segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
domingo, 17 de dezembro de 2023
Editorial: Evandro Leitão filia-se ao PT do Ceará com pinta de candidato à Prefeitura de Fortaleza.

Há algum tempo, igualmente, as forças do campo conservador tem ampliado sua capilaridade política no Estado, inclusive o espectro identificado com o bolsonarismo no plano nacional. No próximo ano teremos disputas acirradíssimas pelo controle das capitais do país. Ninguém terá vida fácil, muito menos o PT, vidraça da Oposição bolsonarista, que já escalou o seu time para a disputa nas principais capitais, com muita antecedência, inclusive em Fortaleza, onde deve concorrer o Deputado Federal André Fernandes, filiado ao PL.
Evandro Leitão leva com ele o seu grupo político, que inclui, inclusive, uma penca de prefeitos. O evento, antes previso para a filiação de todo o grupo, sofreu alterações, sendo, neste momento, toda festa dedicada ao deputado, que já pinta como possível candidato da legenda à Prefeitura de Fortaleza nas eleições de 2024. É curioso que, embora cindido com o irmão Ciro Gomes, o grupo do senador Cid Gomes encontra algumas dificuldades de negociações com o PT, embora já tenha recebido sinalização positiva do morubixaba petista. O entrave, segundo especula-se, seria o Deputado Federal José Guimarães.
Há capitais do país onde o partido enfrentará maiores dificuldades, a julgar pelas primeiras pesquisas de intenção de voto já divulgadas. O percurso, no entanto, ainda é longo até outubro de 2024. O empenho de Lula como cabo eleitoral, dando o start da campanha em eventos como o ocorrido recentemente em São Paulo, parece sinalizar que o petista compreendeu que o fortalecimento da Oposição nessas eleições municipais podem antecipar o fim do seu Governo. Conforme temos repetido por aqui, as mobilizações de rua e o torniquete aplicado pela Oposição ao Governo no Legislativo indicam presságios preocupantes.
Editorial: Michelle Bolsonaro pode antecipar o embate entre PL e PT.
Depois de cometer inúmeros erros de avaliação, o senhor Sérgio Moro(UB-PR) deve deixar a vida pública de forma melancólica, amargando uma cassação de mandato e uma possível inelegibilidade. Se continuar elegível, ainda enfrentará um eleitorado que não perdoa o fato de ele, eventualmente, ter votado a favor da indicação do senhor Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. É preciso tomar muito cuidado com os erros de avaliação. A maioria deles produzem danos difíceis de reverter. A recomendação do Ministério Público do Estado do Paraná, que orienta a cassação e inelegibilidade ainda deve ser submetida a instâncias judiciais superiores a ao próprio Senado Federal.
Leva algum tempo, mas seus adversários e inimigos já estão de braçadas para ocupar a vaga deixada pelo senador, em caso de confirmação da cassação do mandato. Os processos movidos, pedindo a sua cassação, partirarm do PT e do PL, o que dá bem a dimensão de que o ex-juiz da Lava Jato, de fato, cometeu erros primários de avaliação. O mais curioso são as movimentações de olho em novas eleições, que determinarão o sucessor ou sucessora de sua vaga. Em princípio, o PL apresentaria o nome do jornalista Paulo Martins, que ficou em segundo lugar na disputa, com 29% dos votos válidos.
O PT cobiça a vaga, tendo escolhido o nome da Deputado Federal Gleisi Hoffmann(PT-PR) para a disputa, num arranjo complexo, que pretende, inclusive, afastar as ambições políticas do filho do ex-governador Roberto Requião, que almeja o cargo. Até recentemente, o Instituto Paraná Pesquisa realizou uma pesquisa no estado onde a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro liderava a disputa, num estado que tem forte presença do bolsonarismo. Uma disputa a uma vaga ao Senado Federal, neste momento, talvez seja a opção ótima para a ex-primeira-dama, ainda verde para uma majoritária no plano nacional.
Agora vem a bomba: Especula-se que ela pode, sim, candidatar-se ao Senado Federal pelo Paraná. Michelle Bolsonaro tem feito declarações, participado de encontros do PL Mulher no Estado, tudo indicando que teria interesse em entrar na disputa. Caso confirme a candidatura, teremos uma amostragem bastante emblemática sobre os embates que deverão travar nos momentos seguintes, o PT e o PL, seja nas eleições municipais de 2024, seja nas eleições presidenciais de 2026. A disputa promete. Vocês já imaginaram Lula e Bolosonaro emendando os bigodes por aquelas bandas?
Editorial: Qual o propósito da ênfase retórica de Lula?
É neste contexto que não se entende como Lula, num encontro com a juventude do partido, observou que se orgulhava de ter indicado o primeiro ministro comunista ao Supremo Tribunal Federal. Essa identificação do senhor Flávio Dino, com o comunismo não passa de uma mera "demarcação" ideológica, talvez partidária, uma vez que ele militava na agremiação do PCdoB. Quando muito. Salvo honrosos companheiros da academia que, de fato, ainda mantém uma fé inabalável nas ideias comunistas, em sua maioria, os comunistas da academia não ultrapassam os limites das linhas de pesquisa.
É uma esquerda que mora em Casa Forte - o bairro mas chique do Recife, para tomarmos uma referência local, uma vez que também poderia ser o Leblon - integram a burocracia pública, em alguns casos ocupando cargos de confiança; usam Paulo Freire como uma grife de "escudo ético"; mantém suas redes azeitadas e, circunstancialmente', produziram trabalhos acadêmicos usando referenciais teóricos de esquerda. Nada além disso. Adoram caviar, whiskes envelhecidos e la dolce vita da pequena burguesia. Tornam-se pessoas perigosas, posto que permeáveis a qualquer ambiente político, desde que seus privilégios sejam preservados. A defesa de projetos coletivos é só enquanto tais interesses atendem às suas ambições pessoais.
Essa retórica enfática de Lula só faz um sentido: talvez fortalecer seus vínculos como sua base de apoio mais renhida. Provocar bolsonaistas, neste momento, talvez não seja uma atitude das mais prudentes. Hoje, o jornalista Josias de Souza discute o assunto em sua coluna, observando o tratamento dispensado pelo morubixaba petista em encontros recentes, como no momento da entrega de obras no Espírito Santo ou na largada paulista das eleições municipais, quando esteve com o candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, do PSOL, além do seu Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de quem se especula que seja o herdeiro do seu espólio político.
