pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 15 de março de 2024

Editorial: PT nacional deve bater o martelo na escolha do candidato do partido que disputará a Prefeitura de João Pessoa.



O ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve desembarcar em João Pessoa entre os dias 12 e 13 de abril, com o propósito de prestigiar o seu nome como candidato do PL à Prefeitura da capital paraibana. Nesses últimos dias, andou ganhando espaço na mídia local uma eventual candidatura de outro bolsonarista ao posto, o pastor Édson Queiroz, assim como Queiroga, um bolsonarista raiz. Neste caso, eles vão precisar construir algum consenso em torno do assunto. Provavelmente uma chapa bolsonarista raiz, com Queiroga na cabeça e pastor Édson na vice. 

O mais difícil Queiroga já conseguiu na burocracia partidária do PL local, que foi a retirada do nome do radialista Nilvan Ferreira do páreo. Nilvan alega que bateu em outras portas partidárias, mas todas se fecharam para ele. O radialista possui um histórico de disputas políticas no Estado, sempre alinhado com a direita bolsonarista. Neste quesito, Queiroga é um cristão novo. No caso do PT, conforme comentamos ontem por aqui, a situação não é tão simples. O ex-prefeito da capital por dois mandatos, Luciano Cartaxo, colocou seu nome para a disputa, mas o diretório local está diivido entre seu nome e o da Deputada Estadual Cida Ramos. 

No dia de ontem, ficamos sabendo que o grupo nacional da legenda criado com o objetivo de definir estratégias e escolher os nomes que disputarão as eleições municipais pelo partido, irá resolver tal pendenga, batendo o martelo em torno do assunto, definindo o candidato do PT que disputará as próximas eleições municipais. Em tal cenário, leva mais vantagem o nome com maior capilaridade política nacional. Com dois mandatos exercidos como prefeito, é bem provável que o nome de Luciano Cartaxo seja o escolhido. 

Houve tempo, há muitos anos atrás, em que as decisões emanadas dos diretórios regionais eram bem mais respeitadas pela Executiva Nacional. Isso hoje se tornou irrelevante. Estávamos no dia de ontem lendo uma matéria que tratava das capitais brasileiras onde o PT deverá ter uma candidatura própria. A lista, para a nossa surpresa, é até expressiva.  

Editorial: Os tucanos cogitam a possibilidade de apoiar Tabata Amaral em São Paulo



Desnecessário mencionarmos aqui os inúmeros erros cometidos pelos tucanos ao longo desses últimos anos, responsáveis diretos pela situação em que eles se encontram hoje, tentando aparar as arestas internas, juntar os cacos e se recompor enquanto um grêmio partidário importante, que já ocupou a Presidência da República por dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso. O PSDB nasceu como uma ala autêntica, dissidente do antigo PMDB, com nomes de peso no cenário político brasileiro, a exemplo de Mário Covas e Franco Montoro. 

O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, assume a presidência da legenda num momento bastante delicado. Esteve recentemente aqui no Recife com o propósito de prestigiar a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE), que, segundo especula-se, estaria sendo assediada pelo PSD e o MDB. A governadora defende uma posição menos radical do partido em relação ao Governo Lula, com quem estabele parcerias importantes para o Estado. É voto vencido em tal posição. O afago também cumpre a função de evitar mais uma provável "sangria' na legenda.   

Os problemas do partido, aliás, são generalizados, ou seja, ocorrem por todo o país. Não raro, o governador do Rio grande do Sul, Eduardo Leite, também demonstra insatisfações com o partido. Em São Paulo, onde a legenda construiu o seu ninho mais emplumado, as coisas também não vão bem. Num passado distante, dizia-se que parcela do eleitorado paulista era fielmente tucana. Hoje a prudência não recomenda apostar nesta hipótese. Enquando o PL festejava a presença de milhares de pessoas na Paulista para prestigiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, os tucanos lavavam as roupas sujas na sede do partido no Estado. 

Sobretudo numa eleição municipal, a estratégia ótima que se apresenta para reestrurar um grêmio partidário seria lançar o maior número possível de candidatos às prefeituras municipais, sem os constrangimentos impostos pelas alianças em nível nacional. Ocorre, porém, que, nem sempre, esses nomes estão disponíveis, como ocorre em São Paulo, onde o partido, simplesmente, não conta com nenhum nome competitivo para a disputa do Edifício Matarazzo. 

Neste caso, teriam que elencar, entre os concorrentes,  o nome de alguém com um perfil de afinidade suficiente para que eles pudessem apoiar. O apoio a Ricardo Nunes(MDB-SP) seria uma das hipóteses, mas eles não querem dar tanta bandeira. Por enquanto, melhor não se meter nesta briga de cachorros grandes entre Boulos e Nunes. A ideia de não radicalizar em relação ao Planalto, conforme sugere Raquel Lyra, também está descartada. Sobraria, como opção, alguém com o perfil de Tabata Amaral, ali pelo centro do espectro político, apadrinhada por um ex-tucano do bico fino. 

As negociações avançam, mas existem alguns embaraços, como a exigência dos tucanos no sentido de indicaram o candidato a vice na chapa, cargo já prometido ao apresentador José Luiz Datena. O mais interessante nessa história é que, em Pernambuco, a governadora tucana Raquel Lyra é inimiga figadal do prefeito do Recife, o socialista João Campos, que namora a Deputada Federal Tabata Amaral. São as cambalhotas que o campo da política pode produzir. No Estado vizinho, a Paraíba, os socialistas não rejeitam nem mesmo os bolsonaristas arrependidos. 

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 14 de março de 2024

Editorial: Os equívocos da PEC das drogas. Há um açodamento do Legislativo.



No dia de ontem, armou-se uma grande confusão no parlamento depois que um deputado da bancada da bala dirigu algumas expressões ofensivas à memória da vereadora Marielle Franco. A sessão precisou ser interrompida. Como já haváimos previsto por aqui, se o clima já foi pesado em 2023, em 2024 ele promete ser ainda mais acirrado entre Governo e Oposição. Trégua na realidade nunca houve, mas a Oposição bolsonarista parece que, embalada por ventos favoráveis, deve ter concluído que chegou o momento de encurralar o Governo Lula. Cruzaram uma linha que não tem mais volta. Podem apostar nesta tese. 

Numa cajadada só, tal oposição atinge dois coelhos, um no Executido e outro no Poder Judiciário. Há quem acredite que o pedido de vistas nessa questão, quando em discussão e votação no STF, tenha sido, na realidade, um freio de arrumação com o objetivo de acomodar as constantes indisposições entre os poderes Legislativo e o Judiciário no tocante às reclamações sobre uma eventual intromissão indevida de um poder sobre o outro. O Governo também não gostaria que a PEC fosse aprovada nesses termos. Só para contrariar, os bolsonaristas radicalizaram com a questão, aprovando um projeto que prevê punição para o porte de drogas em qualquer quantidade.

