pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Editorial: Amplia-se a crise entre os Três Poderes.


O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sob o argumento da inconstitucionalidade da votação que preservou o mandato da deputada Carla Zambelli, determinou que o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, casse o mandato da deputada em 48 horas e efetive o seu suplente no cargo. Neste momento, sua decisão passa pelo crivo da Primeira Turma do Supremo, que geralmente referenda as decisões tomada pelo Ministro Alexandre de Moraes. A deputada deve mesmo ter o seu mandato cassado. Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido informado que será complicado recuar o PL da Dosimetria quando de sua apreciação pelo Senado Federal. 

O presidente já sinalizou que poderá vetar, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve pagar pelo que fez. Jair Bolsonaro está bastante enfermo. Estuda-se hoje alternativas para o cumprimento de sua pena, uma vez que as prisões convencionais não oferecem as mínimas condições para que ele possa ficar detido ali. Na sede da PF, por exemplo, ele se recusa até a receber a alimentação fornecida. Hoje, 12, especulou-se a possibilidade do cumprimento da pena na Papudinha, onde se encontra o ex-Ministro da Justiça do seu Governo, Anderson Torres. Hoje a imprensa enfatiza um eventual acordo preliminar onde ficara estabelecido que a deputada Carla Zambelli deveria mesmo perder o mandato. Faltou combinar, então, com os parlamentares de oposição. 

Não há mais crise, mas, na realidade, um ponto sem retorno entre os Três Poderes da República, o que vem contribuindo para as enormes dificuldades de governabilidade. O pior é que ninguém parece disposto a ceder, enquanto o cabo de guerra mantém-se retesado. A não cassação do mandato da deputada Carla Zambelli foi enormemente comemorada pela bancada de oposição. Vocês podem imaginar a pressão que será exercida contra Hugo Motta no sentido de não acatar a determinação da Suprema Corte. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: surpresa mesmo é o desempenho de Eduardo Moura, um bolsonarista no retrovisor de João Campos.



Faz algum tempo que não nos encontramos por aqui. Durante este período, inúmeras situações poderiam ressuscitar o debate, como as movimentações em torno da disputa pelo Senado Federal, onde uma penca de nomes anda concorrendo à composição das chapas de oposição e situação. Uma equação difícil, pois são muito os chamados e poucos os escolhidos, conforme ensina as sagradas escrituras no Evangelho de Mateus. Num arranjo mais complexo, durante este período, vale a pena as referências às portas abertas pela governadora Raquel Lyra ao PT, embora se saiba que acomodar o PT no seu grupo não seria uma tarefa simples. Mas, em política, tudo é possível. Neste aspecto, João Campos leva uma grande vantagem, pois já acomoda parte da legenda petista na gestão da Prefeitura da Cidade do Recife e mantém uma fidelidade canina ao Planalto. 

A rigor, João teria travado as portas para os movimentos da governadora nesta direção, conforme concluímos numa postagem anterior. Quando Raquel Lyra aguardava para recepcionar o presidente em sua última visita ao estado, João Campos já vinha na mesma aeronave presidencial, reafirmando sempre que será um soldado do projeto de sua reeleição em 2026. Há de se registrar, no entanto, os acenos de um fiel escudeiro da governadora, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro(PSD-PE), sugerindo que apoiará o projeto de reeleição do senador Humberto Costa, algo que causou uma certa surpresa no mundo político pernambucano. Dificilmente não foi algo combinado previamente com a governadora, dentro do raciocínio de Ulisses Guimarães, ou seja, nunca tão distante que não possa se reaproximar. 

Como resultado da adubação das bases e do processo de "metropolitanização", um dos postulantes ao Senado Federal, integrante do clã-familiar dos Coelho, de Petrolina, Miguel Coelho, passou a despontar, ao lado de Marília Arraes, como um candidato competitivo ao Senado Federal. Miguel Coelho, no entanto, precisa ultrapassar a barreira de obstáculo dentro da próprio federação União Progressista, além de ser ungido por João Campos(PSB-PE) como um dos nomes a compor a chapa ao Senado Federal. Muitos são os chamados, poucos os escolhidos (Mateus:22:14). A própria Marília Arraes anda colada no primo João. A pesquisa divulgado no dia de hoje, do Instituto Real Time Big Data, mostra um cenário sem alterações significativas, com o candidato João Campos abrindo algo em torno de 30 pontos de diferença em relação aos escores da governadora Raquel Lyra. Está assim há algum tempo, com ligeiras variações. Perigosamente estáveis tais números, a despeito dos esforços empreendidos pela governadora para revertê-los, reforçando sua presença na Região Metropolitana do Recife. 

Vale ressaltar, no entanto, o desempenho do "novato" Eduardo Moura, vereador do Recife, que tem se notabilizado por uma oposição ferrenha à gestão do prefeito João Campos. Eduardo Moura, em nenhum momento anunciou que seria candidato ao Governo do Estado, mas, sobretudo em função do capital midiático e das redes sociais, seu nome aparece cravando mais de 7% das intenções de voto. Embora dentro da margem de erro da última pesquisa, este escore apresenta indicadores de crescimento. Eduardo Moura vem conquistando capilaridade política junto aos eleitores pernambucanos, recifenses em particular, pois tudo sugere que seus votos teriam uma identidade mais urbana do que interiorana. Em última análise, trata-se de um indicador da aprovação do seu trabalho junto à população, assegurando, no mínimo, a renovação do seu mandato como governador. 

Editorial: Glauber fica.


Em alguns momentos, o deputado federal Glauber Braga agiu sob forte emoção e, em tais circunstâncias, não raro, comete-se alguns erros estratégicos. Mesmo perseguido sistematicamente por um membro do MBL, as cenas que ficaram registradas pela imprensa dão conta do momento em que o deputado expulsa o tal sujeito a pontapés do Congresso Nacional. O rapaz, a serviço de interesses conhecidos, dirigiu ofensas até mesmo a mão do parlamentar. Na realidade, para sermos mais precisos, o "destino" do parlamentar foi selado quando ele entrou em rota de colisão com um mandatário da Câmara dos Deputados. Felizmente, o arranjo da última votação que poupou o seu mandato - determinado apenas uma suspensão de seis meses -  - coaduna-se com uma ampla manifestação nacional em favor da manutenção do seu mandato, desta vez com o engajamento efetivo do pessoal do Governo, liderado pela Ministra Gleisi Hoffmann. 

Ideologias à parte - havia quem torcesse pela expulsão do parlamentar - a permanência de Glauber Braga no nosso Legislativo deve ser comemorada. Estamos tratando aqui de um excelente deputado, íntegro, propositivo, o que se constitui em algo muito positivo. Nosso raciocínio não possui o viés ideológico, mas republicano. Ontem, por exemplo, pela terceira vez, o relator da CPMI do INSS, o deputado Alfredo Gaspar recebeu a honraria de ser indicado como o parlamentar mais atuante da Terra dos Marechais. Recebeu nosso reconhecimento e cumprimentos pelas redes sociais. Quem está atento ao que ocorre no parlamento do Rio de Janeiro, deve saber muito bem do que estamos falando. 

Depois de salvar o mandato da deputada Carla Zambelli, realmente não ficaria muito bem cassar Glauber Braga. Soubemos hoje que parlamentares da oposição se sentiram derrotados na manobra urdida no momento da votação. Hugo Motta mantém-se na condição de atuar sob uma situação de equilíbrio instável, ou seja, afagando, de um lado a oposição, do outro o Governo. Aprova-se isso, poupa-se o escalpo de alguém mais adiante. Faz parte do jogo. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: Desordem institucional.



