CONTEXTO POLÍTICO.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Editorial: Pesquisa da Quaest\Genial acende a luz vermelha da avaliação do Governo.
A pesquisa do Instituto Quaest\Genial publicada no dia de hoje, 04, acende a luz vermelha sobre a avaliação do Governo Lula 3, embora seus escores esteja dentro da margem de erro. Na realidade, como afirmou um colunista conhecido, o Planalto está de prontidão, em estado de alerta máximo. Durante um longo intervalo de tempo, apenas um desses institutos, o Datafolha, apontou o esboço de uma eventual reação positiva desses números para, logo em seguida, os demais institutos reafirmarem a tendência de queda. O Governo também possui pesquisas internas que apontam para a resiliência desta tendência, ora pelos problemas orgânicos, como o desequilíbrio nas contas públicas e o aumento nos preços nas gôndolas dos supermercados; ora em razão dos escândalos de corrupção - que já se tornaram rotineiros -; ora por problemas na comunicação institucional. Resta saber até quando o Governo Lula 3 vai continuar desprezando o valor da estabilidade econômica, com as contas públicas sob controle e índices de inflação aceitáveis. Isto produz dividendos políticos mais consistentes do que os gastos desenfreados.
É bom que se diga que os problemas de comunicação institucional estão travando uma briga desigual com os problemas estruturais anteriores, ou seja, se o Governo continuar com esses problemas de gestão, não há comunicação institucional que consiga reverter a situação. E, por falar em escândalos, o Instituto Quaest\Genial aponta que 31% dos entrevistados nesta última pesquisa responsabilizam o Governo pelo problema no INSS. Na pesquisa do Atlas\Intel este número é ainda maior, acima dos 5o% dos entrevistados pelo instituto. Não entramos aqui no mérito sobre os responsáveis pelas fraudes no INSS, mas, a rigor, entramos num processo de banalização dos escândalos de corrupção no país.
A pesquisa do instituto Quaest\Genial indica que 57% (56% na última pesquisa) da população desaprova o Governo Lula 3, enquanto 40% (41% na última pesquisa) aprovam o Governo. Conforme afirmamos no início, tanto os escores de aprovação quanto de desaprovação oscilaram dentro da margem de erro do instituto, que é de dois pontos percentuais. Enquanto encerramos esta postagem, sai a notícia de que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, atendendo a uma recomendação da Procuradoria-Geral da República, acaba de decretar a prisão da deputada federal Carla Zambelli que, salvo melhor juízo, já não se encontra mais no país. A medida também inclui bloqueio de contas bancários, multas diárias, inclusão do seu nome na lista vermelha da Interpol, entre outras medidas. Carla Zambelli, atualizando, encontra-se na Itália.
Editorial: Governo quer urgência na regulação das redes sociais.
O deputado federal Orlando Silva, chegou a apresentar um PL para regulação das redes sociais, que ficaria conhecido como o PL das Fake News. Este é um tema dos mais controversos, praticamente cindindo as opiniões entre aqueles que são contra e aqueles que são a favor. A Oposição esboça uma grande resistência em debater essa questão, embora os argumentos expostos não sejam, necessariamente, de natureza republicana ou em defesa de nossas instituições democráticas. O Governo, por outro lado, embora também esboce tais argumentos, sabe-se que tem motivações bem mais urgentes. Não vamos aqui entrar nos detalhes, uma vez que eles são tão óbvios. A extrema-direita ganhou as ruas e as redes sociais.
Um vídeo do Nikolas Ferreira, praticamente no automático, acionado a cada derrapada do Governo, atinge, em menos de 24 horas, 100 milhões de visualizações. Independentemente de responsabilizações, o estrago das fraudes no INSS já deixou suas marcas indeléveis na imagem do Governo, comprovadas, em princípio, pelo Instituto Atlas\Intel e, agora, no Quaest\Genial, que acaba de sair do forno. O país está entrando num contexto de uma situação institucional complicada. Se houvesse uma sensibilidade efetiva em relação ao assunto, assim como a possibilidade de construção de um consenso mínimo sobre o assunto, tal discussão deveria ser tratada pelo Poder Legislativo. Por outro lado, o lado dos mais interessados, ou seja, da população, impõe-se a necessidade de uma educação midiática capaz de melhorar os filtros dessa população em relação ao que está sendo disseminado através dessas redes sociais, numa espécie de autoregulamentação. O problema é que, em alguns casos, possivelmente em sua maioria, os filtros são sensivelmente frágeis. O Estado deveria investir na educação midiática da população.
Já existem uma infinidade de espaços para o indivíduo checar se uma informação procede, é verdadeira ou não. O problema, que não é recente, diz respeito a uma tendência da população em espalhar notícias falsas. Isso pega como visgo de jaca mole. Outro fator preocupante diz respeito à relativização da informação numa era de pós-verdade. Uma mentira contra um desafeto assume contornos de verdade absoluta. Uma verdade contra um amigo, talvez seja mentira. Quando se chega a um estágio onde as comissões de ética estão se orientando pela "ideologização" é um sinal de que estamos no apocalipse.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Editorial: O novo pacote de Haddad.
Por razões óbvias, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manterá uma conversa com o presidente Lula ainda nesta terça-feira, 3, antes da viagem do mandatário à França, onde deve apresentar um conjunto de propostas para assegurar um mínimo de equilíbrio das contas públicas, em substituição ao IOF. Há várias especulações em torno deste assunto, algumas sensivelmente preocupantes, como uma eventual mudança no piso da saúde e da educação, áreas estratégicas, cujos cortes, se ocorrerem, produzirão consequências graves. O aumento da alíquota do IOF foi sepultado de vez. Desagradou a todo mundo, inclusive gente do próprio Governo. Sem considerarmos as indisposições ou atritos produzidos junto ao Legislativo, ampliando as ranhuras entre os dois Poderes.
O Governo mantém uma expectativa ou projeção em relação aos leilões de exploração de petróleo que poderia levar ao caixa da União algo em torno de R$ 35 bilhões, o que poderia significar um refresco nas pendências de equilíbrio fiscal. Não sabemos se já estamos projetando aqui as prospecção junto à Foz do Amazonas, onde o IBAMA já teria autorizado os primeiros projetos de sondagens. Haddad, no entanto, não conta com esses aportes, algo já apresentado ao Legislativo pelo Ministério das Minas e Energia. Conforme já enfatizamos por aqui em outras ocasiões, preocupa o fato de o Governo não adotar uma diretriz única, coordenada, passando a ideia de que estamos diante da evidência de várias tendências dentro do Governo.