Isso se constitui num grave problena num país como o nosso, com uma cultura carcerária histórica, com presídios abarratados, com superlotação, presos mantidos em condições desumanas, que estão longe do ideal de recuperação ou reitegração. A medida é inócua para os principais disseminadores de drogas, que são os narcomilicianos. Curioso como os bolsonaristas da chamada bancada da bala, que são pessoas oriundas das forças militares e policiais, não conseguiram enxergar o problema na dimensão que ele exige. Estavam muito mais preocupados em rebater essa questão que estava sendo discutida no Poder Judiciário.    

Editorial: PT apresentará candidato à Prefeitura de João Pessoa. João Azevedo acompanha?



Embora permanece na base de sustentação do Governo Lula, inclusive ocupando ministérios na Esplanada, a relação entre petistas e socialistas já teve dias melhores. Mesmo se o morubixaba petista disputar a reeleição em 2026, hoje já existe a certeza de que o vice-presidente Geraldo Alckmin não o acompanha na empreitada. O apoio explícito do vice à candidatura de Tabata Amaral(PSB-SP), em São Paulo, já é analisada como a construção de um caminho de volta às origens do ex-governador Geraldo Alckmin. Aqui em Recife, por outro lado, o PT insiste, sem sucesso, para emplacar o nome da vice que integrará a chapa de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE), uma estrela em ascensão na constelação socialista nacional. 

Pelo Brasil afora, sobretudo num momento de eleições municipais, onde as alternativas "egoístas" se sobressaem, pois as alianças partidárias podem ser menos consistentes, existe um clima de um certo azedume entre os dois grêmios partidários. O PSB, possivelmente, foi um dos partidos mais prejudicados nas minirreformas administrativas para abrigar o pessoal do Centrão no Governo Lula. Por outro lado, em situações como a da capital de Paraíba, João Pessoa, podem faltar "alternativas" aos governantes, como é o caso do governador João Azevedo, do partido socialista. 

Ao que se sabe, nenhum nome foi rigorosamebte preparado para esta missão na alquimiia da cozinha do Palácio da Redenção, assim como ocorreu com o próprio governador, durante o mandato de Ricardo Coutinho. João era uma espécie de supersecretário de Ricardo Coutinho, que o preparou para sucedê-lo. Em João Pessoa há uma intensa mobilização de grupos conservadores de olho na Prefeitura. O atual prefeito, Cícero Lucena, filiado ao PP, tentará a reeleição. Marcelo Queiroga, ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, disputará pleito pelo PL. O pastor Sérgio, também ligado ao bolsonarismo, poderá entrar na disputa. 

O PT está dividido, mas deverá lancar uma candidatura própria, que poderá ser o ex-prefeito Luciano Cartaxo ou a Deputada Estadual Cida Ramos, que disputá com ele a indicaçaõ. A questão que se coloca é sobre qual seria o destino do apoio do socialista João Azevedo na capital dos paraibanos. João já acenou até para ex-bolsonarista, como é o caso do radialista Nilvan Ferreira, apeado da disputa pelo grupo de Marcelo Queiroga. Sugeriu esquecer o passado e apoiar o nome do radialista em Santa Rita, a terra dos canaviais. A guinada do governador, muito provavelmente, indica que ele espera o apoio do bolsonarista para um eventual candidato de sua preferência em João Pessoa. Está confuso o quadro. Se ele vier a apoiar um nome do PT, Nilvan o acompanhará? Certamente que a resposta é não. Isso significa que nossas considerações procedem.   

Editorial: As costuras políticas "conservadoras" de um ex-comunista.



Aldo Rebelo foi, durante muitos anos, um militante ativo do PCdoB. Chegou a exercer três mandatos de Deputado Federal pelo partido. Num dos governos Lula, foi indicado para assumir o Ministério da Defesa. Se os militares já tinham resistência de aceitar um civil no cargo, imaginem os leitores um civil de perfil comunista. Foi uma fase em que a caserva esteve muito focada em sua funções precípuas. Melhor se tivessem continuado assim, cuidando das nossas fronteiras, construindo estradas, formando novos militares e até participando dos churrascos nos clubes militares de vez em quando.  

Até um ex-militante da Guerrilha do Araguaia, como foi o caso de José Genoíno, também ocupou aquela pasta. Era uma época, igualmente, que, muito provavelmebte, esses cargos cumpriam funções estritatamente burocráticas. Hoje, nas atuais circunstâncias, depois que os miitares voltaram a se envolver com a política, exige-se do atual ocupante da pasta a contingência de ter que tratar de assuntos mais espinhosos, nevrálgicos, como a eventual punição aos militares que estiveram envolvidos nas tessituras golpistas do 08 de janeiro, assim como a ordem do dia 31 de março, quando se completam 60 anos do golpe Civil-Militar de 1964.  

Mas, a rigor, o objetivo dessa postagem é para tratar desta transmutação ou decomposição ideológica do ex-comunista Aldo Rebelo. Como não estamos acompanhando todo esse processo, ficamos bastante surpresos quando o seu nome foi indicado para substituir o nome da reconvertida petista Marta Suplicy na Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo. Agora começa a circular a notícia de que há setores do staff político do prefeito que sugerem a indicação do nome de Aldo Rebelo para a compor a chapa de reeleição de Ricardo Nunes, ocupando a vaga de vice. 

Haveriam fortes resistências à aceitação do nome indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para assumir o posto, o ex-comandante da Rota, Ricardo de Mello Arraújo. Aldo por sua vez, depois que fez a autocrítica - é assim que se diz? - e deixou de ser comunista tem sido muito bem recebido pelas hostes bolsonaristas e não teria arestas a aparar junto aos militares. O entrave talvez seja mesmo o Presidente Nacional do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, que deseja colocar um vice do partido na chapa para facilitar a formação de uma boa bancada de vereadores da legenda. De preferência, a maior da Câmara Municipal. Segundo dizem, Bolsonaro poderia aceitar o nome de Aldo Rebelo. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 13 de março de 2024

Editorial: As sucessivas fugas do sistema prisional brasiliero.



No dia de ontem, 12, onze detentos que estavam realizando um trabalho externo no pátio de um presídio no Ceará empreenderam fuga. Neste ano, o Estado do Ceará tem registrado inúmeras fugas de presos, embora alguns deles sejam recapturados logo em seguida. Numa dessas fugas, os presos cavaram um túneo a partir da latrina que ficava numa das celas. 12 deles conseguiram empreender fuga. O mais curioso é que as imagens tiradas do local depois da fuga mostram sacos de areia retirados empilhados nos espaços de concreto onde os presos dormiam, sem possibilidade de serem enxergados de fora da cela. Conclui-se que fazia um bom tempo que as celas não eram revistadas, o que significa uma falha no sistema de segurança. 

Não podemos fazer uma afirmação com mais precisão por aqui, mas, a princípio, nos parece que a fuga do presídio de Mossoró deve ter estmulado outras fugas pelo país afora. Somente este ano já foram registradas fugas nos Estado do Piauí, além de Minas Gerais. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, dois outros detentos fugiram de um presídio de segurança máxima estadual. Um deles foi recapturado numa espécie de "Hotel do Crime", ou seja, uma residência que se prestava à finalidade de abrigar presos em fuga. Os caras estão muito bem organizados. 

