pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Editorial: Louvável as iniciativas no sentido de preservar a memória do Diário de Pernambuco.



Em nossos textos, mesmo os literários, não raro fazemos algumas referências ao Diário de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação da América Latina. Mas não ficamos sozinhos neste contexto, uma vez que o historiador Durval Muniz de Albuquerque, em seu livro a Invenção do Nordeste e Outras Artes, sugere que a circulação do jornal, em seus tempos áureos, tornou-se referência para se delimitar os limites geográficos da própria região Nordeste. O Nordeste ia até onde chegava a circulação do jornal. Em seus textos memorialistas relativos ao Ciclo da Cana-de-Açúcar, o escritor paraibano José Lins do Rego faz referência ao jornal, que ele recebia no Engenho Corredor, nas primeiras horas da manhã. Em Banguê, por exemplo, depois de voltar de uma incursão fracassada pelo eito, onde não teve condições de informar ao coronel Zé Paulino sequer quantos cabras estavam no batente por lá, o avô informa para ele: - O Diário de Pernambuco chegou.  Jornal que ele lia, deitado numa rede, meditando sobre o futuro do Engenho Santa Rosa. 

O sociólogo Gilberto Freyre manteve, ao longo de sua vida, uma relação efetiva e afetiva com o jornal, mesmo nos tempos em que passou uma temporada de estudos nos Estados Unidos, de onde enviava, com regularidade, seus artigos numerados, intitulado Da Outra América, textos reunidos posteriormente em livros, que deram suporte às suas ideias regionalistas. Gilberto tinha uma relação estreitíssima com o jornalismo. Desde os tempos de estudante no Colégio Americano Batista, no Recife, onde dirigia O Lábaro, um jornal estudantil. Depois dirigiu A Província e, salvo melhor juízo, também comandou o Diário de Pernambuco, num dos seus períodos mais efervescentes. 

Durante o período da Ditadura do Estado Novo, o vespertino tornou-se uma tribuna contra os desmandos da Interventoria do Estado de Pernambuco, à época comandada por Agamenon Magalhaes, levando o sociólogo à prisão por duas vezes, além de ameaças e espancamento ao colega jornalista Aníbal Fernandes, quando chegava à sua residência no bairro de Boa Viagem. A Fundação Joaquim Nabuco, possivelmente em relação desses laços que unem o sociólogo ao jornal, mantém preservados em microfilmagens as edições impressas do jornal. A governadora Raquel Lyra, depois da licitação encetada e não concretizada para a preservação do prédio da Pracinha do Diário, finalmente resolveu assumir a restauração do mesmo. Em governo anterior, a licitação, embora paga e concluída, o prédio continuou sem os cuidados requeridos. Em princípio, abrigaria a sede do novo Arquivo Estadual. Hoje, não se sabe se o Governo de Raquel Lyra teria outros objetivos com o imóvel. Ratificando que a licitação paga e a restauração não entregue ocorreu em governo anterior ao de Raquel Lyra.  Este senso republicano da governadora merece os nossos cumprimentos. 

Por iniciativa do deputado Eduardo da Fonte, o presidente Lula assinou projeto de lei, tornando o acervo jornalístico do jornal um patrimônio cultural material do país. E, por falar em arquivo, estre jornal foi uma de nossas fontes de pesquisa para a nossa dissertação de mestrado. A senhora Leda Rivas nos facultou acesso a material importante para aquele trabalho, depois transformado em dissertação, com direito a uma entrevista, que saiu publicada numa página inteira, com direito à chamada de capa. 

Editorial: Acomodação das placas tectônicas do sistema político.

 


Já houve aquela reunião no dark room. Então, diletos leitores, aguardem que teremos novidades nos próximos dias. Desde 2013,  quando os jovens ganharam as ruas nas chamadas Jornadas de Junho, o país mergulhou numa espiral de instabilidade institucional que parece não ter fim. Observa-se, em escala global, a ascensão de uma onda de extrema direita em relação a qual as forças do campo democrático, de esquerda, estão se tornando impotentes para contê-la. Esses grupos organizados da direita ou extrema direita - eles não gostam de serem tratados como de extrema direita - seduziram, no Brasil, não apenas os ricos e a classe média alta de Santa Catarina, mas os pobres - e talvez evangélicos - da periferia de São Paulo. Santa Catarina passou a ser o novo reduto do bolsonarismo no país. Trata-se de um fenômeno curioso porque, em princípio, esses grupos sociais teriam expectativas de vida distintas. 

Desnorteada, a esquerda perdeu completamente a narrativa e o poder de sedução. Lula chegou às eleições de 2022 no limite, exaurido, sem base de sustentação sólida, permitindo-se fazer um governo de conciliação com o centro, com o objetivo de se contrapor à oposição, que mina o seu governo, atacando-o em várias frentes, seja as institucionais, como o Legislativo, seja nas ruas ou redes sociais. A direita ganhar as ruas é um fenômeno relativamente recente. O resultado é que o Governo Lula3 se afasta cada vez mais dos seus compromissos históricos, assim como suas resistências são fragilizadas a cada novo pleito, em razão da dissonância das ruas. Lula não teve a preocupação de formar novas lideranças políticas no PT, o que se constitui num outro grave problema. O campo conservador tem uma penca de nomes aguardando a sua chance, enquanto o campo progressista aposta apenas nele, já com uma idade bastante avançada.  