O Ministro Fernando Haddad está visivelmente cansado e com um arsenal de alternativas bastante limitado. Especula-se que ele poderia voltar a discutir a imposição do teto dos supersalários, algo já rejeitado pelo Legislativo quando ele apresentou seu primeiro grande pacote fiscal. No aperreio, chegou a sugerir a suspensão do pagamento de emendas parlamentares, azedando de vez sua relação com o Legislativo.
Editorial: A preocupante situação da Empresa de Correios e Telégrafos.
As estatais brasileiras acumularam déficit de R$ 2, 7 bilhões entre janeiro e abril deste ano, conforme apurou o Banco Central. Entre essas estatais, talvez o caso da Empresa de Correios e Telégrafos seja o mais emblemático. Os Correios já estiveram entre as empresas melhores avaliadas pelos brasileiros. Ao longo dos anos, tornou-se algo de políticos inescrupulosos, má gestão, ineficiência e acúmulos de prejuízos. Na realidade, as variáveis acima se complementam, numa simbiose perniciosa ao interesse público. Recentemente a estatal adotou uma série de medidas com o objetivo de evitar o pior, como a interrupção de férias, incentivo à redução de jornadas de trabalho, prorrogação dos prazos do programa de demissão voluntária.
Medidas draconianas adotadas no limite, quando já existe a mobilização de empresas que prestam serviços a estatal reclamando no atraso dos pagamentos; os planos de saúde se recusando a atender os segurados da empresa. Em meio a essas medidas drásticas, os funcionários se queixam dos patrocínios artísticos da estatal, quantia que ultrapassa os milhões, o que, convenhamos, realmente trata-se de uma contradição. Diante dos descalabros administrativos, sugere-se que não restou outra alternativa ao Governo Lula 3 que não adotar alguma medida, mesmo que pontual, como já se especula, no sentido de substituir a sua direção. O que não deixa de ser curioso é que o Centrão bateu o olho grande na estatal, mesmo diante de tais circunstâncias.
No Governo Jair Bolsonaro, com as contas saneadas, a estatal entrou na mira da privatização, processo que não chegou a se materializar, sendo possivelmente interrompido no Governo Lula 3. Algumas entidades de classe do órgão nutrem uma identificação com o petismo e são, por tabela, contrárias ao processo de privatização. Em algumas análises a privatização é apontada como solução para todos os problemas e não é bem assim. Isso deve ser estudado caso a caso e, em relação aos serviços básicos, a exemplo do saneamento, existe um caminho inverso no mundo, o da reestatização. Aqui em Pernambuco, empresa estatal espanhola acabou arrematando a concessão dos serviços do aeroporto do Recife, um dos melhores e mais rentáveis do mundo. Não deixa de ser interessante que uma estatal estrangeira tenha comprado a concessão de uma empresa pública brasileira, indicando que o binômio estatal\privada não responde, em sua inteireza, à questão de eficiência.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Editorial: O "fenômeno" Nikolas Ferreira.
Como já havíamos previsto por aqui, algo confirmado pelo última pesquisa do Instituto Atlas\Intel, tem se tornando inútil a campanha massiva do Governo Lula 3 em tentar se eximir dos problemas relativos às fraudes do INSS. A pesquisa do Instituto mostra que 56% dos entrevistados responsabilizam o Governo Lula 3. Não vamos aqui entrar na discussão sobre como isso começou, quem facilitou ou se omitiu em relação à tomada de medidas que poderiam ter evitado essa fraude. A questão é que a bomba estourou no colo do Governo do PT. E aqui não tem mais como segurar a boiada. A surra que as forças do campo de esquerda sofre nas redes sociais em relação à direita é tamanha que, no dia de ontem, por ocasião do eleição que homologou o nome de João Campos como Presidente Nacional do PSB, praticamente todas as entrevistas às quais ele participou enfatiza que ele é um nome fora da curva na horizonte da esquerda, ou seja, o único que consegue ainda competir com as forças de direita neste terreno pantanoso.
João, inclusive, numa dessas entrevistas, enfatiza que o Estado não consegue acompanhar a velocidade das redes sociais. É verdade. Basta um cochilo do Governo e, logo em seguida, é acionado o Nikolas Ferreira, quase no automático, com uma narrativa que, certa ou errada, atinge milhões de visualizações em seguida. É uma questão que precisa ser examinada com bastante cuidado. Seu último vídeo sobre o INSS atingiu 100 milhões de visualizações em 24 horas. João Campos sugere na entrevista que, num momento inicial, os vídeos contam com uma rede patrocinada que faz o serviço de projetar o vídeo, dando um up inicial, para a sua viralização logo em seguida. Realmente é um trabalho muito profissional.
Ontem tivemos a oportunidade de acompanhar um desses vídeos, onde o parlamentar faz um apelo para os internautas inundarem os perfis de Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, e Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, no sentido de exigirem a instauração da CPMI do INSS. Curioso é que, enquanto ele fala vai envelhecendo e assumindo o rosto de um desses aposentados, conforme a foto acima. O maior problema em relação a essas disseminação de noticias falsas, campanha difamatórias de cancelamento são os filtros dos receptores dessas informações. As pessoas simplesmente vão absorvendo e disseminando essas fake news de forma natural, sem checagens, sem reunirem condições de entender o papel da mídia, muito menos saber o que pode estar por trás.
Agora ficamos sabendo que o Governo Lula está montando uma força tarefa para se contrapor a este vídeo. É pouco provável que obtenha êxito. Isso é um perigo. Salvo melhor juízo ainda em 1938 o cineasta Orson Welles narrou pelo rádio que a terra estava sendo invadida por alienígenas. A população entrou em pânico. Aqui no Recife já surgiram boatos sobre o estouro da barragem de Tapacurá e sobre uma tal de perna cabeluda que estaria atacando as pessoas. Esta última "fake news" foi inventada por um jornalista sem pauta. No dia seguinte, várias pessoas haviam sido atacados por esta tal perna cabeluda, produzindo um pânico na cidade, contingenciando o aparelho de Estado a tomar providências contra o jornalista. Isso é antigo.
A questão é que antigamente ainda havia tempo para o cidadão tentar se explicar. Hoje o aparato tecnológico praticamente inviabiliza tal possibilidade. Estávamos numa de nossas últimas aulas, quando uma aluna nos alertou que havia recebido um Zap com uma difamação contra um padre de sua cidade. Logo a classe toda tomou conhecimento da fake news. Isso ocorreu numa noite. No dia seguinte, mesmo empreendendo todos os esforços, seria praticamente impossível a vítima evitar o estrago à sua imagem pública. Ela, com um filtro mais apurado, ainda ponderou que se tratava de uma mentira, pois estava convencida da integridade do padre. Mas quantos fizeram isso?