O país passa por um momento de desordem institucional. Alguns dos exemplos mais emblemáticos não podemos mencioná-los por aqui, uma vez que, diante de tais circunstâncias, precisamos adotar o procedimento do nordestino mais autêntico, ou seja, falar por arrodeios. Chamar a atenção dos leitores nas entrelinhas. Ariano Suassuna sempre falava desta maneira e, numa de suas aula espetáculos, já com a idade avançada, confessa que antes ainda encontrava o fio da meada. Depois da idade, não assegurava que pudesse retomar ao assunto, de forma coerente, de onde havia partido. Acabava se perdendo mesmo. No escopo dos Três Poderes da República, no dia de ontem, 09, foram protagonizados episódios que poderíamos elencá-los aqui como exemplos dessa desordem institucional. Além de adotar o hábito de falar por arrodeios, evitamos tratar de determinados assuntos. 

Vamos nos ater apenas ao episódio da ocupação da cadeira do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que produziu um tumulto generalizado na sede de um dos poderes mais importantes da República. O deputado federal Glauber Braga, resolveu ocupar o assento de Hugo Motta, tendo que ser retirado do recinto à força, depois de uma longa resistência, mobilizando um contingente considerável de policiais legislativos federais. O que se passou pela cabeça do Glauber Braga, que já vive um momento difícil, correndo o risco de cassação do seu mandato parlamentar? A motivação seria a eventual apreciação do processo de cassação do parlamentar, algo que tende a ser mais célere a partir do episódio, indicando a ineficácia da ação do psolista. 

Ocorreram alguns excessos na retirada da imprensa do recinto, o que deverá ser apurado, conforme afirmou o próprio Hugo Motta. Ontem a Câmara dos Deputados aprovou o PL da Dosimetria, que estabelece penas menores aos condenados pelo 08 de janeiro, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje ficamos sabendo que sua defesa está requerendo ao STF sua liberação para uma cirurgia de emergência e eventual cumprimento da pena em prisão domiciliar. O senador Esperidião Amim, oposicionista, será o relator do PL da Dosimetria no Senado Federal. Sugere-se que, a carruagem possa emperrar no Senado Federal, mesmo com a relatoria sob os cuidados de Esperidião Amim. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Charge! Laerte via Revista Piauí

 


Editorial: Cisão da União Progressista em Pernambuco.


Este é um fenômeno que ocorre em todo o país. Não se trata de um caso isolado. Quando os grêmios partidários formalizam alguma federação no plano nacional, fica sempre o dilema sobre qual o grupo político controlará a nova federação nos entes federados. A rigor, aqui no estado de Pernambuco, as fissuras são recorrentes até entre partidos que não chegaram a formalizar alguma federação no plano nacional, a exemplo do PL, praticamente cindido entre o grupo político do ex-ministro do turismo, Gilson Machado - muito identificado com o ex-presidente Jair Bolsonaro -  e  a família Ferreira. No MDB, então, a querela está sendo resolvida nos tribunais, ora favorável ao herdeiro do espólio político de Jarbas Vasconcelos, Jarbas Filho, Jarbinha, e o grupo ligado ao Secretário de Articulação Política da Prefeitura do Recife, Raul Henry. 

Agora foi a vez da União Progressistas expor as suas vísceras políticas em praça pública. Em princípio, consoante as regras estabelecidas no plano nacional, o comando deveria ficar com o grupo do deputado federal , eventual candidato ao Senado Federal nas eleições de 2026. O senador Ciro Nogueira, um dos caciques da federação, apoia integralmente o arranjo em favor do grupo político liderado por Eduardo da Fonte. Já Antônio Rueda, oriundo do União Brasil, mas que dirige a nova federação no plano nacional, defende que o comando deva ficar com os integrantes do clã Coelho, de Petrolina. Em recente visita ao estado, declarou que apoia o nome de João Campos para o Governo do Estado, de preferência com Miguel Coelho ocupando uma das vagas ao Senado Federal. 

A querela promete. Nos últimos dias o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, tem intensificado suas movimentações junto ao prefeito do Recife, João Campos. Em alguns momentos, é preciso tirar o embaçamento ideológico de nossas lupas quando observamos o cenário político. Já afirmamos isso num outro momento e voltamos a fazê-lo novamente por aqui. A gestão de Miguel Coelho em Petrolina o credencia a novas experiências políticas a nível estadual. Miguel apresentou, por exemplo, o melhor programa de governo quando se candidatou ao Palácio do Campo das Princesas.    

Editorial: O balão de ensaio da candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro.


Sabia-se que, sob os olhares dos setores conservadores de nossa sociedade, a candidatura do senador Flávio Bolsonaro não soava muito convincente. Como já havíamos afirmado antes, esses setores já haviam "verificado" outros nomes. O bolsonarismo "queimou o filme" no que concerne ao nosso sistema político. Não vamos aqui nem entrar nos detalhes para não melindrar, mas há figuras proeminentes identificadas com o bolsonarismo que estão cumprindo pena por atentarem contra as instituições democráticas do país. Bolsonarismo é sinal de encrenca. Os jornais de hoje trazem algumas possíveis explicações acerca de um pronunciamento recente do senhor Flávio Bolsonaro acerca da fragilidade de sua pré-candidatura, quando ele afirmou que poderia desistir da mesma consoante o que fosse oferecido. Uma declaração das mais infelizes. 

Nem ele esta convencido de sua candidatura, o que se traduz num péssimo indicador. Os jornais apontam que a reação reticente do Centrão aliada à performance dos demais oponentes dentro do campo conservador, teriam sido os motivos pelos quais Flávio Bolsonaro demonstra insegurança sobre a sua pré-candidatura. O grande projeto de Flávio, na realidade, é a candidatura ao Senado Federal por São Paulo. Sempre foi este o projeto. Seu nome como candidato presidencial já nasce sob o signo do "improviso". Tem tudo para não dá certo. Um conselheiro político pernambucano, em conversa com o sanador, teria sugerido a ele que enfatizasse em sua pré-campanha apenas o nome de Bolsonaro. Seria um Bolsonaro presidente. 

Ele provavelmente deve desistir da candidatura e, se o bolsonarismo desejar mesmo continuar influindo sobre destino político do país, terá que se contentar em apoiar um outro nome, menos identificado com o bolsonarismo mais radical. No radar da Faria Lima, nomes como o do governador Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema continuam como opções melhores. A exigência de Flávio Bolsonaro muito provavelmente está relacionada ao projeto de anistia amplo, geral e irrestrito. Uma cobrança pesada, uma vez que o mesmo sistema político que repele o bolsonarismo não concorda com o projeto.  

sábado, 6 de dezembro de 2025

Editorial: A repercussão da escolha do nome de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República.


Conforme antecipamos, as placas tectônicas da política nacional estão se movendo depois do anúncio do nome do filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, como pré-candidato às eleições presidenciais de 2026. Hoje, por exemplo, mais uma pesquisa, desta vez realizada pelo Instituto Datafolha, aponta uma estabilidade na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros institutos chegaram a apontar, inclusive, uma queda da curva ascendente, de recuperação da popularidade. Em todo caso, considerando-se a famosa margem de erro, admitamos que os índices positivos da avaliação do presidente Lula estão estacionados. O anúncio do nome de Flávio Bolsonaro como um possível adversário do projeto de reeleição de Lula, no entanto, foi bastante festejado por seus apoiadores. 