No cenário internacional, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos representa mais um problema, uma vez que acende as expectativas desses grupos de extrema direita no continente. No Brasil, não seria diferente. Os bolsonaristas raciocinam como se não houvesse mais as condições políticas para a manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso ficou claro nas mensagens de congratulações enviadas ao futuro presidente americano. Difícil antecipar por aqui como essas placas tectônicas do nosso sistema político serão acomodadas daqui para a frente, mas, como afirmamos no início, teremos novidades. Não sem um pesado ônus. O ônus de aguçarmos o processo de instabilidade institucional iniciado com aquelas mobilizações contra o aumento das passagens em 2013. 

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Editorial: Os desejos de Kafka( e os nossos).

Crédito da Foto: Revista Algo Mais. 


Fazia algum tempo que não publicávamos por aqui matéria de outros veículos de comunicação. No ano em que se comemora o centenário do escritor Franz Kafka, não resistimos, porém, em publicar uma matéria assinada por Leonardo Peterson Lamba, na edição deste mês de novembro do Le Monde Diplomatique Brasil. Trata-se de uma carta inédita do escritor tcheco à sua amada Milena, onde ele fala de desejo ou, precisamente, do medo do desejo. Kafka é um escritor sobre o qual há inúmeras controvérsias e este texto de Leonardo Peterson, na realidade, põe, como se diz em regiões interioranas, mas lenha na fogueira dessas polêmicas. 

Outro dia, líamos uma nova biografia do autor de O Processo, onde o biógrafo desconstrói alguns eventuais mitos acerca do comportamento supostamente muito reservado de Kafka. Tinha amigos, que costumavam se reunir num clube literário, frequentado por ele com relativa regularidade, e padrões de relacionamentos normais na empresa de seguro onde trabalhava, uma vez que, necessariamente, precisava manter contatos regulares com os clientes da seguradora. As Cartas a Milena já mereceram inúmeros estudos, pois é um dos momentos em que Kafka talvez mais se revele, merecendo todo tipo de análise, inclusive as psicanalíticas, além, claro, das literárias. 

Um fato que nos chama a atenção é o expressivo número ensaístas brasileiros de matriz marxista que se debruçaram sobre a obra de Kafka, inclusive aquele que é considerado o maior deles, Carlos Nelson Coutinho. Algumas abordagens dos textos do autor tcheco, sugere-se, poderiam ser vinculadas à teoria marxista. Kafka também não era uma unanimidade. Era endeusado pelo poeta argentino Jorge Luis Borges, mas mereceu observações ácidas de críticos literários. Um dos pontos observados é a dispersão e inconclusão dos seus textos, reunidos com enorme esforço pelo seu amigo e biógrafo Max Brod. 

Lendo o texto de Leonardo, voltamos a lembrar dos velhos tempos da Livro 7, aqui no Recife, onde sentávamos para folhear os livros do autor, numa prosa com Gilvan Lemos,  acompanhado de uma batida de maracujá preparada pelo próprio Tarcísio Pereira. Bons tempos. Nessas conversas, o escritor de São Bento do Una, que residia sozinho no centro da cidade, orgulhava-se de sua amizade com Osman Lins. Gilvan nunca deixou a província, embora tivesse sido aconselhado por Osman a fazê-lo, para que houvesse um reconhecimento do seu trabalho. Na Livro 7 havia uma estante apenas com os livros do autor tcheco, que líamos e colecionávamos com avidez. Em nossa biblioteca temos algumas obras raras, hoje difíceis de ser encontradas.  

Le Monde Diplomatique: Os medos e os desejos de Kafka



Inédita em tradução direta para o português brasileiro, na “carta do medo e do desejo”, escrita em janeiro de 1920 para Milena Jesenská, Kafka procura explicar a tensão singular entre esses dois polos, que determinaram sua vida e sua escrita

Leonardo Petersen Lamha
19 de fevereiro de 2024



Começa a enfraquecer o barulho da “descoberta” de que Kafka teria frequentado bordeis e assinado revistas pornográficas, que logo descambou para a surpresa de que o autor seria “atormentado pelo desejo sexual”, algo pouco digno do ascetismo e da santidade associados à sua figura.

