pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 3 de abril de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Primos unidos pelo projeto de "João governador".



Bom seria se as famílias fossem coesas, unidas e harmônicas como a orquesta de Issac Karabtchevski. Na prática as coisas não funcionam bem assim. É preciso muitos arranjos para se conseguir, ao mínimo, um pouco de harmonia. A família Campos\Arraes possue um grande capital político no Estado de Pernambuco. Com as mortes do Dr. Arraes e, posteriormente, a do neto Eduardo Campos, que deixou precocimente a vida pública, vitimado por um acidente de aéreo. Ocorreu uma espécie de disputa interna no clã sobre quem deveria herdar esse espólio político\eleitoral deixado pelos antepassados. 

Segundo dizem, os problemas não seriam apenas políticos, tampouco culminou com a morte do ex-governador Eduardo Campos, uma vez que, ainda vivo, ele já não se entendia muito bem com Marília Arraes. Mas, a nossa seara aqui é política. Vamos nos restringir a ela. A esposa de Eduardo Campos, Renata Campos, de personalidade forte, no final, foi quem acabou batendo martelo sobre essas querelas, determinado que os filhos do ex-governador assumissem este espólio, como seus herdeiros legítimos. 

Restou a Marília Arraes comer o mingau quente pelas beiradas, se equilibrando como podia, no sentido de ocupar o seu espaço. Nas eleições municipais de 2022, por exemplo, disputou a prefeitura da cidade do Recife pelo PT, tendo como principal adversário o primo João Campos, filho de Eduardo Campos. Depois de uma disputa renhida e acirrada, com direitos a excessos, perdeu aquela eleição, colocando João em rota de colisão com o PT, afirmando que não abriria espaço em seu Governo para a legenda. Logo em seguida, as coisas foram sendo aplainadas, permitindo a João uma reaproximação com o Governo Lula e, consequentemente, com o PT local, em alguns casos, até para assegurar espaços para velhos companheiros socialistas no Governo Federal, como foi o caso de Danilo Cabral na SUDENE e Paulo Câmara no BNB.  

O PT voltou a fazer as pazes com João, ocupando espaço na máquina municipal. Arranjo antigo, que remonta ao Governo de Eduardo Campos, sempre orientado pelo pragmatismo. Integrando os quadros do Solidariedade, por algum motivo, a neta de Dr. Arraes não encontrou espaço no Governo Lula, como se previa a princípio. Suas relações com o Governo, pelo andar da carruagem política, não teriam ficado abaladas com este fato. Marília, que já integrou os quafros do PT local por um longo período, permanceu fiel aos seus princípios ideológicos. 

Segundo os escaninhos da política revelam, depois de algumas tentativas frustradas da legenda, o morubixaba petista deve entrar de sola nas conversações no sentido de levar o prefeito João Campos(PSB-PE) a aceitar um nome petista para ocupar a vaga de vice no seu projeto de reeleição. A trégua ou reaproximação entre João e Marília já poderia ser creditada na conta desse esforço do morubixaba. 

João abriu espaço na máquina para o Solidariedade, haveria alguns acordos de cavalheiros em relação aos candidatos a vereador pelo partido e, por fim, a aliança está selada entre os primos. O que está em jogo na realidade são as eleiçõe para o Governo do Estado em 2026, onde a família Campos\Arraes, através de João Campos, deve disputar o Palácio do Campo das Princesas com a atual ocupante do cargo, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE), que deve candidatar-se à reeleição.  

Editorial; Governo Lula pode sofrer novas baixas em sua representação feminina.



No início, como diriam os poetas, tudo são flores. Assim, quando anunciou os seus auxiliares, o morubixaba petista fez questão de enfatizar a necessidade de compor um ministério com uma efetiva participação de mulheres. Ao longo do tempo, passada essa fase de lua-de-mel, as cabeças que rolaram em seu ministério teve um efetivo peso de representação feminina. Difícil fazer alguma previsão sobre o que pode ocorrer daqui para a frente, mas, a julgar pela última reunião ministerial, não seria improvável que mais mulheres possam deixar o Governo. 

Existem alguns problemas estruturais, de variáveis incontroláveis, como no caso do Ministério da Saúde, onde o maior problema é a cobiça do Centrão pelos bilhões do orçamento do órgão. Sobre esse aspecto, a guerreira Nísia Trindade pouco pode fazer para se contrapor, exceto resistir em suas trincheiras, como, aliás, vem fazendo. Existem alguns problemas pontuais, como a assistência aos povos indígenas, a epidemia da dengue e o recrudescimento da Covid-19, que voltou a matar muito gente, embora esses números não sejam divulgados. O assédio do Centrão ao ministério é tão grotesco que eles já afirmaram que, se o problema for de representação feminina, eles também têm nomes de mulheres para ocupar a pasta.  

No Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupado pela comunista Luciana Santos(PCdoB-PE), o que se comenta é que ela poderia se candidatar à Prefeitura da Cidade de Olinda, nas próximas eleições municipais, deixando a vaga aberta. Quando ainda havia alguma chance, o Governo pensou em oferecê-la a Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), com o propósito de tirá-la da disputa em São Paulo. A essa altura do campeonato político, é pouco provável que a socialista abra mão de sua candidatura. 