Entende-se. Flávio representa aquele bolsonarismo raiz, um elemento que, certamente, alimenta a polarização política entre bolsonaristas e petistas. Os analistas políticos observam, por exemplo, que, se deseja mesmo viabilizar-se como um candidato competitivo, Flávio deverá afastar-se o quanto puder do bolsonarismo mais radical, o que não constitui uma tarefa das mais simples. É exatamente esta identificação tão orgânica com o bolsonarismo que leva amplos setores do conservadorismo da política nacional a externarem resistências ao seu nome. Próceres membros do Centrão já se manifestaram nesta linha de raciocínio. Uma candidatura que, em princípio, logo na largada, estimula adversários a afugenta eventuais apoiadores. Não há muito o que se possa considerar em termos da reação dos prepostos candidatos do campo conservador, que já se movimentavam no tabuleiro da política nacional há algum tempo. 

Alguns deles, inclusive, desejam um apoio, mas não tão ostensivo do bolsonarismo. O bolsonarismo está com o filme queimado no sistema político brasileiro. Não se sai desta condição com facilidade. Em termos familiares, pelo menos publicamente, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, já declarou que a apoia o projeto de candidatura do senador. Não foi uma das melhores opções para se preservar o capital político do bolsonarismo no país. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Editorial: Flávio Bolsonaro é o nome escolhido por Jair Bolsonaro para sucedê-lo na política.


Até recentemente, o Ministro Alexandre de Moraes, possivelmente movido pelo agravamento do estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro, solicitou ao juiz das execuções penais um levantamento minucioso do cumprimento da pena imposta ao ex-mandatário, sobretudo no tocante à progressão da pena para um regime semiaberto. A situação não é nada alvissareira. Haveria de se encontrar algum outro argumento para a evolução do cumprimento de sua pena em uma prisão domiciliar, possivelmente com a comprovação de sua precária condição de saúde. Nos últimos dias, ocorreu um estremecimento na relação entre o senador Flávio Bolsonaro e a esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro. Afirmamos por aqui que o que estava em jogo, na realidade, era o espólio eleitoral do ex-presidente. 

Hoje, dia 05, Jair Messias Bolsonaro anuncia que o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, será o representante da família nas eleições presidenciais de 2026. É difícil fazermos aqui alguma previsão sobre como o lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro pode mexer nas placas tectônicas dos arranjos de forças do campo conservador. Refrear aspirações daqueles candidatos de direita que contavam com um eventual apoio do ex-presidente? Estimular candidaturas que, desde algum tempo, procuravam manter uma equidistância do bolsonarismo, principalmente aquele bolsonarismo mais radical? 

Na realidade, a escolha do nome de Flávio Bolsonaro para sucedê-lo na política não se traduz, necessariamente, como uma novidade. Alguns jornalistas bem-informado já haviam cantado esta pedra há algum tempo. Uma solução caseira era o mais previsível. Embora bem aceita pelo eleitorado bolsonarista raiz, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não contava com o apoio da família para uma empreitada desta natureza. Eles desejam reservar a Michelle uma espaço menos relevante, possivelmente uma candidatura ao Senado Federal pelo Distrito Federal. Há rumores que indicam que ela seria candidata, com chances efetivas de êxito. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Editorial: A república das blindagens


Recentemente, escrevemos um romance de mais de 350 páginas, cujos personagens são o escritores José Lins do Rego, Olívio Montenegro e o antropólogo Gilberto Freyre. O texto está sob análise numa editora e, possivelmente, pode vir a ser publicado, caso seja aprovado. Trata-se de um romance biográfico, histórico, onde resgatamos a trajetória da carreira desses "personagens", com ênfase para os aspectos literários dessa relação. Questiona-se bastante, por exemplo, a ascendência literária de Gilberto sobre o escritor paraibano, principalmente no tocante a concepção dos seus principais romances, ou seja, os relacionados ao Ciclo da Cana-de-Açúcar. A inspiração se deu em função de uma espécie de "Viagem da Saudade" realizada pelo antropólogo aos engenhos da família Rego Cavalcanti, assim que retornou de sua temporada de estudos nos Estados Unidos e na Europa. Há sorvete de araticum cagão - o preferido de Gilberto - aroma de canavial, cuscuz com mel de engenho e sumo de cana caiana no romance. 

Gilberto dizia que no Brasil tudo seria possível. Estamos diante de um país surreal. Quem jura proteger a Constituição Federal pode rasgá-la ou ignorá-la na rodada seguinte, consoante suas conveniências. Hoje, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, arrasta-se uma interminável discussão sobre blindagem de determinados envolvidos em eventuais desvios de conduta em relação às maracutaias com o dinheiro dos aposentados e pensionistas. Até instituições bancárias estão sendo blindadas. Alguns desses bancos lucraram bilhões em empréstimos consignados. Alguns deles, possivelmente, sem autorização expressa dos aposentados. A cada dia se descobre mais podridão envolvendo os escândalos do INSS. O pior é que estamos apenas vislumbrando a ponta do iceberg. 

Gilberto morreu em 18 de julho de 1987. Para justificar esta atipicidade do país, ele observava que não se surpreenderia que alguém programasse a realização de um Carnaval para a Sexta-Feira da Paixão. Há uma cidade no Agreste de Pernambuco que, por ocasião desse feriado, organiza uma grande festa, reservando este dia para a maior das atrações, transformando o evento numa espécie de prévia carnavalesca. Nada mais provoca espanto entre nós. Em vão, clérigos da Igreja Católica protestaram contra o evento.  


Editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim"



Políticos precisam de narrativas e posicionamentos. Às vezes, à procura de uma narrativa ou de um posicionamento, nem sempre eles se dão bem e, não raro, podem por em risco a sua carreira política. Muitos políticos já perderam eleições em razão dessas duas variáveis, como ocorreu com a atual deputada federal Marília Arraes, que, num determinado momento de sua campanha para o Governo do Estado, por uma estratégia infeliz, resolveu se alinhar com os socialistas, que os eleitores já haviam decidido que estava na hora de deixar de ocupar o Palácio do Campo das Princesas. A lista desses equívocos é enorme e, certamente, não caberia no espaço deste editorial. Por vezes, até quando a situação é desconfortável para o país - caso das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros - pode-se tirar proveito da defesa da soberania nacional como estratégia de comunicação institucional. 

Por vezes, há alguns exageros, como ocorreu recentemente em Pernambuco, quando a governadora Raquel Lyra, depois de vaiada durante sua fala junto ao presidente Lula, afirmou que o fato apenas teria ocorrido em razão de ela ser mulher. Não é verdade. Em todo caso, aproveitando a deixa, o presidente Lula fez um longo discurso em defesa das mulheres, citando vários casos novos de violência de gênero, até mesmo em Pernambuco, como o caso ocorrido num assentamento localizado na Zona Leste do Recife, quando um senhor ateou fogo na casa com sua mulher e quatro filhos. Todos morreram. Isso parece que não tem mais jeito. Hoje, 04, a imprensa noticia a morte e decapitação da cabeça de uma senhora de 88 anos, no interior do estado. Dizem que se tratava de uma senhora pacífica, que se dedicava apenas a criação de galinhas. 

Hoje, a imprensa dá destaque a uma frase dita por Lula, traduzida na chamada deste editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim". Não seria improvável que, diante do esgotamento de alguns temas, Lula esteja modulando suas narrativas. As últimas pesquisas de popularidade indicam indícios de uma saturação da sua curva ascendente de aprovação. Os institutos de pesquisa indicam várias causas para isso, inclusive a sua luta inglória entre os evangélicos, nicho eleitoral que vem se afastando do petismo há algum tempo.   

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Editorial: Ceará - Possivelmente uma das disputas mais renhidas das eleições de 2026



A curva ascendente de recuperação de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia dado um refresco ao Governo nos últimos meses, hoje, esboça alguns sinais de fadiga, conforme as últimas pesquisas. Lula perde aderência entre os evangélicos - o que não seria nenhuma novidade - mas também entre os idosos acima dos 60 anos de idade. Este último indicador pode ter relação com o escândalo do roubo dos aposentados, algo que vem sendo apurado pela CPMI do INSS. Não estamos apontando o Governo Lula como o responsável por tais desmandos, o que seria injusto, mas apenas constatando que se trata de uma falcatrua sistêmica, que perpassou por todos os governos, inclusive os petistas. 