Editorial: Mexicanos vão às urnas...para elegerem juízes!
Os eleitores mexicanos foram às urnas neste domingo para realizarem algo inédito. Naquele país, juízes federais e membros da Suprema Corte agora serão eleitos pelo sufrágio do voto. Talvez não haja precedente no mundo. Até recentemente, a presidente do país, Cláudia Sheinbaum, travou um embate com o presidente americano Donald Trump acerca da questão das tarifas de produtos de importação imposta pelos americanos. Foi para a mesa de negociações e ajustou com o americano uma vigilância maior na fronteira entre os dois países - minimizando o tráfico de drogas sintéticas - o que levou Trump a voltar atrás, pelo menos nos índices de taxação.
Agora é o momento de os juízes do país serem eleitos pelo voto. 2.600 magistrados foram escolhidos através deste processo. O perfil de exigência dos candidatos é bem republicano: nota não inferior a 8, ficha limpa e registro no órgão de classe, o que aqui seria a OAB, que funciona como um ponto de corte para o exercício da atividade profissional. Trata-se de uma medida polêmica, com defesas apaixonadas por aqueles que defendem o expediente, assim como as contraposições daqueles que se colocam contra a medida. Ocorreram protestos e a abstenção é um indicador da ausência de consenso em torno do assunto. A questão agora é saber se essa moda pega.
Diante do quadro de insegurança jurídica e de instabilidade institucional em que o país se encontra, as comparações com a situação do Brasil se tornaram inevitáveis. Não vamos aqui entrar no mérito da questão para não melindrar. Um aspecto negativo é a influência dos carteis de droga sobre toda a malha institucional do país, tornando o México uma região controlada pelo narcotráfico em algumas unidades federadas. O Brasil, a julgar pela situações como o Rio de Janeiro, a Bahia e o Ceará, caminha celeremente para uma situação semelhante. Infelizmente. Aqui já se evidenciou que o crime organizado poderia estar por trás do financiamento de políticos e de jovens estudantes de direito que, uma vez formados, vão defender seus interesses. A situação do México, ao instituir eleição para a escolha dos magistrados, pode conduzir o país a um processo de cartelização do judiciário. Um grande risco.
domingo, 1 de junho de 2025
Editorial: Hugo Motta chuta o balde em relação ao desequilíbrio fiscal do Governo Lula.
Acompanhado as movimentações políticas no estado vizinho, o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, protagonizou dois momentos cruciais em sua visita recente a Paraíba. Um desses momentos está relacionado aos arranjos políticos locais em relação às eleições estaduais de 2026, onde ele deixou claro para os atores políticos envolvidos nessas negociações que o seu partido, o Republicanos, terá um papel de protagonista e não de coadjuvante naquelas negociações. O partido tem força política para isso no estado. Num outro momento, deixou claro que já está com sua paciência esgotada em relação ao Governo Lula 3 com relação à irresponsabilidade fiscal. O Governo não tem controle das contas públicas e atira ao Legislativo uma proposta como a do aumento da alíquota do IOF(Imposto sobre Transações Financeiras), uma proposta amplamente rejeitada pelo setor produtivo, pelo mercado e pelo Poder Legislativo. A solução aqui é gastar menos, algo que tem sido dito desde o início do Governo, quando eles começaram a estuporar. Mantida tais circunstâncias, Hugo Motta sugere que o Legislativo tome medidas drásticas para impedir essa farra.
É curioso como entramos numa seara de esquizofrenia governamental, pois setores do próprio Governo Lula 3 se contrapõem à proposta. Alguém observou que o próprio presidente Lula não disse uma única palavra sobre o assunto. Estávamos acompanhando um debate melancólico na Globo News, onde os comentaristas observaram as fissuras no Governo Lula 3 acerca do aumento da alíquota do IOF. Haddad tem dado declarações emblemáticas sobre "servir" ao Governo Lula. Não cai porque Lula teria enormes dificuldades em encontrar alguém disposto a cumprir a Via Crucis daquele marido que fica em casa, com uma calculadora na mão, tentando ajustar as contas do mês, enquanto a madame esbanja nas compras no shopping center. É exatamente esta a situação de Fernando Haddad.
Politicamente Haddad já deve ter entendido que esta situação não muda até o final do Governo Lula 3, o que significa dizer que os seus projetos políticos iniciais estão igualmente comprometidos. Mesmo que, remotamente, os ventos sejam favoráveis até lá, ainda assim, há outros nomes no Governo disputando a unção do morubixaba. Segundo um comentarista da Globo News ele teria declarado que, mesmo se tudo ocorrer conforme o Planalto deseja, com uma reeleição de Lula em 2026, nem assim ele pretende continuar no cargo. Realmente é um fardo muito pesado.
Editorial: Políticos poderiam receber mesadas de entidades que fraudavam o INSS.
Realmente se impõe como absolutamente necessário esgotar todas as investigações possíveis em relação a essas fraudes no INSS. O escândalo é gigantesco, execrável em todos os sentidos e seus tentáculos envolvem inúmeros atores, instituições. Uma CPMI seria muito bem-vinda. Outro dia ficamos sabendo dos temores dos próprios órgãos de investigações sobre se deveriam adentrar nos meandros da participação das entidades financeiras sobre concessões fraudulentas de empréstimos consignados, onde suspeita-se que funcionários dos próprios bancos estariam realizando esses empréstimos, sem autorização dos clientes, a partir de cartões liberados e não procurados. Entende-se agora porque tantos aposentados reclamavam de empréstimos que não foram solicitados.
De volta à terrinha, o Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, reafirmou que o dinheiro roubado será devolvido aos aposentados e pensionistas. Sabe-se lá como diante das dificuldades de caixa do Governo e das dificuldades de recuperar o dinheiro que foi apropriado irregularmente pelas entidades e sindicatos. Em todo caso, a promessa é que todos os descontos irregulares serão devolvidos aos aposentados e pensionistas. A cada nova matéria sobre o assunto, o odor fétido espalha-se pelo ar. Agora surgiu uma possibilidade de políticos estarem recebendo mesadas regulares, da ordem de R$ 50 mil por mês, para facilitaram a vida dessas instituições no Legislativo. Era liberar ou afrouxar a legislação e o dinheiro caía na conta todos os meses. Para que essa conversa de biometria facial, afinal?