Luciana, por sua vez, já afirmou que gostaria de indicar o seu sucessor naquele ministério, tradicionalmente ocupado por pernambucanos. Uma coisa curiosa aqui é que a comunista não teria grandes interesses em voltar a disputar a prefeiuta da cidade, que já ocupou por dois mandatos. O Planalto também demonstra uma certa insatisfação em relação ao nome da ministra Anielle Franco, que não estaria entregando muita coisa. Uma saída honrada para a Ministra da Igualdade Racial seria indicá-la para concorrer à vice na chapa encabeçada por Eduardo Paes(PSD-RJ), no Rio de Janeiro, apoiado pelo PT. 

Editorial: Dirceu: Um discurso para os autênticos e progressistas petistas chamarem de seu.



Ontem, dia 03, no Plenário do Senado Federal, o ex-Ministro-Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu, fez um discurso para os setores mais autênticos do petismo chamarem de seu. Há de se considerar, no entanto, os lugares de fala  Uma coisa é falar como ex-ministro e outra, bem diferente, são as contingências impostas pela reapolitik que o morubixaba petista precisa enfrentar no dia-a-dia do seu Governo, sob fogo cerrado de setores conservadores e hostis da sociedade brasileira. 

Dirceu fala como um militante, ex-guerrilheiro, que esboça um retorno às atividades político\eleitorais, quem sabe colocando seu nome ao crivo do eleitorado já nas próximas eleições municipais de 2024, conforme se especula, humildemente, numa eventual candidatura a vereador.  A liberdade é tanta que ele não se furtou em dá uma estocada no próprio Governo do companheiro Lula, em razão de não ter reaberto os trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, que ele considera uma questão crucial para este Governo. Um contingente expressivo da sociedade brasileira o acompanha neste raciocínio. Uma questão de honra, para sermos mais precisos. 

Como já enfatizamos por diversas vezes por aqui, as sinalizações oficiais do Govrno neste sentido não são nada alvissareiras. Contrariando toda uma tendência que advogava que o melhor para o Governo Lula seria facultar as condições para permitir que os militares voltassem pacificamente às suas atividades inerentes na caserna, o petista faz questão de fazer uma média ponderada com os militares, principalmente aqueles que não estiveram envolvidos com as tessituras golpistas recentes, nomeando-os para cargos estratégicos nas Forças Armadas.

Dirceu volta a bater numa tecla que sempre foi muito cara ao partido, ou seja, a necessidade de ampliar a democracia substantiva, que funcionaria como antídoto para frear os ímpetos autoritários de setores conhecidos de nossa sociedade. O raciocínio do ex-ministro converge bastante com as reflexões do cientista político polonês, Adam Przeworski, que faz um cálculo de sobreviência das democracias políticas a partir da renda per capita da população. De fato, as políticas sociais do Governo Lula precisam ser consolidadas, em alguns casos,  e ampliadas em outros. Lula vem perdendo alguns pontihos de popularidade em estratos de baixa renda, inclusive no Nordeste. É fundamental estancar essa sangria.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 2 de abril de 2024

Artigo: Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!


Das cenas propriamente "pernambucanas" que marcaram o Golpe civil-militar-empresarial de 64, duas nunca saíram da minha memória: aquela do Governador Miguel Arraes sendo levado num Fusca para o IV° Exército, depois de ter recusado a proposta de "renúncia" (- "Só o Povo de Pernambuco tem o poder legítimo de me tirar daqui!"), e aquela em que dois tanques de guerra se postam à frente da sede do Movimento de Cultura Popular no Sítio Trindade, para em seguida queimarem arquivos e, sobretudo, o "subversivo" LIVRO DE LEITURA PARA ADULTOS DO MCP (Josina Godoy e Norma Porto Carreiro). Dessas duas cenas, a que acho mais representativa da infâmia e da barbárie dos militares, é a dos canhões apontados para a cultura!
Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!Havia as ligas Camponesas de Francisco Julião que tentavam, mais uma vez, nos livrar na díptico colonial - escravidão e latifúndio; havia o Acordo do Campo quando, pela primeira vez se estabeleceu um salário mínimo para o trabalhador rural; havia a Frente do Recife de Pelópidas da Silveira (PSB), Miguel Arraes (PTN), Artur Lima Cavalcanti (PTB), Gregório Bezerra, David Capistrano (PCB) que fizeram uma inaudita ampliação do ideal democrático através de consultas populares regulares em vista da definição e direcionamento do orçamento municipal; havia um cara chamado Paulo Freire que propunha uma revolução copernicana na educação tradicional (que ele chamava de "bancária"): um programa de alfabetização de adultos baseado na realidade, na vida e na palavra de um personagem "novo" na filosofia da educação: o OPRIMIDO, que não se confundia apenas com o "proletariado" do marxismo. Havia um movimento teatral (Hermilo Borba, Ariano Suassuna, Luiz Mendonça) que trazia a linguagem e os problemas sociais do homem do nordeste para o protagonismo da dramaturgia local; havia uma Orquestra Sinfônica (Geraldo Menucci, Fittipaldi, Mário Câncio) que se apresentavam nas praças públicas do Recife com explicações didáticas sobre a importância e significado da música chamada "erudita"; havia o Bumba-meu-boi do Capitão Pereira (O Boi Misterioso de Afogados), trazendo a tradição da ressurreição como promessa de uma nova vida; havia Abelardo da Hora com sua estética da denúncia de nossa miséria social; havia Tereza Costa Rêgo com sua moderna sensualidade; havia Anita Paes Barreto, Secretária de Educação, expandindo e organizando uma rede estadual de ensino com um orçamento jamais visto na história da educação local; havia a antiga Universidade do Recife, sob o reitorado de João Alfredo da Costa Lima, criando o Serviço de Extensão Cultural que, finalmente, colocava a nossa Universidade a "serviço" da sociedade inclusiva; havia um cara chamado Luís Costa Lima que criou a Revista Estudos Universitários, abrindo o ambiente acadêmico para a participação dos intelectuais da cidade; havia um outro chamado Laurênio Lima que dirigiu a Rádio Universidade (hoje Paulo Freire) dando voz e ouvido às demandas sociais e manifestações culturais recifenses... Havia uma "promesse de bonheur" (promessa de felicidade) no ar, havia estudantes, intelectuais, artistas, empresários, governantes, homens e mulheres do povo que viram, naquela quadratura, as chances de termos, finalmente, um país um pouco melhor com um pouquinho mais de modernidade social e institucional...
Mas havia também o IBAD de Marco Maciel, o General Bandeira, o Sr. Álvaro da Costa Lima, o Sr. Armando Samico, a Aliança para o Progresso, a USAID e um Consulado Americano com 14 "adidos culturais" (todos eles com uma faixa na testa escrito "Agente da CIA"). Depois veio Paulo Guerra, o CCC, a reativação da "Sorbonne da Rua da Aurora" (Secretaria de Segurança Pública), a perseguição aos professores, prisões e assassinatos de intelectuais, estudantes, militantes; veio o 477, o AI.5, veio o "jubilamento", os crimes de Estado, os desaparecimentos, as mortes e enterros clandestinos praticados por militares e agentes estatais que nunca foram punidos e que continuam achando que podem tutelar a sociedade com seus canhões apontados para a cultura, para a educação, para os adversários políticos, para a inteligência, para a Democracia...
Lamentável e inquietante a posição de Lula ao dizer que "tudo isso é história e não vamos ficar remoendo o passado"! Passado, Sr. Presidente, não se remói, não se tritura, não se joga na lata do lixo: se estuda, se rememora, se interpreta, se avalia, se julga..., não para que "nunca mais se repita", mas para que não possamos ter o álibi de que não sabíamos, de que não fomos avisados.
Havia - como naquele poema de Drummond- um Recife, havia um amanhecer, havia uma flor no jardim, havia uma criança que brincava...

