
sexta-feira, 13 de maio de 2022
Editorial: "Eleições é assunto de civis e forças desarmadas"

terça-feira, 10 de maio de 2022
Editorial: Lula em Minas Gerais: um olho no padre, outro na missa.
Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral do país, perdendo apenas para o Estado de São Paulo. Trata-se de um Estado estratégico para qualquer candidato que deseje viabilizar seu projeto presidencial. Ali, a disputa promete ser acirrada, pois os dois principais concorrentes às eleições presidenciais de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Jair Bolsonaro(PL), apresentam um relativo equilíbrio de forças. O governador Romeu Zema, do Novo, que concorre ao Palácio Tiradentes, é um político de perfil conservador, com fortes afinidades com o presidente Jair Bolsonaro.
Lula tenta um reequilíbrio de forças juntando-se ao ex-prefeito Alexandre Kalil, do PSD, que concorre ao Governo do Estado. O palanque de Lula naquele Estado, no entanto, não estaria rigorosamente montado, uma vez que a formalização de um apoio do PSD ao PT ainda não teria sido definido, fato que poderia ajudar bastante o candidato petista. O enxadrista Gilberto Kassab prepara sua melhor jogada nesse desenlace, maximizando seus dividendos do apoio. Fica evidente que o seu jogo não é conduzido pela ideologia, mas por puro pragmatismo.
Agora mesmo, por ocasião da visita do morubixaba petista àquela praça, Alexandre Kalil(PSD-MG) não o teria acompanhado. Há rumores de que sua base de sustentação política também não estaria inclinada ao apoio ao candidato do PT. Diante desses impasses, Lula acabou falando para o chamado "cercadinho", ou seja, sindicalistas e lideranças partidárias de sua tradicional base de apoio, o que não acrescenta muito, pois, como se diz aqui no Nordeste, são favas contadas. No caso, votos contados.
Para o desconforto dessa base de apoio histórica, Lula com chuchu passou a ser apenas um aperitivo. O prato principal será bem mais indigesto. Ele precisa ampliar sensivelmente o seu cardápio político para incluir o menu da centro-direita, por mais estraho que isso possa parecer. Tem evitado falar em rever a reforma trabalhista, tampouco menciona a palavra reestatização, com receio de afugentar um eventual apoio do mercado e seus investidores. Há homens de sua estrita confiança, como é o caso de Renan Calheiro(MDB-AL), com a missão de estabelecer essa articulação com atores e partidos da centro-direita.
segunda-feira, 9 de maio de 2022
Publisher: This game cannot be one on one. If my team loses, there's zum-zum-zum
It is not good for the health of a democracy to spread false information, casting doubt on the fairness of the results of an election. Worse than that is when voters come to believe in this systematic wave of disbelief about the electoral process. In these post-truth pointy times, lies can become absolute truths, through those expedients that are now so well known and so professionally used.
Once, this editor was in the classroom when several students began to receive, simultaneously, shots from Zap, realizing that a certain priest from a city in Pernambuco was a pedophile. I don't get into the merits of the question - even because some students, of those who didn't believe in hairy legs, were soon leaving such statements under suspicion - but the fact scales the trouble we are in, after such expedients started to be used as a political weapon to destroy the reputation of opponents.
A survey recently released shows that one in three voters began to express suspicion about the fairness of the electoral results. A worrying fact for the health of our representative democracy, as we stated at the beginning. The questioning about the Electoral Justice is an indicator of the terrible moment experienced by our democratic institutions. Free, regular and sovereign elections, with results accepted by the contestants, is one of the indicators that the health of a democracy is going well. When that doesn't happen, something is wrong.
The best example was what happened with the election of President Dilma Rousseff (PT-MG), when the opponent did not accept the sovereign results of the polls and began an exhausting process of political articulation with the purpose of making her government unfeasible, culminating in the institutional coup of 2016. It started school and from there we had no peace, as if repeating the chorus of the popular songbook: "If my team loses, there's zum-zum-zum".
This reminds us of the back-and-forth on the plains of the past, when the opponent did not accept the score of the game and began those inferences about its result, alleging that the referee had failed to award a penalty for his team or expelled a player from the opposing team for an eventual fault committed during the match. Result of all this? Just a tremendous mess created, without anything positive being produced. Our big problem, however, is that there are political actors giving clear demonstrations that they are betting on this chaos.
In the photo above, the elegant Edgar Ferreira da Silva, composer of the song whose chorus is quoted in the editorial.
Um livro-espelho, ou um livro-divã
(Imagem: Reprodução/ Johann Moritz Rugendas)
O soldado antropofágico fica além do universo de obras que se pode resenhar. Não se resume, não se conclui nem se define. Uma obra do tamanho de nossa complexidade e de nossa permanente crise, nossa, de “brasileiros” e “brasileiras”, seja lá o que for isso. Conjunto de reflexões diante do espelho. Conseguimos nos enxergar nesses reflexos? Corre no vulgo que o Brasil não é para amadores – frase que reiteramos enigmaticamente para os gringos. O fundo moral disso rebate nossa complexidade como povo. Hoje, nomeadamente desde o golpe de 2016, vivemos a vertigem da imensa dificuldade – para muitos, como eu, da absoluta incapacidade – de compreensão desse estado de coisas a que chegamos. Ataques cotidianos, inclusive por parte do Estado, aos mais básicos parâmetros de humanidade, urbanidade, civilidade e respeito. Desprezo generalizado à vida, à dignidade, ao outro – “outro” não branco, não macho, não hetero, não rico.