No momento, a Polícia Federal suspeita que, pelo menos, 15 parlamentares poderiam estar envolvidos, alguns deles, pasmem, ligados ao partido que controlava a pasta. Diante de tanto clamor popular, articulação da Oposição e indisposições do Legislativo com o Executivo, a CPMI deve mesmo sair após os festejos juninos. Vamos aguardar, pois será uma oportunidade de abrirmos essa caixa-preta.
sábado, 31 de maio de 2025
Resenha: A Irmandade da Boa Morte - ensaios.
O ensaio, assim como o conto, trata-se de um gênero que provoca muitas polêmicas. O que na realidade é um ensaio? Apesar de sempre consultar as teorias a respeito do assunto, o bom senso nos guiam na identificação daqueles textos que permanecem perenes ao longo dos anos, que não se esgotam pelas novas informações do dia seguinte. É esta a premissa que nos orientam na produção de textos com este perfil. Alguns textos publicados aqui pelo blog, por exemplo, permanecem perenes ao longo dos anos, como aqueles onde abordamos as mudanças no mundo do trabalho - que já foi um tema do nosso interesse no passado - assim como uma série de textos que publicamos sobre os novos regimes de governos autocráticos, a partir de livros distópicos, como 1984, de George Orwell, onde nos apropriamos das formulações do escritor inglês sobre regimes autoritários para analisarmos as novas autocracias ou as chamadas democracias iliberais.
Esta é a nossa primeira experiência com o gênero, ao revolvermos reuni-los num único livro. Há alguns anos atrás, realizamos uma pesquisa ainda no escopo do guarda-chuva institucional sobre relações étnico-raciais, onde mantivemos contato com a Irmandade da Boa Morte, uma entidade religiosa que realiza um festejo prestigiado internacionalmente, sempre nos meses de agosto, na cidade de Cachoeira, localizado na região do Recôncavo Baiano. O evento, realizado em conjunto por religiões de matriz africana e a Igreja Católica, reúne turistas do mundo inteiro. A cidade, repletas de templos católicos, prédios históricos é banhada pelo Rio Paraguaçu, um rio genuinamente baiano.
O último livro do escritor Itamar Vieira, Salvar o Fogo, é ambientando num casarão histórico da cidade. A experiência foi muito positiva, uma vez que estabelecemos contatos com pessoas importantes, que nos repassaram informações cruciais sobre a origem da entidade, assim como sobre a integração das religiões de matriz africana com os ritos da Igreja Católica. Alias, a Igreja Católica, na realidade, foi quem criou a Irmandade na cidade de Cachoeira. Quando os negros fugiram de Salvador, em razão das perseguições, foi na cidade de Cachoeira e junto à Igreja Católica que eles receberam guarida e proteção. Há quem sugira que Luiza Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama, esteve no epicentro desses acontecimentos, mas a historiografia - pelo menos a oficial - não deixou nenhum registro que pudesse confirmar tal hipótese. Nas horas de folga, ainda sentimos o gosto dos petiscos locais, da rica culinária baiana, apreciados com uma cerveja gelada, ao pôr do sol, nas margens do Paraguaçu. Curioso que o suco de jenipapo, uma fruta hoje rara em alguns estados da região Nordeste, ainda pode ser encontrado com abundância na região do Recôncavo Baiano.
O livro tem vários ensaios, a começar pelo primeiro que escrevemos, quando fizemos algumas intervenções, a partir de uma entrevista de um dirigente institucional, sobre os embates entre o sociólogo Gilberto Freyre e a ditadura do Estado Novo no que concerne ao direito à cidade. Sugerimos no texto que as propostas do Estado Novo sobre as intervenções urbanas no Recife podem ser classificadas como, possivelmente, a primeira inciativa de caráter higienista sobre o traçado das intervenções urbanas da cidade, que passaram a ser ditadas, a partir de um determinado momento, num conluio firmado entre o poder público e o capital. Curioso que essa lógica esta acima das ideologias, atingindo tanto gestões conservadoras quanto as ditas progressistas. Aliás, o higienismo é uma unha e carne do Estado Novo em sua primeira fase. Até um presídio que eles construíram em Pernambuco recebia o nome de Brasil Novo. Seus algozes ameaçam prender o cronista Rubem Braga neste presídio em razão de sua ácidas críticas, produzidas a partir da Folha do Povo. Mas isso já é uma outra história.
O professor da London School Economics, Ulrick Becker, ainda como professor de universidades alemães, fez uma espécie de pós-doutoramento sobre a realidade da economia informal no Brasil. Numa visita ao país, teceu loas à nossa forma de organização do mercado informal, algo que ele classificou como um modelo que poderia ser reproduzido para todo o Ocidente. Seria a Brasilianização do Ocidente, termo cunhado por ele à época. Por outro lado, apontou alguns entraves, enfatizando que tal fenômeno somente seria possível no Brasil, uma vez estávamos diante de um país com características específicas, adaptável à nova realidade da economia naquele período, num ambiente de democracia racial, onde seria possível congregar, num mesmo espaço de comércio ambulante, negros, mestiços, brancos, mulheres, homens, crianças, evangélicos, católicos, praticante de religiões de matriz africana. O que seria praticamente inviável na Europa. Isso numa época em que a economia informal se apresentava como o grande contraponto aos empregos formais, de carteira assinada, antes do surgimento do UBER, do IFOOD e sua legião de "empreendedores". Colegas do próprio Ulrick fizeram ponderações críticas sobre o entusiasmo do alemão sobre a nossa democracia racial e é este um dos pontos que discutimos num desses ensaios. Ao tomar conhecimento do artigo do professor alemão, dizem, Gilberto Freyre se revirou na tumba.
Editorial: João Campos será o novo Presidente Nacional do PSB.
Na iminência de ser eleito o próximo Presidente Nacional do PSB, o prefeito do Recife, João Campos, tem ocupado grande espaço nas mídias nacionais, onde se pronuncia sobre os mais diversos assuntos, inclusive os temas políticos. Talvez atropelando algumas etapas, o atual Presidente Nacional do Partido Socialista, Carlos Siqueira, insiste na tese de projetar João Campos como uma liderança nacional já neste momento. Nas últimas eleições, o prefeito do Recife andou cumprindo esta etapa de nacionalização do seu nome, apoiando nomes ligados ao projeto de eleição de Lula em algumas praças do país.