No dia de ontem, a Policia Federal fez algumas considerações sobre as dificuldades de recapturar os presos que fugiram da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O argumento é que eles estão num terreno que oferece boas condições de empreender fuga, diferentemente das circunstâncias do que ocorreu com Lázaro Barbosa, em Brasília. Lázaro precisava exigir comida das casas por onde passava ou se escondia. Os fugitivos de Mossoró têm acesso a mangas, melões, melancia, bem como o terreno é arenoso, o que facilita cavar buracos. Soma-se a isso, as constantes chuvas, que apagam os rastros deixados.

Estamos ainda em meados do mês de março, sendo precipitado fazer algum prognóstico sobre estatísticas de quantos presos empreenderão fuga no ano, assim como estabelecer algum comparativo com os anos anteriores. Em todo caso, é possível que o caso de Mossoró tenha estimulado outras fugas pelo país afora. O Governo Lula tem um sério problema de segurança pública a ser enfrentado. Há quem afirme, inclusive, que a adoção das medidas duras verificadas em São Paulo já se seja uma medida de o governo de Tarcísio de Freitas se "contrapor' às fragilidades do Governo Federal em torno do enfrentamento do problema.   

Editorial: Autoridades do Governo Lula continuam reticentes a participarem das incômodas audiências no Legislativo.



Vamos ser francos por aqui, como fizemos no dia de ontem, ao afirmar que, a esta altura do campeonato ideológico, serão inúteis os esforços do Governo Lula ao tentar uma reaproximação com os evangélicos. Na mesma linha de raciocínio, também não se espere boa vontade dos congressistas ligados ao bolsonarismo em menter uma postura mais republicana e menos belicosa com o Governo. Eles já cruzaram a linha e estão apostando num desgaste cada vez maior,  e, quem sabe, até num impedimento do presidente Lula. Os primeiros resultados dessa "sangria" do Governo poderão ser aferidos nas próximas eleiçóes municipais, onde eles tentarão ganhar mais musculatura política, liderados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Mesmo em tais cricunstâncias, o Governo não pode se furtar em atender aos convites ou convocações emenadas de comissões que estão sob a hegemonia da oposição bolsonarista mais radical, as chamadas três "B". No mesmo diapasão que foram bastante felizes ao convidar o Presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o Deputado Federal Nikolas Ferreira(PL-MG), para participar da cerimônia do anúncio de mais 100 Institutos Técnicos Federais, que serão espalhados pelo país afora, inclusive em bairros da periferia.  

Afinal, para o bem ou para o mal - mais para o mal - o parlamentar está à frente de uma das mais importantes comissões do Poder Legislativo. É preciso, Lula, radicalizar neste sentido, com atitudes de conciliação e de criação de ambientes de "normalidade". O país está muito polarizado e esgarçado, com armas em punho o tempo todo, e não se constrói coisas muitos positivas em ambientes turvos assim. Como advertia o sociólogo jamaicano Stuart Hall, isso só acaba quando um dos polos esmaga o outro.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado teve inúmeros problemas em relação às suas convocações do então Ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal. Salvo melhor juízo, tal comissão já aprovou requerimento para a convocação do atual titular daquela pasta, Ricardo Lewandowski. Por enquanto, na forma de "convite". O país hoje enfrenta um gravíssimo problema de segurança pública e a população precisa ouvir as autoridades públicas em torno do assunto. Preocupa quando a autoridade pública, mesmo antes da formalização da convocação, já começa a alegar problemas de agenda.

P.S.: Contexto Político: Como a população jovem não está nem aí - como diria o governador Tarcício de Freitas - para essa polarização, vejam a tietagem em torno do deputado Nikolas Ferreira.  

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 12 de março de 2024

Editorial: O PT não recupera mais o capital político perdido junto aos evangélicos. O partido já foi suficientemente "demonizado" pela extrema-direita.



A experiência de vida nos ensina que algumas coisas ou não compensa o esforço ou simplesmente não mais podem ser revertidas. Eis aqui uma situação que pode exemplificar a relação dificílima construída pelo PT junto ao eleitorado evangélico. O partido abriu a guarda e a direita ou extrema-direita tratou de fazer o serviço. O próprio Lula, ainda no início da campanha presidencial, já teria chegado à conclusão de que se trata de um caso perdido, ao admitir que não sabia como o partido havia criado um hiato tão gigantesco com esta parcela do eleitorado.

O PT, enquanto agremiação partidário, passou por um processo interno de oligarquização violento e afastou-se das bases. Segundo o sociólogo Robert Michels, trata-se de um processo natural e irreversível quando estamos tratando de organizações sindicais ou partidos políticos. Neste caso, é inútil tentar fazer este caminho de volta. O divórcio já está consolidado. Os evangélicos também mudaram muito ao longo desse tempo, algo que não foi acompanhado pela legenda, colocando para o partido o mesmo dilema da última campanha, quando seus líderes não chegaram a uma conclusão sobre que caminho trilhar para esta reaproximação. Talvez não haja este caminho. Há alguns anos atrás, quem poderia imaginar o fenômeno nas narcomilícias evangélicas?  

Pelo andar da carruagem política, alguns próceres petistas estariam aconselhando a Lula a adotar os mesmos expedientes de alguns anos atrás, onde o partido tinha alguns interlocutores que cumpriam a tarefa de limpar o meio de campo junto às lideranças evangélicas. Mais ou menos o mesmo que se fazia ainda na década de 80, quando o morubixaba petista se candidatou pela primeira vez e os evangélicos, já então insuflados pelas narrativas mentirosas da direita, achavam que ele iria comer as criancinhas. 

Por essa época, aqui em Pernambuco, o saudoso professor Robinson Cavalcanti, bispo anglicano ligado à legenda, cumpria muito bem esta missão de desfazer essas narrativas equivocadas. As últimas pesquisas apontando a queda de popularidade de Lula passaram a preocupar sensivelmente alguns setores da legenda, que consideram ser urgente a necessidade de impedir a erosão de aprovação do Governo.  O PT, por exemplo, está perdendo a guerra de narrativas sobre a pauta de costumes para a direita bolsonarista. Junto a este nicho eleitoral, a queda de popularidade do PT vem caindo sensivelmente. 

Com duas comissões das mais importantes - onde a pauta de costumes é agenda recorrente - a de Constituição e Justiça e a de Educação nas mãos de bolsonaistas radicais os leitores podem bem imaginar as dores de cabeça que virão pela frente. Neste sentido, há rumores de que o Governo pode entrar para valer na disputa que se trava pela sucessão do alagoano Arthur Lira na Presidência da Câmara dos Deputados. A ideia é apostar todas as fichas na candidatura do pastor Marcos Pereira, do Republicanos. Só não vale deixar o Lira perceber a manobra. 

Editorial: Pesquisa do Datafolha aponta empate técnico entre Boulos e Nunes em São Paulo. A surpresa e Marina.