Flávio Henrique Albert Brayner, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco.

(Publicado originalmente no Jornal do Commércio, em sua edição de 2\04\2024)

P.S.: Contexto Político: O livro de Educaçaõ de Adultos citado pelo professor Brayner, escrito por duas lideranças femininas do MCP, por algum motivo, embora a princípio esteja perfeitamente adequado aos pressupostos concebidos pelo Método Paulo Freire de Educação de Adultos, não era do agrado do autor. Sobre as lembranças boas daquele Recife, só faltou mesmo mencionar o delicioso cheirinho de biscoito saindo do forno da antiga Fábrica da Pilar, quando se transitava pela avenida Cais do Apolo.

Editorial: Em discurso no Senado Federal, Dirceu alfineta Lula sobre a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.



Se Lula já amargava alguns problemas relativos à popularidade, acreditamos que sua decisão de proibir atos oficiais de protestos contra os 60 anos do golpe civil-militar de 1964, muito provavelmente, deve ter tais problemas agravados. Fiquemos de olho nas próximas pesquisas de avaliação do Governo, principalmente nas análises mais aprofundadas, ou seja, aquelas que descem às minúcias dos números, indicando de onde eles procedem. A última delas, por exemplo, apontou algumas dificuldades no Nordeste, inclusive entre eleitores de baixa renda.  

Com a medida, o morubixaba petista cortou na pele, atingindo um público que se identifica historicamente com o seu Governo. Parece-nos que mais alguém acredita nesta tese, a julgar pelo discursso do ex-ministro José Dirceu, na manhã de hoje, dia 02, no Plenário do Senado Federal. Em sua fala, José Dirceu, que foi ex-guerrilheiro, enfatizou que a retomada dos trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos é irrenunciável. O posicionamento de Dirceu é música para os ouvidos do Ministro dos Direitos Humanos, o sociólogo Sílvio Pessoa, que fica de mãos atadas diante das resistências esboçadas pelo morubixaba petista. 

Dirceu, conforme prenuncia-se, ensaia uma volta à política. Supõe-se que uma eventual candidatura a vereador nas próximas eleições poderia estar entre os seus planos. Seu aniversário, recentemente comemorado em Brasília, reuniu atores dos mais relevantes do mundo político, jurídico e empresarial, numa demonstração de que sua capilaridade política continua intacta. 

Editorial: No julgamanto de Moro sobrou até para o boneco de Olinda.



Contrariando eventuais expectativas de alguns grupos sociais, que, de fato, desejam a condenação do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, o relator do processo junto ao TRE-PR, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha, emitiu paracer contra a sua condenação, alegando, entre os seus argmentos, que o hoje senador Sérgio Moro(UB-PR) não teria, deliberadamente, se beneficiado de sua condição de ex-candidato à Presidência da República pelo Podemos para se eleger senador pelo Estado do Paraná. 