Diálogo, compreensão e resultados são três palavras que se inserem no dimensão política do atual gestor do Recife. Compreender o momento político, onde o Estado já não acompanha a velocidade das mídias sociais e abrir o diálogo com segmentos com os quais as plataformas de centro-esquerda já não conseguem interagir, como os segmentos do agronegócio, dos neopentecostais, do novo mundo do trabalho. Realmente é preciso compreender essa nova realidade social, cultural, política e econômica. Uma das grandes críticas que se faz ao PT é exatamente o fato de ter perdido este bonde da História. É um receituário antigo, já superado pelos novos tempos. A plataforma de alguns candidatos à Presidência Nacional do PT poderia ser resumida no Manifesto Comunista, de 1848. O Governo Lula "trisca" e pouco tempo depois aparece nas redes sociais um novo vídeo do Nikolas Ferreira com a capacidade de atingir 200 milhões de visualizações em poucas horas.
João vem cumprindo um figurino previsto. Tão previsível que se tem como certa sua candidatura ao Governo do Estado de Pernambuco em 2026, onde deverá bater chapa com a atual governadora do estado, Raquel Lyra. Arrancado às pressas dos bancos universitários para manter o legado da família na política pernambucana, João Campos segue a mesma trajetória do pai, o ex-governador Eduardo Campos. A Presidência da República está nos seus planos, assim como esteve nos planos do seu pai. Por enquanto, no campo de centro-esquerda, apoiando um eventual projeto de reeleição de Lula em 2026, tendo, preferencialmente, o nome de Geraldo Alckmin como vice.
Editorial: Golpe? Que golpe? O negacionismo golpista durante as audiências de testemunhas no STF.
As contas públicas brasileiras passam por um momento bastante delicado, se consideramos as previsões pessimistas do próprio condutor do leme, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Condutor do leme é força de expressão, uma vez que suas diretrizes entram constantemente em rota de colisão dentro do próprio Governo. Caso a "gambiarra" do IOF não seja bem-sucedida, a alternativa seria raspar o tacho à procura de dinheiro para custear a máquina, o que implicaria em mexer em programas como o Minha Casa, Minha Vida, Farmácia Popular, entre outros. Este governo já começou se endividando e não parou mais de contrair dívidas. O déficit público apenas se avoluma desde então, solenemente ignorado pela ala ideológica e política, que enxerga na gastança a única possibilidade de sobrevivência política.
No dia de ontem, 30, o Instituto Atlas\Intel divulgou mais uma pesquisa sobre a avaliação do Governo Lula 3. Os números continuam desfavoráveis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Houve um tempo em que, se ele fizesse analogias que envolvessem Deus, Sertão e Lula, seria aplaudido, apontado como um exímio comunicador de massas. Hoje isso é encarado como blasfêmia, heresia, pecado. Nada tem dado certo neste terceiro governo, que já começou sob um signo negativo, acossado por uma tentativa de golpe de Estado, num pântano de instabilidade institucional e com uma frágil base de apoio no Legislativo.
E, por falar em golpe de Estado, as testemunhas ouvidas durante as audiências no STF parecem ter combinado o discurso do negativismo do golpe. Golpe? Que golpe? Nunca ouvi falar. Uma narrativa bastante ajustada ou demasiadamente ajustada. A imprensa está noticiando que o ex-presidente Jair Bolsonaro poderia ter mantido uma conversa com o senador Hamilton Mourão antes de sua audiência no Supremo Tribunal Federal. O teor da conversa seria no sentido de o militar atenuar sua narrativa em relação ao assunto. Se isso de fato ocorreu, sugere-se aqui a ocorrência de um equívoco.
sexta-feira, 30 de maio de 2025
Editorial: A ABIN teria monitorado Eduardo Campos?
Eduardo Campos deixou a vida pública ainda jovem, 49 anos, com um futuro promissor pela frente. Desde a época de estudante da UFPE, segundo os amigos mais próximos, já alimentava o sonho de se tornar Presidente da República. Muito ligado a Lula e ao PT, quando assumiu a condição de pré-candidato a presidente, imprimiu um novo rumo à sua plataforma política o que, em última análise, impôs um distanciamento da legenda petista. Era o momento do antipetismo. Num daqueles cozidos oferecidos por Jarbas Vasconcelos ao ex-desafeto político - Jarbas tinha uma indisposição política com o avô de Eduardo Campos, Miguel Arraes - logo em seguida o anfitrião concedeu uma entrevista à imprensa sacramentando esta tendência, antes mesmo que o próprio Eduardo se manifestasse a respeito.
Logo em seguida, vieram as alianças com atores políticos com perfil de centro-direita, o que consolidou tal tendência. Havia notórias indisposições do ex-governador com a ex-presidente Dilma Rousseff. Houve um encontro onde o ex-governador precisou corrigir, durante uma reunião de governadores, uma fala da então presidente Dilma, depois de um posicionamento considerado indevido por ele. Politicamente, não havia outra alternativa para Eduardo Campos naquela momento, que não encampar o antipetismo, a despeito das boas relações anteriores com o partido, mais particularmente com o presidente Lula, que chegou a carrear à época 25% dos recursos do PAC apenas para Pernambuco.
Num podcast recente, realizado pelo blog do Magno, transmitido de Brasília, com a presença do Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, este afirmou que, movida por ciúmes, a ex-presidente Dilma Rousseff poderia ter usado os serviços da ABIN, determinado que um dos seus agentes monitorasse os passos do "galego", que era o apelido pelo qual Dilma se referia ao ex-governador. A declaração alcançou grande repercussão, embora por motivações distintas. Voltou-se a se especular sobre a morte do ex-governador, acidente aéreo envolto em mistérios até hoje. O irmão do ex-governador, Antonio Campos, manifestou-se, a através do blog que divulgou a notícia, publicando uma nota onde afirma estar convencido sobre a possibilidade de uma atentado.
Pelo andar da carruagem política, algo sugere que talvez precisemos rever nossa escala de republicanismo no país. Em situações de estado de exceção o uso dos aparelhos de segurança e inteligência do Estado pelo governante de turno é absolutamente previsível, orgânico. Durante a vigência do Estado Novo, por exemplo, a linha sucessória do Palácio do Campo das Princesas passava, necessariamente, pela Sorbonne da Rua da Aurora, como se referia o jornalista Aníbal Fernandes ao Departamento de Ordem Política e Social, tamanho seu papel na estrutura de poder à época. Estranhíssimo que num governo de perfil democrático e republicano tais expedientes possam ter sido empregados.
quinta-feira, 29 de maio de 2025
Editorial: "Intimidades geram filhos e aborrecimentos."