Santo é como a primeira noiva, Felice Bauer, designa o autor ao concluir a releitura das mais de mil páginas de cartas que recebeu de Franz antes de vendê-las para o editor Schocken, na década de 50, que as publicaria sob o título Cartas a Felice. Milena Jesenská, a jornalista e tradutora tcheca, cuja relação também predominantemente epistolar, por sua vez, nos legou as Cartas a Milena, faz eco a isso em carta a Max Brod de agosto de 1920: “Franz não é alguém que constrói seu ascetismo como meio para um fim, mas alguém que, com sua lucidez terrível, sua pureza e sua incapacidade de compromisso, é forçado ao ascetismo”.
O escritor Franz Kafka (Wikimedia Commons)

Contudo, para nós, distantes do começo do século XX, talvez seja melhor ler o ascetismo ou seu oposto não como fato ou sentença a respeito de Franz, mas como efeito que a leitura de suas cartas produz em seus leitores, seja Felice, Milena ou nós. Pois, se a polêmica se quer calcada em informação biográfica, retirada do biógrafo Reiner Stach, de que de Kafka, como de qualquer homem de seu tempo, era esperado a visita a bordeis na juventude, o mesmo Stach admite que:

“[o trabalho do biógrafo] é reconstrução, e seu material não são os fatos, como o leitor gostaria de acreditar, e sim os vestígios que esses fatos deixaram na linguagem […] Ele descobre que o lado espontâneo, físico, orgânico da vida, ou seja, aquilo que se tentou capturar como a vida por excelência, tem a tendência de suplantar a escrita. Caso não queira se tornar um roteirista, esse é um paradoxo que o biógrafo precisa fazer chegar ao leitor, sem desembaraçá-lo.”

Não fatos, mas paradoxos e vestígios são tudo o que temos. Quem pleiteia acesso às pulsões kafkianas e seus destinos precisa se contentar com seus escritos e com escritos de terceiros: cartas, diários, pesquisadores, correspondentes, cujos últimos vestígios são palavras. Além disso, se alguma coisa, Kafka era “epístolo-sexual”, como tuitou alguém. Se, em vida, sua atividade sexual esteve fundamentalmente ligada à escrita, em especial à escrita íntima, quem dirá cem anos após sua morte? Sem contar que, em Kafka, o ato de observar-se a si mesmo, posto em prática nas cartas e nos diários, é também um ato de criação, também inseparável da escrita enquanto atividade criativa. Como ele adverte Milena em relação à Carta ao Pai, trata-se sempre, tanto quanto mais íntimos, de “escritos por demais visando um objetivo determinado.” Objetivos, portanto, retóricos e estéticos.

Mas há uma carta especial, a que se costuma recorrer quem busca algum testamento sexual kafkiano: a “carta do medo e do desejo”, escrita entre os dias 8 e 9 de janeiro de 1920 para Milena Jesenská, em que Kafka procura explicar a tensão singular entre esses dois polos, que determinaram sua vida e sua escrita.

Após meses de distância, Kafka e Milena se encontram no começo de julho de 1920, em Viena. As cartas seguintes registram o encantamento e a intoxicação resultantes da “súbita aproximação física” entre os dois. O segundo encontro aconteceria só no mês seguinte, em agosto de 1920, no povoado de Gmünd, fronteira entre a Áustria e a então Tchecoslováquia – no meio do caminho entre Praga e Viena –, e é marcado, desta vez, por resignação, melancolia; pela impossibilidade de uma vida a dois.

A “carta do medo e do desejo” foi escrita sob a ansiedade da aproximação do dia do encontro em Gmünd e, portanto, da proximidade física com Milena, para quem ele procura, no limite da vida e da literatura, explicar a singular relação de proximidade e distanciamento do desejo por meio da história do que se presume ser sua primeira noite de sexo.

Inédita em tradução direta para o português brasileiro, e parte do meu esforço em andamento de tradução integral das Cartas a Milena, compartilho parte dessa carta, me abdicando de interpretá-la e me contentando em sugerir que, em se tratando da vida de Kafka, é com a ambiguidade, a complexidade e o paradoxal da literatura que temos de tratar.

***

Para Milena Jesenská, em Viena

Praga, 8 a 9 de agosto de 1920

[…]

Vou, portanto, responder à questão do “medo” e “desejo” – de uma só vez será difícil, mas voltando a ela em mais cartas, talvez seja possível. Uma condição preliminar seria você conhecer a carta para o meu pai (de resto ruim e dispensável). Talvez eu a leve comigo para Gmünd.

Limitando o medo e o desejo como você faz na sua última carta, a questão continua não sendo simples, mas de fácil resposta: sendo assim, só tenho “medo”. E da seguinte forma:

Lembro-me da minha primeira noite. Naquela época, morávamos na rua Zeltnergasse, na frente de casa havia uma loja de confecção, uma jovem vendedora estava sempre à porta. E lá em cima, no quarto, estava eu com meus 20 e poucos anos, andando de um lado para outro, ocupado em memorizar nervosamente, para o primeiro exame de estado da faculdade de Direito, uma série de coisas totalmente sem sentido para mim. Era verão, fazia muito calor, provavelmente por volta desta mesma época de agora, estava completamente insuportável, eu parava sempre, remoendo nos dentes a repulsiva História do Direito Romano, à janela, por fim nos comunicamos, eu e a moça, através de sinais. Às oito da noite eu iria buscá-la, mas, quando desci, um outro sujeito estava lá, bem, isso não mudava grande coisa, eu tinha medo do mundo inteiro, portanto, também desse homem; se ele não estivesse estado ali eu também teria tido medo dele. Mas, mesmo enganchada nele, a moça fez sinal para que os seguisse. Assim, chegamos ao bar Schützeninsel, onde tomamos uma cerveja, eu na mesa ao lado, então fomos, eu atrás deles, devagar para a casa da moça, que ficava em algum lugar no bairro de Fleischmarkt, lá o homem se despediu, a moça entrou correndo no prédio, esperei um pouco até ela voltar e fomos então para um hotel no bairro Kleinseite. Tudo isso, já antes do hotel, havia sido excitante, provocante e repulsivo, no hotel não foi diferente. E quando então, pela manhã – que continuava quente e bonita –, passamos os dois pela Ponte Carlos a caminho de casa, eu me sentia feliz, mas essa felicidade consistia apenas no fato de eu finalmente ter descansado daquele corpo que não parava de gemer, mas a felicidade consistia sobretudo no fato de a coisa toda não ter sido ainda mais repulsiva, ainda mais imunda. Eu estive uma outra vez com a moça, acho que duas noites depois, e foi tudo tão bom quanto da primeira vez, porém, quando logo em seguida saí de Praga para passar o verão fora, onde brinquei um pouco com uma outra moça, ao voltar para Praga não consegui mais olhar para a moça da loja, nunca mais troquei uma palavra com ela, ela era (da minha perspectiva) minha cruel inimiga, embora fosse uma moça bondosa e amável e não parasse de me perseguir com seus olhos que não compreendiam absolutamente nada. Não quero dizer que a única razão para a minha animosidade (certamente não foi isso) tenha sido que, no hotel, a moça, com toda a sua inocência, fez uma coisinha repulsiva (que não vale a pena mencionar), disse uma coisinha imunda (que não vale a pena mencionar), mas a lembrança ficou, e naquele exato momento eu soube que nunca mais esqueceria daquilo, ao mesmo tempo, soube, ou acreditei saber, que essa coisa repulsiva e imunda, embora externamente desnecessária, internamente contudo estava absoluta e necessariamente ligada à situação como um todo, e precisamente essa coisa repulsiva e imunda (cujo ínfimo sinal, para mim, fora aquela pequena atitude dela, aquela palavrinha dela) é que havia me impelido com tão desvairada violência para o hotel, ao qual, de outra forma, eu teria resistido com todas as minhas forças.

E assim continua até hoje. Meu corpo, com frequência anos a fio sossegado, passou então a ser sacudido, até um ponto intolerável, pela ânsia por aquela coisinha bem repulsiva, por algo levemente asqueroso, vergonhoso, imundo, havia algo disso mesmo no que de melhor havia para mim aqui, algum cheirinho ruim, um pouco de enxofre, um pouco de inferno. E esse impulso tinha também algo do Judeu Errante, absurdamente arrastado, vagando absurdamente por um mundo absurdamente imundo.

Depois também houve épocas, porém, em que o corpo não sossegava, em que absolutamente nada sossegava, em que, contudo, eu não me sentia nem um pouco pressionado, era uma vida calma e boa, só perturbada pela esperança (você conhece perturbação melhor?). Nessas épocas, durassem o quanto durassem, sempre estive só. Agora, pela primeira vez na minha vida, há também essas épocas nas quais eu não estou só. Por isso não é apenas a sua presença física, mas também você mesma, que tranquiliza e perturba. Por isso é que não anseio por nada de sujo (na primeira metade da época de Merano, passei os dias e as noites planejando, contra minha expressa vontade, como eu poderia me apoderar da empregada – e coisas piores, perto do final me caiu nas mãos uma moça bem predisposta, primeiro por assim dizer tive que traduzir suas palavras para o meu idioma para sequer poder entendê-la) nem vejo absolutamente sujeira alguma, não há nisso nada que excite de fora para dentro, mas há tudo que traz vida de dentro para fora, em suma, há algo do ar que se respirava no Paraíso antes da Queda. Mas só algo desse ar, pois nele ainda falta o “desejo”, e não todo aquele ar, pois há o “medo”. – Bem, eis que agora você sabe. E por isso até tive “medo” de uma noite em Gmünd, mas só o “medo” comum, (ah, basta o medo comum) que eu também sinto em Praga, não algum medo particular de Gmünd.

[…]

Agradeço à Susana Kampff Lages pela leitura e pelos comentários ao rascunho deste texto.



Leonardo Petersen Lamha é tradutor e doutorando em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com estadias de pesquisa na Universidade de Viena e na Universidade Livre de Berlim. Traduziu autores como David Abram e Harold Innis (no prelo) e no momento trabalha na tradução integral e direta das Cartas a Milena, de Kafka.

Editorial: Reestruturação do aparato de inteligência e segurança do Estado. Com segurança não se brinca, Lula.