O mais grave é que algo sugere que as irregularidades continuam. Havia servidor do órgão recebendo mesadas de R$ 500 mil por mês das entidades que participavam dos descontos irregulares. Na última sessão da CPMI foi preso um servidor de carreira que teve inúmeras chances de estancar a sangria, mas dava sinal verde em seus pareceres, permitindo a continuidade das falcatruas. Mesmo com o Governo Lula 3 se empenhado em devolver os recursos subtraídos dos aposentados e pensionistas, não se descarta alguma insatisfação por parte dos lesados, um ônus que sempre pesa sobre o Governo de turno. Antes um reduto inviolável, o Nordeste, igualmente, em algumas praças, reflete esses índices negativos, conforme observado por inúmeros institutos. 

O Ceará, por exemplo, onde hoje o PT mantém talvez sua principal trincheira na região, passa por um momento difícil, em razão dos altos índices de violência. Nas últimas eleições municipais, Fortaleza foi a única capital do país onde o partido conseguiu fazer o prefeito. Em 2026, o estado já apresenta os indicadores de uma das disputas mais renhidas do país, uma vez que a Oposição se integra num único propósito, ou seja, apear o PT do Palácio da Abolição. Ingredientes é o que não faltam. 

Editorial: A disputa pelo espólio político de Jair Bolsonaro.



Ainda em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro esteve recebendo a visita de compatriotas da direita em sua residência. Os encontros serviam para os convescotes necessários visando ajustes no que concerne às eleições presidenciais de 2026. Caberia ao ex-presidente a prerrogativa de indicar alguém que representasse seus interesses ou tivesse o seu aval para disputar aquelas eleições. À época, falou-se, inclusive, numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice. O grande problema da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é dentro da nucleação familiar. É a persona mais competitiva entre os Bolsonaro, conforme inúmeras pesquisas têm demonstrado. 

As indisposições recentes entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, na realidade, é reflexo de uma disputa no clã-familiar sobre o espólio político do ex-presidente Bolsonaro. Alguém sugere que tudo foi contornado, ambos se desculparam, mas o problema tem uma origem difícil de ser administrada. Sabe-se lá como a equação será resolvida até as eleições de 2026. Cumprindo pena em condições adversas, o ex-presidente pode muito pouco neste momento. Deve ter estabelecido como prioridade deixar a cela da Polícia Federal em Brasília para uma prisão domiciliar, e, principalmente, cuidar de sua saúde fragilizada. Sugere-se que, a cada nova intervenção cirúrgica à qual ele é submetido, os problemas apenas se agravam. 

Sobre a disputa no Ceará, o motivo aparente da discórdia entre os familiares do ex-presidente, o PL está firme no propósito de apoiar o nome do ex-ministro Ciro Gomes ao Governo do Estado. Ontem, durante uma entrevista, o Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, praticamente selou a aliança. O Ceará pode se tornar na disputa mais renhida das eleições de 2026. O PT jogará todas as fichas para não perder sua fortaleza, enquanto a Oposição irá articular todos os esforços para desbancar o partido do Palácio da Abolição. Aliás, já vem fazendo isso, de forma pragmática, independentemente do atestado de idoneidade ideológica, conforme a ex-primeira-dama tentou sugerir que pudesse ser exigido de Ciro Gomes.  

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Editorial: Planalto põe panos mornos nas indisposições com Alcolumbre


Nas últimas horas, membros importantes do Governo Lula tentaram colocar panos mornos nas indisposições com o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. O objetivo é baixar a temperatura, criando um clima que não atrapalhe a indicação de Jorge Messias ao STF. Até a Ministra da Articulação Institucional, Gleisi Hoffmann, entrou em campo com o propósito de apaziguar os ânimos. Ontem, dia primeiro, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, o seu presidente, o senador Carlos Viana, afirmou que está planejando, a pedido de Messias, uma reunião dos senadores com o indicado pelo presidente Lula para assumir a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Carlos Viana foi logo antecipando, no entanto, que o gesto de natureza cristã - ambos são evangélicos - talvez não mude uma tendência desfavorável ao nome indicado pelo Planalto. 

A sabatina está programada para o dia 10, um prazo demasiadamente exíguo para as articulações. Conforme já afirmamos desde o início, por mais inusitada que seja a situação, Jorge Messias, pelo andar da carruagem política, pode sofrer uma refrega e ter o seu nome rejeitado. O aceno de baixar as armas e voltar à mesa das negociações políticas era o melhor caminho. Fazemos a afirmação no pretérito porque, se procedem as informações da coluna Diário do Poder, divulgadas no dia de hoje, 02, o presidente Lula teria uma agenda com o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, que será o relator do processo. Isso pode enfurecer ainda mais o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, cujo humor com o Planalto não é dos melhores. 

A Oposição anda festejando bastante essas indisposições entre o Planalto e o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Conhecedor das artimanhas políticas, o Planalto desejava esticar o prazo das articulações, deixando a sabatina para o ano que se aproxima. Segurou as informações sobre o indicado, mas foi atropelado por uma nota de natureza republicana - imaginem! - emitida pelo Senado Federal, onde se cobrava um mínimo de respeito recíproco entre os Três Poderes da República. A nota alcançou ampla repercussão e dá a dimensão exata das indisposições tornadas públicas. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Editorial: Michelle não aprova PL apoiando Ciro no Ceará.



Neste último final de semana, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro esteve no Ceará, onde foi saudada como candidata presidencial pelos correligionários locais. Neste momento,  duvidamos que alguém possa fazer algum prognóstico definitivo sobre como o clã Bolsonaro irá se portar diante das eleições presidenciais de 2026. Está tudo muito confuso. Alguns candidatos à direita já se movimentam independentemente dos humores dos Bolsonaro. Existe uma tese, inclusive, de que elementos do clã teriam oferecido o combustível ou as condições favoráveis para tornar Lula competitivo para aquelas eleições, quando tudo já estava praticamente decidido. Há rumores, por outro lado, que o principal expoente a herdar o espólio do pai, o senador Flávio Bolsonaro, poderá se tornar inelegível. Pode ser um daqueles surtos da teoria da conspiração, mas os Bolsonaro acreditam piamente que o "sistema" não permitirá uma nova candidatura presidencial encabeçada por um Bolsonaro raiz. 

Ele já andou antecipando que o seu grande projeto político é mesmo assegurar o seu mandato, elegendo-se senador pelo estado de São Paulo. Mesmo festejado por onde anda e de bem com o eleitorado brasileiro, Michelle Bolsonaro não poupou broncas nos caciques do PL no Ceará. Em tese, o senador Eduardo Girão, fiel escudeiro do clã Bolsonaro, é candidato ao Governo do Estado e, como tal, logicamente, faria jus ao apoio do PL ao seu pleito. Mas, as coisas não estão bem assim naquele estado. André Fernandes, que dirige o partido no Ceará, está demasiadamente próximo à candidatura de Ciro Gomes, filiado ao PSDB. Quando questionado sobre o assunto, ele saiu com uma pérola: Há algum tempo atrás, antes de decretada a sua prisão, o capitão Jair Bolsonaro já havia endossado o nome de Ciro Gomes. 

Em sua fala, a ex-primeira-dama advoga que pode ter havido uma precipitação do PL no estado. Há, igualmente, uma questão pragmática aqui. Tudo é possível, mas, em princípio, se o grande projeto é apear o PT do Palácio da Abolição, o nome de Ciro Gomes é mais competitivo. Ciro, aliás, já desponta liderando as primeiras pesquisas de intenção de voto. A indisposição que Ciro Gomes tem com o PT, possivelmente, o levará a fazer alianças até com o Diabo para vencer aquelas eleições. 