Ontem, 28, igualmente em razão de inaugurações de obras hídricas decorrentes do projeto de transposição do Rio São Francisco, o presidente Lula esteve na cidade de Cachoeira dos Índios. A princípio, estranhou-se a ausência do deputado Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, ao evento, ausência justificada em razão dos compromissos de trabalho em Brasília. Analisando o processo mais nitidamente, verificou-se, na realidade, a ausência de parlamentares ligados aos partidos do Centrão, alguns deles, em tese, integrante da fluída base de apoio do presidente da República. A política é feita de gestos e, por consequência, a presença de um parlamentar num evento pode significar muita coisa. Curiosamente, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que tenta costurar apoios para o seu projeto de ocupar a cadeira do Palácio Redenção, esteve presente ao evento.
Hugo Motta tem sido muito criticado pela Oposição em razão dessas intimidades com o Executivo e com o Poder Judiciário. Há situações onde a presença se impõe, como há situações em que a liturgia do cargo recomenda distância regulamentar. Esse negócio de churrasquinhos e convescotes nem sempre produzem efeitos positivos, principalmente quando o sujeito ocupa cargos estratégicos. Brasília se tornou um caldeirão de indisposições políticas. As mudanças relativas ao IOF é a bola da vez. Os congressistas dizem que, em nenhum momento, foram consultados pelo Executivo. Articulação zero. Até o eterno aliado Davi Alcolumbre andou reclamando do Governo. O Governo Lula 3 passa por um momento delicado, onde as mudanças de nomes não se traduzem em resultados melhores. Seja na Comunicação, na Articulação Política ou seja na Fazenda, como já se especula e discutimos mais cedo.
Não há um outro presidente do país mais citado do que o ex-presidente Jânio Quadros quando o assunto é folclore político. É atribuída a Jânio Quadros uma expressão que se tornou bastaste popular: intimidades geram filhos e aborrecimentos. A expressão teria sido usada durante uma entrevista onde um estudante começou a tratá-lo cerimoniosamente como Vossa Excelência e, com o desenrolar da entrevista, passou a tratá-lo como tu. Foi interrompido e advertido pelo ex-presidente. É isso. Quando essas intimidades vão bem, geram filhos. Quando vão mal, aborrecimentos.
Editorial: As previsões preocupantes de Fernando Haddad sobre os rumo das contas públicas no país.
A situação do ministro Fernando Haddad não é muito confortável no Governo Lula 3 neste momento. Esta última proposta de aumento do IOF causou um verdadeiro tsunami no Palácio do Planalto. O anúncio foi feito à noite, desmentido nas primeiras horas do dia seguinte, mas, mesmo assim, expôs as vísceras de um jogo de intrigas palacianos, onde se configura, conforme inúmeros comentaristas políticos, a ausência de uma centralização de gestão. E de comunicação também, possivelmente como reflexo da primeira situação. A área de comunicação, por exemplo, queixa-se que tomou conhecimento da proposta de aumentar o IOF pelos jornais. O Governo Lula 3 já anda às turras com o escândalos das fraudes no INSS, conforme assinalamos antes, impossível de ser atirada no colo dos adversários.
Tudo o que o Governo não precisava neste momento seria uma nova crise semelhante a que ocorreu por ocasião da proposta de a Receita Federal acompanhar as transações realizadas pelo popular Pix. Há quem esteja sugerindo a existência de sondagens no sentido de sua substituição na pasta. O nome especulado para substitui-lo seria o do presidente do BNDES, Aloísio Mercadante. Mercadante não teria motivo algum para deixar a Presidência do BNDES, cargo com remuneração e vantagens superiores ao de um Ministro de Estado, sem as dores de cabeça e cobranças do cargo de Ministro da Fazenda. A Folha de hoje, 29,traz uma matéria sobre as preocupações de Fernando Haddad sobre o rumo da economia brasileira. O ministro sugere que, caso não haja a sensibilidade para o aumento do IOF, corremos um sério risco de problemas com as contas públicas.
Mudanças no Ministério da Fazenda apresenta, de início, dois problemas. O nome escolhido teria que adaptar-se às injunções de um grupo que orbita próximo ao morubixaba, influente, que sugere estar mais preocupado com o poder do que com as contas públicas. A outra questão diz respeito à lâmina enferrujada, contaminada com o bacilo do tétano utilizada para cortar a bananeira e extrair a seiva para estancar a sangria. Um mal de origem que não tem marqueteiro que resolva. Apertem os cintos, pois tudo leva a crer que teremos problemas, pois estamos navegando sobre águas turbulentas.
Editorial: Os palanques de Lula no estado de Pernambuco.
Lula esteve em Pernambuco no dia de ontem, 28, mais precisamente na cidade de Salgueiro, inaugurando obras do sistema de irrigação do Rio São Francisco. A comitiva do presidente foi formado pelos auxiliares da Casa Civil, Rui Costa, da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e pelo Ministro da Integração de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Junta-se a este grupo, naturalmente, os políticos locais. Como o presidente desembarcou em Juazeiro do Norte, dois cearenses estiveram presentes, o prefeito de Barbalha, Guilherme Saraiva, e o governador do Estado do Ceará, Elmano de Freitas. De Pernambuco, os deputados Pedro Campos, Túlio Gadelha e a senadora Teresa Leitão, além do prefeito do Recife, João Campos, e a governadora do Estado, Raquel Lyra. Clima festivo, de inaugurações, de colher dividendos eleitorais. Num desses momentos de fala, o presidente Lula empolgou-se e chegou a afirmar que aquele lá de cima teria deixada as coisas como estavam no sertão porque sabia que um dia ele seria presidente da República.
Mais tarde, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes e principal liderança do PL no estado de Pernambuco, Anderson Ferreira, pontuou que a obra já teria sido iniciada durante o Governo Bolsonaro. Por enquanto, Lula tem dois palanques eleitorais no estado de Pernambuco. Por razões óbvias, os gestores João Campos e Raquel Lyra mantiveram uma trégua. Há quem acredite que os dois palanques permaneça até as eleições presidenciais de 2026. Este enrosco político são comuns em todos os estados da federação. Na Paraíba, por exemplo, o prefeito da capital, Cícero Lucena, do Progressistas, trabalha com a hipótese de reunir, em torno de uma eventual candidatura, o apoio do socialista João Azevedo. Embora aliados, Lucena hoje integra a União Progressista, que não tem nada a ver com os socialistas.