Pelo andar da carruagem política, fica evidente que a retórica da polarização política deve alimentar o ânimo da militância nas próximas eleições. A municipal de 2024 e a presidencial de 2026. Existe um "lado bom" - que não vai muito bem, por sinal - e um "lado demoníaco" que deve ser evitado a todo custo. Convém, porém, ficar atento ao que ocorreu na Argentina, onde um aloprado venceu as eleições pilotando uma motosserra como símbolo de campanha. E ganhou com uma folga bastante relativa.
Editorial: A poderosa federação terrivelmente bolsonarista.
Aqui se podera pensar sobre as grandes organizações internacionais que congregam o ideário de extrema-direita ou mesmo naquelas organizações vinculadas a setores que movimentam parte considerável de nosso PIB, como é o caso do agronegócio, um nicho eleitoral tradicionalmente identificado com o bolsonarismo, que fustiga o Governo Lula sempre que encontra uma oportunidade. Mas, neste momento, estamos nos referindo às famosas federações partidárias, instrumento pelo qual alguns partidos se unem em federações, ganhando musculatura na ocupação de espaços e disputas nas Casas Legislativa, assim como competitividade eleitoral.
A bronca fica por conta do racha dos recursos oriundos dos fundos partidários, o que, quase sempre, produz algumas ranhuras entres eles. Mais uma dessas federações está sendo criada, desta vez por agremiações políticas com bastante identidade com o bolsonarismo, o que deve significar, naturalmente, maiores dores de cabeça para o Palácio do Planalto. Ainda não há um nome definido da federação, mas ela deve integrar partidos como o Progressistas, o União Brasil e o Republicanos. A união entre esses grêmios partidários significará a formação de uma bancada de 150 deputados, além de 17 senadores, reforçando o time do Centrão.
Um dos principais entusiastas da ideia é o ex-Ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira, um bolsonarista raiz. Mesmo com membros dos seus quadros integrando o Governo Lula, como se sabe, isso nunca significou uma inserção efetiva desses grêmios partidários na base da apoio do Governo Lula. Em alguns casos, além de reforçarem a premissa da distância regulamentar, os dirigentes partidários argumentam que seus representantes no Governo não representam a vontade do partido. Estão no Governo por conta e risco pessoal, constituindo uma espécie de esquizofrenia institucional. O caso do Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, do Repúblicanos, até hoje, sequer, teve uma audiência com o presidente Lula.
Analisra o cenário político da relação do Executivo como o Legilativo, pela via do presidencialismo de coalizão, conceito cunhado pelo professor Luiz Felipe de Alecanstro, já não dá conta do fenômeno que está sendo observado no terceiro Governo Lula, ou seja, tornaram-se cada vez mais incertos que os acenos do Executivo, traduzido na liberação de emendas e cargos na máquina, signifique, necessariamente, apoio congressual. Entramos numa nova fase, como sugere o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, ou seja, na era do parlamentarismo de coação.
sábado, 16 de dezembro de 2023
Editorial: De como sou e não sou comunista.
Nesses tempos estranhos que o país atravessa, a expressão "comunista" voltou a ganhar ares de uma ampla discussão, seja pela imprensa, seja pelas redes sociais. O debate veio à tona no bojo da "demonização" emprestada ao termo pelas ordas bolsonaristas radicais, principalmente ao consorciar o Governo do PT às "ditaduras comunistas" do continente, a exemplo de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Na realidade, na versão dos mais exaltados bolsonaristas, o país já enfrenta uma "ditadura comunista" com o Governo do PT, o que se constitui, convenhamos, num grande exagero.
Por cautela, para não atiçar ainda mais os ânimos, sugerimos ao morubixaba petista deixar de gabar-se de ter nomeado um comunista para STF. Alguém sugeriu que até neste aspecto ele havia se equivocado, uma vez que a Corte já contou com membros versados na obra do filósofo alemão, Karl Marx, capaz de citar suas teses com regularidade. Estamos hoje tratando, na verdade, de uma corruptela teórica, muito distante dos tempos da guerra fria, da extinta União Soviética, das guerras continentais, como as ocorridas no continente asiático e africano, onde, as duas grandes potências da época acabavam se engalfinhando através dos seus satélites. Por uma dessas ironias da História, a depender do desenrolar dos fatos, o desenho de outrora começa a se esboçar neste projeto do presidente Nicolas Maduro em anexar parte do território da Guiana. Mas, como informamos, uma excepcionalidade.
A própria História, a partir da experiência do Socialismo Real, tratou de evidenciar que algumas teses propostas pelo velho Marx se mostrariam inconsistentes na prática. Talvez devêssemos nos preoupar, hoje, isso sim, com as chamadas democracias iliberais, eivadas de vicios representativos, agendas protofascistas, de viés autoritário. Lembram do ultradireitista eleito recentemente na Argentina? Já anda proibindo manifestações contra o seu Governo. Alguém hoje observou que o próprio Flávio Dino, ao receber sua indicação ao STF, sugeriu que os mais distintos atores, dos mais dísperos espectros políticos maranhense apoiaram sua indicação ao cargo. Inclusive gente do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nem precisava tanto esforço retórico, uma vez que bastaria ele observar que velhas raposas sarneizistas estiveram com ele no projeto de implantar uma "República Comunista" no Estado do Maranhão.
Alguns bolsonaristas parecem ter perdido o senso da realidade. A expressão acima é extraída de um livro do sociólogo Gilberto Freyre, quando se refere à sua condição de sociólogo. Como se sabe, o grande projeto de vida do autor de Casa Grande & Senzala era se tornar um escritor. Uma de suas biógrafas, Maria Lúcia Pallares-Burke, que teve a acesso irrestrito à sua biblioteca durante quatro anos, percebeu seu grande interesse por romancistas e poetas americanos e ingleses, o que, certamente, deve ter sido importante para o exercício do seu papel como mentor literário do amigo José Lins do Rego.
Editorial: Lula articula para trazer Marta Suplicy de volta ao PT.

Convém não esquecer, porém, que as rusgas de Marta Suplicy com a legenda começaram exatamente por questões parecidas, quando ela pretendia dusputar a prefeitura e foi preterida pelo PT, que indicou, à época, o nome de Fernando Haddad, com o aval de Lula. As situações são distintas hoje, uma vez que, a princípio, Marta Suplicy, em tese, talvez não almeje disputar a Prefeitura de São Paulo. Em todo caso, há mágoas políticas que também demoram a cicratizar. Marta hoje encontra-se sem partido, mas permanece como secretária na gestão Ricardo Nunes, que é do MDB.