Não faz muito tempo, o assunto era uma espécie de ABIN paralela, que continuou operando no início do Governo Lula3, que tinha como objetivo, suspeita-se, monitorar os passos de  desafetos do Governo Bolsonaro nos Três Poderes.  A lista divulgada envolvia inúmeras autoridades, de onde se conclui que os tentáculos poderiam se estender para outras esferas, atingindo os simples mortais. O Brasil, durante o Governo Bolsonaro, passou por um processo de militarização do Estado, um precedente perigosíssimo, que envolveu desde a burocracia da máquina pública e estendeu sua influência sobre as polícias estaduais, dada as condições de permeabilidade política. Estamos tratando aqui de um  terreno fértil, uma vez que contingentes expressivos de militares são simpáticos ao bolsonarismo. Não deve ser por acaso que integrantes da corporação policial do Distrito Federal estão sendo arrolados como lenientes com o que ocorreu no dia 08 de janeiro. 

Alguns governos estaduais, hoje controlados por governadores de oposição, se antecipam em comunicar que não aceitarão as diretrizes emanadas pelo Governo Federal no tocante à segurança pública. Uma situação sensivelmente preocupante. Algumas medidas foram tomadas para reinstitucionalizar a máquina e o aparato de segurança e inteligência, mas de forma ainda tímidas e insuficientes, sobretudo se considerarmos a vulnerabilidade em que foram jogadas essas instituições durante tal processo de militarização. Até mesmo servidores do quadro efetivo\técnico da ABIN, diante do desgaste da imagem da instituição, sugeriram que fossem tomadas medidas saneadoras mais efetivas. 

O que se pode concluir, em princípio, é que a margem de manobra do Governo Lula3 continua cada vez mais estreita e limitada. Aceitou, por exemplo, emprestar o apoio político ao projeto de eleger Hugo Motta para a Presidência da Câmara dos Deputados, alguém da escola de Eduardo Cunha, o que se constitui numa temeridade. Lula ganhou, mas não levou. Essa é a verdade. Depois das gafes, agora é a vez de a Polícia Federal prender agentes públicos que estariam envolvidos na segurança do G-20. 

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Editorial: Operações da Polícia Federal evidenciam a presença dos Kids Pretos nas tessituras golpistas do 08 de janeiro.



Já foram publicadas várias matérias sobre este assunto, conduzidas por profissionais de imprensa competentes, com a consulta a especialistas militares. Haveria evidências cabais de membros dessas forças especiais militares, também conhecidos como Kids Pretos, naquelas mobilizações de Brasília, que tinham como propósito materializar as condições para um golpe de Estado. Inúmeras vezes advertimos o Governo Lula3 para não brincar com o processo de instrumentalização do aparato de inteligência e segurança do Estado, ocorrida durante o Governo de Jair Bolsonaro. 

Entre as prisões realizadas pela PF no dia de hoje, 19, estão um general da reserva, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, e um policial federal. Quatro deles são Kids Pretos. Não se sabe muito bem o que está em jogo, mas as intervenções nesses órgãos, em alguns casos, foram pontuais. Não vamos aqui entrar nos detalhes para não melindrar, que é um verbo que se tornou recorrente nesses tempos bicudos. Curioso que hoje, 19, segundo informes, será o dia da oitiva do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A própria Polícia Federal informou que encontrou indícios de que o militar possa ter subtraídos dados do seu celular, o que pode ter implicações no acordo de delação premiada. 

No caso da operação de busca, apreensão e prisões realizadas no dia de hoje, em diversas praças do país, sob determinação do Ministro Alexandre de Moares, volta à cena aquelas tramas macabras que envolviam um plano para assassinar o presidente Lula e o Ministro da Suprema Corte, que, ao longo de sua cruzada em defesa das instituições democráticas do país, tornou-se o alvo preferencial do radicalismo bolsonarista, insuflado pelas redes sociais e pelos grupos de ZAP. Tempos difíceis. 

P.S.: Contexto Político: O policial federal preso na operação realizada no dia de hoje chegou a integrar o grupo que fazia a segurança de Lula antes da posse. Vamos muito bem de inteligência. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

AJUSTE FISCAL muito duro pode levar LULA a perde BASE SOCIAL e colocar e...

Editorial: O que os golpistas tentaram esconder apagando o conteúdo dos celulares?


É curioso o negacionismo golpista dos bolsonaristas. Desde a semana passada a Polícia Federal comunicou que encontrou evidências de que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid, havia apagado conteúdo do seu celular. Os peritos da PF conseguiram, assim mesmo, ter acesso a esses arquivos deletados. Especulou-se, inclusive, que isso poderia resultar numa reavaliação do acordo de delação premiada celebrada entre o militar e a Polícia Federal. Mauro Cid volta a depor na PF nesta terça-feira. 

Programas televisivos, no entanto, já estão antecipando que existe a possibilidade de que outros atores envolvidos nessas artimanhas golpistas até a medula tenham, igualmente, deletado conteúdos dos seus aparelhos celulares. A Polícia Federal e o STF estão realizando um trabalho brioso em relação aos envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro. É uma esperança de que a justiça seja feita e os culpados sejam exemplarmente punidos por atentarem contra as instituições democráticas do país. Um alento, num contexto de terra institucional arrasada. 