“Como chegamos a isso?” Essa indagação vem a calhar, pois remete aos fundamentos do problema e ao tratamento dado a ele na obra. “Chegamos aqui” no tempo; não se faz sentido desse presente agônico sem observá-lo, mais que no tempo, na longa duração. “Fazer sentido”, exercício hermenêutico, interpretação, como o exegeta interpreta o texto, o jurista a lei face ao caso, o psicanalista o trauma pela narração de si.
Aqui já outra imensa contribuição dessa obra cifrada, que abre questões mais do que as pretende resolver: interpretar o “sujeito Brasil”, atitude intelectual que se insere numa tradição tão importante, hoje abertamente desprezada e atacada por muitos – a do ensaio crítico de interpretação, que produziu a linhagem do “pensamento social brasileiro” ao longo do século 20. Só por essa contribuição, a obra já deve ser bem-vinda. Ab’Sáber, professor e psicanalista, mobiliza no seu ensaio de crítica cultural um patrimônio gigantesco de sonhos e pesadelos, inscritos na história, no direito, na literatura, na música e na cultura em geral.
A profundidade do buraco em que nos encontramos estava a exigir um exercício de pensamento que as abordagens disciplinares convencionais não dão conta. Isoladamente, antropologia, sociologia, estudos literários, a própria psicanálise, tampouco a disciplina histórica, conseguem mobilizar tantos e tão diversos elementos numa mesma equação para tentar fazer sentido do nosso tempo, do não lugar a que chegamos. A história talvez guarde a chave mais importante da decifração de nossa esfinge, mas tampouco ela seria capaz de montar a equação sozinha. Embora Tales tenha sacado e nos ofereça no livro a importância da persistência, da quase invariância de algumas estruturas sociais e mentais de longa duração, forjadas historicamente na própria constituição da sociedade escravocrata que ainda somos. Isso por um lado. Por outro, nossa insistente prática do veto à enunciação, a persistência do não dizer, a sublimação do outro, a não presença em seu silenciamento, humus da subjetivação biopolítica do Brasil.
A exegese do paciente Brasil no divã de Tales põe em revista conceitos que aqui perderam – ou ganharam – sentidos outros, como, em especial, o de “modernidade”, produtor, desde os turvos inícios da nação-Estado, do autorretrato distorcido da elite escravocrata brasileira, que se via europeia e civilizada ao promover a recusa simbólica de ativamente não dizer a realidade que a sustentava, não enunciar a escravidão. Elite que, na primeira metade do século 19, conseguiu produzir uma não literatura, ou uma literatura de formas vazias, desconectas do tempo. A escravidão e os escravizados, por essa época, só ponteavam nos códigos legais, criminais. Foi como se o final da Guerra do Paraguai tivesse despertado o escritor brasileiro para o fenômeno da escravidão, que, no entanto, era quase toda a vida ao redor.
Elite – precisamos falar de nossas elites, passadas e presentes! – que, encampando as abstrações das fórmulas do amor romântico importadas, se esmerou desde o início a recalcar o erotismo criativo da cultura popular. A polícia foi braço forte e mão nem um pouco amiga para perseguir fados e lundus, capoeiras e candomblés, quaisquer sinais de vida criativa que brotasse nas ruas pretas das cidades brasileiras. Reprimindo o erótico e o alegre, essa classe “civilizada” foi-se fazendo pobre, triste, casmurra, doente. Talvez a realidade da escravidão, sustentáculo de sua riqueza, prestígio e poder, fosse-lhe tão insuportável, que essa elite adotou o dispositivo de não ver ou, ao menos, não dizer a própria realidade – ou ao menos mantê-la na distância contemplativa, sem qualquer vínculo de empatia real.
No máximo, a arrogância do pietismo patriarcal, tão bem expressa em autores escravistas que saíram do armário depois dos anos 1870, como José de Alencar, para quem a massa miserável de escravizados não fazia jus à benevolência paternal que lhes devotava a beata classe branca proprietária – nossa voluntariamente alienada elite, criticada na literatura por Antonio Candido e no cinema por Paulo Emílio; elite que se ufana da própria ignorância, da boçalidade do mal, em seu total descompromisso com a inteligência.