O prefeito estranha o fato de não ser comunidado pela auxiliar sobre tais movimentações do PT. Ricardo Nunes é candidatíssimo às próximas eleições municipais, possivelmente com o apoio de setores do bolsonarismo, quem sabe até com o apoio do governador Tarcísio de Freitas(Republicanos). Não podemos fazer afirmação categóricas por aqui, uma vez a disputa para a Prefeitura de São Paulo se constitui num palco de lutas acirradíssimas, principalmente quando se considera as escaramuças frequentes no escopo das forças conservadoras. O Deputado Federal Ricardo Salles(PL-SP), bolsonarista roxo, ainda disputa o apoio da legenda ao seu projeto de candidatuta. Hoje, curiosamente, nesta fase da campanha, seu principal adversário é o próprio Ricardo Nunes.
De olho nas eleições presidenciais se 2026, quando alguns analistas ainda sugerem que possa vir a ser candidato, Lula já definiu como estratégia prioritária da legenda manter uma participação efetiva no chamado "cinturão paulista', que inclui a capital São Paulo. Há muitos rumores sobre quem poderia assumir a condição de ungido pelo morubixaba como seu sucessor na política. Pelo menos no que concerne aos movimentos iniciais do petista, Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, aparece como favorito nesta fase do campeonato. Tudo pode mudar até outubro de 2026, conforme advertia a raposa mineira Magalhães Pinto.
Editorial: Quem deixa o Governo Lula na minirreforma de janeiro.
Presume-se que em janeiro de 2024 teremos mais uma minirreforma ministerial do Governo Lula. Como a informação vazou, logo surgiram uma relação de cabeças que serão cortadas e o nome de novos atores que deverão assumir cargos na Esplanada dos Ministérios. Possivelmente tal reforma teria como pressuposto alguns ajustes do próprio Governo, consoante as circunstâncias políticas que se apresentam. Conforme as nuvens sinalizam, para usarmos uma expressão da velha raposa mineira, Magalhões Pinto. Até Lula já deve ter percebido que ajustar a minirreforma às exigências do Centrão não está produzindo resultados concretos no que concerne às suas relações com o Legislativo. O jornalista Josias de Souza, em sua coluna do Portal UOL, sugere, corretamente, que talvez devêssemos subtituir o termo "presidencialismo de coalizão" por parlamentarismo de coação, que é a situação vivenciada pelo terceiro Governo Lula. Sempre muito inspirado o jornalista.
Na realidade, a minirreforma começa com a vaga aberta, depois da vacância deixada pelo ministro Flávio Dino no Ministério da Justiça. Embora este seja um ministério que se tornou uma espécie de estade de tiro do bolsonarismo mais radical, o que não faltam são candidados ao posto. Pelo andar da carruagem política, essa cobiça, certamente levará Lula a decidir pelo desmembramento da pasta, no sentido de ter um espaço de manobra a mais para acomodar a base aliada. O ex-ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski, por incrível que possa parecer, passa fácil pela clivagem exigente dos petistas. Lula, a julgar pelos burburinhos políticos, talvez negociasse com ele os cargos de confiança que ficarão a ele subordinado. Outros nomes estão no retrovisor das negociações, inclusive aqueles que foram preteridos pela escolha de Flávio Dino ao STF. Sobe na bolsa de apostas o nome de Wellington César Lima, secretário particular para assuntos jurídicos da Presidência da República, apadrinhado pela ex-presidente Dilma Rousseff e pelo senador Jaques Wagner.
Ainda no espectro dos burburinhos, no de ontem surgiram rumores de que o atual Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, poderia deixar o cargo. Somente mais recentemente, depois de meditar bastante sob a massaranduba do tempo, conseguimos entender a estratégia de Lula ao indicar o pernambucano ao cargo. Aposentado, com grandes perspectivas na iniciativa privada, José Múcio resistiu o quanto foi possível. Resistência vencida unicamente pela relação de afeto que mantém com o morubixaba petista.
Por incrível que possa parecer, surge no retrovisor dos nomes que podem ocupar a pasta da Defesa mais um comunista, o histórico militante do PCdoB, Aldo Rebelo, que já comandou a pasta no passado. Houve um tempo em que não se dava muita importância ao fato de o cidadão ter um passado comunista. Isso era motivo até de folclore. Com a ascensão do bolsonarismo, no entanto, parece que retornamos à época dos Comandos de Caça aos Comunistas, o CCC, um grupo paramilitar que colaborava com a Ditadura Militar instaurada no país com o Golpe de 1964. Nada contra Aldo Rebelo, mas, se Lula resolve nomeá-lo para a pasta aí é que os bolsonaristas ficarão convencidos de que o país está implantando uma ditadura comunista. Imaginem!
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
Editorial: Lula sofre a maior derrota no Congresso.

Gente muito próxima ao núcleo duro do morubixaba petista pode ter chegado à mesma conclusão, a exemplo da Deputada Federal Gleisi Hoffmann, que, em discurso, quando da Conferência Eleitoral que o partido organizou recentemente, visando as eleições municipais do próximo ano, sugeriu que, guardada as devidas circunstâncias e seguindo a linha do austericídio, Lula poderia ter o mesmo fim da ex-presidente Dilma Rousseff, quando desingavetaram um processo de impeachment contra ela. Neste momento, a dirigente nacional da legenda entrou em rota de colisão com o Ministro da Fazenda Fernando Haddad. Há quem tenha sugerido que a cabeça do ministro tenha sido pedida a Lula. Lula não a entregou e pode ter havido algum exagero por aqui.
Se nos permitem os leitores, a trairagem é tanta que há casos em que o parlamentar se desincompatibilizou-se do cargo para ajudar na indicação do Ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal e aproveitou para acompanhar os "companheiros da oposição" no voto contra o Governo Lula. E Lula, por sua vez, de mãos atadas porque, se sugerir a demissão do sujeito, entra em rota de colisão com o partido que o indicou, sob as bençãos do Centrão. Se demitir é mais encrenca na certa e ele, matreiramente, prefere colocar panos mornos numa situação que se torna, a cada dia, mais insustentável.