O que Sérgio Moro percebeu sobre a sua candidatura à Presidência pelo Podemos - a opinião aqui é nosso e não do desembargador - é que a mesma seria inviável. Foram sucessivos erros de avaliação cometidos pelo ex-juiz, conforme enfatizamos, restando, tão somente, no final, a transferência de seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, na expectativa de que o capital político construído por sua atuação como juiz da Lava Jato ainda pudesse representar alguns dividendos eleitorais, o que, de fato, ocorreu. O Paraná é um Estado com expressivo eleitoraldo conservador, contingente que flerta com o bolsonarismo, o que deve ter contribuído para o êxito do ex-juiz nessa empreitada. 

Se ele beneficiou-se dessas exposições na mídia, dos espaços ou cargos públicos ocupados, é algo involutário. Seria injusto ser penalizado por isso. Segundo comentários da imprensa, no despacho do relator sobrou até para o boneco do ex-juiz da Lava Jato, confeccionado pelos bonequeiros de Olinda, aqui em Pernambuco, exibidos durante as festas carnavalescas. De fato, há um componente político muito forte neste julgamento do senador Sérgio Moro. Nos bastidores, já foi desencadeada uma disputa renhida pela vaga aberta caso ele seja realmente cassado. A "torcida" não consegue nem disfarçar. 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Editorial: Começa o julgamento que pode cassar o mandato de Sérgio Moro e torná-lo inelegível.



Se depender das hordas petistas que atuam nas redes sociais, o senador Sérgio Moro já estaria com o seu mandato cassado e inelegível para o resto da vida. Começa hoje, no Paraná, o julgamento que definirá o destino do ex-juiz da Lava Jato, senhor Sérgio Moro. Pelo andar da carruagem jurídica, de fato, o senador corre, sim, o risco de ter seu mandato cassado. Aparentemente esta é a tendência, diante dos fatos arrolados. Pelo sim, pelo não,  sua esposa Rosângela Moro, que se elegeu Deputada Federal por São Paulo, já teria transferido seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, segundo dizem, com o propósito de concorrer à vaga ao Senado aberta com uma eventual cassação do marido. 

A transferência de domicílio de sua esposa, como se sabe, gerou uma outra confusão político\jurídica, pois existe uma penca de pretendentes à vaga eventualmente deixada pelo senador. A briga é feia e ninguém se entende por aqui. Até a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou a ter seu nome cogitado para a disputa, mas foi desautorizada pelo PL. Pelo lado do Governo Lula, uma candidatura da Deputada Federal Gleisi Hoffmann poderá suscitar a velha rinha entre petistas e bolsonaristas na disputa dessas eleições excepcionais. 

Além da encrenca jurídica, o senador também apresenta algumas dificuldades no campo político, uma vez que, na condição de juiz da Lava Jato, entrou em rota de colisão com o mundo político, daí ser considerado improvável que ele consiga reverter uma decisão desfavorável ao seu mandato no Senado Federal. O mais grave é que, neste caso, ele pode se tornar inelegível, além de perder o foro privilegiado.  

Charge! Montanaro via Folha de Sçao Paulo

 


sábado, 30 de março de 2024

Editorial: Os "demônios" da esquerda e da direita.


Há pouco, escrevemos por aqui, um artigo tratando da questão da reticência em se assumir posições radicais, seja de direita, seja de esquerda. Em situações normais, o eleitorado sugere esboçar uma resistência às posições radicais, daí se tomar tantos cuidados. Os vínculos inegáveis do candidato Ricardo Nunes(MDB-SP), em São Paulo, com segmentos de centro-direita do espectro político, obviamente, serão explorados pelo candidato do PSOL, Guilherme Boulos. Por outro lado, o staff de Ricardo Nunes já possui uma estratégia montada para jogar o psolista, apoiado pelo Planalto, nas cordas, ou seja, irão explorar sua condição de um neófito na condução de uma máquina pública, principalmente com a  complexidade de uma cidade como a de São Paulo, mas, principalmente, sua condição de um radical de esquerda, dirigente de um movimento social como o MTST. 

Portanto, a "demonização" deverá existir em ambos os lados dos polos dessa radicalização. Danado é que, quanto mais eles esgarçam essa radicalização, mais diminuem as chances de viabilidade de um candidato mais moderado apresentar-se como alternativa, assim como ocorreu na campanha presidencial do ano passado. O MTST resolveu fazer um cartaz alusivo à Semana Santa, onde aparece Jesus Cristo enforcado na cruz e, logo abaixo, soldados romanos usando a frase: Bandido Bom é Bandido Morto, quase um slogan do bolsonarismo radical. 

Claro que se trata de uma ironia ou uma crítica à expressão bastante comum ao bolsonarismo radical, reticiente a qualquer tipo de reconhecimento de direitos de pessoas que cometem algum crime ou delito grave. Matreiramente, as hordas bolsonaristas passaram a explorar o cartaz como se o MTST estivesse digirignfo impropérios ou zombando de Jesus Cristo, o que seria um sacrilégio, considerando-se o personagem em lide, um cidadão que sempre esteve do lado dos direitos humanos. 

Editorial: A "cara" da direita no país?



Os políticos, salvo algumas exceções, temem assumir uma condição de extremistas, seja de esquerda, seja de direita. Essa questão é tão complexa, que mesmo ditadores renhidos posam de democratas ou não assumem abertamente a sua condição de ditadores, conforme se observa nos modelos de democracias iliberais, como é o caso da Rússia e da Hungria. O próprio termo "iliberais" é uma espécie de eufemismo. É possível que possamos inserir tal atitude no contexto do cálculo político, como ocorre em São Paulo, quando, por exemplo, o atual prefeito, Ricardo Nunes, que concorre à reeleição, evita assumir a condição de um candidato de direita ou extrema-direita, preferindo a adjetivação de "conservador".  