Na atual conjuntura, não se recomendaria uma nova candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Exceto se as nuvens mudarem significativamente nos próximos meses. Mas, pelo andar da carruagem, as nuvens que surgem no horizonte são turvas e cinzentas. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugere que possamos ter problemas com as contas públicas caso não se viabilize o aumento do IOF, demonizado pela mídia e pelo mercado. Por outro lado, o Governo Lula 3 continua com a sua sanha de gastos, pouco se importando com as consequências mais adiante. Pelo raciocínio dessa ala do Governo, sem gastos seria o cometimento de um suicídio político. Repararam na camisa de linho vermelho de Lula? Alguém reparou até nos sapatos da grife Zegna, ao preço de R$7,500 o par.
quarta-feira, 28 de maio de 2025
Editorial: Lula libera R$ 700 milhões para as universidades.
Lula já teve um relacionamento melhor com as universidades públicas brasileiras. As IFES mantinham uma relação tão orgânica com o petismo que, durante o Governo Bolsonarista tornou-se alvo de ataques da extrema-direita sistematicamente. Uma trincheira do pensamento progressista que precisava ser silenciada pelo obscurantismo que se prenunciava num governo que flertava com o autoritarismo. Neste terceiro governo Lula os professores - que chegaram a ter aumentos diferenciados no passado - entraram numa greve em luta pela recomposição dos seus salários. Vamos ser francos por aqui. As conquistas durante a paralisação foram bastante pontuais, nada que significasse a volta das atividades plenas, sem algum percalço, como ficaria evidente logo em seguida.
Até recentemente, aqui em Pernambuco, reitores das universidades públicas realizaram uma série de encontros para tratar do problema de verbas de custeio dessas instituições. Relatos afirmavam que estava sendo impraticável tocar as atividades do órgão diante das dificuldades encontradas. Hoje o Governo Lula anuncia, com grande pompa, a liberação de um montante de R$ 700 milhões para as universidades públicas. Não é pouca coisa, pode tirar as IFES do sufoco, mas está muito aquém do montante que foi retido na LOA, acima dos R$ 31,5 bilhões.
Como, a partir de uma diretriz de comunicação institucional estabelecida pela Secom, toda grande obra do Governo deve ser anunciada pelo próprio presidente Lula, salvo melhor juízo, já haveria um agendamento do presidente com os reitores, onde a boa nova será comunicada. Os tempos realmente são outros.
Editorial: A federação do PT
Hoje o dia está repleto de assuntos políticos interessantes sobre essas discussões tratadas aqui cotidianamente. Há as indisposições da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com os senadores na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal; o anúncio pomposo da liberação de R$ 700 milhões para as universidades, quando o corte no orçamento chegou a R$ 31,5 bilhões; o óleo esquentando na frigideira de segmentos do PT para uma eventual fritura do Ministro Fernando Haddad, que se encontra literalmente de mãos atadas, pois, se aumenta impostos é um problema, se propõe cortes é um problema ainda maior num governo de perfil eminentemente gastador. Neste ambiente politico turvo, vamos tratar de uma proposta aventada pelo líder do Governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, no sentido de formação de uma federação do PT envolvendo também os partidos PSB e PDT.
Na realidade, já existe uma frente formada pelo PT, PV e PCdoB. Curioso que, ouvido ontem num podcast de um blog local, o atual Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, assegurou que, no momento, pretendem acompanhar um eventual projeto de reeleição de Lula, mas não quer saber dessa conversa de federação com o PT. O motivo é simples. O PT não abdicaria da prerrogativa histórica de sempre ser a liderança de qualquer coalizão ou a cabeça de chapa do passado. Num dos momentos da entrevista, Carlos Siqueira tocou num ponto que tem sido levantado aqui pelo blog, ou seja, a ausência de alternativas ao nome do presidente Lula no que concerne às eleições presidenciais de 2026. O partido insiste no nome de Geraldo Alckmin como vice em 2026.
Há alguns anos atrás, quando ainda estávamos no batente da repartição, escrevemos um artigo inspirado sobre a senhora Marina Silva. Marina Silva tem uma trajetória política e pessoal honrosa e inatacável. Infelizmente, as circunstâncias políticas a colocaram num redemoinho complicado, que congrega governo fraco, de um lado, e pressões fortes do outro lado, movida por inúmeros interesses, não necessariamente de natureza republicana. Nos corredores de Brasília já se especula sobre o provável afastamento do presidente do IBAMA e, quem sabe, da própria ministra Marina Silva. O que ocorreu ontem no Senado Federal é mais uma evidência do diálogo que está se tornando irreconciliável entre Governo e Oposição. Isso não é bom.
terça-feira, 27 de maio de 2025
Editorial: Eduardo Bolsonaro para a presidência em 2026?
O ex-presidente Jair Bolsonaro já disse que não abre mão de sua candidatura, como legítima representante dos segmentos de direita, para ninguém. Há, inclusive algumas indisposições já perceptíveis entre ele e velhos aliados, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cortejado frequentemente por setores conservadores. Tarcísio de Freitas tornou-se o nome mais palatável da Faria Lima e adjacências. No terreno político, ele conta hoje com o apoio de dois jogadores de peso no cenário político brasileiro, caso do ex-presidente Michel Temer e do Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab. O PSD, na realidade, trabalha dois nomes para a disputa, mas, se e somente se, Tarcísio de Freitas não topar deixar o certo pelo duvidoso. Sua reeleição em São Paulo é dada como favas contadas.
Gilberto Kassab, por seu turno, já teria manifestado o desejo de ocupar sua cadeira no Palácio Bandeirantes. Ratinho Junior e Eduardo Leite, embora estejam eventualmente no tabuleiro, são peças que podem ser perfeitamente substituídas consoantes os arranjos entre ele e Michel Temer, principalmente se o lance envolver sua habilitação a suceder Tarcísio de Freitas em São Paulo. É neste introito que entra o nome de Eduardo Bolsonaro, agora com um enrosco no STF, o que contingenciou o ex-presidente Jair Bolsonaro a sinalizar com uma eventual candidatura do filho à Presidência da República em 2026. Por enquanto, o PL não quer saber dessa conversa de federação, o que já levou Kassab a sugerir que os segmentos de centro-direita terão duas candidaturas. No atual contexto, uma pode ser a de Eduardo Bolsonaro.
Editorial: As indisposições de Lula.