Até as eleições municipais de outubro, nossa previsão é a de que a oposição irá criar as condições para o Governo Lula sangrar em praça pública. Estão com a faca nos dentes, com uma tropa de choque montada nas principais capitais do país. Nada sugere que algo tenha mudado significativamente no cenário eleitoral desde as últimas eleições presidenciais, quando a população, através das urnas eletrônica sufragou este congressso hostil. Até cadáver eles estão usando para desgastar o Governo. Torniquetes no Congresso, por outro lado,limitam as margens de manobra do morubixaba.
Editorial: Mais um erro de avaliação do ex-Juiz Sérgio Moro.
Pelos segmentos de esquerda, principalmente os mais ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-juiz, por razões conhecidas, é execrado. Os bolsonaristas, como se sabe, moveram moinhos no sentido de evitar a aprovação da indicação de um "comunista" para o Supremo Tribunal Federal. Ainda estão de ressaca, depois da refrega. Para completar o enredo, Lula ainda comemorou o fato de ter indicado o primeiro ministro comunista para a Suprema Corte. Esta narrativa de "comunista" está dando o que falar e, logo, retomaremos a tal discussão. Há muitos exageros sobre o assunto, além da corruptela conceitual, empregado de forma abusiva, apenas para atingir o futuro membro da Suprema Corte. Flávio Dino foi eleito governador do Maranhão até com o apoio dos comunistas "sarneizistas", conforme ele mesmo admitiu durante a sabatina.
Os bolsonaristas se mobilizaram, fizeram campanhas de ruas, pelas redes sociais, tudo com o propósito de evitar a aprovação da indicação do senhor Flávio Dino para o STF. O rolo compressor montado pelo Palácio do Planalto, aliado às manobras regimentais, no entanto, foi mais eficiente. Não foi aquele placar com folga, mas 47 votos dá para passar, mesmo sem os louvores. A sabatina transcorreu sem maiores problemas, exceto pelos excessos de retórica dos bolsonaristas, respondido com a polidez política de Flávio Dino, impostas pelas circunstâncias, uma vez, em momentos assim, recomenda-se não desagradar a banca examinadora.
Em mais um erro de avaliação, o ex-juiz aparece em cumprimentos efusivos ao futuro ministro do STF, foi ponderado em sua arguição, e alguns sugerem que poderia ter dado um voto a favor da indicação de Flávio Dino, tudo em nome da urbanidade, da civilidade e da polidez política. Até diálogos entre o ex-juiz e um conselheiro, que teria sugerido menos "entusiasmo", vazou para a imprensa. O problema é explicar esses gestos de civilidade política aos bolsonaristas, que o estão tratando como traidor pelas redes sociais. Pela experiência política, Moro já devia saber como esses segmentos radicais se comportam.
P.S.: Contexto Político: O Ministério Público, através de processo que esteve em julgamento no TRE\PR, recomendou a cassação do mandato do senador Sérgio Moro, além de sugerir sua inelegibilidade. O ex-juiz da Lava-Jato, na avaliação dos magistrado, segundo comentários da coluna do jornalista Josias de Souza, teria, digamos assim, queimado a largada para a sua candidatura ao Senado Federal, uma vez que, muito antes, já fazia um périplo nacional infrutífero como aspirante a candidato à Presidência da República, assumindo uma larga vantagem sobre os demais concorrentes a uma vaga de representante do Estado do Paraná na Câmara Alta.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Editorial: Privatização da SABESP é um tremendo retrocesso.
Não nos recordamos exatamente o título, mas a plataforma de streaming Netflix possui uma série documental bastante interessante onde, entre os assuntos tratados, está a crise de abastecimento de água no mundo, assim como os interesses que orientam os grandes conglomerados que privatizam e exploram esses recursos públicos. Há exemplos preocupantes, como no Chile, onde a privatização elevou as tarifas às alturas e praticamente inviabilizou o acesso ao líquido precioso para alguns segmentos da população mais pobre. Há regiões no Chile onde a prioridade é o abastecimento das plantações de abacate, em detrimento da população local.
Em Gana, na África, além da enorme poluição provocada pelo uso das garrafinhas, um desses grandes conglomerados abriu uma planta nova para explorar água do subsolo, numa determinada região, instalando um chafarriz, como contrapartida, só que bem afastado da população necessitada, que precisa fazer longos trajetos para adquiri-lo, além de atravessar rodovias perigosas, onde os acidentes são constantes. No caso de São Paulo vão privatizar a SABESP na base da porrada, sem argumentos, na contramão do que vem ocorrendo em todo o mundo, onde grandes países voltaram atrás no processo de privatização por endendê-lo extremamente danoso para a população.
90% dos serviços de abastecimento de água no mundo são públicos. A SABESP é um colosso. A maior empresa de água e saneamento da América Latina, com bons serviços, equipe qualificada, tarifas compatíveis, gerando dividendos de bilhões para o Estado. Trata-se de uma insensatez e outros interesses inconfessos subjacentes. O candidato à Prefeitura Municipal de São Paulo nas próximas eleições, o Deputado Federal Guilherme Boulos(Psol-SP), mostrou, por A mais B, o que ocorreu com as tarifas de outras companhias de saneamento privatizadas. A conta não bate e penaliza a população mais humilde.
Questionado a este respeito, durante uma entrevista, o governador Tarcísio de Freitas(Republicanos-SP) produziu uma resposta bastante emblemática sobre o assunto. Além de emblemática, tal resposta é pedagógica, pois sugere que a população precisa cercar-se de todos os cuidados possíveis sobre as intenções dos seus futuros dirigentes. Tarcísio observou que o assunto já teria sido discutido quando a população o escolheu para gerir os negócios de Estado, ou seja, havia escolhido um candidato privatista. Nisso ele foi sincero.
Editorial: Flávio Dino vai sentir saudades da política.
Nomeado Ministro da Justiça e Segurança Pública, então, Dino, entreabriria a porta da Suprema Corte. Era só uma questão de tempo. Tempos quentes, aliás, o que pode ter precipitado a sua indicação ao cargo, como sugerem algumas análises. A sabatina ocorreu sem atropelos, ajudada pelas manobras regimentais e o engajamento do Governo na missão de conseguir sua aprovação a qualquer custo. Alguns veículos de comunicação estão tratando o assunto como uma vitória do Governo Lula. Não deixa de ser, mas há um certo entusiasmo desmedido aqui. Dino deve ter feito um esforço pessoal danado para conter os ânimos quando provocado pelos bolsonaristas, mas estava em jogo uma estratégia fundamentalmente importante para viabilizar o seu nome. Convém não esquecermos, no entanto, que um tratoraço atropelou o regimento interno da Casa, ao abrir a excepcionalidade de uma sabatina conjunta. Pegou muito mal a manobra.