Embora recebe de bom grado os votos dos radicais bolsonaristas, Nunes dá sempre um jeito de se colocar como um político de centro do espectro ideológico. Salvo melhor juízo, as reticências à indicação do nome do coronel Mello Araújo para compor a sua chapa. Mello é um bolsonisrta raiz, ex-comandante da temida Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, o grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo. Melhor perfil bolsonarista impossível. Não está em jogo os acordos partidários firmados entre MDB\PL de que o nome deve ser indicado mesmo pelo PL, com o aval de Jair Bolsonaro, mas melhor seria um nome menos polêmico. É preciso, no entanto, convencer Jair Bolsonaro, que tem no coronel Mello um parceiro de longas datas, que teria feito, segundo ele, um excelente trabalho quando foi indicado para assumir a CEAGESP. 

Não deixa de ser interessante o ex-presidente considerar a sua eficiência enquanto gestor público como critério para indicá-lo como vice na chapa de Nunes. Nunes, no entanto, não precisou de grandes esforços para convencer a bancada de vereadores tucanos de São Paulo de que é um homem de centro. Como a direção do partido não definiu o apoio ao projeto de reeleição do prefeito, a bancada de 08 vereadores ameaça debandar da legenda. 

Segundo estimativas dos próprios institutos de pesquisa, 30% do eleitorado brasileiro se declara essencialmente de direita. Um contingente nada desprezível, convenhamos. Sugere-se, entretanto, que a postura desse grupo afugentaria um eleitorado menos propenso à radicalização, o que preocupa homens públicos como o atual prefeito da capital paulista. No final, a equação é simples. É bom contar com o voto desses eleitores, sem arcar com o ônus de uma identificação demasiada, o que pode ser bastante explorada pelos adversários políticos, como, aliás, já vem sendo, sobretudo na disputa paulista, onde a polarização política no país se mostra ainda mais evidente.  

Os marqueteiros de Guilherme Boulos já devem estar trabalhando as imagens de Nunes nos eventos da Paulista, associando-o, inexoravelmente, ao bolsonarismo mais radical. Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre os arranjos para as eleições presidenciais de 2026 apontam um cenário onde Lula é testado com uma leva de possíveis candidatos do campo conservador, a exemplo de Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Dos nomes testados, o de maior resiliência é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

A revista Veja publicou uma longa matéria tratando dessa questão, a partir das análises do pessoal do Instituto Paraná Pesquisas.  Em alguns momentos, Tarcísio de Freitas se apresenta como um cidadão humilde, com uma dívida de gratidão enorme ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quem o lançou à ribalta, daí não se poder desconsiderar a sua posição de continuar no Palácio Bandeirantes em 2026. Por outro lado, caso seja mesmo inviável uma alternativa ao centro-direita do espectro político, ele será muito pressionado a assumir este papel que, a rigor, é dele.  

Charge! Morília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 29 de março de 2024

Editorial: Segundo o Datafolha, 63% da população brasiliera não deseja anistia aos responsáveis pelo 08\01



Fazia algum tempo que não observávamos tanta polêmica em torno das pesquisas, principalmente as de intenção de voto. Na realidade, pesquisa boa e de credibilidade, somente aquelas que favorecem os nossos candidatos. Essa é a verdadeira máxima. Daí ser compreensível a ira das hordas petistas contra as pesquisas mais recentes, tratando de uma eventual disputa da campanha presidencial de 2026, onde o casal Bolsonaro aparece bem na fita, ora superando numericamente o petista, caso de Jair Bolsonaro, ora em empate técnico, como é o caso da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Não adiante brigar com os números. 

O mesmo Instituto, para colocar mais lenha na fogueira das animosidades entre petistas e bolsonaristas, também informa que a popularidade do presidente Lula continua derretendo em colégios eleitorais de peso, como Belo Horizinte e Ceará, tradicional reduto petista, o que informa que o problema atinge também aquele eleitorado, pobre, petista e nordestino. O Planalto já acusou o golpe. A fala recente de Lula sobre a não participação da candidata Maria Corina nas eleições da Venezuela é bastane emblemática e soa até fora de tom, depois de sua ênfase em defender Nícolas Maduro, assim como o processo eleitoral naquele país. 

O Brasil tem sérios problemas de ajustes de conta com violadores contumazes dos direitos humanos. Foi assim com aqueles que estiveram nos estertores da tortura e desaparecimentos que ocorreram a partir de 1964, quando estivemos sob o jugo da ditadura militar instaurada com o golpe civil-militar, que no domingo completa 60 anos. Mesmo sob um governo de perfil progressista, os protestos e manifestações foram proibidos. Já há quem esteja sugerindo uma nova anistia para aquelas pessoas que estiveram envolvidas com as tessituras golpistas do 08 de janeiro. Felizmente, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, uma maioria não pensa assim. 63% dos brasileiros exigem punição severa aos golpistas.   

Editorial: A polêmica prisão de deputados federais.