Talvez em razão da grande credibilidade conquistada pelo Instituto Datafolha - uma vez que outros tantos institutos já apontaram a tendência de grande equilíbrio na disputa pela Prefeitura da Cidade de São Paulo - nenhuma das últimas pesquisas de intenção de voto sobre a disputa na capital paulista repercutiu tanto como esta última divulgada pelo Instituto. Um outro fator que pode ter pesado diz respeito à queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontada, inclusive, pelo próprio Datafolha, com um recorte sobre o seu desempenho no Estado, onde o morubixaba petista perde 9 pontos em relação à pesquisa anterior do Instituto. 

A rigor, o apoio expressivo do presidente Lula ao candidato do PSOL, Guilherme Boulos, não mudou significativamente o cenário de suas expectativas ou tendência de votos. Tampouco o ingresso da ex-prefeita Marta Suplicy alterou o quadro. Por outro lado, vivendo um momento de céu de brigadeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL-DF), mesmo com as encrencas jurídicas em curso, pode ter contribuído para alavancar o desempenho de Ricardo Nunes(MDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto. A diferença entre ambos, Nunes e Boulos, observadas em pesquisas anteriores, já foi bem mais expressiva. Como já afirmamos por aqui, do ponto de vista estritamente eleitoral, os políticos que subiram no palanque da Paulista para acompanhar o capitão fizeram um cálculo político correto. 

Conta a favor de Nunes, inclusive, uma rejeição menor do que a do candidato apoiado  pelo Planalto. A candidata do PSB, Tabata Amaral pontua com 8% das intenções de voto, igualmente em empate técnico com a candidata do Novo, que crava 7%, numa performance até surpreendente, assim como ocorre com o candidato do PSTU, Altino, que aparece com 2% das intenções de voto, um escore nada desprezível para um candidato de um partido essencialmente anti-burguês. O PSTU é oriundo da tendência Convergência Socialista, expulsa do PT pelo seu radicalismo e recusa em entrar no processo de institucionalização da legenda. 

Assim como a própria Marina reclama, também consideramos prematura por aqui as análises sugerindo que a candidata do Novo possa estar sendo confundida com a Ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva. Apesar das rusgas internas, o Novo é um partido em ascenção. Marina Helena é suplente de deputada federal, o que quer dizer que já se expôs ao eleitorado. Pode estar colhendo os frutos dessa exposição.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 11 de março de 2024

Editorial: Lula perde três pontinhos preciosos em sua avaliação positiva.

Crédito da Foto: Carlos Becerra

O Instituto Quaest\Genial realizou duas pesquisas sobre a avaliação do Governo Lula. Na primeira pesquisa, as avaliações com o conceito de bom ou ótimo chegam a 54%, enquando na segunda tal índice cai para 51%. Não estamos acompanhando a série histórica dessas pesquisas, inclusive envolvendo outros instututos, o que nos dariam uma margem de análise com maior segurança. No dia de ontem, no entanto, fomos ler alguns artigos, escritos por analistas isentos, tratando desta questão. Ao final, a nossa conclusão é que há, sim, motivos para o Planalto acender a luz amarela em relação ao assunto, seja em razão das "entregas', seja em relação à comunicação sobre tais entregas, seja em relação aos escorregões verbais que se tornaram recorrentes.  

No frigir dos ovos, não há motivos para o Governo se perder nas  comemorações sobre os bons ventos soprados pelos índices econômicos. Enquanto o Governo enfatiza o crescimento da economia - que ficaria conhecido como o Pibão do Lula - há indícios fortes de retração dos investimentos no país, assim como tem aumentado as taxas de inadimplência da população. Lula tem cometidos tropeços que poderiam ser simplesmente evitados, como as reiteradas falas infelizes no contexto das relações internacionais, onde vem amargando rotundos fracassos, como este mais recente em relação às eleições na Venezuela. 

Na realidade, o Maduro afastou do pleito, de forma ilegítima, a principal candidata de oposição, María Corina Machado. Simples, assim. Assim será enquanto ele estiver no poder no país. Trata-se de uma eleição irremediavelmente comprometida em sua largada. A Oposição bolsonarista, por sua vez, explora com vigor esses tropeços, controlando comissões, fazendo avançar suas pautas, sensivelmente contra os interesses do Governo, como a que propõe a extinção do instituto da reeleição.

Em circunstâncias assim, o melhor que se tem a fazer é uma autocrítica, ponderando sobre os aspectos ou políticas governamentais que podem ser melhoradas, assim como refletir sobre eventuais equívocos cometidos no tocante à comunicação institucional. Sugerir, por exemplo, que se trata de uma manipulação, estabelecendo-se um raciocínio focado na teoria da conspiração, não ajuda muito na reversão deste cenário. A referência aqui é sobre as insinuações de uma autoridade do Governo Lula ao abordar essa questão.   

Editorial: Mauro Cid será ouvido novamente pela Polícia Federal.



Vamos antecipar essa postagem por aqui porque logo estarão circulando informações sobre o teor do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal, marcado para logo mais, no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro. É curioso como essas informações chegam à imprensa, mas não iremos tratar deste assunto no momento. Antes mesmo do depoimento, por exemplo, já circulam pelas redes sociais a informação de que os investigadores não estariam satisfeitos com as informações obtidas, o que poderia implicar numa eventual nova prisão do militar. 

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tem sido uma espécie de parâmetros para confirmar ou não o depoimentos de outros agentes ouvidos, seja civis ou militares como ele. Sua colaboação premiada, portanto, assume uma importância incomensurável para se checar, com precisão, a participação - ou até mesmo a omissão - de agentes envolvvisos na trama golpista que poderia ter mergulhado o país nas trevas do obscurantismo. Até recentemente, o militar enfatizou que nunca apontou diretamente o ex-presidente como o artífice de uma proposta de golpe de Estado, assim como não assumiria o adejetivo de traidor, algo que está sendo imputado a outros militares.  

A essa altura do compeonato, o stress institucional é imenso. O país não passa por um bom momento. A Oposição cria musculatura dentro e fora do parlamento, os índices de aprovação do Governo Lula cai e o ex-presidente Bolsonaro parece que amplia sua popularidade, a julgarmos pelas manifestações de apreço que ele consegue arregimentar pelo país afora. Os bolsonaristas mais entusiasmados preconizam sua candidatura já em 2026, quando sabem, a princípio, que ele foi declarado inelegível. Não conseguimos entender qual o cálculo político que este pessoal tem em mente. 

Um dos suportes mais observados para ancorar a tentativa de decretação de um estado de sítio, nos idos anteriores ao 08 de janeiro, era exatamente a negação do resultado do pleito presidencial que elegeu Lula presidente. Falava-se, até, na realização de novas eleições, mas, muito provavelmente, tal proposição não passava da condição de "bravata". Vocês conhecem algum golpista que conviva bem com a realização de eleições? Exceto aquelas onde já se sabe, aprioristicamente, os seus resultados.  

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 10 de março de 2024

Editorial: Magno, o novo mascote do Palácio do Campo das Princesas.



Existem alguns fatos curiosos envolvendo o Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, mas são fatos merecedores de um tratamento mais específico, missão impossível numa postagem como esta. Há quem afirme, por exemplo, que as "princesas' costumam aparecer aos frequentadores dos jardins de suas cercanias. Alguém que já esteve em sua "cozinha", por outro lado, já nos relatou alguns fatos inusitados que ocorreram entre suas quatro paredes. Alguns desses fatos vão para o campo do folclore e outros para o folclore político propriamente dito, quando aparece algum estudioso dessas curiosidades, que são cada vez mais raros. 

