o correligionário. A temeridade é que ele possa fazer uma espécie de corpo-mole numa região importante na definição das eleições no Estado, o Agreste, que concentra 30% do eleitorado. Caruaru é o maior colégio eleitoral do interior do Estado.Com a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos, então, Caruaru assume uma importância ainda maior. Certamente figura entre as cidades listadas como estratégica nos planos da assessoria do candidato. Conforme já afirmamos em momentos anteriores, em tese, o governador come carne-de-sol, charque e chã de bode na Princesa do Agreste. A analogia diz respeito a uma velha raposa política local que, numa avaliação daquela quadra política - bastante polarizada - afirmava que ali ou se era carne-de-sol ou charque. Além dos Lyras e dos Queiroz, Eduardo Campos acrescentou ao seu cardápio político os suculentos pratos de chã de bode servidos no Alto do Moura, acompanhado pelo casal Tony Gel. Convém, porém, tomar alguns cuidados. Na prática, a teoria pode não se confirmar. Segundo informações obtidas debaixo do baobá da praça do Campo das Princesas, Lyra teria até cogitado em não assumir o Governo. Um pouco antes do carnaval, circularam outdoor nas imediações da Princesa do Agreste com os seguintes dizeres: Lyra, queríamos que fosse você. É a semente da discórdia saindo da cozinha do Palácio e ganhando as ruas. 

Michel Zaidan Filho: Bom carnaval, excelente gestão?

 

Houve uma mudança da cobertura jornalística do carnaval de 2014. É possível dizer que houve um maior destaque dos carnavais do Rio e do Recife, e, sobretudo dos carnavais de rua, dos blocos de sujos, de troças, cordões etc. Fato auspicioso, uma vez que o "maior espetáculo da terra" tornou-se um fabuloso negócio de empresas, veículos de comunicação e autoridades públicas municipais, estaduais e federais. O renascimento da folia espontânea dos bairros e dos foliões anônimos é um sinal positivo de que não só de glamour e purpurina (e dos holofotes) vive o carnaval brasileiro.
Existe sempre o risco do globalismo localizado querer tomar e dá conta da festa momesca. Apesar da pretensão dos baianos e dos cariocas de roubarem a cena carnavalesca, a diversidade regional e cultural da folia tem enriquecido o espetáculo e tornado mais plural o cortejo carnavalesco. O carnaval de rua retoma o espírito original da "inversão", da crítica, da irreverência popular em relação aos poderosos e ricos.
O mesmo não se pode dizer da relação dos políticos com o carnaval. Eles continuam com a condenável tendência (anticarnavalesca) de tirar proveitos e dividendos da folia. A festa popular - como o futebol e a religião - faz parte daquilo que os estudiosos chamam de "mundo da vida" ou da "cotidianeidade". Esta é uma esfera social contraposta ao "sistema", ao mundo do dinheiro e do poder. É aí onde as pessoas respiram, se dão o luxo de serem mais espontâneas, naturais, de dizerem o que pensam ou como gostariam de ser (o mundo do imaginário social). Tal como se poderia ver o carnaval como uma autêntica válvula de escape (diante da opressão cotidiana), ele também pode facilmente cumprir (e cumpre) o papel de um eficiente controle social. Uma forma de insatisfação administrada, com prazo e data para acabar ou se camuflar.
É exatamente como forma de controle social, que as nossas elites pensam o carnaval. Acham que podem manipular a insatisfação das pessoas, patrocinando a folia. Como se fosse possível vestir a camisa de seu partido ou de seu governo nos foliões e dizer que o sucesso da folia é o seu sucesso, é o sucesso de suas gestões. Como se dissessem: "Obrigado, foliões. Vocês corresponderam na avenida ao esforço hercúleo e desmedido de governar para a felicidade de vocês".
Coitados! Mas iludidos do que os foliões estão eles se pensam que a alegria, o sorriso, a desconcentração, o bom humor é a senha de entrada no panteão dos deuses eleitorais de 2014.
Michel Zaidan é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Morre em São Paulo o Deputado Federal Sérgio Guerra


Faleceu na manhã de hoje, no Hospital Sírio-Libanês, em função de complicações causadas por um câncer de pulmão, o Deputado Federal Sérgio Guerra. Sérgio pertencia a uma "escola política" pela qual não mantíamos a menor simpatia, mas esse não é o momento de embates e sim de manifestarmos solidariedade à família em razão da perda de um ente querido. Nos últimos dias, havia fechado uma aliança com os socialistas no Estado, orientando os seus comandados a apoiarem o nome do candidato do Palácio do Campo das Princesas ao Governo do Estado, Paulo Câmara. Tratou-se apenas de uma formalização, posto que Sérgio sempre manteve cordiais relações com os Arraes, criando, inclusive, algumas arestas políticas no Estado. Nossa solidariedade à família.