pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O relatório da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro.
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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Editorial: O relatório da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro.



Numa das vezes em que esteve aqui em Pernambuco, logo nas primeiras horas da manhã, o ex-presidente Jânio Quadros resolveu fazer uma visita de cortesia ao sociólogo Gilberto Freyre, em seu imponente Casarão, localizado no bucólico bairro de Apipucos, no Recife. Jânio tinha uma verdadeira veneração pelo sociólogo, mas já teria chegado ao recinto "mamado', o que o impediu de experimentar o tradicional de licor de pitangas servido aos convidados e visitantes. Segundo dizem, o licor era preparado pelo próprio sociólogo, com pitangas recolhidas do seu quintal, seguindo um ritual específico e nunca compartilhado. 

O licor geralmente era servido acompanhado do famoso bolo pão de ló. A lista de personalidades importantes que experimentaram tal licor é enorme. Amigos pessoais, cineastas, escritores, filósofos, políticos, entre outras personalidades, como Jean-Paul Sartre, Jorge Amado, José Lins do Rego, Sérgio Buarque de Holanda, Federico Felllini, Albert Camus, Aldous Huxley. O espaço deste editorial seria pequeno se resolvêssemos citar todos os nomes que passaram por ali. 

A trajetória política de Jânio Quadros, como se sabe, é impressionante. Saiu de vereador à Presidência da República. Quem cumpre tal rito, precisa conhecer muito sobre o país. E Jânio conhecia bem o país, ao ponto de considerar que as coisas por aqui se assemelhavam a uma espécie de hímen complacente, ou seja, o Brasil é um país que nunca rompe. Lembramos dessa citação do ex-presidente ao nos aprofundarmos um pouco mais sobre a a vida privada da instituição criada pelo sociólogo. Num trabalho de garimpagem, com muita paciência, aqui e ali, estamos descobrindo coisas curiosas e surpreendentes. 

O Brasil é o país do eterno adiamento, da rodada seguinte, onde tudo se resolve com um tapinha nas costas, como costuma enfatizar o comendador Arnaldo. Na realidade, não se resolve. Formou-se uma grande expecativa em torno do relatório da senadora Eliziane Gama(PSD-MA), lido na manhã de hoje, 17, por ocasião do encerramento dos trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro. Em razão dessa nevrálgica relação entre poder militar e poder civil, a grande questão seria como o relatório iria se comportar em relação aos militares que, comprovadamente, atentaram contra as instituições democráticas do país.

O tal hímen complacente, ao qual se referia o ex-presidente, não funcionou por aqui. A senadora sugere o indiciamento de todos os militares envolvidos diretamente naqueles episódios. A questão agora é saber se este hímen se manterá complacente nos próximos passos ao da apresentação do relatório, corfirmando a conclusão do ex-presidente. O esperneio será grande e as reações já começaram hoje, dia 18, pelas redes sociais.     

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