O Governo de Javier Milei, na Argentina, determinou que a sua polícia prendesse 6i envolvidos que se encontravam naquele país. Alguns estranharam essa atitude de Milei. Milei tem uma personalidade extemporânea, folclórica, mas, ao que parece, não está nada disposto a dar guarida àqueles que não se submetem às regras do jogo da democracia. Menos mal.   

O AGRONEGÓCIO pode ser SUSTENTÁVEL? | Ep. 01

Arte Negra: Festa Religiosa | Complexo Arte-Política #02 | Parte 1 de 3

Editorial: O frisson diplomático produzido pela fala da primeira-dama.

 


Agir guiado pelas emoções é algo bastante complicado. Mesmo quando o sujeito é instigado a tal atitude, sugere-se que respire fundo e não perca o controle da situação. Quando se trata de uma pessoa pública, aí sim é que o controle das emoções se impõe como absolutamente necessário, porque ninguém admite desvios por aqui. Aqui em Pernambuco, num determinado momento, um candidato a prefeito, ex-governador do estado, um homem público correto, perdeu a esportiva e deu bananas para os eleitores do adversário, que diziam palavras de ordem, durante uma passeata de campanha. 

Este mesmo cidadão, a pretexto de defender a honra de sua esposa, entrou armado na redação de um jornal local para tomar satisfações com um jornalista, responsável pela coluna social, que havia publicado uma fala jocosa de sua esposa em relação à escultura de Francisco Brennand, exposta no cais do Recife Antigo. Quando dos debates, o opositor - que ganhou aquelas eleições, costumava pedir para que ele não ficasse nervoso. Gilberto Kassab é hoje um dos políticos brasileiros mais respeitados. Atua nos bastidores, na linha de frente, com a mesma desenvoltura. Segundo dizem, o governador Tarcísio de Freitas, provável candidato às eleições presidenciais de 2026, não dá um passo sem ouvi-lo antes. Aliás, para sermos mais preciso por aqui, a vez de Tarcísio de Freitas é nas eleições de 2030, de preferência tendo ele na vice. 

No passado, porém, quando foi prefeito de São Paulo, durante uma conversa de rua, entrou num entrevero extremamente desgastante com eleitores, mostrando que mesmo homens públicos hábeis, verdadeiras raposas políticas, acabam não controlando as emoções. Esse xingamento da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ao Secretário de Eficiência do Governo Norte-Americano, Elon Musk, era absolutamente desnecessário. Repercutiu muito mal na imprensa brasileira e internacional, sendo capaz de produzir um ônus diplomático que poderia, simplesmente, ter sido evitado. Como estamos na era dos extremos, já há um deputado que está convocando o Ministro das Relações Exteriores para que ele dê explicações sobre o assunto. Os excessos são de um lado e do outro. 

POSCAST #2 DIREITAS NAS REDES E NAS RUAS - A CRISE POLÍTICA NO BRASIL

Toda Educação é Política - Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire (Par...

Primeiras Palavras - Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire (Parte 1)

Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, explicada em capítulos (Conheci...

Editorial: São os golpistas que desejam a anistia.

 


Quem leu A Festa do Bode, do escritor peruano Mário Vargas Lhosa, teve a oportunidade de conhecer os horrores praticados nos estertores da ditadura implantada na República Dominicana pelo tirano Rafael Leônidas Trujillo Molina. Curioso que, depois de morto numa emboscada, o filho do ditador deu continuidade ao seu trabalho, passando a exercer a presidência do país. O chefe do SIM - Serviço de Inteligência Militar -, Johnny Abbes Garcia, ostenta a condição de um dos maiores carrascos já produzidos pela humanidade. O livro de cabeceira do cara era um manual de tortura, que ele lia com risos sarcásticos de satisfação. Dava prazer ao cara cometer essas atrocidades. Quando Trujillo desejava resolver algum problema ou acidente de percurso no regime, ameaçava entregar o desafeto aos cuidados do seu ajudante de ordens para assuntos de tortura, o que incluía jogar o sujeito aos tubarões de uma praia conhecida. 

É corretíssima a decisão do STF no sentido de não ser complacente com o que ocorreu recentemente no país, quando mais uma tentativa de atentar contra as instituições democráticas foi orquestrada. Não existe nenhuma dúvida de que um golpe de Estado foi urdido no país. Há depoimentos que confirmam isso, partindo, inclusive, de agentes públicos que estiveram no epicentro dessas tessituras. Nesta semana a Polícia Federal deve ouvir novamente aquele ajudante de ordens, desta vez apertando o cerco, depois que se verificou que o sujeito teria apagado arquivos do seu celular. 

O que pode pacificar o país, na realidade, não é a leniência, mas a punição rigorosa contra aqueles que atentaram contra as instituições democráticas. O que o Brasil enfrenta hoje, em muito, pode ser atribuído à tolerância do passado, tornando golpes ou tentativas de golpe de Estado algo banalizado, sem que as pessoas atentassem sobre as suas reais consequências para o tecido social de uma nação.  Aliás, quem tem entre os seus livros de cabeceiras as memórias de um torturador atroz, sequer deveria participar ou integrar o jogo de uma democracia representativa. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 17 de novembro de 2024

Editorial: A sedução do autoritarismo.