Tales percorre esse vasto menu de iniquidades e recalques mobilizando com equilíbrio e sensibilidade a melhor e a pior expressão da cultura nacional, ou de estrangeiros que experimentaram desse caldo, de Schlichthorst e Fernand Denis a Tom Jobim e os tropicalistas, de Tomás Antônio Gonzaga e Santa Rita Durão a Mário de Andrade, de Debret a Glauber Rocha, de Januário da Cunha Barbosa a Paulo Emílio Salles Gomes e Anna Muylaert, e por aí afora e adentro. Isso em fino diálogo com os mestres de nossa crítica cultural e exegetas do Brasil, como Joaquim Nabuco, Faoro, Florestan, Freyre, Sérgio, Prado Jr, Veríssimo, Antonio Candido, Bosi, Wisnik, Paulo Arantes, Saffioti, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Lélia Gonzales, Leda Martins e, o interlocutor entre interlocutores, Roberto Schwarz. A referência à melhor historiografia, outro traço marcante da obra, vem de braços dados com um seleto escol de pensadores, dos clássicos como Weber, Marx e Foucault aos pós-coloniais como Mbembe a Angela Davis.
Nesse itinerário de longa duração, Tales inscreve questões centrais como nossa histórica e proverbial dificuldade de simbolização da escravidão e seus males, nosso recalcitrante negacionismo, o “pacto do silêncio estrutural” a respeito da escravidão, nosso insuperável anti-intelectualismo, sexismos, racismos, tão evidentes nestes dias de paupéria. Esse livro não se escreveria em outra forma que o ensaio. Como aqui forma e conteúdo se fundiram tão bem! Vem-me imediatamente “O ensaio como forma”, de Adorno. Busca da liberdade. Tudo aquilo que é do ser humano, do espírito, da vida, não cabe em qualquer fórmula, nem na rigidez artificial do raciocínio dedutivo. É preciso desejar a liberdade. E o caminho da redenção está na forma de expressão libertária do ensaio. Monsieur de Montaigne é persona non grata no círculo apolíneo da ciência. É preciso inocular a irresponsabilidade do livre pensamento pulsional no quartel general da doxa, nessa empresa produtora e reprodutora de lugares comuns que se perpetua na observação escrupulosa de suas regras internas de legitimação, com um toque retrógrado de corporativismo, rendida e vendida à cultura oficial. O ensaio se realiza plenamente nessa obra.
Poucos capítulos da história intelectual brasileira conseguiram extrair tanto sentido de um acontecimento fortuito, o encontro de uma beldade escravizada cheia de bossa, vendedora de doces nas ruas do Rio de Janeiro, com o viajante estrangeiro arguto e encantado, que deixou desse encontro o precioso registro, matéria prima trabalhada por Tales.
Depois de O soldado antropofágico, o que faltará ser dito para que nós, brasileiros de hoje, despertemos do sono letárgico das fabulações escravocratas da docilidade paternalista, da candura cristã, da dignidade concedida, da afabilidade superior, para conseguirmos enxergar enfim que o pesadelo não acabou, de que a escravidão não é passada, mas viva e presentemente reiterada na exploração dos corpos, na privação dos direitos, na violência cotidiana do Estado e da minoria branca privilegiada contra esse outro que grita e chora, mas que não se ouve, que gesticula e sangra, mas que não se vê? Faltava dizer-se aquilo que se não dizia, sobretudo das elites escravocratas de ontem e de hoje. Não falta mais. Tales o enunciou, afinal.
Jurandir Malerba é historiador, professor titular livre na UFRGS, autor de, entre outros, A corte no exílio: civilização e poder no Brasil às vésperas da independência (1808–1821).
(Publicado originalmente no site da revista Cult)
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O contorcionismo político de Marília Arraes
Desde as eleições municipais de 2020, quando perdeu para o candidato João Campos(PSB-PE), que já foi possível perceber o contorcionismo político da Deputada Federal Marília Arraes(SD-PE). No segundo turno daquelas eleições, a então candidata recebeu apoios significativos de forças conservadoras que já esboçavam uma reação oposicionista ao governo do PSB. A montagem dos palanques estaduais tem sido uma dor de cabeça para muitos presidenciáveis. Para todos eles, para ser mais preciso. Quem, entre eles, não enfrenta alguma dificuldade em maior ou menor proporção?
Figuras ilustres e viáveis eleitoralmente, por exemplo, já foram sacrificadas em nome da prioridade do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em razão dos arranjos políticos nas quadras estaduais; Um certo capitão bolsonarista lidera todas as pesquisas de intenção de voto no Ceará, reduto político do candidato do PDT, Ciro Gomes. Os palanques estaduais do candidato João Dória(PSDB-SP) é uma grande incógnita. Aqui em Pernambuco, Lula tem dois palanques para dar assistência. Um oficial e um oficioso, mas com melhores chances eleitorais. O candidato do PSB, Danilo Cabral(PSB-PE), enfrenta um inferno astral, sem contar com o apoio efetivo dos atores que poderiam dar suporte a sua campanha. Não consegue decolar nas pesquisas de intenção de voto, com alguns observadores ja prevendo uma crônica de uma derrota anunciada.