Há quem diga até que aquele juiz da Lava-Jato teria votado a favor da indicação. Afinal, o voto é secreto. Deu o placar das previsões do Governo, que estimava que o indicado obtivesse de 47 a 51 votos. O engraçado ficou por conta da afirmação daquele senador que é instrutor da Swat, ao sugerir que a Polícia Federal havia sido aperelhada e que haveria cinquenta agenres em cada Estado da Federação, apenas para monitorar o que as redes sociais diziam sobre o Ministro da Justiça.
Sinceramente? depois de um certo momento, consideramos pouco provável que o morubixaba petista indicasse o Ministro para a Suprema Corte. Para aqueles petistas que consideravam que a manobra poderia minimizar a zona de desconforto entre Governo e Oposição, tal indicação foi considerada uma provocação pelos bolsonaristas. Mesmo no STF, Flávio Dino continuará a ser objeto da ira bolsonarista, o que significa dizer que a zona de desconforto entre Governo e Oposição, longe de ser arrefecida, pode ser até ampliada.
O trabalho funcionau, como juiz, apresenta as vantagens da tranquilidade financeira até a aposentadoria compulsória, menos exposições etc. Indicado para a assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, Dino chega ao ápice da carreira como juiz. Mas, quem vem acompanhando Dino nos últimos anos percebe, nitidamente, que a adrenalina que ele gosta vem mesmo da política. Em nossa modesta opinião, ele vai sentir falta da atividade política rapidamente. Um eventual afastamento prematura do cargo, ao longo dos próximos anos, como ocorreu com Joaquim Barbosa, não está descartada.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Editorial: É hoje a sabatina de Flávio Dino para o STF. A sorte está lançada. Que falta nos faz um Dataliba.
Em décadas passadas, tínhamos aqui no Recife um vereador de vários mandatos, o que lhes outorgava a condição de decano da Casa de José Mariano. Liberato Costa Júnior exerceu dez mandato de vereador pelo Recife. Liberato também se tornaria conhecido por suas previsões eleitorais, criando aqui na província uma espécie de Dataliba, numa alusão ao Datafolha. Liberato Costa Júnior morreu em 2016, mas, mesmo com a idade bastante avançada, se debruçava sobre mapas eleitorais, estatísticas e telefonemas, em sua casa no bairro do Hipódromo, Zona Norte do Recife, onde funcionava o seu instituto de pesquisa.
Suas previsões sobre as eleições do Recife eram aguardadas com muita expectativas pelos concorrentes, sobretudo pelos níveis de acertos. Ele era capaz de prevê a votação individual dos concorrentes, quem teria mais chances de se eleger, quantos vereadores ou deputados tal partido poderia eleger. O Dataliba trabalhava com margens de erro bastante pequenas. O senhor Flávio Dino, Ministro da Justiça, está se submetendo, neste momento, à sabatina no Senado Federal, o que o autorizaria, se aprovado, a assumir o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Como as indisposições entre Governo e Oposição estão acirradas, correm muitas especulações em torno do placar da votação no plenário da Casa. A situação não é nada confortável, tanto isso é verdade, que o Governo exonerou quatro senadores que ocupam cargos de ministros para reassumirem seus cargos no Senado Federal, com o propósito de reforçar o time governista. Pouco provável que o seu nome seja rejeitado, algo que só ocorreu na Primeira República, quando o Legislativo tinha sérias indisposições com Floriano Peixoto.
O procurador Paulo Gonot, que está sendo indicado para a PGR, também participa da sabatina, desta vez realizada concomitantemente, o que suscitou inúmeros protestos dos senadores da Oposição. O senador David Alcolumbre, que já tinha ajustado a tramitação da sessão com o Governo, foi irredutível. Outro fato que preocupou os senadores oposicionistas foi o forte aparato policial nas proximidades do Senado Federal, mas a explicação seria um evento que está ocorrendo no prédio do Instituto Rio Branco, sede do Ministério das Relações Exteriores.
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Editorial: Bolsonaro acredita na reversão de sua inelegibilidade.
Com escritório político montado em Brasília, onde exerce o papel de presidente de honra da legenda, Bolsonaro tem feito um corpo-a-corpo junto aos seus aliados, sempre que há alguma oportuindade de infringir uma derrota ao Governo, quando do momento de votação da Reforma Tributária, por exemplo. Acompanha, igualmente de perto, a sabatina à qual se submeterá, no dia de amanhã, 12\12, o Ministro da Justiça, Flávio Dino, em sua trajetória rumo ao STF. Por outro lado, depois de se recolher aos aposentos, conforme recomenda os bons manuais de filosofia, o ex-presidente voltou às ruas, atraindo multidões, sobretudo em decorrência dos acirramentos políticos entre petista e bolsonaristas, além das dificuldades encontradas pelo Governo Lula.
Há, aqui, até um fenômeno curioso, discutido por nós em outro momento. As multidões ainda saem as ruas para prestigiar o "mito", embora as grandes mobilizações bolsonaristas do passado passem por um momento de arrefecimento. A postura de Jair Bolsonaro nas ruas ultrapassa a condição de um simples capitão eleitoral do PL. É desenvoltura de quem deseja ser candidato, o que passou a nos sugerir algumas inquietações. No dia de hoje, 12, depois de ler a entrevista concedida por ele à rede CNN, não temos mais dúvidas: O ex-presidente acredita que haverá uma possível reversão das decisões anteriores do STE, que determinaram sua inelegibilidade pelos próximos 08 anos, abridndo o espaço para uma candidatura sua em 2026.
Seus advogados já teriam tomado as providências atinentes em relação a este assunto, pedindo que a decisçao do TSE seja reavaliada ou revista pelo STF, o que não costuma ocorrer. Pior: Se passar pela sabatina de amanhã, imaginem os leitores se o ex-presidente tiver o azar de o processo cair nos escaninhos de Flávio Dino, já na condição de integrante da Suprema Corte. Essas mobilizações de bolsonaristas esbarram em princípios básicos impostos pelos sistemas representativos de governo. É coisa para deixar o professor Bernard Manin de cabelo em pé.