Diante dos baixos índices de aprovação percebe-se, nitidamente, um esforço enorme do Governo do Estado de Pernambuco em se contrapor a tais percalços através de investimentos efetivos em propaganda política, inclusive pelas redes sociais. Quando a gente se vê acossado, mesmo numa circunstância extremamente adversa, convém tomar todos os cuidados possíveis para definir a melhor estratégia de reação. A governadora precisa cercar-se dos cuidados necessários para enfrentar a questão crucial da violência que assombra o Estado de Pernambuco. 

A Polícia Militar de São Paulo, no dia ontem, salvo melhor juízo, no curso da Operação Litoral, assassinou um rapaz de cor negra, cego, em confronto, dentro de sua residência, sem mandado para invadi-la. Não há estratégia de marketing político que consiga superar essa imagem. A matéria da revista Veja mostra uma série de outras questões em jogo quando analisa o desempenho do Governo Estadual, mas nada superior ao problema do recrudescimento da violência, com o potencial explosivo de desmontar o seu Governo. Isto não pode ser ignorado. 

Não é investindo em marketing político, mesmo que enfatizando áreas onde as ações do Governo possam estar acertando, que os índices de violência deixarão de afetar o imaginário coletivo. No caso de São Paulo, como pode uma autoridade pública afirmar que não tem satisfação a dar à sociedade? Tampouco aos organismos internacionais como a ONU? Quando a própria ouvidoria admite a ocorrência de eventuais excessos? Também não se pode partir para o "confronto" abdicando-se dos princípios legais, constitucionais ou republicanos. Quem não lembra da famosa foto do ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, descendo de um helicóptero para comemorar uma operação bem-sucedida da polícia?  Alguns meses depois deixaria o cargo. 

Aconselhe-se com as pessoas certas, construa suas diretrizes a partir da espertise já adquirida pelas políticas públicas já desenvolvidas pelos governos anteriores, com humildade, sem rusgas ou melindres ideológicos. Não há nenhum plano ou política pública desenvolvida no Estado para o enfrentamento da violência melhor concebido ou mais estruturado do que o Pacto pela Vida. Saúde para o Magno, o novo mascote do Palácio do Campo das Princesas, um cachorrinho adotado, depois de acompanhar a governadora durante a cerimônia alusiva à Revolução Pernambucana.   

Editorial: Governo luta para recuperar espaços perdidos nas comissões



Há várias maneiras de analisarmos a derrota do Governo Lula no que concerne a ver entregue a Comissão de Constituição e Justiça e de Educação nas mãos da oposição bolsonarista raiz. Isso irá representar uma tremenda dor de cabeça para o Governo daqui para frente. Como diria o general G. Dias, vamos ter problemas. Uma das saídas encontradas é fortalecer as articuações com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), assim como integrar-se melhor na disputa por sua sucessão na Casa. 

O Governo encherga com simpatia o nome do pastor Marcos Pereira, comandante do Republicanos, que trava uma batalha na disputa na Câmara e outra no partido, com o propósito de manter o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na legenda. Tarcísio estaria com um pé no PL. A despeito das boas relações do ex-presidente Jair Bolsonaro com os evangélicos, Bolsonato já aconselhou aos seus comandados a não votarem no pastor. Marcos Pereira é líder da poderosa Assembléia de Deus.  

Neste momento das nuvens, para usarmos uma simbologia da raposa mineira Magalhães Pinto, a engrenagem mói em favor do candidato apoiado por Arthur Lira, o Deputado Federal baiano Elmar Nascimento. As nuvens, no entanto, mudam de formato com o tempo e o Governo parece apostar em tal hipótese. O Governo foi bem aquinhoado na contemplação das comissões, mas essas duas comissões em particular são extremamente estratégicas e a oposição, principalmente a bolsonarista, possui uma agenda preocupante e temerária, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista civilizatório. Um retrocesso por aqui não está descartado.  

Se, no ano anterior, já tivemos sessões tumultuadas, imaginem os leitores o que nos aguardam em 2024. O enfrentamento entre os senadores Kajuru e Cleitinho foi apenas a entrada. Aguardamos, com alguma ansiedade, o início dos trabalhos das comissões, principalmente aquelas propostas a partir do confronto de interesses entre os Três Poderes da República.  

Editorial: As denúncias de Ciro Gomes sobre os R$ 93 bilhões pagos pelo Governo Lula em precatórios.



Já antecipamos por aqui que estamos repercutindo apenas as denúncias do ex-candidato à presidência da República, Ciro Gomes(PDT-CE), sobre a iniciativa do Governo Lula em pagar uma dívida de R$ 93 bilhões em precatórios, dívida deixada pelo Governo anterior, já ajustada com o Poder Legislativo para ser rolada pelos próximos dez anos. O Governo Lula, inclusive, teria acionado o Supremo Tribunal Federal para antecipar o seu pagamento. Pelas circunstâncias e valores em jogo, as denúncias do ex-canddiato, durante uma entrevista a um programa da CNN, alcançou enorme repercussão nacional.  

O que Ciro afirma é que dois bancos teriam adquiridos esses papéis podres por um preço abaixo do valor real, pois já sabiam que o Governo iria pagá-los - entra aqui a questão da informação privilegiada - auferindo um deságio da ordem de 50%, ou seja, para cada R$ 500,00 pagos aos credores legítimos, teriam recebido do Governo, mesmo que indiretamente, R$ 1.000,00. Como estamos tratando aqui de um montante de R$ 93 bilhões, tais bancos poderiam ter auferidos, sem muito esforço, caso se confirmem tais informações, a bagatela aproximada de R$ 50 bilhões. Legalmente, o Governo estaria impedido de vender tais precatórios aos bancos, mas o que o pedetista está afirmando é que as vendas foram "indiretas". Os credores legítimos já teriam negociados esses títulos com os bancos. 

Esta é a narrativa do ex-candidato, que ele pretene explicar com mais detalhes em sua Newsletter desta semana. Até este momento, o Governo não se pronunciou sobre o assunto. Há rumores de que os parlamentares de oposição estão dispostos a convocarem autoridades econômicas do Governo para se pronunciarem sobre o assunto. A PGR também teria sido acionado para se pronunciar sobre o assunto. Algumas questões levantadas pelo cearense, de fato, mereceriam algumas explicações. 