Não deixa de ser curioso que os assuntos que mais repercutiram na redes sociais no dia ontem, 27 - talvez possamos abrir aqui uma exceção para o IOF - sejam exatamente aqueles que tratam de especulações, suposições e coisas do gênero. O mal-estar de Lula, o tapa desferido contra Macron e as fofocas sobre a visita da primeira-dama do Brasil à Franca. O problema de Lula era uma crise de labirintite e ele já se encontra recuperado, embora haja outras indisposições maiores sobre quais a possibilidade de recuperação não seja assim tão simples, a exemplo de mais uma dessas propostas de ampliar a arrecadação através do aumento de impostos. Desta vez, ao menos, parecem ter voltado atrás em tempo hábil, antes que o estrago produzido fosse maior.
Por outro lado isso demonstra a falta de unidade na gestão, discussão que já se tornou rotineira entre os cronistas políticos sobre este terceiro Governo Lula. Há um governo de H, de J, um governo de R, de G e de L. Isso não pode dá certo. Isso não tem como dá certo. Mas vamos em frente para não melindrar. O Governo, através possivelmente da SECOM, criou uma peça publicitária denominada "Estamos com Janja". Sugere-se, até mesmo pelas avaliações internas, que a peça não foi bem-sucedida. Mesmo com o reforço efetivo de sua equipe de mídia social e os recursos investidos neste setor, os resultados ainda não apareceram. Daí se entender a volta dessas discussões sobre regulação.
O PL da Fake News sofreu duras críticas da Oposição e continua em processo de aprimoramento, segundo sugere-se. Possivelmente, não haverá como construir algum consenso entre Governo e Oposição sobre o assunto. Esta ausência de espírito público, acirrando os embates acerca de temas tão cruciais, estão nos atirando nas cordas da barbárie e do autoritarismo. Alguns entes federados já perderam o controle do seu aparato de segurança pública e o modelo que surge no horizonte sobre a regulação das redes sociais é o modelo chinês. É o momento de baixarmos a bola e serenarmos os ânimos, em defesa de nossas instituições democráticas. O flerte é arriscado.
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Editorial: O equilíbrio instável de Raul Henry na cena política pernambucana.
Raul Henry assume o comando do MDB pernambucano num momento bastante delicado do partido. Historicamente, houve um tempo em que a agremiação partidária emedebista era controlada por oligarquias políticas regionais, que, agiam com relativa autonomia em relação às deliberações da legenda no plano nacional. Na realidade, este perfil ainda existe, embora a conjuntura hoje seja um pouco diferente. Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, a despeito de a direção nacional da legenda ter referendado o nome da senadora Simone Tebet como candidata à Presidência da República, algumas dessas oligarquias emprestaram o seu apoio ao nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi assim no Maranhão, com os Sarney, em Alagoas, com os Calheiros, e no Pará, com a família Barbalho. Dizem até que um dos herdeiros do clã Barbalho possa até compor a chapa de uma eventual reeleição de Lula, possibilidade hoje cada vez mais remota, a julgar pelo bom senso.
Essas oligarquias sequer prestigiaram o lançamento da candidatura de Simone Tebet. O cenário das eleições presidenciais de 2026 não será mais o mesmo, sobretudo em razão dessa tendência de formação de federações, que podem ser lida, já na largada, na formação de uma grande frente antipetista. A próxima federação deve ser formada pelo MDB, o PSD e o Republicanos. Apesar das boas relações do Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, com a gestão de João Campos(PSB), ainda um grande aliado do Planalto, numa avaliação mais objetiva, a tendência da federação formada pelo MDB, o PSD e o de apoiar um nome de centro-direita, numa contraposição a uma candidatura do Planalto. E se Kassab convencer a futura federação a apoiar o nome de Raquel Lyra, filiada ao seu partido, o PSD.
Essas dinâmicas são complicadas. Talvez a centrífuga, em última análise, atire João Campos para fora de uma aliança com o Planalto, algo que já ocorreu em período relativamente recente, por ocasião de sua primeira eleição para a Prefeitura da Cidade do Recife, quando conduziu uma campanha marcada pelo antipetismo. Os socialistas, por exemplo, cobram muito do Planalto uma participação maior no Governo Lula 3, quando a reforma ministerial praticamente já expirou. Outra questão é a manutenção de Geraldo Alckmin como vice, quando se sabe que, sem Tarcísio de Freitas concorrendo à reeleição, Alckmin é franco favorito à cadeira do Palácio Bandeirantes. Na atual conjuntura...
Editorial: Uma segunda-feira sem lei. Crime e corrupção.
Uma segunda-feira que começa num clima bastante agitado e preocupante, se considerarmos a guerra entre facções do crime organizado que estão ocorrendo em estados como o Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. A situação começa a sair do controle efetivo do aparelho de Estado, o que representa um retrocesso civilizatório que está nos conduzindo uma estado de barbárie. Na Bahia, por exemplo, uma comunidade inteira foi expulsa de uma localidade por determinação de uma facção do crime organizado. No Rio de Janeiro, logo após a morte do líder do Terceiro Comando Puro, o TH da Maré, iniciou-se uma verdadeira guerra entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro, movida pela ocupação de território de atuação. Na realidade, a morte de TH não foi o fato determinante, uma vez que as animosidades e a briga por ocupação de território entre as duas facções no Rio de Janeiro é antiga.
Esta facção que determinou a desocupação da área referida na Bahia é nova pelas informações que dispomos, indicando que o crime organizado cresce assustadoramente no estado. Sempre que se reporta ao assunto, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, assegura que se trata de um problema nacional. É um problema nacional, mas não sabemos se tais argumentos atendem às expectativas dos cidadãos e cidadãs do seu estado. Possivelmente indicador de sua impotência para enfrentar o problema. O Rio de Janeiro já é um caso perdido. O Ceará caminha para a mesma situação deplorável, com seus gestores externando as mesmas dificuldades em enfrentar a situação.
Agora a pouco ficamos sabendo que uma revista de circulação nacional retirou uma matéria do seu site que tratava do envolvimento de instituições financeiras, leia-se bancos, no engendramento das fraudes no INSS. Os próprios órgãos de investigações de Estado teriam advertido sobre a temeridade de se aprofundar tais investigações no que concerne a essas instituições. Em alguns casos, é como se houvesse uma institucionalização dos empréstimos consignados não autorizados. Há a possibilidade de os bancos emitirem esses cartões e procederam os empréstimos sem autorização dos aposentados. Não há dúvidas de que estamos diante de um escândalo gigantesco, conforme advertimos desde o início. E a CPMI, se vier, só depois dos festejos juninos.