A extrema direita, por alguma razão que ainda precisa ser melhor analisada, tornou-se sedutora, enquanto, se nos permitem, as forças, populares, do campo republicano e democrático, tornaram-se "chatas", com uma narrativa que já não acompanha as transformações sociais, econômicas e políticas das últimas décadas, tornando-se obsoletas. Há coisa mais chata, por exemplo, do que esse identitarismo exacerbado, onde livros são censurados, verbos são proibidos e é preciso fazer uma ginástica medonha para não se fugir do politicamente correto? O Jornal do Commércio no dia de hoje, 17, traz um excelente artigo do ex-governador Gustavo Krause, onde ele invoca, a partir da leitura do texto da jornalista Anne Applebaum, as possíveis razões para a ascensão da tirania pelo mundo afora, encurralando as instituições democráticas. 

Seja na Nicarágua ou na Rússia, eles se integram por características e interesses comuns, como a acumulação de riquezas pessoais, desprezo pelos ritos democráticos, forjam conglomerados, perseguem implacavelmente seus opositores dentro e fora do país, num alinhamento que tem mais a ver com a corporação financeira do que a política. Afinal, segundo a autora, eles formam a Autocracia S\A. Ainda não tivemos a oportunidade de ler o livro, portanto não sabemos se a autora reserva alguns capítulos para tratar da questão das redes sociais - onde esses grupos de extrema direita nadam de braçadas, apoiando-se nelas para dá suporte ao seu projeto - o fenômeno da chamada Economia da Atenção; tampouco sobre como grupos evangélicos e católicos foram cooptados para este projeto. 

É isso. A extrema direita encontrou uma maneira de se comunicar com esses grupos ou, para sermos fiéis à autora, seduzi-los, o que seria mais apropriado. Quando ocorreu, num passado ainda distante, uma ascensão meteórica das religiões de matriz neopentecostais, muita gente se debruçou para entender o fenômeno. A conclusão é que, nesses templos, os crentes passavam a serem acolhidos, reconhecidos socialmente e estimulados pela a tese da prosperidade. Uma das grandes preocupações da esquerda no Brasil é entender como suas narrativas já não estimulam a adesão de grupos evangélicos e pobres da periferia, que, em grande medida, são similares. Trata-se de um dilema que precisa ser resolvido urgentemente. O Psol, por exemplo, teve uma participação irrisória nessas últimas eleições municipais. Fiquem de olho no fenômeno Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, que já caminha para o seu quarto mandato. Nessas últimas eleições municipais, pragmaticamente - sem outras considerações possíveis, evidentemente - ele fez alianças com Deus e com o Diabo, isolando o bolsonarismo em seu principal reduto. Curioso que está ocorrendo uma espécie de migração do bolsonarismo. Santa Catarina e Mato Grosso estão se tornando redutos mais robustos. 

Editorial: Governo Lula gasta mais em publicidade institucional com a Globo do que o Governo Bolsonaro.



Estamos ao término da primeira quadra do Governo Lula3. Ainda teremos mais dois anos de governo pela frente, quando teremos novas eleições presidenciais. Hoje, o cenário não é dos mais promissores para a renovação de contrato de ocupação do Palácio do Planalto pelos atuais inquilinos, mas, como advertem os marqueteiros, é muito cedo para fazermos projeções para 2026. Hoje, o Governo Lula3 se preocupa bastante com a sua imagem, chamuscada pela dificuldade em promover um ajuste fiscal que se impõe; o dragão da inflação que ronda as gôndolas dos supermercados - a tomate, que chegou a centavos, voltou a R$ 6,00 -; refregas nas eleições municipais e, principalmente, um problema crônico de comunicação com a sociedade, que, precipitadamente, alguns concluem que mudando nomes ou aumentando os recursos serão solucionados. 

Voltamos a bater nesta tecla: o PT, além de como precisa saber o que irá comunicar à sociedade, que encontra-se exaurida das narrativas anteriores. Não dá mais para assegurar o voto apenas afirmando que vai salvar o país dos monstros da extrema direita, como aquele pai que contingencia a tomada do remédio do filho sob a ameaça de que, em recusa, vai chamar o papa fígado. Pelo andar da carruagem política, possivelmente a SECOM não entra nos ajustes do arcabouço fiscal. Ao contrário, fala-se em novos contratos de publicidade institucional. 

Somente nesses dois anos, segundo matéria da revista Veja, assinada pelo jornalista Breno Caniato, na coluna Maquiavel, o Governo Lula3 pagou ao conglomerado da Rede Globo algo em torno de R$ 177,2 milhões, quantia superior aos 177 milhões em todo o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este o que comunicar vai demandar uma profunda reflexão no partido. De repente o partido perdeu as ruas para a extrema direita, num processo muito bem urdido e articulado. Apanha feio também nas redes sociais, onde esses grupos são quase hegemônicos, nadando de braçadas à frente. Desde 2013 que esses grupos extremados minam as forças de resistências democráticas e republicanas no país. É preciso oferecer alguma coisa, para muito além das bravatas. Afinal, até os pobres hoje estão com eles.  Nas periferias, com a Bíblia na mão e, em alguns casos, consorciados com facções do crime organizado. Tempos difíceis!