As circunstâncias em que o Governo resolveu pagar essas dívidas são realmente inusitadas, pois já amargava um déficit público gigantesco, cortando na carne, sem dinheiro para isso, sem dinheiro para aquilo. Reafirmamos aquilo que dissemos no início: Não há elementos concretos que digam ter havido aqui alguma maracutaia com dinheio público que possam ter superados os maiores escândalos de corrupção do país, conforme sugere o ex-governador do Ceará. Ciro Gomes tem duas qualidades que admiramos bastante: É um quadro bastante preparado. Passou pela vida pública incólume, sem denúncias de malversação de recursos do erário, orientado pelo espírito público, coisa rara num país como o nosso. Suas inquietações devem ser consideradas.  

sábado, 9 de março de 2024

Editorial: STF proíbe Bolsonaro e outros envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro de participarem de eventos com militares



Em tese, o Ministéria da Defesa deve emitir alguma ordem no sentido de que sejam evitados eventos comemorativos alusivos ao golpe Civil-Militar de 1964, que este ano completa 60 anos. Num momento político delicado como este, onde já existem centenas de pessoas condenadas por uma tentaiva de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito, de fato, não faz nenhum sentido qualquer comemoração. No ano anterior, pela passagem do 31\03, a determinação do Ministério da Defesa foi neste sentido. 

Se houve alguma comemoração, possivelmente pode ser atribuída unicamente à turma de pijama, num churrasco com os amigos do tempo da caserna, sem maiores consequências. Como com essas coisas não se brincam, pelo sim, pelo não, o Supremo Tribunal Federal, através do Ministro Alexandre de Moraes, determinou que os envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro fiquem distante de qualquer evento militar. 

Há quem esteja especulando que tal determinação se constitui num indicador de que já estaria se formando um consenso em torno do destino dos réus implicados no 08 de janeiro. É possível. A princípio, causou uma certa estranheza a presença do nome de Valdemar da Costa Neto entre aqueles que terão que cumprir a determinação da Suprema Corte, mas, depois da matéria da Veja, desta semana, tratando deste assunto, fica difícil se surpreender com alguma atitude que tenha partido desses conspiradores.     

Editorial: Governador Tarcísio de Freitas: "Não estou nem aí".



Por razões óbvias, repercute bastante uma declaração recente do governador Tarcísio de Freitas, durante um  evento, onde a imprensa repertiu as críticas à Operaçaõ Verão 2024, desencadeada pela Polícia Miltar do Estado, onde já foram mortas 38 pessoas, algumas das quais em circunstânicas que estão sendo investigadas, pois pesa sobre essas mortes denúncias de moradores sobre eventuais excessos cometidos pela Polícia Militar.  Para completar este enredo, no dia de ontem, um morador negro e cego foi morto durante uma abordagem da polícia. 

Algumas entidades da sociedade civil estão recorrendo à ONU para denunciar eventuais excessos nessas operações, desencadeadas depois da morte de um policial da Rota - Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Em termos de latalidade, tal operação só fica atrás do Massacre do Carandiru, onde 111 detentos foram mortos durante uma rebelião. O governador Tarcísio de Freitas faz uma defesa veemente das operações, orgulha-se dos seus resultados positivos e rechaça, de forma ainda mais veemente, eventuais denúncias de excessos ou irregularidades cometidas pela PM ao órgão das Nações Unidas. A Ouvidoria da Polícia Militar está acompanhando de perto essas denúncias. 

Conforme costumamos enfatizar,o país passa por um momento muito difícil. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia a até Pernambuco mais recentemete, estão observando um grande avanço do crime organizado, que estão conquistando uma enorme capilaridade junto às instituições republicanas, a exemplo dos executivos estaduais, dos órgãos representativos e até em áreas do Poder Judiciário. São narcotraficantes, milicianos, narcomilicianos  que movimentam bilhões em suas operações ilegais, corroendo perigosamente o aparelho de Estado. Trata-se de uma realidade que não pode ser ignorada. O próprio governador comemorou a prisão de uma contadora do crime organizada que já havia movimentado algo em torno de R$ 4 bilhões.  

Um elevado índice de crimes violentos letais intencionais podem ser creditados a esse arranjo macabro, onde são mortos integrantes de grupos rivais, consumidores de drogas que não honraram suas dívidas, comerciantes que se recusaram a pagar as extorções, agentes de Estado em suas atividades regulares, desafetos dos interesses desses grupos, além, naturalmente, dos crimes por encomenda, uma vez que se trata de um "nicho" explorado por milicianos. Estima-se que milhões tenham sido pagos para assassinar a vereadora Marielle Franco, que morreu por sua atuação, ao contrariar os interesses de milicianos.   

Em situações limites, em relação a alguns entes federados, já podemos falar em algo semelhante ao que ocorre em  Estados mexicanos, onde até agentes das forças especiais, formados pelas Forças Armadas do país, são cooptadas para atuarem no crime organizado. O Estado, por sua vez, precisa negociar a prisão de alguns chefões, em condições bastante especiais. Em Sinaloa, por exemplo, já houve momento em que o Governo precisou determinar a soltura de um dos herdeiros de Joaquín Guzmán,  El Chapo, que cumpre pena em prisão de segurança máxima nos Estados Unidos. Os caras tocaram fogo em Sinaloa, impondo-se ao Estado recuar diante do massacre à população civil.    

A rendição do miliciano Luís Antonio Silva Braga, o  "Zinho", por exemplo, que era o narcotraficante mais procurado do Rio de Janeiro, envolveu uma operação das mais complexas, sobre a qual não vamos entrar nos detalhes por aqui. A notícia alvissareira é que, depois que ele caiu, inúmeros integrantes do grupo estão sendo alcançados em operações muito bem-conduzidas pela Polícia Civil daquele Estado, por vezes com o concurso da Polícia Rodoviária Federal. 

O que está ocorrendo no Estado de São Paulo é a mesma situação do Estado da Bahia, hoje o mais violento do país, ou seja, em situações assim, o governador se torna quase que refém de suas forças de segurança. O PSOL, que era da base aliada ao Governo estadual, por exemplo, já abandonou o governador Jerônimo Rodrigues, exatamente por criticar sua postura em relação a eventuais violações de direitos humanos cometidas pela polícia no enfrentamento ao crime organizado no Estado.

O dilema que se coloca aqui no Estado é aparentemente simples: Ou a governadora adota as medidas necessárias para enfrentar o problema ou os índices de violência irão destruir o seu Governo. As ações, no entanto, precisam ser oriantadas por parâmetros legais, constitucionais e republicanos. Não se pode perder de vista esse balisamento. A governadora está sendo apontada como a menos aprovada do país e podemos ter certeza, conforme afirmamos no dia de ontem, que a variável violência está dando uma contribuição enorme para a formação desses índices negativos.

Quanto ao governador Tarcísio de Freitas o que nos parece é que ele resolveu assumir de vez sua condição de um bolsonarista raiz. Há, inclusive, especulações de que ele estaria em fase de migração para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Diante de uma quadra política extremamente polarizada, não existe meio-termo. Ou se é bolsonarista ou não se é bolsonarista. Assim, ele vem moldando a sua agenda política. Insiste, por exemplo, na privatização da SABESP quando os países europeus estão voltando atrás em seus programas de privatização da água e saneamento, depois de rotundos fracassos. 

Neste diapasão, pouco importa a Ouvidoria falar de massacre em tais operações, pois o capitão Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública do Estado, continuará prestigiadíssimo. Até nas narrativas discursivas, Bolsonaro e Tarcísio começam a se assemelharem. Alguém pode negar que a frase "Eu não estou nem aí" poderia ter sido dita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro? Diante dos problemas eleitorais do capitão, a possibilidade de Tarcísio de Freitas já entrar no jogo presidencial ainda em 2026 voltou a ser especulada.        