Crônicas do Cotidiano: A Bica está triste. Estamos todos tristes.




Hoje, dia primeiro, por razões conhecidas, o Parque Arruda Câmara, mais conhecido como A Bica, localizado em João Pessoa, tornou-se o grande assunto do noticiário nacional, depois do incidente que vitimou Gerson de Melo Machado, com 19 anos, conhecido como Vaqueirinho, que adentrou a jaula destinado aos felinos e foi morto pela leoa. Assim, uma crônica escrita por este editor, há alguns meses atrás, tratando dos momentos bons vividos naquele espaço, está alcançando um grande número de acessos, possivelmente em razão do algoritmo. É trágica a história de vida deste rapaz. Filho de mãe e avó com diagnóstico de esquizofrenia, o Conselho Tutelar afastou ele e três outros irmãos da tutela da família. Três deles foram adotados, o que não ocorreu com Gerson, que, a partir daí, teve uma vida errática, acabando morto na jaula dos felinos da Bica. Há registros de inúmeras entradas em unidades prisionais, quando, na realidade, o seu problema exigia outro encaminhamento. 

Sua conselheira tutelar escreveu um artigo onde relata a trajetória trágica do rapaz, que contava apenas com 19 anos de idade. O artigo é comovente, mas é preciso atentarmos para as nossas falhas no que concerne aos cuidados com um rapaz com o seu perfil. Na realidade, Gerson não se jogou na cova dos leões. Ele foi atirado ali pelo abandono, pelo descaso, pela ausência de atenção e cuidados que o caso dele ensejava. Profundamente lamentável. A Polícia Civil do Estado da Paraíba, salvo melhor juízo, está tratando o caso como suicídio. Sugere-se um surto. Gerson, segundo relata a conselheira, tinha um sonho de participar de safari na África. 


João Pessoa é realmente uma cidade abençoada, o que justifica sua posição privilegiada entre as principais capitais do país, seja como destino de um final de semana, de um período de férias, ou mesmo para curtir uma aposentadoria tranquila, depois de ter sobrevivido ao inferno das repartições. Só peço a vocês que não espalhem muito a notícia, uma vez que o fluxo de turistas ao local já está produzindo alguns gargalos no trânsito,  exploração do comércio nas barracas de praia, especulação no preço dos imóveis, assim como ciúmes entre os gestores das capitais vizinhas, a exemplo do futuro prefeito de Natal, que afirmou, durante o discurso de posse, que a nossa querida Jampa iria se tornar no curral da capital potiguar. 

Mas acho que podemos dar por aqui uma dicazinha sobre um local bastante agradável, bem cuidado, de natureza intocável e preservada, pertinho do centro e não tão distante das praias. O Parque Arruda Câmara, mais conhecido entre os pessoenses como a Bica, em razão de uma bica ali existente que, no passado, chegou a abastecer os moradores locais com água potável. João Pessoa atingiu um nível de civilidade que, independentemente de quem seja o gestor, se do partido A ou B, há algumas coisas que avançaram e a população não permite retorno, como a limpeza da cidade, o cuidado com o patrimônio histórico, a balneabilidade das praias centrais e os seus espaços de lazer. A Bica sempre foi muito bem cuidada e gerenciada. 

Nossa família foi muito feliz por ali. Acordávamos num dia ensolarado ou meio chuvoso desses janeiros - uma chuvinha que não atrapalhasse, do tipo garoa, admitamos, sempre era bem-vinda - e nos dirigíamos ao local. Logo no início, na antiga entrada do parque, um Ipê roxo florido nas aguardava, dando as boas-vindas. Depois de participarmos das recreações, seguíamos por uma trilha de Mata Atlântica e águas cristalinas, para a outra margem do parque, onde comíamos um pastel de carne com refrigerante, sem remorso,  e tomávamos o melhor sorvete do mundo, aquele artesanal que, segundo seu Zé, vinha lá de Pilar, a terra do escritor José Lins do Rego

Ao longo dos anos que frequentávamos o parque, sentimos a ausência de seu Zé. O produto passara a ser comercializado pelo seu neto. Andávamos considerando alguma coisa estranha com ele. O sorvete era oferecido em vários sabores, mas ele servia aleatoriamente, talvez não identificando os sabores solicitados pelos clientes. O neto nos informou que, numa dessas saída para vender o produto ele não conseguiu voltar para casa. Foi encontrado por alguém que o reconheceu, pois havia trabalhado com ele numa empresa local. Infelizmente, era um problema de demência ou Alzheimer, que um chargista já identificou como algo pior do que a morte. Outra coisa que nos enchiam os olhos de contentamento era contemplar a beleza da planta abricó de macaco, de origem amazônica, que, durante a florada é admirável. As coisas boas da vida são até simples, Rubem Braga.  

domingo, 30 de novembro de 2025

Crônicas do Cotidiano: Um daqueles domingos para ser esquecido.



Há alguns anos atrás, os evangélicos exibiam como um troféu de fé um cidadão que havia entrado na cova do leão, no zoológico de Dois Irmãos, no bairro do mesmo nome, no Recife. Uma tremenda irresponsabilidade, mas, por algum motivo, ele escapou ileso. Já naquela época, o nosso leão aparentava uma longa idade e preferiu manter-se em seu aconchego, não se importando com a visita do intruso. A mesma sorte não teve um rapaz de quarenta anos de idade, que resolveu escalar a grade de proteção da jaula do leão no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, no bairro do Roger, em João Pessoa

Sugere-se, em princípio, que ele não estava bem psicologicamente. Apesar dos apelos do funcionários do parque, que tentaram impedi-lo, ele resolveu atirar-se na jaula, sendo devorado por uma leoa. Pessoas que estavam em sua proximidade gravaram a cena apavorante, que logo ganhou enorme repercussão nas redes sociais, o que não se constitui nenhuma surpresa nesses tempos em que até mesmo as tragédias não escapam da espetacularização. Registro aqui a boa gestão daquele espaço, com servidores abnegados e dedicados a cuidarem bem do Parque. Não houve aqui negligência institucional. Possivelmente este é o incidente mais grave ocorrido ali desde a existência do Parque. Quando líamos a noticia num dos sites da Paraíba, quase não acreditávamos em sua veracidade. 

O rapaz, conhecido como Vaqueirinho, morreu no local. O Parque foi fechado e a direção emitiu uma nota em solidariedade à família enlutada. A Bica, como é conhecido o Parque Arruda Câmara, tem um excelente conceito. Trata-se de um centro especializado na reprodução do Jacaré-açu, talvez o melhor do país. Até hoje, quando estamos em João Pessoa, reservamos um tempinho para voltarmos ao local, disposto a matar as saudades dos tempos passados ali antes dos filhos crescerem. Lamentável sob todos os aspectos o incidente ocorrido. 

sábado, 29 de novembro de 2025

Editorial: Disputa de ego na Paraíba.


O grupo político ligado ao governador João Azevedo(PSB-PB)já entendeu que a candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, não é para brincadeira. Cícero pode reunir clãs familiares importantes em torno do sua candidatura, a exemplo dos Cunha Lima e dos Vital do Rego, e até mesmo do PT dependendo dos arranjos que estão em andamento, atropelando a organicidade deste partido com os socialistas. O PT poderia indicar um candidato ao Senado Federal pelo Estado ou o nome do vice na chapa. Aliás, o PT já participa da gestão de Cícero na Prefeitura de João Pessoa. Sondado por ambos os grupos, cada qual com seu candidato, o PT, através de Cida Ramos, que preside a legenda no estado, por enquanto, não assume nenhum compromisso efetivo com ninguém. Quem tem tempo não tem pressa, conforme ensinava o político pernambucano Marco Maciel. 

Até recentemente, os dois políticos, Cícero e João, trocavam amabilidades pela imprensa. Mesmo deixando o PP, que integra o núcleo duro de apoio ao governador, Cícero Lucena ainda dizia que o apoiaria para o Senado Federal. Agora a troca é de farpas entre ambos. Por ocasião da inauguração de um viaduto que leva o nome do ex-prefeito de Jampa, Luciano Agra, o governador João Azevedo deu uma alfinetada no hoje adversário, afirmando que a população irá saber qual foi a gestão que está fazendo o melhor pela capital João Pessoa. Numa entrevista logo em seguida, o prefeito Cícero Lucena deu o troco em João Azevedo, observando que vem cuidando bem da cidade e que, na realidade, esta é a sua incumbência, enquanto o governador teria mais cidades para cuidar. 

Na realidade, com a afirmação, o que Cícero está querendo dizer é que estamos tratando aqui de grandezas desproporcionais. Infeliz essa comparação do governador João Azevedo. Conforme estamos insistindo por aqui, o PT tem compromissos históricos com os socialistas. Se o partido optar pelo apoio ao nome de Cícero Lucena será algo surpreendente, mas é isso mesmo que o prefeito deseja. Por enquanto, estamos na fase das escutas. Vamos aguardar um pouco mais.  

Editorial: Ciro está voltando



Pelas redes sociais, já é possível observar algumas movimentações políticas no Ceará indicando que o ex-governador Ciro Gomes está de volta à disputa pelo voto dos seus conterrâneos, em 2026. Ciro praticamente já assume que será candidato ao Palácio da Abolição nas próximas eleições estaduais. Como ele mesmo admite, também é um pouco responsável pelo desastre administrativo do PT no estado. De fato sim. O próprio Camilo Santana, hoje a maior estrela petista no estado, quando ainda prefeito de Barbalha - aquela cidade famosa pelos festejos do Pau de São Francisco - começou por baixo, com grandes dificuldades, e contou à época com o apoio do grupo que gravitava em torno de Ciro Gomes. Assim, ele também se sente responsável pelo que ele mesmo classifica de descalabro administrativo do estado. 

Realmente o estado do Ceará não vai bem. Para tanto, basta observamos os índices de insegurança, proporcionado em grande parte pela presença de inúmeras facções que operam no estado. O Ceará tem hoje a cidade mais violenta do país, Maranguape, a terra do saudoso Chico Anysio. Superou a Bahia neste aspecto, outro estado estratégico nos planos petistas. Na Bahia ocorre um fenômeno curioso. O voto identitário é mais consistente. Mesmo enfrentando um alto índice de violência, quando as pesquisas de intenção de voto são publicadas, o governador Jerônimo Rodrigues aparece abaixo de ACM Neto na disputa, mas numa situação relativamente confortável. Jerônimo está no quinto mandato sucessivo do PT no estado. No Ceará, conforme comentamos à época, Elmano de Freitas teve a sua eleição praticamente assegurada pelos bons índices de aprovação de Camilo Santana. 

Não deixa de ser interessante observar o conjunto de forças políticas que passaram a endossar a postulação do candidato Ciro Gomes. Vai de tucanos à direita bolsonarista liderada pelo deputado federal André Fernandes, que recentemente declarou em vídeo que irão tomar o poder no estado, seja lá quem o PT indicar para a disputa. Ciro, por sua vez, aparece em algumas peças pilotando uma bicicleta na orla de Iracema, acompanhado da música de Maurício Tapajós e Paulo Sérgio Pinheiro, interpretada pela cantora Simone, Tô Voltando.  Numa pesquisa recente, realizada pelo Instituto Real Time Big Data,  ele já aparece na liderança das intenções de voto, cravando 43% contra 42% de Elmano de Freitas. Ainda na margem de erro, mas, em todo caso, um escore animador. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Editorial: Um retrocesso na agenda ambiental do país.

 


Ontem, 27, a Oposição infligiu mais uma derrota acachapante ao Governo Lula 3, desta vez no tocante aos vetos presidenciais ao PL ambiental. Foram derrubados quase todos os vetos de Lula. Num total de 59, 57 deles foram rejeitados pelo Legislativo, numa articulação exitosa do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que andam de birra com o Governo. Trata-se de um retrocesso incomensurável na legislação ambiental do país. Quando, lá atrás, esse PL foi aprovado, havia uma grande preocupação das entidades ambientais e uma última esperança que o Executivo pudesse proceder esses vetos. Lula procedeu os vetos, estabelecendo uma ligeira trégua com a sua base histórica de sustentação. 

O PL ficou igualzinho ao anterior, antes dos vetos presidenciais, ou seja, do jeitinho que a motosserra do agronegócio deseja. O Executivo talvez precise recorrer ao STF para evitar um mal maior. Essa indisposição entre o Executivo e o Legislativo está ficando muito cara ao país. Há pouco tempo o Senado Federal desengavetou, deliberadamente, um projeto que previa aposentadoria especial aos agentes de saúde, o que representará bilhões de despesas no combalido e descontrolado orçamente da União. O Governo Lula ainda tentou evitar o problema, como sempre, liberando as famigeradas emendas parlamentares. Tudo em vão. Os líderes do Governo Lula nas duas Casas não se entendem com seus presidentes. Não vamos aqui nem fazer referências à titular da pasta da Articulação, Gleisi Hoffmann. 

Teme-se novas escaramuças pela frente. Dia 10, por exemplo, teremos a sabatina do Advogado-Geral da União, recentemente indicado para assumir o posto deixado pelo Ministro Luís Roberto Barroso no STF. Jorge Messias anda conversando com os senadores, garimpando votos, explicando suas intenções se vier a assumir o cargo, tentando, em vão, parecer alguém independente. O problema é justamente este. Lula escolheu alguém muito próximo a ele. A politização na indicação de um nome para o STF subtraiu todos os critérios técnicos do indicado. Antes havia, no mínimo, algum pudor em indicar alguém que atendesse a tais requisitos. 

Editorial: General Heleno deve cumprir pena em prisão domiciliar.


Com 78 anos de idade e acometido pelo Mal de Alzheimer, o general Augusto Heleno deve progredir para uma prisão domiciliar nos próximos dias. A Procuradoria-Geral da República já concordou com o pedido feito por sua defesa. Agora o pedido deve ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal. Não sabemos se há alguma movimentação da defesa do ex-presidente Bolsonaro neste mesmo sentido, mas o seu quadro de saúde também recomendaria algo neste sentido. Ainda no dia de ontem, 27, o ex-presidente precisou ser atendido novamente por um médico, em razão das persistentes complicações gastrointestinais, traduzidas em refluxos e soluços constantes. Jair Bolsonaro já completou 70 anos de idade. 

Interessante observar o grau da evolução do Mal de Alzheimer no general Augusto Heleno. Por ocasião da CPMI do Golpe, salvo melhor juízo, tanto na realizada pelo Senado Federal e pela Câmara Distrital de Brasília, o general esteve entre os convocados. Assistimos as duas audiência e não observamos qualquer indício de que ele estivesse doente. Essa doença degenerativa é terrível. Talvez algo pior do que a morte, conforme sugeria, há alguns anos atrás, o cartunista Thiago Rechia, através de um dos seus cartuns. Pelo andar da carruagem penal, em razão da idade avançada, não seria improvável que outros condenados pelo 08 de janeiro também possam apresentar quadros de saúde semelhante. Existem algumas boas notícias acerca do tratamento para o Mal de Alzheimer, mas, por enquanto, são estudos que estão em andamento. 

Fala-se até em vacinas com o propósito de treinar o nosso aparelho imunológico a se defender das toxinas. Mas é preciso tomar alguns cuidados com essas modulações do aparelho imunológico. As doenças autoimunes, por exemplo, são reflexos de suas leituras equivocadas sobre tais toxinas no organismo. Ele acaba combatendo as células sadias do corpo. A vida sempre nos reservando algumas surpresas. Um dos documentos comprometedores sobre a trama golpista do 08 de janeiro foi justamente o achado de uma cadernetinha de anotações sobre todos os passos que precisavam ser dados. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Editorial: Sabatina de Messias é agendada para o dia 10 de dezembro.



O Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, agendou para o dia 10 de dezembro a sabatina a que será submetido o novo indicado ao Supremo Tribunal Federal, Jorge Messias, ex-Chefe da Advocacia-Geral da União. Hoje, 27, depois de uma grande polêmica entre Oposição e Governo, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, ficou descartada sua presença naquela comissão, o que seria mais uma dor de cabeça para o indicado, que se encontra em dificuldades. Insatisfeito por não ter seu pleito atendido em relação a tal indicação, Davi Alcolumbre vem preparando algumas escaramuças para o Governo. O relator da indicação é um desses problemas. O Governo não confia nenhum pouco no nome indicado, temendo, inclusive, alguma surpresa, traduzida numa eventual rejeição ao nome de Jorge Messias. 

Por incrível que possa parecer, tal hipótese não estaria completamente descartada, em razão do climão gerado com a indicação de Messias, que sofre resistência ferrenha da Oposição e de setores da opinião pública. Não nos ocorre de uma indicação recente para a Suprema Corte enfrentar tanta resistência como Messias está enfrentando. Formadores de opinião também esboçaram grande resistência à indicação do nome de Messias. Ele é demasiadamente próximo a Lula e ao petismo; questiona-se o seu notório saber jurídico e sua articulação política é ínfima. Rodrigo Pacheco teria o aval do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e de parte do Centrão, o que facilitaria bastante sua sabatina. 

Neste momento, Messias faz uma espécie de périplo pelo Senado Federal, garimpando o voto dos senadores e senadoras. É bastante raro uma rejeição, mas ela já ocorreu em tempo idos. O ideal seria o Executivo distensionar a relação com o presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre.  Ele já jogou uma bomba de bilhões no colo do Executivo e sugere-se que tem potencial e artilharia para a batalha, conforme pode se depreender pela indicação do nome que será o relator da indicação de Messias, o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, que também afirma ter pego em bomba. Não é para menos. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Editorial: A prisão dos generais.



Estávamos lendo as resoluções do estatuto dos militares, onde se esclarece as razões pelas quais o general Augusto Heleno está detido numa cela do Quartel-General do Exército, em Brasília, também conhecido como Forte Apache. Coisa de hierarquia, algo que os militares consideram a verdadeira espinha dorsal das Forças Armadas. São quatro militares de alta patente presos, no curso da condenação do chamado núcleo crucial da trama golpista do 08 de janeiro. Uma verdadeira prova de fogo para a nossa incipiente experiência democrática, longe de atingir um estágio de consolidação, daí as atenções sobre essas prisões, que está alcançando repercussão internacional. Os leitores que nos acompanham por aqui sabem que atingir as variáveis que indicam a consolidação de um regime democrático não é tão simples no país, a começar pela precária distribuição de renda ou renda per capita. Quarteladas, então, são até recorrentes. 

Aqui, ainda será gasta muita tinta nas redações de nossas revistas e jornais, algo que também deve ocorrer em outros canais de comunicação. Trata-se de um fato inédito no país. Soubemos há pouco que o STF teria feito uma consulta ao STM no sentido, inclusive, de se avaliar a perda de patentes dos oficiais condenados. Na outra margem do rio, a Oposição trava uma luta ferrenha para pautar do PL da Anistia. Ampla, geral e irrestrita a todos os envolvidos e condenados pelo ato golpista do 08 de janeiro. Soubemos, igualmente, que a condição sine qua non para o apoio da oposição a um candidato presidencial nas eleições de 2026 passa, necessariamente, pelo compromisso com a concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. 

Prisão de ninguém deve ser comemorada. Principalmente nesta época do ano, quando as famílias já se preparam para os festejos de Natal e Réveillon. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se recusa a comer as refeições oferecidas pela PF. Possivelmente em razão de alguma dieta especial, em razão dos seus problemas de saúde. Há uma grande sensibilidade intestinal e sabe-se o que isso pode provocar. Jair Bolsonaro já andou sofrendo das intermináveis crises de soluço na prisão. Daí a determinação do STF no sentido de que sua cela tenha plantão médico durante 24 horas. 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Editorial: Novas rusgas entre o Executivo e o Legislativo.


Na reunião da próxima quinta-feira, a CPMI do INSS, através do seu presidente, o senador Carlos Viana, deve pautar entre os pares a convocação do advogado Jorge Messias, recém nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF. Caso a convocação se confirme, o que não seria improvável, Jorge Messias teria mais uma dor de cabeça pela frente. Recentemente ele escreveu uma carta dirigida ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, onde tenta desarmar os espíritos diante das dificuldades que possa vir a enfrentar durante a sabatina no Senado Federal. Sua situação não é nada confortável. Possivelmente a mais desconfortável dos últimos anos, agravada por uma indisposição pessoal entre o presidente Lula e Davi Alcolumbre. Sobrou até para o senador Jaques Wagner, líder do Governo Lula naquela Casa. 

Na Câmara dos Deputados a situação não é menos ruim, uma vez que o Presidente Hugo Motta também andou se estranhando com o líder do Governo, Lindbergh Farias. Analisada sob certos aspectos, a indicação de Messias ao cargo não foi uma atitude muito feliz de Lula. Lula tinha conhecimento da encrenca em que estava se metendo, mas preferiu a formação de uma trinca de ouro, de sua estrita confiança. Ocorreram, inclusive, muitos protestos da base aliada, que desejava a indicação de uma mulher para o cargo de Messias. Indicar uma mulher para sucedê-lo na AGU, conforme se especula, não é a mesma coisa.  Não satisfaz o desejo da base. 

Como se não bastasse, por outro, muito em razão da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a oposição prepara um conjunto de medidas para otimizar pautas do seu interesse, assim como produzir danos ao Governo com as chamadas obstruções. Vão cobrar a fatura do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, cuja eleição foi assegurada com a promessa de pautar a agenda oposicionista. A menina dos olhos é o PL da Anistia, que eles agora desejam que seja aprovado sem restrições, ou seja, sem essa coisa de dosimetria. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Editorial: As alucinações de Bolsonaro.


Salvo melhor juízo, sugere-se que os bolsonaristas, provavelmente, devem organizar mobilizações de protestos contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Aquele pastor tem postado vídeos enfurecidos pelas redes sociais, soltando marimbondos pelas narinas. Depois da audiência de custódia, ocorrida no dia de ontem, a justiça decidiu manter a prisão do ex-presidente. Ontem mesmo já teriam ocorrido algumas mobilizações pontuais de partidários do bolsonarismo. Nada muito organizado ainda. Hoje, 24, a informação é que o ex-presidente se recusa a comer a alimentação fornecida pela Polícia Federal. Só aceita a comida dos familiares. Também no dia de ontem, Bolsonaro teria recebido a visita do médico que o acompanha. 

Sabe-se que a situação de saúde dele não é boa, mas as eventuais alucinações que o teriam feito atentar contra a tornozeleira eletrônica tem a ver com a medicação que ele está tomando. São recorrentes os efeitos de sonolência e alucinações produzidos pelas drogas ministradas. Primeiro se informou que Bolsonaro alegou desconfiar que houvesse um microfone instalado na tornozeleira, de onde seus inimigos pudessem ouvir os diálogos entre ele e os patriotas. Depois se informou que ele pudesse estar ouvindo vozes provenientes da tornozeleira. Observada no início como uma eventual manobra da defesa, agora se sabe que há um fundo de verdade em tais hipóteses. O medicamente age no sistema nervoso central, produzindo tais alucinações. 

O senador Carlos Viana, que preside dos trabalhos da CPMI do INSS, acaba de informar que a sessão de logo mais foi cancelada. A pessoa que seria ouvida na tarde de hoje conseguiu um habeas corpus que facultava a ele a possibilidade de comparecer ou não. Optou por não comparecer. Alguns ministros concedem habeas corpus dentro de uma razoabilidade, ou seja, assegura-se os princípios constitucionais ao indivíduo, ao mesmo tempo que permite ao pessoal da comissão realizar o seu trabalho sem aquele engessamento. 

domingo, 23 de novembro de 2025

Editorial: O celular de Daniel Vorcaro


Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, continua detido. O banqueiro contratou uma equipe de alto nível de advogados, mas, mesmo assim, a banca não conseguiu relaxar sua prisão. A Polícia Federal está de posse de um telefone celular que, segundo se especula nos escaninhos da política, pode abalar os alicerces da capital federal. O banqueiro tinha contatos influentes em Brasília. O medo é que essas conversas, possivelmente com um viés de caráter não republicano, possam aparecer a qualquer momento, identificando seus autores. É nitroglicerina pura. O escândalo do Master, possivelmente, é o maior do nosso sistema financeiro, conforme se especula. Agora a bronca é o sistema garantidor do Banco Central, que deverá minimizar os prejuízos dos aplicadores que acreditaram nas taxas convidativas, acima da média, oferecida pelo banco para as suas aplicações. 

Há um movimento no parlamento, embora ainda incipiente, no sentido de propor uma CPI do Banco Master, onde alguns fatos poderiam vir a à tona, independentemente do trabalho exitoso da Polícia Federal. Não enxergamos muita chance de a proposta prosperar, por razões óbvias. Sugere-se que se tratava de uma articulação política não orientada por viés ideológico, envolvendo personalidades de todas as matizes. O escândalo de corrupção envolvendo o "Rei do Lixo" é outro escândalo que contou com um azeite político forte na capital federal, assim como se sugere que também possa ter ocorrido com aquela Loja de Varejo conhecida dos brasileiros. No caso do INSS, há servidores do alto escalação envolvidos e beneficiários diretos dos descontos fraudulentos. É o Brasil. Não surpreende ninguém. 

E, por falar na CPMI do INSS, amanhã, a partir das 16h:oo, o pessoal retoma os trabalhos, com novas audiências entre os convocados. Louve-se aqui o trabalho excepcional da equipe do relator, o deputado federal Alfredo Gaspar, que vem realizando uma investigação soberba, que desce às minúcias, aos detalhes das transações suspeitas dos investigados. Na última audiência, por exemplo, a equipe conseguiu estabelecer uma incrível "coincidência" entre as viagens do Careca do INSS e a senhora que estava sendo ouvida naquele momento, que viajava para o exterior em média duas vezes ao mês.   

Editorial: Bolsonaro admite violação da tornozeleira eletrônica.



Até aqui tudo bem. Na leitura da Polícia Federal tratou-se, na realidade, de uma violação com o propósito de fuga, o que determinou a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje, 23, através de vídeo conferência, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por uma audiência de custódia, o que pode relaxar sua prisão preventiva. Ele poderia voltar a cumprir prisão domiciliar, conforme é o desejo de sua defesa. O que nos causou uma certa estranheza é a informação de que o ex-presidente, eventualmente, poderia ter utilizado um ferro quente para violar o equipamento. Mais espantoso é o argumento de que ele poderia estar ouvindo vozes da tornozeleira. Sua saúde, na realidade, não vai muito bem. Há crises de soluços e vômitos intermitentes, ainda como reflexo das sequelas deixadas pela facada sofrida. 

Quando essas crises se agravam, ele precisa ser socorrido com uma certa urgência, o que dificultaria sua prisão em determinados ambientes. Convenhamos. Uma prisão domiciliar seria de bom tamanho para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Soube que a recomendação do Planalto é a moderação em torno do assunto. José Dirceu, num outro momento, também observou que o ex-presidente não teria condições físicas para cumprir uma prisão convencional. É preciso prudência com essas coisas. Isso não se comemora, como fizeram alguns radicais petistas na frente da Polícia Federal, em Brasília, ou nas redes sociais. A prisão ocorre num momento deliciado, quando Donald Trump, surpreendentemente, encerrou a guerra tarifária contra o Brasil. 

Ontem os jornalistas estavam especulando sobre uma eventual retomada do climão, uma vez que era desejo de Trump que Bolsonaro estivesse disputando uma nova eleição em 2026, algo muito improvável diante das circunstâncias. Difícil fazer alguma previsão sobre como a família Bolsonaro irá se arranjar em torno das eleições presidenciais de 2026. São muitas variáveis em jogo. Os bolsonaristas acreditam que o próximo alvo seria o senador Flávio Bolsonaro que, em tese, poderia habilitar-se a ocupar o espaço político do pai. Mesmo Bolsonaro cumprindo prisão domiciliar, o encontro entre ele e líderes da direita são até recorrentes. O problema é que não se chega a um denominador comum.  

sábado, 22 de novembro de 2025

Editorial: Cícero Lucena oferece espaço ao PT em sua chapa.


Ontem, 21, uma das notícias que mais repercutiram no cenário político paraibano girou em torno das articulações entre o prefeito Cícero Lucena e o PT. São articulações fortes, uma vez que o prefeito deseja integrar o partido em sua chapa que concorre ao Palácio Redenção, nas eleições de 2026. Contrariando até mesmo o forte vínculo do governador João Azevedo com o partido, pois o gestor é filiado ao PSB, Cícero deseja o apoio do Planalto à sua candidatura. Especula-se, inclusive, que Cícero e Veneziano Vital do Rego poderiam ter oferecido a vice ou uma das vagas ao Senado Federal na formação da chapa.  Cida Ramos, que Presidente Regional da legenda, esta literalmente aberta às negociações, principalmente depois que percebeu os ventos que sopram favoráveis a partir de Brasília, através de Edinho Silva. 

Além de tentar acomodar o PT em sua chapa, outra preocupação do político mais manhoso da Paraíba é inserir os Cunha Lima na composição, de preferência com uma indicação a vice. Campina Grande, berço da família Cunha Lima, é um dos maiores colégios eleitorais do estado. Cidade estratégica na definição de uma eleição majoritária. No estado, Lula sofre pressões de todos os lados. De João Azevedo, de Cícero Lucena e de Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, que gostaria de indicar o pai para concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições. Há poucos dias, Adriano Galdino abdicou de sua pré-candidatura em nome do projeto governista, num ato bastante elogiado pelos companheiros, inclusive por Hugo Motta, durante encontro na Granja do Estado. 

Como política sempre reserva algumas surpresas, caso o PT deseje mesmo compor a chapa formada por Cícero, a grande questão que se coloca é sobre quem o partido indicaria para concorrer ao Senado Federal. Luciano Cartaxo? A própria Cida Ramos? Vamos aguardar um pouco mais, uma vez que o martelo ainda não foi batido. A força de João Azevedo junto ao PT é muito forte. Afinal, o PSB integra aquele núcleo duro da aliança nacional, que se sugere bastante fortalecida no último encontro dos socialistas.