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: Elon Musk antecipa o resultado das eleições brasileiras.


Embora transitando em condições sensivelmente adversas, não seria improvável uma nova candidatura do morubixaba petista em 2026. Lula tem vários fatores que pesam contra ele, a começar pela própria idade avançada. Mesmo assim, como diria o saudoso Ulisses Guimarães, o poder continua afrodisíaco. Em suas falas, embora reticentes em relação ao assunto, as ambiguidades deixam margem para acreditar que ele pode candidatar-se, como sugere um editorial do jornal Estado de São Paulo, publicado no dia de hoje, 17, com o sugestivo título de A Alquimia de Lula.  O líder petista afirma sempre que, se for a única opção para não permitir que a extrema direita volte a governar o país, ele estará no páreo. 

É um mote que, inclusive, sustentou esta sua última candidatura presidencial, quando concorria com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como diria o marqueteiro Duda Lima, em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, é muito cedo para as especulações em torno das eleições presidenciais no Brasil em 2026. Embora, convenhamos, os movimentos de todos os quadrantes políticos existam. Até entre aqueles postulantes que, em princípio, precisam superar uma corrida de obstáculos para se viabilizarem, como é o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, este sim, candidatíssimo. 

Num cenário como este, fazer previsões sobre o assunto também seria imprudente, embora se saiba sobre os ventos favoráveis da extrema direita, um fenômeno que ocorre em todos os continentes. Não é um fenômeno brasileiro, muito menos isolado. Talvez apostando nessa onda é que o futuro assessor de eficiência do Governo Donald Trump, Elon Musk, tenha dito que o grupo de Rosângela da Silva irá perder as próximas eleições no Brasil.  Elon Musk respondia a uma provocação da primeira-dama, em evento que ocorria paralelo ao G-20. 

Editorial: Cid Gomes rompe com o governador Elmano de Freitas no Ceará.



O senador Cid Gomes(PSB-CE) anunciou que está se desligando do projeto do PT no Ceará. Rompe com o governador Elmano de Freitas antes mesmo do início da gestão de Evandro Leitão, que ele ajudou a eleger. Cid Gomes já comunicou sua decisão ao Ministro da Educação, Camilo Santana, hoje o principal líder político da terra de Patativa do Assaré. Cumprida essas formalidades de praxe, agora vamos aos escaninhos que determinaram essa decisão do senador. 

Há algum tempo que as forças do campo progressista não se entendem muito bem no estado. Nesta última eleição municipal, por exemplo, o PDT de Ciro Gomes esteve em palanque próprio, disputando a capital do estado contra o PT, a quem considerava um mal de igual proporção ao bolsonarismo. A radicalidade de Ciro Gomes em relação ao PT se tornou tão evidente, que ocorreu um movimento de integrantes das legenda pedetista no sentido de pedir seu desligamento do partido. 

O projeto de Cid Gomes em continuar no palanque das forças progressistas do estado produziu ruídos em sua relação com o irmão Ciro, ao ponto de romperem politicamente. Difícil afirmar que a decisão de sair do projeto de Elmano de Freitas vai significar, necessariamente, uma nova reaproximação entre ambos. Há um poço até aqui de mágoas e ingredientes ruidosos. Sugere-se, em princípio, que haveria alguns acordos entre o seu partido, o PSB, e o grupo ligado ao governador Elmano de Freitas. Esses acordos não estariam sendo cumpridos, daí sua decisão de deixar o projeto. O PT quer controlar tudo, queixou-se o socialista.  

sábado, 16 de novembro de 2024

Drops Político: Cineastas insatisfeito com a gestão do Ministério da Cultura.


Essas manifestações de artistas e entidades contra os gestores dos ministérios deste terceiro governo Lula estão se tornando bastante recorrentes, indicando alguns ruídos, talvez em razão de políticas públicas que já começam a esboçar o hiato entre o Governo Lula3 e suas históricas bases de apoio social. O MST outro dia se manifestou a este respeito, com duras críticas ao processo de assentamentos do governo. Entidade que congrega religiões de matriz africana, igualmente, e, agora, foi a vez dos cineastas  manifestaram suas preocupações com  a condução da gestão da Pasta da Cultura em relação à área de cinema. Indicador de problemas. 

Drops Político: O desconforto de Raquel no ninho tucano.



A condição da governadora Raquel Lyra no ninho tucano sugere-se insustentável. Não existe a possibilidade de este grupo que dirige o PSDB hoje migrar para uma posição governista. Todo o trabalho desta gestão tem sido conduzido no sentido de trilhar um caminho próprio, de preferência apresentando-se como alternativa de terceira via, se contrapondo à polarização. Raquel, por outro lado, em cada novo movimento, deixa claro sua intenção de estreitar os laços com o Governo Lula. A tendência é que as especulações sobre a sua saída do ninho se confirmem.