Editorial: A polêmica mudança de domicílio eleitoral de Rosângela Moro.

 


Até mesmo a família Moro parece não alimentar nenhuma ilusão sobre a possibilidade de o senador não vir a ser cassado. As circunstâncias são sensivelmente desfavoráveis ao ex-juiz da Lava jato. Estão em jogo as circunstâncias jurídicas e as circunstâncias políticas. Em ambas, o ex-juiz, que em nossa avaliação cometeu alguns erros de avaliação, não vai muito bem. Existe uma intensa movimentação política em torno das eleições extraordinárias que deverão definir o nome do novo representante do Estado do Paraná na Câmara Alta, com a eventual vaga a ser deixada pelo senhor Sérgio Moro. 

Até a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro chegou a ser cogitada para concorrer ao cargo, mas suas pretensões foram desaconselhadas pela Direção Nacional do PL, que tem um outro pretendente à cadeira deixada por Moro. O jornalista Paulo Martins, filiado ao partido, que ficou em segundo lugar na disputa, merecendo a indicação de 29% dos eleitores do Estado. 

A Presidente Nacionaldo PT, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, é uma das mais entusiasmada com a vaga aberta. Paranaense, Gleisi pretende disputar a eleição que escolherá o novo representante do Estado no Senado Federal. É neste entróito que entra o nome da atualmente Deputada Federal por São Paulo, Rosângela Moro, esposa do senador Sérgio Moro. Rosângela  já teria tranferido seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná e, naturalmente, deseja habilitar-se a concorrer à vaga deixado pelo marido. 

O  partido que mais está encrespando com a manbora é o PT, com argumentos jurídicos, mas todos sabem que a principal motivação é política. Num Estado com forte tradição bolsonarista, não seria improvável que o senador Sérgio Moro, caso se confirme a sua cassação de mandato, consiga transferir seus votos para a esposa. Do ponto de vista estritamente jurídico, é preciso consultar os universitários ou os juizes do processo eleitoral para analisar o caso. Fica uma situaçao realmente complicada. Como ela pode continuar como representante eleita pelo Estado de São Paulo com domicílio eleitoral do Paraná?   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 8 de março de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Paraná Pesquisas aponta liderança de João Campos em todos os cenários.

Crédito da foto: Rodolfo Locpert


Já faz algum tempo que não tratamos deste assunto por aqui, mas convém fazê-lo, para não perdermos o bonde das próximas eleições municipais no Recife ou algum lance importante. É preciso ficar de olho no lance, conforme observa o Sílvio Luiz. Durante este período, alguns fatos ocorreram, merecedores de nossa apreciação, como os movimentos do Palácio do Campo das Princesas no sentido de cooptar partidos da base de apoio do prefeito João Campos; o "cisma no PDT local, depois que o Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, resolveu apoiar o nome do Deputado Federal Túlio Gadelha, da Rede Sustentabilidade, como pré-candidato à Prefeiuta da Cidade do Recife, quando as lideranças locais do partido já haviam fechado com o projeto de reeleição do prefeito João Campos; Assim como uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas - de grandes acertos nas últimas eleições presidenciais - apontanto um cenário de céu de brigadeiro no que concerne ao projeto de reeleição do atual gestor, com uma aprovação que já supera 80% do eleitorado. 

Em termos de Brasil, João só perde para um prefeito de uma cidadezinha do Pará, Macapá, filiado recentemente ao MDB, Dr. Furlan. O caboclo tem mais de 90% de aprovação popular e o grupo político do governador Jáder Barbalho Filho já o atraiu para as suas fileiras, de olho nas eleições presidenciais de 2026, na expectativa de compor a chapa presidencial encabeçada pelo morubixaba petista.  Há quem diga que a governadora Raquel Lyra não deixa de lançar seus olhares e ouvidos sobre o que se passa na cozinha do Palácio Capibaribe. Pode até ser verdade, mas a gestora enfrenta neste momento, uma espécie de tempestade perfeita, ou seja, um turbilhão de problemas na gestão que seriam capaz de tirar o sono de qualquer gestor, como os gravíssimos índices do aumento da violência no Estado. A revista Veja desta semana traz uma longa matéria abordando este assunto, onde faz menção desde à trajetória política da gestora, até este momento delicado que ela enfrenta na condução do Governo do Estado.  

Conforme a matéria, há outros problemas, inclusive os políticos, mas esta questão da segurança pública é o maior deles, sem qualquer sombra de dúvidas, principalmente se considerarmos as fragilidades nos expedientes que estão sendo adotados no seu enfrentamento. Trata-se de um assunto nevrálgico. Já escrevemos alguns artigos tratando do assunto, mas optamos por não publicá-los por aqui para não melindrarmos. Não somos apenas nós. O país está com os nervos à flor da pele e continua "descendo mais alguns degraus", se considerarmos o nível de alguns parlamentares que deverão liderar comissões importantíssimas no Legislativo.  

Ao ter dois partidos retirados de sua base de apoio político pela governadora, a expectativa ea a de que o prefeito João Campos(PSB-PE) apressasse uma definição de sua relação com o PT consoante às próximas eleições municipais. Pelo andar da carruagem política, tudo continua no mesmo diapasão de antes, mas asseguramos que não adiantarão as pressões para o prefeito aceitar o vice indicado pelo partido em sua chapa. Nem a entrada do morubixaba petista nessas negociações sugere que o quadro possa vir a ser revertido.

Apenas um tsunami político poderia alterar a condição de liderança absoluta na disputa hoje ostentada pelo herdeiro do espólio eleitoral do ex-governador Eduardo Campos. Nesta pesquisa, João Campos aparece com 64,6% dos votos, seguido de João Paulo, do PT, com 7,5%, e o atual Secretário de Turismo do Estado, Daniel Coelho, com 5,5% das intenções de voto. Da alquimia do Palácio do Campo das Princesas, Daniel Coelho é aquele que se apresenta em melhores condições de ter o apoio da gestora Raquel Lyra.

Militantes históricos do PDT no Estado e rivais da governadora em seu reduto eleitoral de Caruaru, os Queiroz estão alinhados com o projeto de reeleção do prefeito João Campos, que retribui apoiando a candidatura de José Queiroz a prefeito da Princesa do Agreste. Salvo melhor juízo, ambos comeram uma chã de bode no dia de hoje, no aprazível Alto do Moura. João parece ter assimilado bem as lições deixadas pelo pai. 

Editorial: Os "fios desencapados" da tantativa do golpe de 08 de janeiro II ou a "banalização" do golpe.


Não faz muito tempo, publicamos por aqui uma postagem tratando dos erros primários cometidos pelos conspiradores que estiveram envolvidos com a trama golpista do 08 de janeiro. Em matéria de capa de sua edição deste semana, a revita Veja traz uma reportagem tratanndo dos fatos "surreais" que estiveram relacionados àqueles episódios. Não se dão mais golpes de Estado como antigamente, com tanques e pessoas armadas nas ruas. Os procedimentos hoje são mais sutis, não raro operando a partir da própria institucionalidade, com o propósito de solapá-la. Curioso que as condições inerentes a um golpe de Estado tradicional são sempre invocadas pelos bolsonaristas radicais, inclusive, para negar que houve uma tentativa de golpe no país. 