Editorial: O start da campanha eleitoral das eleições municipais de 2024.
Estamos ainda muito distante de uma oficialização do pleito municipal de 2024, quando as autoridades dos órgãos competentes estipulam as regras do jogo eleitoral, definindo, inclusive, os prazos oficiais da campanha. Mas, nos bastidores, sabe-se que elas já começaram, consoante as movimentações do Governo e da Oposição. Na Argentina, enquanto prestigiava a posse do amigo Javier Milei, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu sua trupe para dar o ponta pé inicial da campanha do bolsonarismo para as próximas eleições municipais.
Editorial: As dificuldades do Governo com o estilo "bateu-levou" de Flávio Dino.
A premissa acima sugere que alguns nomes especulados para assumir a pasta com a indicação de Flávio Dino ao STF, já podem perder as suas esperanças. Um deles, inclusive, alimenta projetos eleitorais, o que o tira em definitivo da disputa pelo cargo. A tendência é que Lula escolha um nome mais discreto para a pasta, o que aumentam as possibilidades de a escolha realmente recair sobre o ex-ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski. Com a escolha, Lula reconstitui as pontes fragilizadas com o STF e, terá alguém de perfil mais burocrático no cargo, menos polêmico do que o antecessor.
E, por falar no ministro Flávio Dino, amanhã está programada a sua sabatina no STF. No escopo das manobras regimentais, a sabatina será compartilhada com o o procurador Paulo Gonet, que está sendo indicado para a PGR. Numa manobra conjunta entre o Planalto e o presidente da CCJ, o senador David Alcolumbre, a estratégia visa minimizar as zona de conflito entre o Flávio Dino e a barulhenta oposição bolsonarista, que trabalha pela sua reprovação na sabatina.
Um outro problema seria Flávio Dino perder a esportiva e responder à altura aos inquisidores bolsonaristas, o que dificultaria a sua aprovação para a Suprema Corte. Além de sua "base de apoio" o Governo conta com as suas articulações junto a alta cúpula dirigente da Instituição, como o senador David Alcolumbre, que deve usar de suas habilidades para evitar maiores embaraços ao futuro ministro do STF. Como estamos passando por um momento institucional bastante delicado, o gesto do morubixaba petista de indicar Flávio Dino - entendido por este editor como uma manobra para colocar panos mornos na relação entre Governo e Oposição - foi lido, na realidade, como uma "provocação" pelos bolsonaristas.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
Editorial: As brigas políticas alagoanas e a CPI da Braskem.
Talvez não se conheça um outro estado da federação onde as brigas entre grupos políticos rivais sejam tão renhidas como em Alagoas. A projeção política ocupada pelos principais adversários ajudam a manter essas indisposições sempre atuais, alimentada pela imprensa e pelas redes sociais. Aliado do Governo Lula, o grupo político liderado pelo senador Renan Calheiros(MDB-AL)trava uma luta sem trégua com o presidente da Câmara dos Deutados, Arthur Lira(PP-AL), político com base naquele estado, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os passos de cada um são religiosamente monitorados pelo adversário. Tempo houve, por exemplo, que a cabeça de Renan Filho, Ministro dos Transportes, chegou a ser solicitada, sob pena das chantagens do travamento de pautas. Felizmente, Lula não a entregou. Seria apenas para atender aos caprichos políticos dos seus inimigos no estado. Agora o embate se dá em torno da CPI da Braskem, sugerida pelo Senador Renan Calheiros, que poderia ser instalada amanhã, dia 12, mas que começa a sofrer algumas manobras de bastidores, regimentais, que podem adiar sua instalação.
Enquanto os políticos brigam, permanece o drama vivido pelos alagoanos. No dia de ontem, uma das minas desabou provocando um fenômeno inusitado na Lagoa Mundaú. Hoje circulou, pelas redes sociais, vídeo onde um pescador local aponta uma quantidade enorme de crustáceos supostamente mortos em razão do acidente. A Lagoa Mundaú já foi o local onde mais se produzia proteína animal por metro cúbico do planeta. Já imaginou? Como essa turma não considerou essas questões quando concederam licenças para a exploração do sal-gema na região? Milhares de pescadores dependem dessa cadeia produtiva. Até o sururu no capote, prático típico da gastronomia alagoana, está ameaçado. E olha que ainda nem adentramos no drama das pessoas, que foram obrigadas a se retiraram do local, sem que o Poder Público tenha encontrado uma saída decente para a realocação dessa população, mantida em abrigos improvisados.
Embora inimigos ferrenhos, o senador Renan Calheiros teve a humildade de propor uma trégua humanitária em nome da viabilização de uma CPI que pretende passar essas transações antirrepublicanas a limpo. É tudo muito nebuloso e não estamos nos referindo aqui aos túneis escavados pela Braskem. Até a extração de areia em uma área próxima à paradisíaca e aprazível praia do Francês está eivada de irregularidades, conforme denúncia. Renan propôs um encontro com Arthur Lira para tentar contornar o imbróglio.
Editorial: E não é que o nosso Javier Milei pode vir de Goiás!
Há alguns meses, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado(União-GO), esteve presente a uma das sessões da então CPI do MST. Caiado foi convidado pela oposição justamente por pilotar um projeto bem-sucedido no estado no que concerne a evitar conflitos fundiários. Depois ficaríamos sabendo que o Estado de Goiás hoje ostenta bons índices no tocante a um problema nevrálgico para o país: o recrudescimento da violência urbana. Caiado tomou algumas medidas que contribuíram para baixar tais índices, como a melhoria das faixas salarias dos policiais, assim como a criação de um batalhões com atuação específica em zonas rurais. Vale o registro de que a avaliação de seu governo é uma das melhores do país.
Passada a fase de diálogo amistoso com os parlamentares de oposição que compunham aquela comissão, o governador enfrentaria embates duros com parlamentares governistas, que lembraram, inclusive, a morte do ativista Chico Mendes, quando ele dirigia a UDN - União Democrática Ruralista. A sessão precisou ser interrompida. Comendo o mingau quente pelas beiradas do bolsonarismo, identificando-se com o grupo, mas assumindo posições menos radicais, o governador de Goiás, surge no retrovisor das eleições presidencais de 2026, quiçá, como representante de uma direita menos extremista.