Antecipando-se a um possível revés eleitoral, partidos da base aliada já estão deixando o barco antes do naufrágio, como é o caso do PP, do Avante, Pros e PSD. Algumas dessas lideranças, no plano nacional, estão na base aliada do presidente Jair Bolsonaro, mas, num cáulculo frio das chances eleitorais, desembarcaram no palanque de Marília Arraes, como é o caso do Deputado Federal Eduardo da Fonte, do PP, que deverá assumir a coordenação de sua campanha, assim como o também Deputado Federal Sebastião Rufino, do Avante, que deverá ser o candidato a vice em sua chapa.
André de Paula, do PSD, poderá vir a ser o candidato ao Senado Federal na chapa encabeçada por Marília Arraes, embora ela negue essa possibilidade. Marília empreende um verdadeiro contorcionismo político para celebrar tais alianças com forças políticas conservadoras sem perder seus vínculos orgânicos com os setores progressistas do Estado, que sempre emprestaram apoio aos seus projetos políticos. Dr. Miguel Arraes, eleitoralmente, seguia uma linha semelhante, mas, programaticamente, sempre mantinha uma cota de atendimento às demandas dos setores mais socialmente fragilizados do Estado. Convém que Marília saiba resolver bem essa equação.
Editorial: A volta do Lulinha paz e amor
Dizem que as coisas não estão nada boa no staff de campanha do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). As reorientações de diretrizes comportamentais do candidato - cujo discurso lido no lançamento de sua pré-campanha é um exemplo - decorre de uma série de ajustes para evitar que ele tropeçe novamente nas palavras e cometa novos sincericídios, como o anúncio da demissão dos militares em cargos comissionados e a posição sobre os policiais. A briga é feia nos bastidores.
Cabeça estão rolando, enquanto novos atores assumem missões estratégicas na campanha. A ideia é a de adequar o discurso do candidato consoante o momento da campanha, que indica uma recuperação do candidato Jair Bolsonaro(PL), assim como um acirramento de ânimos, que envolve a tensão entre os Três Poderes e a temperatura nas casernas. Ainda bem que eles tem sido francos em relação ao assunto, como na afirmação do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, de que se Lula vencer, não teremos um Governo do PT. Na realidade, meu caro Wagner, nunca tivemos e dificilmente o teremos nesses dias de turbulências políticas que enfrentamos.
Neste caso, talvez a grande conquista, no momento, seria restituir a saúde de nossas instituições democráticas e evitar um mal maior. Como tenho afirmamdo por aqui, nossas instituições democráticas já atingiram um certo grau de comprometimento e estão ameaçadas. Se possuem tecido suficienete para reagir aos assédios é uma outra questão. Torçamos que sim. Torçamos para que o tecido já não esteja "puído", como se dizia em nossa época de menino. É triste a constatação de que a nossa democracia padece de um mal eterno de amadurecimento, incapaz de suportar as reformas de um governo de perfil progressista.
Neste caso, depois da conformação partidária formada pela janela, se Lula vencer essas eleições, terá uma base congressual extremamente hostil para enfrentar, que poderá dificultar enormemente o seu governo. Em relação a ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), como se sabe, aplicou-se um torniquete político que acabou estrangulando o seu governo, com o golpe institucional de 2016. Essa insegurança democrática é uma constante no país. Infelizmente.
domingo, 8 de maio de 2022
sábado, 7 de maio de 2022
Editorial: Lula com chuchu vai bem?
O novo staff de campanha de Lula preparou um discurso sob medida não apenas para a ocasião de lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República, ocorrida no dia de hoje, mas para o momento político delicado que o país atravessa, num embate nada saudável entre os três poderes. Diríamos que a estratégia de campanha, hoje, seria tornar o Lula mais comedido em suas falas, assim como ampliar o arco de alianças ao centro do espectro político. Neste sentido, traçar uma Lula com chuchu seria apenas um aperitivo, um prato de entrada, mesmo que indigesto para alguns setores mais conservadores da agremiação petista. O próprio Geraldo Alckmin vem sendo cobrado neste sentido, ou seja, se faz necessário ampliar esse diálogo com o centro, ao invés de tentar agradar o cercadinho lulista, que não o digere. Vão sempre preferir o sanduba de martadela com pão.
Para esses setores, Lula sem chuchu seria bem mais gostoso, mas o que fazer diante do contexto político que se apresenta, onde idealizações e chapas puro-sangue pela esquerda são inviabilizadas numa competição eleitoral com características bastante particulares, onde tudo parece ser um favor ou uma concessão dessas elites? A experiência nos mostra que muitas reformas deixarem ser feitas durante os Governos da Coalizão Petista exatamente em função dessa conformação de forças. Nem mesmo em relação à reforma agrária tivemos avanços significativos.
Agora, não será diferente, a despeito dos alertas da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), que afirmou que Lula já leva a tiracolo o seu Michel Temer. Não é improvável, sobretudo num contexto onde os resultados do pleito estarão sempre sob suspeita, em razão dos ataques sistemáticos ao processo de apuração. Como afirmamos por aqui, um em cada três eleitores já acreditam na possibilidade de fraudes eleitorais. Nossa democracia representativa já sofreu um dano irreparável diante dessas pregações levianas.