O que ocorreu nos dias ou meses que antecederam ao 08 de janeiro é, como classifica a revista, algo, de fato, surreal. Os conspiradores, para cometerem tantas impropriedades, sugere que estavam convencidos sobre a irreversibilidade do processo autoritário e certos de que não haveria mais instituições democráticas para alcançá-los. A revista sugere que eram recorrentes as propostas de caráter golpistas encaminhadas ao capitão. Ou seja, ocorreu uma espécie de "banalização" do golpe de Estado entre os principais atores que gozavam do convívio mais estreito ou do "entorno" do ex-presidente.  

O assunto chegou a ser tratado numa reunião ministerial, gravada e aberta, onde supõe-se, neste caso, que não se tratava apenas de um descuido de segurança ou vazamento imprevisto, mas a incômada naturalidade com que o assunto era tratado nos estertores da ancien régime. A revistas teve acesso a trechos do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que deverá voltar a depor na Polícia Federal na próxima segunda-feira, dia 11. Vale a leitura. 

Para quem, como nós, acompanha o cenário politico pernambucano, também recomendamos uma matéria, nesta mesma edição, sobre a "tempestade perfeita" enfrentada pela governadora Raquel Lira(PSDB-PE). Momento político delicado enfrentado pela herdeira dos Lyra, principalmente no tocante à crise de segurança pública, onde se verifica um aumento exponencial dos casos de mortes violentas intencionais em 2024, quando se compara com os mesmos índices observados em 2022. Neste ritmo, logo superaremos a Bahia no ranking de Estado mais violento do país. Infelizmente.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 7 de março de 2024

Editorial: Pastor Sérgio Queiroz, o fato "novo' nas eleições municipais de João Pessoa.



Pelo andar da carruagem política, mantida as atuais condições, a prefeitura de nossa querida João Pessoa deve ser mantida em mãos de governantes de perfil conservador ou de direita. E talvez caia nas mãos da extrema-direita, se considerarmos as intensas movimentações dos bolsonaristas em torno daquelas eleições. A Paraíba tem uma característica das mais interessantes, algo que já enfatizamos por aqui em algumas ocasiões: Os programas de debates políticos são regulares, ocorrem todo o ano, seja ou não ano de eleições. 

Mesmo assim, está sendo difícil para este editor acompanhar as movimentações do Palácio da Redenção em torno deste assunto. Quem o alquimista João Azêvedo, na cozinha do Palácio, está preparando para concorrer ao pleito. A quem o socialista deverá emprestar o seu apoio político para disputar a Prefeitura da Cidade de João Pessoa em 2024?. Ou estamos mal informados, ou pouca coisa se sabe sobre o assunto. O pastor Sérgio Queiroz, filiado ao partido "Novo", coincidentemente, é o fato novo nas eleições municipais deste ano. 

Animado com uma pesquisa de intenção de voto recentemente divulgada sobre a disputa - onde ele aparece bem na fita - em inúmeras entrevistas concedidas, o pastor tem demonstrado o desejo de uma eventual candidatura à prefeitura da cidade. Conservador e evangélico, o pastor poderia provocar um tsunami na disputa, uma vez que bateria de frente com uma candidatura apoiada pelo bolsonarismo, a do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, o médico Marcelo Queiroga, e poderia tirar votos conservadores do atual prefeito Cícero Lucena, do PP, que é candidato à reeleição. 

Vislumbra-se a possibilidade de ele compor com Marcelo Queiroga, mas, por enquanto, tal possibilidade não passa de especulação, embora conte com o sinal verde do próprio Bolsonaro. O certo é que a entrada do pastor Sérgio Queiroz no pleito produz uma espécie de freio de arrumação na disputa. Empareda Queiroz, que se propõe representante do bolsonarismo, dispersa o eleitorado conservador de Cícero Lucena, e pode herdar os votos do autêntico bolsonarista do passado, apeado da disputa por uma armação dos próprios bolsonaristas, o jornalista Nilvan Ferreira.     

Charge! Nando Motta via 247

 


Editorial:"Essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande".


Em reuniões recentes, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, juntamente com as lideranças partidárias, bateu o martelo sobre a composição e a presidência das comissões legislativas. Maior partido de oposição, o PL foi muito bem aquinhoado, ficando atrás apenas do PP, partido do Presidente Arthur Lira, se tormarmos como parâmetro apenas o orçamento a ser administrado. Em termos estritamente politico, o PL fica com comissões importantíssimas, como a Comissão de Constituição e Justiça e a de Educação, entreques, respectivamente, a Deputada Federal Caroline de Tony, do PL de Santa Catarina, e o Deputado Federal por Minas Gerais, bolsonarista raiz, Nikolas Ferreira. 

Vamos aqui emitir nossa opinião, enquanto ainda é possível. Independentemente de Governo ou Oposição, não acreditamos que essas duas comissões estejam em boas mãos. Ambos deputados são muito orientados ideologicamente, incapazes de ver e conviver com outros interesses em jogo, que não aqueles guiados por sua ideologia. Como diria o general G. Dias, vamos ter problemas por aqui. Já era previsto que Caroline de Toni assumiria tal comissão, num acordo firmado entre os partidos, onde caberia ao PL assumir a presidência da comissão depois do PT.  A comissão estava até recentemente sob a direção de Rui Falcão, do PT paulista. 

Outro fantasma que assusta o Governo é a possibilidade de o União Brasil assumir o controle das duas Casas Legislativa, o que seria mais provável. Nos bastidores, o próprio Governo vem dando uma força ao nome de Davi Alcolumbre para substituir Rodrigo Pacheco. Raposas política não jogam numa única posição tampouco antecipam seus passos, mas, o que se diz nos escaninhos da política na capital federal é que ninguém pode apostar um centavo numa rusga entre Rodrigo Pacheco e o Governo até uma eventual indicação do novo ministro da Suprema Corte. 

Sobre os bilhões em emendas que rolam nessas comissões, vale contar aqui uma anedota relatada por uma grande personalidade política pernambucana, hoje com cadeira cativa no parlamento nacional. Contava tal liderança que, nos idos da década de 80, viajando pelo interior para conseguir o número de assinaturas necessárias para fundar o seu partido político  - melhor pista impossível, leitores - quase perdia a voz, num discurso inflamado, na cidade de Petrolina, Sertão do São Francisco, repetindo sempre a necessidade de conseguir novas filiações para formar as  comissões. Uma senhora o ouvia atentamente. Quando ele terminou o discurso e desceu do palanque, ela o abordou com a seguinte expressão: Filiação não precisa porque menino aqui já tem demais, mas essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande. Ela havia confundido filiação com filhos e comissão com comida. Como o país vem descendo a ladeira civilizatória há algum tempo, não estranha a queda de nível dos ocupantes dessas comissões. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo