pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Na campanha contra Flávio Dino, bolsonaristas ressuscitaram até Michel Foucault.
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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Editorial: Na campanha contra Flávio Dino, bolsonaristas ressuscitaram até Michel Foucault.


Flávio Dino deve permanecer como Ministro da Justiça e Segurança Pública até o final de fevereiro, quando está programada a sua posse no Supremo Tribunal Federal. Mais precisamente, no dia 22 de fevereiro, conforme agenda da Suprema Corte. O morubixaba petista já teria sido aconselhado por assessores próximos a apressar as coisas no que concerne à definição do nome do novo ocupante da pasta, evitando, assim, dores de cabeça para o futuro integrante da Corte. O grande problema seria Flávio Dino se debruçar sobre a análise de processos envolvendo bolsonaristas, atiçando a ira da Oposição, com a faca nos dentes desde algum tempo.  

No dia de hoje, 18, o perfil do ainda Ministro da Justiça, traz uma postagem relatando que ele não tem poder de ressuscitar mortos, lembrando que o filósofo francês, Michel Foucault, faleceu em 1984. A explicação vem no bojo de uma fake news disseminada por bolsonaristas, onde se desinforma que, caso o seu nome fosse aprovado durante a sabatina, o futuro ministro convidaria o filósofo como mentor intelectual, o que representaria um grande desastre sobre o sistema prisional, culminando numa espécie de liberou geral, com a abolição das penas, extinção das unidades prisionais, soltura dos apenados e coisas do gênero. 

O panfleto teria sido distribuído em diversos locais, advertindo que os homens de bem ficariam expostos à sanha dos marginais, sem defesa. A prática de disseminção de fake news com teores assim se constitui numa prática eminentemente abjeta, criminosa, perniciosa, capaz de produzir danos individuais e coletivos de dimensões gigantescos. Louve-se a coragem do ministro em ser enfático e irredutível quando instigado sobre este assunto durante a sabatina, admitindo a necessidade premente de uma regulação das redes sociais, mesmo naquelas circunstâncias, onde seria prudente não brigar com a banca examinadora. 

De fato, o filósofo francês possui uma enorme produção teórica tratando do sistema penal ou sobre a punição. Quando esteve aqui no Recife, em meados da década de 70, em pleno regime militar, o quem mais o impressionou, segundo a professora Silker Weber, que o ciceroneou, foi a Casa da Cultura, no bairro de Santo Antônio, onde, na década de trinta do século passado, havia funcionado a Casa de Detenção do Recife, qua abrigou presos ilustres como Gilberto Freyre e Graciliano Ramos. O prédio foi inspirado na arquitetura prisional francesa, o que levou o filósofo a fazer várias perguntas a professora Silker. Uma pena que o filósofo francês tenha sido recepcionado no Recife em tais circunstâncias. 

Perseguido no Rio de Janeiro e em São Paulo pelos militares, Michel Foucault considerava, à época, que encontraria menos dificuldades em Pernambuco. Grande equívoco. Até um almoço de boas-vindas precisou ser cancelado depois da desistência dos convidados, com o temor de serem perseguidos pelos militares. Ao filósofo restou uma visita à Ilha de Itamaracá, à cidade histórica de Igarassu e saborear as tapiocas oferecidas pelas famosas tapioqueiras do Alto da Sé, na cidade de Olinda. Até mesmo sua conferência na UFPE foi marcada por alguns atropelos, indispondo-se com um professor que insistia em estabelecer um paralelo entre ele e o filósofo alemão Karl Marx, ao que ele teria respondido: Não conheço esse sujeito.      

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