Por razões compreensíveis - sobretudo para não dar munição aos adversários, que já estavam sugerindo um eventual ministério para ele - o ex-ministro José Dirceu tem sido mantido afastado da campanha de Lula. Afastado - registre-se - até certo ponto, uma vez que o seu capital político permite um trânsito livre entre o ex-presidente e os seus principais assessores. Afinal, quem teria coragem de barrar José Dirceu? É com esta desenvoltura - mesmo que discreta - que o ex-homem forte do Governo Lula procura aconselhar o petista no tocante aos rumos de sua campanha presidencial deste ano.
Observamos que todas as ponderações que estão sendo dirigidas à campanha do ex-presidente Lula convergem num ponto: Há um sério problema de comunicação. Seja no excesso - ou na incontinência verbal, para ser mais preciso - seja na ausência, como a incipiente e preocupante presença de Lula nas mídias sociais, onde o adversário ganha de braçadas, com a espertise, embora eivada de controvérsias, acumulada desde as eleições passadas. A distância dos perfis do ex-presidente para o candidato Jair Bolsonaro(PL) nas redes sociais é quilométrica e é pouco provável que ele consiga equilibrar o jogo por ali antes de outubro.
Faz sentido, portanto, uma preocupação manifestada pelo escritor Paulo Coelho neste sentido, ao afirmar que Lula precisa ser mais contido em suas falas, assim como assumir um melhor protagonismo nas redes sociais. As ponderações de José Dirceu, de alguma forma, também esbarram num problema de comunicação. Embora afirme que Lula precisa agilizar as definições dos palanques estaduais, a outra observação do ex-ministro José Dirceu também diz respeito ao fato de que ele precisa dizer para a população como seria um governo do PT, estabelecendo um contraponto em relação ao presidente Jair Bolsonaro.
Lula, de fato, parece estar tendo alguns problemas com a incontinência verbal. Não bastassem as falas sobre o aborto, sobre a classe média e os militares - há algumas semanas atrás e que tiveram uma repercussão bastante negativa - sua última fala envolveu os policiais. Sobre esta categoria, ele chegou a externar um pedido de desculpas durante as manifestações do primeiro de maio. Esses sincericídios provocaram um verdadeiro rebuliço no seu staff de campanha, onde algumas mudanças substantivas estão ocorrendo, com o objetivo de frear esse ímpeto do ex-presidente.
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