Há de se considerar o fato, inclusive, de que a base de sustentação política do Governo Bolsonaro estar bastante azeitada com a migração de parlamentares durante a vigência da janela partidária. Aqui se perdeu o primeiro round. Mesmo eleito, Lula teria grandes dificuldades de tocar o seu governo. Como bem observou o ministro do STF, Edson Fachin, hoje na presidência do STE, nossa democracia encontra-se bastante chamuscada, diante dessas refregas de corte autoritário.
Editorial: A eleição do carrinho de supermercado
Já faz algum tempo que não escuto o carro do ovo passar por aqui. E, quando ele passa, os números relacionados ao preço da bandeja já são outros, sempre acima dos R$ 10,00, atingindo a cifra de R$ 15,00 da última vez, um sonzinho desagradável para os ouvidos e, mais ainda, para o bolso. O bairro deste editor é considerado de classe média, mas o carro não distingue classe social para vender seus produtos. Trabalho no bairro de Casa Forte, onde reside a elite recifense, e, não raro, escuto o som dos seus potentes microfones por ali. Num pequeno espaço de tempo, houve um aumento de 50% do produto. A bandeja com 30 ovos chegava a ser vendida por menos de R$ 10,00.
O ovo passou a ser uma alternativa protéica de baixo custo, nesses tempos de vacas magras.Protéica e democrática, já que, como se sabe, tal alternativa - antes talvez circunscrita aos mais pobres - atingiu em cheio a classe média, bastante fragilizada pelo achatamento ou perda de poder de compra dos salários. O cardápio vem mudando bastante para este segmento social nos últimos tempos: Carne enlatada - que, de carne, tem muita pouca coisa -, pés e pescoço de frango para engordar a canja. Tomando sempre os cuidados para não se engasgar,assim como aquela apresentadorea de TV.Não precisamos mencionar os preços de outros produtos da cesta básica por aqui, uma vez que os nossos leitores fazem feiras, vão aos supermercados e estão sentido o peso desses preços nos seus orçamentos. Bifes, hoje, já não se compra pelo peso, mas por quantidade. Um para a esposa e outro para o marido, de preferência nos almoços especiais dos domingos.
Toda essa fala inicial é apenas para comentar sobre os reultados da última pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto IPESPE, do cientista político pernambucano, Antonio Lavereda. Embora o Paraná Pesquisas tenha aventado a possibilidade de um eventual empate técnico entre os candidatos Jair Bolsonaro(PL) e Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), o IPESPE ainda reserva uma diferença de 13 pontos percentuais entre ambos, embora confirme alguns dados alvissareiros para a candidatura de Jair Bolsonaro, como numa constante recuperação em termos de avaliação de governo.
O mais importante nessa discussão, é a afirmação do cientista político, consultado pelo jornalista Matheus Leitão, de Veja, de que, naõ importa as bravatas, tampouco os eventuais escorregões cometidos pelo ex-presidente Lula em sua entrevista à revista americana Time. Quem irá decidir essas eleições presidenciais é mesmo o humor dos brasileiros na hora de pagar a conta do carrinho de supermercado na boca do caixa, confirmando o argumento do próprio cientista político de que nenhum Governo permanece imune às altas taxas de inflação.
Editorial: Esse jogo não pode ser um a um. Se o meu time perder tem zum-zum-zum.
Não é nada bom para a saúde de uma democracia a disseminação de informações falsas, pondo em dúvidas a lisura dos resultados de uma eleição. Pior do que isso é quando os eleitores passam a acreditar nessa onda sistemática de descrença sobre o processo eleitoral. Nesses tempos bicudos de pós-verdade, mentiras podem-se tornar verdades absolutas, mediante aqueles expedientes hoje tão bem-conhecidos e profissionalmente tão bem-utilizados.
Certa vez este editor estava em sala-de-aula quando diversos alunos passaram a receber, simultaneamente, disparos de Zap dando conta de que um tal padre de uma cidade pernambucana era pedófilo. Não entro no mérito da questão - até porque algumas alunas, dessas que não acreditavam em pernas cabeludas, foram logo deixando sob suspeita tais afirmações - mas o fato dimensiona a encrenca em que estamos metidos, depois que tais expedientes passaram a ser usados como arma política para destruir a reputação dos adversários.
Uma pesquisa divulgada recentemente aponta que um em cada três eleitores passaram a manifestar suspeição sobre a lisura dos resultados eleitorais. Um dado preocupante para a saúde de nossa democracia representativa, como afirmamos no início. O questionamento sobre a Justiça Eleitoral é um indicador do péssimo momento vivido por nossas instituições democráticas. Eleições livres, regulares e soberanas, com resultados acatados pelos competidores é um dos indicadores de que a saúde de uma democracia vai bem. Quando isso não ocorre, algo está errado.
O melhor exemplo foi o que ocorreu com a eleição da presidente Dilma Rousseff(PT-MG), quando o oponente não aceitou os resultados soberanos das urnas e começou um desgastante processo de articulação política com o propósito de inviabilizar o seu governo, culminando com o golpe institucional de 2016. Fez escola e de lá cá não tivemos mais sossego, como que repetindo o refrão do cancioneiro popular: "Se o meu time perder tem zum-zum-zum".
Isso nos faz lembrar das peladas dos campos de várzea de antigamente, quando o adversário não aceitava o placar do jogo e começava aquelas ilações quanto ao seu resultado, alegando que o juiz havia deixado de marcar um pênalti para o seu time ou expulsado um jogador do time adversário por uma eventual falta cometida durante a partida. Resultado de tudo isso? Apenas uma tremenda confusão instaurada, sem que nada de positivo seja produzido. O nosso grande problema, no entanto, é que há atores políticos dando demonstrações claras de que apostam nesse caos.
Na foto acima, o elegante Edgar Ferreira da Silva, compositor da música cujo refrão é citado no editorial.
terça-feira, 3 de maio de 2022
Editorial: A incontinência verbal de Lula
Por razões compreensíveis - sobretudo para não dar munição aos adversários, que já estavam sugerindo um eventual ministério para ele - o ex-ministro José Dirceu tem sido mantido afastado da campanha de Lula. Afastado - registre-se - até certo ponto, uma vez que o seu capital político permite um trânsito livre entre o ex-presidente e os seus principais assessores. Afinal, quem teria coragem de barrar José Dirceu? É com esta desenvoltura - mesmo que discreta - que o ex-homem forte do Governo Lula procura aconselhar o petista no tocante aos rumos de sua campanha presidencial deste ano.
Observamos que todas as ponderações que estão sendo dirigidas à campanha do ex-presidente Lula convergem num ponto: Há um sério problema de comunicação. Seja no excesso - ou na incontinência verbal, para ser mais preciso - seja na ausência, como a incipiente e preocupante presença de Lula nas mídias sociais, onde o adversário ganha de braçadas, com a espertise, embora eivada de controvérsias, acumulada desde as eleições passadas. A distância dos perfis do ex-presidente para o candidato Jair Bolsonaro(PL) nas redes sociais é quilométrica e é pouco provável que ele consiga equilibrar o jogo por ali antes de outubro.
Faz sentido, portanto, uma preocupação manifestada pelo escritor Paulo Coelho neste sentido, ao afirmar que Lula precisa ser mais contido em suas falas, assim como assumir um melhor protagonismo nas redes sociais. As ponderações de José Dirceu, de alguma forma, também esbarram num problema de comunicação. Embora afirme que Lula precisa agilizar as definições dos palanques estaduais, a outra observação do ex-ministro José Dirceu também diz respeito ao fato de que ele precisa dizer para a população como seria um governo do PT, estabelecendo um contraponto em relação ao presidente Jair Bolsonaro.
Lula, de fato, parece estar tendo alguns problemas com a incontinência verbal. Não bastassem as falas sobre o aborto, sobre a classe média e os militares - há algumas semanas atrás e que tiveram uma repercussão bastante negativa - sua última fala envolveu os policiais. Sobre esta categoria, ele chegou a externar um pedido de desculpas durante as manifestações do primeiro de maio. Esses sincericídios provocaram um verdadeiro rebuliço no seu staff de campanha, onde algumas mudanças substantivas estão ocorrendo, com o objetivo de frear esse ímpeto do ex-presidente.
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A implosão da Frente Popular.

segunda-feira, 2 de maio de 2022
domingo, 1 de maio de 2022
sábado, 30 de abril de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Sem uma definição, pululam candidaturas ao senado pelo Frente Popular.

sexta-feira, 29 de abril de 2022
Editorial: As dificuldades de comunicação do PT ( também pelas redes sociais).
Sabe-se que um dos grandes trunfos da campanha do presidente Jair Bolsonaro(PL) são as redes sociais, onde eles conseguém superar os adversários desde a última campanha, quando tornou-se Presidente da República. Entende-se, portanto, seu eterno agradecimento ao filho Carlos Bolsonaro, que ficara responsável por essa parte da campanha naquelas eleições. Quando das memoráveis campanhas de Lula, o PT mantinha um staff bem azeitado cuidando deste assunto. Ao longo do tempo, foi perdendo essa espertise, numa arena que tornou-se estratégica em qualquer campanha política, a despeito das críticas aos equívocos e excessos.
Trata-se de um território que vem sofrendo forte vigilância da Justiça Eleitoral, justamente por ser uma arena vulnerável à disseminação das chamadas fake news, ou seja, notícias falsas, transformando a mentira numa arma política poderosa contra os adversários. Essa prática, além de ilegal, imoral e antirepublicana, contribui para distorcer todo o processo político, pois, ao invés de se discutir propostas ou plataformas de governo, os atingidos passam toda a campanha tentando desmentir inverdades, em nada contribuindo para um debate público sadio e desejável numa eleição.
Até recentemente, fomos informados de que o ex-presidente Lula teria convidado o jornalista Franklin Martins para cuidar dessa área de sua campanha. Depois dos últimos sincericídios de Lula, sua situação não ficou muito confortável junto ao seu staff de campanha. O fato concreto é que, mais uma vez, os bolsonaristas estão dando um banho nas redes sociais, o que preocupa bastante os estrategistas da campanha do petista. Há, hoje, diante desse clima político em que o país se meteu, evidências concretas de que teremos grandes embates pela frente. Não daria para combater o avanço do adversário nesse terreno apenas trocando farpas ao responder a algumas postagens, quase sempre traduzidos como xingamentos mútuos.
Os bolsonaristas, a despeito das refregas sofridas ao longo dos anos, mantém a espertise intacta. Mesmo os mais renhidos petistas, ao entrarem nas redes sociais se deparam com grupos de apoios ao presidente Jair Bolsonaro, com milhões de seguidores. São postagens com erros gritantes, produzidas com um desleixo absoluto, mas acabam atingindo os seus objetivos, o que, afinal, seria o mais importante para eles, que não dão a mínima para as regras gramaticais.
Editorial: O feel bad factor de Jair Bolsonaro
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Editorial: Por que Jair Bolsonaro cresce nas pesquisas de intenção de voto?
Se tal pergunta fosse dirigida apenas aos bolsonaristas raízes, possivelmente, eles teriam uma série de respotas para esta pergunta. Algumas delas talvez impublicáveis. Mas, a pergunta não está sendo dirigida aos bolsonaristas raízes e sim aos analistas políticos e aos institutos de pesquisa. Em última análise, aos próprios estrategistas de campanha do presidente. A melhor percepção da população sobre os rumos da economia contribuíram para melhorar seus índices de aprovação, o que acabou se refletindo em sua performance nas pesquisas de intenção de voto, num processo de recuperação contínuo.
Nem mesmo a inflação em alta e a carestia de alguns itens como a gasolina, o gás de cozinha e o óleo de soja conseguem frear este avanço. O oléo de cozinha, por exemplo, que há alguns meses atrás era R$ 3,50 hoje atinge a estratosférica cifra de R$15,00. Segundo respeitados estudiosos do assunto, inflação alta acaba se refletindo no humor do eleitor e, consequentemente, em sua decisão de voto. Pelo andar da carruagem política, isso ainda não acabou se refletindo no desempenho do presidente Jair Bolsonaro.
Um mistério que, como afirmamos por aqui, precisa ser explicado urgentemente. Outro mistério diz respeito ao Auxílio Brasil, que integra o carro-chefe de um pacote de bondades que teria como propósito alavancar sua campanha. Em princípio, ele poderia cumprir este propósito sim, mas há inúmeras controvérsias em torno do assunto. Até mesmo os adversários acreditaram nessa hipótese, como é o caso do dirigente do PSOL, Guilherme Boulos, que advertiu Lula para o perigo que tal programa representava ao atingir, justamente, um eleitorado historicamente mais identificado com o petista.
Uma pesquisa comprovovou que a percepção dos beneficiários do programa em relação ao Governo e a pessoa do presidente Jair Bolsonaro é confusa e por vezes até refratárias, como, por exemplo, a queixa de que os valores seriam insuficientes. Em razão disso, o próprio Governo irá realizar uma pesquisa entre os beneficiários para entender o que poderia estar ocorrendo. O fato concreto é que Jair Bolsonaro cresce em meio às turbulências no orçamento doméstico, provocadas pelo preço dos tomate, da cenoura, do óleo de cozinha, assim como em meio às inúmeras controvérsias e percepções em torno do Auxílio Brasil. Afinal, por que Bolsonaro cresce nas pesquisas de intenção de voto?
P.S.: Do Contexto Político: Há, de fato, algo de curioso em relação aos efeitos desse "Auxílio Brasil" sobre o eleitorado. Pesquisa da FSB\BTG, divulgada no dia de hoje, 25\04, aponta que, realmente, Lula perdeu o apoio de parte desse segmento do eleitorado beneficiado pelo programa, mas, por outro lado, esses votos não teriam migrado para o candidato Jair Bolsonaro.
domingo, 24 de abril de 2022
Editorial: Mergulhamos de vez numa grave crise institucional.
Embora a relação entre ambos seja a melhor possível - tendo o presidente Jair Bolsonaro, em outras ocasiões, recorrido aos seu capital político e jurídico para sanar crises no Planalto - a resposta foi um sonoro não, indicando que a temperatura política pode esquentar daqui para a frente. Tudo indica que Bolsonaro resolveu afagar a sua base de apoiadores mais consolidada, o que significa que as rusgas com o Judiciário estão longe de serem dissipadas, comprometendo, ainda mais, o nosso tecido democrático, historicamente tão fragilizado.
A nova pesquisa de intenção de voto, conduzida pelo Instituto IPESPE, não traz muitas novidades no tocante à disputa presidencial de 2022, exceto, talvez, ao confirmar a boa performance do azarão André Janones(Avante), que aparece com escores de empate, dentro da margem de erro, com figuras carimbadas como o ex-governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), que disputa a indicação na aliança entre o União Brasil, o MDB, o PSDB e o Cidadania. André Janones é um fenômeno nas redes sociais. Neste aspecto, temos até uma grande novidade, ou seja, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB-RS), afastou-se da disputa e poderá dar suporte às aspirações do ex-governador paulista. Eduardo Leite é uma espécie de queridinho da velha guarda da mangueira tucana.
Num país de democracia consolidada, as prerrogativas dos Três Poderes seriam respeitadas, as eleições ocorrreriam sem maiores transtornos e os seus resultados seriam solenemente respeitados pelos atores envolvidos no pleito. No Brasil, infelizmente, as coisas não funcionam assim. O clima está acirrado, a corda está esticada e o momento tornou-se delicado. É torcer que haja as ponderações necessárias e os atores relevantes consigam - assim como num passado recente - evitar o descarrilhamento do trem de nossa democracia.
sábado, 23 de abril de 2022
Editorial: A crise de comunicação na campanha de Lula
É pouco provável que os recentes equívocos de comunicação cometidos pelo pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), tenha sido objeto de algum plano estratégico elaborado por algum marqueteiro. Mas, em todo caso, acabou sobrando para o marqueteiro Augusto Fonseca, segundo dizem, indicado por Franklin Martins, um grande companheiro de outras jornadas petistas, que, até recentemente, passou a ter ascendência junto ao pré-candidato. A um pré-candidato, em muitas ocasiões, não se aconselha falar com o coração, mas com o cérebro. Para o "cercadinho", até pode-se abrir alguma exceção. Para o grande público, não.
Principalmente quando se sabe que o "cercadinho" são votos contados e, hoje, Lula precisa penetrar em redutos tradicionalmente não petistas. A fala do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner de que ele, se eleito, não irá realizar um governo do PT é emblemática. Mais franqueza impossível, embora saibamos dos seus efeitos, suficientes para causar calafrios nos petistas do cercadinho, aqueles eleitores de base histórica, mais renhidos, portanto.
É bom deixar claro, no entanto, de que não se trata, tão somente, de um problema de comunicação do pré-candidato. O crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto é muito mais resultado dos seus acertos do que dos eventuais erros cometidos pelo petista. E, por falar em comunicação, segundo o articulista Ricardo Rangel, de Veja, ele acaba de dar um banho com esta decisão de indultar o Deputado Federal Daniel Silveira. Ele lucra seja qual for o resultado dos recursos que estão sendo encaminhados ao STF, que deverá julgar o mérito da decisão.
A decisão do presidente Jair Bolsonado gerou, de imediato, as reações previsíveis, inclusive as positivas para a sua campanha, independente dos protestos de setores do campo político e jurídico. Como sugere o articulista de Veja, foi uma jogada de comunicação exitosa, independentemente do seu desfecho posterior. O grande problema que percebemos aí é esse cabo de guerra entre os poderes Executivo e Judiciário, nada salutar para as nossas instituições democráticas.
quinta-feira, 21 de abril de 2022
Editorial: O voto cristão ( e em favor da democracia) do ministro André Mendonça.
domingo, 17 de abril de 2022
Editorial: Um noticário político "morno" neste Feriado de Páscoa
Por razões óbvias, nesses feriados prolongados, o noticiário político fica mesmo "morno" e "burocrático", sem que surja, no horizonte, algum acontecimento mais relevante, uma vez que a classe política está recolhida aos seus aposentos, curtindo o período com a família. Somente os "bruxos" veem nesse período ocasiões propícias para a tomada decisões nevrálgicas, como a demissão do ministro do Exército, general Sílvio Frota, em plena Ditadura Militar, quando os quertéis estavam vazios em função de um desses feriadões. No geral, trata-se de um período sem grandes novidades.
Se não, vejamos: a) Nova pesquisa sobre a inviabilidade da terceira via, apontando que os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Jair Bolsonaro(PL) não deixariam de votar em seus candidatos em qualquer hipótese. Apenas 11% dos eleitores ainda não decidiram em quem irão votar nas eleições presidenciais de 2022, o que significa um universo de votantes insuficientes para viabilizar eleitoralmente uma candidatura de terceira via. A pesquisa é o do Instituto DataPoder; b) Ilustres atores políticos que gravitam em torno da candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltam a insistir para que ele abandone a pauta de moral e costume em suas falas;c) Por quebra de confiança, o ex-governador João Dória(PSDB-SP) afasta de sua coordenação de campanha o presidente nacional da legenda tucana, Bruno Araújo, que não deu a mínima para o fato.
Aqui na província pernambucana, os eternos problemas das fissuras internas da Frente Popular, que emite sinais evidentes de que caminha para uma implosão, pela ausência de uma liderança política capaz de conduzir o barco no nevoeiro. A impressão que passa é a de que o candidato escolhido cumpriria, tão somente, a missão de conduzir o caixão para o cemitério. Em meio às turbulências,no entanto, Os botes salva-vidas ainda foram jogados para os herdeiros da oligarquia política.