Conforme afirmamos em outros momentos, os bolsonaristas radicais se comportam como se não houvesse um substituto para o capitão. O bordão das ruas é o "Volta, Bolsonaro", repetido à exaustão, sempre que o capitão participa dessas mobilizações. Difícil saber como vamos nos arranjar institucionalmente, uma vez que o capitão está inelegível. Durante a posse do presidente argentino, Javier Milei, ele não perdeu a pose. Tentou sair na foto com os Chefes de Estado presentes à cerimônia. Precisou ser retirado.
Mesmo sabendo-se dos seus eventuais projetos políticos nacionais, o governador Ronaldo Caiado mantém a sua discrição. Faz costuras de bastidores, evitando os holofotes. Difícil dizer se ele chegará na frente nesta verdadeira corrida de obstáculos para se posicionar como herdeiro legítimo do bolsonarismo. De todos os quadrantes do país, há outros candidatos ao trono deixado por Jair Bolsonaro, desejosos de sua benção. O mingau é quente e, como Caiado tem experiência de campo, sabe que pode se queimar se tentar comê-lo pelo centro.
Editorial: Gleisi Hoffmann acende a luz amarela durante encontro do PT.
Em nossa época de estudante, estávmos sempre presentes aos encontros mais importantes do Partido dos Trabalhadores. Tínhamos uma coleção de teses e resoluções de fazer inveja até aos mais fiéis militantes de base. Conhecíamos o partido pelas entranhas, ou seja, nosso conhecimento não ser resumia àquilo que era produzido pela academia. Embora já não acompanhe o partido como antes, não nos causa surpresa as recomendações do morubixaba petista, sugerindo que o partido retome o diálogo com as bases, reconquiste o eleitorado evagélico.
Ao longo dos tempos, quase como uma Lei da Oligarquização, como sugere o sociólogo alemão Robert Michels, o partido oligarquizou-se, burocratizou-se, priorizando a luta pelo voto, negligenciando as suas articulaões de base, entre os quais com grupos evangélicos, hoje um nixo eleitoral dos mais importantes. Como sugeria o cientista político italiano, Angelo Panebianco, as instituições, por mais que elas mudem ao longo dos anos, guardarão sempre algumas referências sobre como as cartas foram jogadas durante a sua fundação.
O PT nasceu como um partido de base, organicamente vinculado aos movimentos sociais e setores progressistas da sociedade brasileira, inclusive com setores da Igreja Católica. Mas não só com setores da Igreja Católica. O PT já possuiu um núcleo evangélico só para ampliar as articulações com tal segmento. Essas referências ainda estão ali presentes, mas já não exercem o mesmo papel ou poder decisório de antes. Quem dá as cartas, hoje, são os núcleos burocráticos da legenda.
Agora, por ocasião da última Conferência Nacional, realizada no Auditório Ulisses Guimarães, em Brasília, em sua fala, a atual presidente nacional da legenda, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann faz uma advertência preocupante sobre os rumos do Governo Lula, sugerindo que aplicar o torniquete do austeridade econômica, neste momento, poderia prejudar a avaliação do Governo Lula junto à população, o que seria, no final, uma sentença de morte para Lula, vítima constante de um Congresso hostil.
O que ocorreu com Dilma Rousseff poderia, igualmente, ocorrer com o morubixaba petista. Austeridade comprometendo o implemento de políticas públicas, neste momento, poderia ser classificado como um "austericídio", sugere Gleisi Hoffmann. A fala, naturalmente, não agradou ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sempre tentando colocar panos mornos sobre este assunto, nevrálgico para o Governo Lula. O mercado e setores da imprensa pressionam o Governo constantemente sobre a necessidade de conter a sangria de gastos públicos, que jé elevaram a cifra do déficit para R$ 120 bilhões. Não será fácil "tapar esse buraco" contraindo mais despesas. As contas não batem.
domingo, 10 de dezembro de 2023
Editorial: Agora é oficial. Kassab convida Raquel Lyra para se filiar ao PSD.
Embora em São Paulo, atuando como um superministro do governo de Tarcísio de Freitas, o Presidente Nacional do PSD, Gilbeto Kassab, continua movimentando as peças no tabuleiro do xadrez político nacional. O bruxo, como o tratamos por aqui - espero que ele não se aborreça - é tido hoje como um dos mais argutos estrategistas políticos no cenário nacional. Até recentemente, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE)fez um gesto de aceno ao PSD, convidando o Ministro da Pesca, André de Paula, para ingressar na legenda. A governadora aproveitou o ensejo para nomear a filha do ministro para assumir a Secretaria de Cultura do Governo do Estado, sem titular à época.
A manobra afastou, por completo, o partido da base de apoio do prefeito João Campos(PB-PE), um ator político em franca ascenção, que alimenta o projeto de se tornar governador do estado, disputando as eleições de 2026, depois de renovar o contrato de locação com o Palácio Antonio Farias, nas eleições de 2024. Qualquer embaraço que possa contrbiuir para atrapalhar os planos do filho do ex-governador Eduardo Campos, será sempre bem-vindo pelos seus opositores. Assim, os arranjos políticos neste sentido já começaram. Numa manobra ousada, João Campos trouxe o grupo Coelho para a sua base, abrindo espaço no governo municipal, de olho na grande capilaridade política que o grupo exerce na microrregião do Sertão do São Francisco. O grupo, aliás, deu um grande apoio para a eleição da governadora, mas foi ignorado na composição do seu governo.
Já faz algum tempo, que a governadora esboça um certo desconforto no ninho tucano, sem que se saiba exatamente do que se trata, porque, até mesmo as suas boas relações com o Palácio do Planalto não é vista como um grande problema para os novos dirigentes da agremiação, como é o caso de Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, recentemente conduzido à direção nacional da legenda tucana. Raquel, inclusive, é daquela geração de jovens governadores tucanos que saírem das urnas nas eleiões passadas e que poderiam injetar um sangue novo na legenda, ao lado de Eduardo Leite, hoje uma unanimidade -até entre os inimigos - como nome do partido para as eleições presidenciais de 2026. Mas, enfim, Raquel demonstra sentir um certo desconforto no ninho. Temos aqui algumas hipóteses, mas ficariam no plano das especulações, o que não recomendaria externá-las. Até manobras palacianas para levá-la para um partido da base aliada já foram orquestradas, mas esbarrou nas disputas políticas provincianas do país de Caruaru, cidade de origem da governadora.
Até recentemente, especulou-se que o presidente Lula, durante essa última viagem, sugeriu a interlocutores de que a governadora poderia ser muito bem-vinda ao PT. Isso, naturalmente, implicaria em manobras políticas ousadas, uma vez que, no Estado de Pernambuco, ou em particular na cidade do Recife, o PT mantém uma aliança de décadas com o PSB, do atual prefeito João Campos, adversário natural da atual governadora. A qustão que se coloca por aqui é sobre se Gilberto Kassab teria conversado com o motubixaba petista para formular o convite à governadora, encontrando uma saída para o imbróglio, colocando-a na base aliada, sem criar arestas com o PT local? Nada é improvável nas manobras de um bruxo. Há de se considerar, inclusive, o cenário nacional. Bruxos possuem feeling apurados.
Editorial: Bolsonaristas se mobilizam pelo #DinoNoSTFNão
As mobilizações programadas pelos bolsonaristas radicais para dia de hoje, 10\12, com o propósito de protestar contra a indicação do Ministro da Justiça, Flávio Dino para o STF, é marcada por uma série de emblemas. A começar pelo inusitado de uma manifestão pública contra a indicação de um nome do Executivo para assumir uma vaga no STF. Salvo melhor juízo, não há precedentes no país. Convém esclarecer que a batalha dos bolsonaristas radicais contra a indicação do ministro Flávio Dino é dentro e fora do parlamento. Assim como o Portal UOL, que realizou uma sondagem para saber quantos votos o ministro havia assegurado, a tropa de choque bolsonarista está trabalhando em favor de uma rejeição do nome do ministro na sabatina programada para o dia 13, quarta-feira. A data da sabatina também é emblemática. Para alguns, o número 13 dá azar.
A julgar como correto o levantamento realizado pelo Portal UOL, o ministro precisa de mais 21 votos para ter a homologação de sua indicação, votos que precisam ser negociados junto aos caciques do Centrão, numa engenharia política intrincada, que, como sempre, deve incluir algumas concessões do Executivo. Neste contexto, a possibilidade de uma rejeição é remota, mas nada que desanime os bolsonaristas mais radicais, que têm programação até para a Esplananda dos Ministérios, em Brasília. Na realidade, pensávamos que tais mobilizações seriam apenas na capital federal, mas elas devem ocorrer em todo o país, principalmente nas grandes capitais.
Há algum tempo, os bolsonaristas tentam remontar as grandes concentrações de rua do passado. Hoje, tais mobilizações de rua convocadas por eles estão bem distante de atingir as multidões de outrora. Uma boa questão para os analistas polítcos seria a de tentar responder a essa questão. Pontualmente, não se pode dizer que o "mito" deixou de ter seus seguidores, dispostos a passar frio e calor para a acompanhá-lo, como ocorreu recentemente no Rio Grande do Norte. Por outro lado, as "pautas' ou agendas bolsonaristas, sem a presença do líder, parece que não empolgam mais como antes.
Há de se considerar aqui, igualmente, os efeitos pedagógicos produzidos a partir da prisão e da condenação de alguns daqueles envolvidos na tentativa de golpe do dia 08 de janeiro. Talvez os conselhos da vovó ajudem a conter os ânimos exaltados das novas gerações. Tudo é possível. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão de não comparecer a alguns desses encontros, como este último, realizado na Avenida Paulista. Ele sabe que precisa tomar alguns cuidados para não infringir as restrições legais impostas.
P.S.: Contexto Político: Confirmando que sugerimos acima, enquando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ovacionado na posse do colega argentino, as mobilizações programadas pelos bolsonaristas aqui no país resultaram num tremendo fracasso de público.
Editorial: CPI da Braskem avança no Senado Federal.
Polêmicas à parte, está tudo certo para a instalação da CPI da Braskem, na próxima terça-feira,dia 12, no Senado Federal. A proposta, encaminhada pelo Senador Renan Calheiros(MDB-AL), não encontrou grandes dificuldades de tramitação, exceto pelas críticas de alguns adversários políticos do estado de origem do proponente, o que não seria de surpreender, se considerarmos a correlação de forças locais. Em 2026 teremos novas eleições para o Senado Federal. Trata-se de uma CPI que terá a hegemonia da base govenista, assim como ocorreu com a CPI da Covid-19. Vamos ter os senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e o próprio Renan Calheiros, que foi relator daquela comissão e luta por espaço semelhante na composição dessa nova CPI.
Muita coisa precisa ser esclarecida sobre este caso, para que possamos tirar nossas conclusões, assim como identificar os responsáveis - entre agentes públicos e privados - por este desastre ambiental de proporções gigantescas, que vem penalizando a população do estado de Alagoas. Como se sabe, em situações assim, o moído é grande. Desde o início dos trabalhos, ainda na fase das licenças, que os órgãos ambientais do Estado teriam desanconselhado a exploração do sal gema no local, recomendação vencida pelos interesses políticos e econômicos subjacentes. O embate é longo e começou ainda sob o regime militar.
Desde então, os desmandos se sucederam um a um, sempre priorizando os lucros auferidos pela exploração, sem o menor cuidado ou preocupação com as consequências produzidas contra a população do entorno da mina. Quando o quadro agravou-se, elas precisaram deixar suas residências, sem que saiba, concretamete, como serão devidamente indenizadas pela mineradora. Para completar o enredo nebuloso, a mina fica localizada bem próxima à lagoa Mundau, fonte de sobrevivência econômica de centenas de pescadodores, que sobrevivem da pesca. Um colapso da mina salgaria a lagoa, matando os peixinhos que gostam de água doce.
P.S.: Contexto Político: A briga aqui, como se diz no Nordeste, é de cachorro grande. A abertura desta CPI põe em lados opostos o grupo político reprsentado pelo senador Renan Calheiros e o atual prefeito da capital, João Henrique Caldas (JHC), filiado ao PL e aliado de Arthur Lira no Estado, um inimigo figadal do senador. Há, por exemplo, acordos celebrados entre os gestores da Braskem e a administração municipal, estimados em bilhões, sem que tais recursos tivessem chegado aos atingidos pelas desocupações compulsórias. Para completar o enredo, também não seria de bom alvitre uma comissão hegemônicamente governista, fustigando o atual Presidente da Câmara dos Deputados.