Há muito tempo se comenta que a capital federal está infestada de sicários ou matadores de aluguel rondando os corredores do poder e montando campana em frente a residências de determinadas personalidades. As autoridades públicas usaram de suas prerrogativas e pediram reforço em sua segurança pessoal. A inteligência da Polícia Civil do Distrito Federal - segundo dizem uma das políciais civis mais eficiente do país - não saberia determinar quem poderia ser o alvo preferecial desses sicários, por razões óbvias, diante do climão que o país passou a viver nos últimos anos. Existe, na realidade, um número altíssimo de alvos em potencial. Até organizações do crime organizado, segundo supõe-se, poderia está envolvida nessas tramas, consoante os próprios órgãos de inteligência. 

Amiúde, no varejo, haveria um Deputado Federal, com pedido de prisão em análise, que estaria fazendo ameaças veladas a um desafeto, em razão de disputas partidárias. As ameaças teriam sido gravadas e encaminhadas às autoridades do STF, que estão analisando o caso. A questão que se coloca aqui, é sobre em que circunstâncias se poderia decretar a prisão de um Deputado Federal. Esta questão veio à tona justamante no momento da prisão preventiva decretada pelo STF contra o Deputado Federal Carlinhos Brazão, acusado de ser o um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. 

Como as relações entre os Três Poderes deixaram de ser harmônicas há algum tempo, existem rusgas enormes por aqui. Até recentemente, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, procurou o Ministro da Justica, Ricardo Lewansdowski para informá-lo, segundo seu entendimeto, de que um Deputado Federal só poderia ser preso em flagrante delito, uma das posições das mais delicadas, diante da repercussão de alguns fatos, assim como em razão do estágio em que já chegamos, onde essas fronteiras foram solenemente rompidas.   

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


quinta-feira, 28 de março de 2024

Editorial: A repercussão das pesquisas do Paraná Pesquisas.




Nas últimas eleições, o Instituto Paraná Pesquisas conquistou uma grande credibilidade junto à opinião pública e aos formadores de opinião. Noves fora as reações produzidas pela bílis política, como reflexo da polarização renitente que o país atravessa, até mesmo aqueles que discordam dos números do Instituto renderam-se ao fato de ser o Paraná Pesquisas aquele Instituto que mais se aproximou dos escores resgistrados nas últimas eleições presidenciais, num contexto onde ocorreram erros grotescos, até mesmo entre os "grandes". 

Mais recentemente, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou uma pesquisa de intenção de voto consoante os arranjos que se apresentam, no momento, em face das eleições presidenciais de 2026. Pelo lado do Governo é Lula ou Lula, pois o morubixaba nunca se preocupou em fazer um sucessor de fato. A exceção talvez seja o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma opção apenas pensada, se e somente se, considerando-se a ausência do líder. Com a melhoria de sua condição de saúde, assim é que para 2026 ninguém sugere, seguer, outro nome no escopo da base governista. 

Talvez, quem sabe, em 2030. Isso se ele não cumprir a promessa de viver 120 anos e voltar logo em seguida,   quando as condições de uma nova candidatura seriam possíveis.  Se depender do eleitorado bolsonarista raiz, por outro lado, as opções também são limitadas. Eles apostam numa eventual candidatura do capitão, mesmo sabendo que ele se encontra encrencado e inelegível. O nome de sua esposa, Michelle Bolsonaro, figura como segunda opção, mas a ex-primeira dama enfrenta problemas até mesmo no contexto do clã familiar, que não vê como bons olhos o fato de ela ser, naturalmente, herdeira do espólio político\eleitoral do marido. 

O Paraná Pesquisas apresentou dados que seriam suficientes para discussões acaloradas pelas redes sociais, como, aliás, estão ocorrendo. Empate técnico entre Lula e Jair Bolsonaro, embora este apareca numericamente à frente do petista, e empate técnico entre Lula e Michelle Bolsonaro. Para completar o enredo, o Instituto confirma uma tendência capaz de arrepiar os cabelos do Planalto, ou seja, de queda da popularidade de Lula. O Planalto sabe que há algo errado por aqui, mas tem se tornado impotente para estancar a sangria.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Guarda Nacional se retira das buscas aos fugitivos do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró.

Crédito da foto: SENAPPEN\reprodução


Aos poucos, o Governo Federal vai desmobilizando o pequeno exército de policiais acionados para recapturarem os fugitivos do presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Já são quarenta dias infrutíferos que representaram altos custos operacionais, além dos danos de imagem, pois a população fica sem entender como 600 homens bem equipados, auxiliados por drones, cães farejadores e até helicópteros não conseguiram êxito nesta cassada humana. A Polícia Federal deve optar por fazer um trabalho de inteligência no sentido de recapturá-los. 

A engenharia montada por Deibson Cabral  e  Rogério Mendonça para empreenderem essa fuga produziu algumas situações curiosas. Durante a semana que passou surgiu a suspeita de que os presos poderiam estar recebendo ajuda de policiais locais. A vida nos reserva algumas surpresas interessantes. O fato de terem escapado do presídio parece-nos que não representou algum momento de paz para os prisioneiros, que estão ameaçados de morte pelo Comando Vermelho. 

Não se sabe se dentro do presídio já haveria alguma movimentação dos presos neste sentido,mas os líderes da organização descobriram que eles desejavam formar uma dissidência no comando, o que é considerado uma falta graávissima no código do crime organizado, significando que eles também seriam rejeitados pelas outras facções onde poderiam procurar abrigo. Suspeitou-se no início que eles poderiam estar procurando abrigo em redutos controlados pelo PCC.  

Deibson e Rogério estão isolados, fugindo e sem rumo justamente no momento em que lograram êxito na fuga da unidade prisional. Contraditoriamente, presos eles estariam mais seguros, pois é bastante conhecida a eficiência desses tribunais do crime. Não temos dados precisos sobre o assunto, mas é surpreendente o número de fugas registradas nos presídios brasileiros neste começo de ano, logo em seguida a esta fuga inusitada de um presídio de segurança máxima.       

quarta-feira, 27 de março de 2024

Editorial: Bolsonaristas preocupados com o dia "D" da prisão de Bolsonaro.

 



Parece-nos que uma eventual prisão do capitão Jair Bolsonaro não surpreenderia mais ninguém, nem mesmo os bolsonaristas mais renhidos. Segundo alguns juristas, principalmente entre aqueles vinculados ao campo progressista, já existiriam motivos de sobra para isso. Motivos jurídicos, naturalmente, uma vez que tais motivos não coincidem com o timing político oportuno, o que deve está sendo considerado. E qual seria este momento político mais oportuno? Segundo prevêem os próprios bolsonaristas, tal momento seria ali por meados do mês da agosto, um pouco antes da liberação da campanha eleitoral de 2024, quando teremos novas eleições para a escolha dos gestores municipais e dos membros das câmaras de vereadores. 

Assim que voltou dos Estados Unidos, o ex-presidente Bolsonaro passou um período ensimesmado, recolhido aos aposentos, meditando sob a massaranduba do tempo. Não assumiu o papel de grande líder da oposição, papel reservado a ele por questões óbvias, como desejava o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Passada essa ressaca, Bolsonaro voltou à ribalta e hoje é um incontestável líder das forças que fazerm oposição ao Governo Lula, dentro e fora do parlamento. Até porque a centrífuga da polarização é atroz e não permitiu o surgimento de novas lideranças. 

Nos últimos dias ocorreram alguns fatos que estão sendo tratados pela imprensa como cortinas de fumaça, seja de um lado ou do outro dos polos, como o anúncio do prisão dos mandantes do crime que vitimou a vereadora Marielle Franco, assim como a tal visita do ex-presidente à embaixada da Hungria. Neste momentos, convém deixar a poeira baixar para formar um juízo de valor sobre o assunto. Segundo um ex-governador do Rio de Janeiro, desde 2018 já se sabia quem havia executado e quem seriam os mandantes do crime que vitimou a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes. Por outro lado, nao deixa de ser curioso que este áudio que atesta a chegada do ex-presidente ao prédio da Embaixada da Hungria no Brasil tenha vazado para um jornal dos Estados Unidos. Quem teria sido o responsável? com que interesse? 

Editorial: Pesquisa encomendada pelo PP aponta empate técnico entre Lula e Michelle para 2026.



Ao longo de nossas atividades aqui pela blogosfera, três artigos em particular causaram grandes dores de cabeça a este editor. Um deles tratava da violência aqui no Estado de Pernambuco, pelos idos de 2013, quando a polícia do Estado tornou-se uma das mais violentas no enfrentamento aos manifestantes que saíram às ruas naquele período. Chegaram a proibir o uso de máscaras entre os manifestantes, uma medida das mais polêmicas. O artigo, publicado em sites com alcance bem maiores do que o nosso, atingiu um grande público e provocou grande repercussão, com milhares de manifestações e curtidas; Um outro tratava das dificuldades das políticas educacionais brasileira em atingir a meta de nota mínima exigida para o país ingressar no seleto grupo dos países desenvolvidos da OCDE. No nosso ritmo de melhoria da qualidade de ensino, não atingiríamos a meta estabelecida à época. Aliás, ainda hoje não atingimos tal objetivo, o que significa que este editor apenas antecipou alguns fatos. Mesmo assim, autoridade do MEC naquele período mandou retirar o artigo de um site instituciinal; por fim, ali por meados de 2018, antes daquelas eleições presidencais que elegeu Bolsonaro presidente, escrevemos um artigo tratando das eventuais consequências daí decorrentes, caso ele fosse eleito - e foi - causando a ira das hordas bolsonaristas pelas redes sociais. Não precisamos entrar nos detalhes dos métodos sórdidos por eles utilizados, assim como sobre as consequências nefastas daí resultantes. 

Agora, depois da pesquisa de intenção de voto encomendada pelo Progressistas ao Instituto Paraná Pesquisas, sobre a corrida presidencial de 2026, qua aponta a Michelle Bolsonaro empatada tecnicamente com o presidente Lula, a vontade que tivemos foi a de republicar o terceiro dos artigos citados acima, mas preferimos não fazê-lo, dando nossa contribuição para colocar água na fervura de um clima já bastante tensionado. O mais previsível era que a pesquisa fosse encomendado pelo PL, partido ao qual o ex-casal presidencial é filiado, mesmo entendendo que o PP tem fortes vínculos com o bolsonarismo. Na pesquisa encomendada pelo partido, Lula aparece com 44,5% das intenções de voto, enquanto Michelle crava 43,4%. 

Ciro Nogueira, ex-Ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, é um grande entusiasta da tese de que a ex-primeira-dama deve compor a chapa que concorrerá contra o Planalto nas eleições presidenciais de 2026. Hoje é dado como certo que o candidato do Planalto seria o próprio Lula, embora a vice seja algo ainda incerto. Integrantes do staff do presidente defendem a tese de que o nome de Geraldo Alckmin não seria o mais indicado para as próximas eleições. Faz sentido quando entendemos que a relação entre petistas e socialistas não é mais a mesma.   

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 

terça-feira, 26 de março de 2024

Editorial: Coerentemente, a opção Cida Ramos seria a melhor para o PT em João Pessoa.



Permanece o impasse sobre os rumos ou definição do Partido dos Trabalhadores no contexto das eleições municipais de João Pessoa neste ano. A última palavra, no entanto, deve ficar com o Executiva Nacional da legenda, neste caso, representada pelo GTE - Grupo de Trabalho Eleitoral, coordenado nacionalmente pelo senador Humberto Costa(PT-PE). O prazo final para esta definição é hoje, dia 26, depois de superado os impasses locais, que não são poucos. A situação, no momento, é a seguinte: Com a desistência do Deputado Estadual Luciano Cartaxo de participar das prévias que estavam previstas para o início de abril, fica como opção para uma candidatura própria o nome da também Deputada Estadual, Cida Ramos. 

Outra opção seria o apoio ao nome do atual prefeito, Cícero Lucena(PP-PB), que concorre à reeleição. Na tual conjuntura política, o fato de ele integrar os quadros do Progressistas parace-nos que não se constituiria num obstáculo intransponível para as negociações. O próprio governador João Azevedo(PSB-PB) também tem procurado manter uma relação amistosa com o prefeito, para além das imposições impostas pelo cargo que ocupa. A princípio, o governador também não se preocupou em construir um nome para disputar a prefeitura da capital dos paraibanos, saído da cozinha do Palácio Redenção, como ocorrera com ele, trabalhado pelo então governador Ricardo Coutinho. E, por falar em Coutinho, depois de governar o Estado por dois mandatos, especula-se que o "Mago" poderá candidatar-se a vereador, retomando sua carreira política dos primórdios, quando saiu de vereador a governador montado num meteoro.

Mantida ou preservada a coerência política, os quadros do partido no Estado deveriam se unir em torno da pré-candidatura da Deputada Cida Ramos. Se o partido, a nível nacional, aponta a capital paraibana como uma cidade estratégica para os interesses da legenda, tal opção seria mais salutar para o grêmio partidário petista.   

Editorial: A possível "narrativa" de Nunes para desacreditar Boulos na disputa pela capital paulista.



No dia de hoje, 26, o ex-comunista Aldo Rebelo concedeu uma entrevista à CNN. Rebelo, que hoje ocupa a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, pleiteia a vaga de vice na chapa onde Ricardo Nunes(MDB) deverá disputar a reeleição. Quem acompanha de perto este processo, sabe que são muitos os postulantes a uma única vaga e, quase sempre os nomes sugeridos não conseque a unanimidade do staff do gestor, como o do capitão Mello, ex-comandante da Rota, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. E olha que o PL, pelos acordos partidários, tem a prerrogativa dessa indicação. 

Ontem discutíamos por aqui a situação dos tucanos naquele cenário. Era vontade da bancada de vereadores o apoio ao projeto de reeleção de Nunes, mas já decidiram, em votação, que não mais integrariam a frente montada pelo prefeito. Deve ter pesado bastante o fato de eles não indicarem um candidato a vice. Convenhamos, falta cacife para isso. Neste caso, voltaram a reestabelecer as negociações com a candidata Tabata Amaral, do PSB. 

Rebelo corre ali por fora, mas muito bem azeitado, pois nos parece um grande conciliador, bem visto pelo staff político que acompanha o prefeito. Durante a entrevista, depois de se "explicar", inevitavelmente, sobre a sua mudança de perfil político - Rebelo era militante renhido do PCdoB - o secretário, ao responder uma pergunta sobre Guilherme Boulos, deixou escapar uma eventual estratégia de narrativa que o grupo de Nunes poderá utilizar contra o candidato do PSOL, apoiado pelo Planalto. 

Devem explorar a inexperiência administrativa do candidato, além da sua condição de agitador, o que deve afugentar eleitores conservadores, não necessariamente bolsonaristas radicais. Boulos precisa se preparar bastante para se contrapor a essas narrativas encampadas pelo grupo do prefeito Nunes.  O ex-comunista Rebelo demonstra uma falta de saturação em relação a este identitarismo exacerbado dos grupos de esquerda ou progressista que, segundo ele, tira o foco dos problemas reais. Aqui vamos concordar com ele. 

Editorial: Alexandre de Moraes pede explicações de Bolsonaro sobre "refúgio" na Embaixada da Hungria no país.



Se as investidas golpistas no país tivessem sido exitosas, possivelmente o modelo de governo que seria adotado no país teria muita semelhança com o modelo da Hungria, sob o comando de Victor Orbán. O presidente da Hungria é uma espécie de "modelo" de inspiração para as lideranças golpistas que atentaram contra a democracia em nosso país. O Brasil, certamente, passaria por um processo de hungrialização. No dia de ontem 26, depois que o jornal New York Times divulgou um vídeo com as imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro entrando nas dependências da Embaixada da Hungria no país, este talvez tenha sido um dos assuntos mais comentados pela imprensa e pelas redeas sociais. 

O fato ocorreu logo após o presidente ter o seu passaporte retido, o que sugere a possibilidade de adoção de alguma medida preventiva com o ato. O embaixador da Hungria já foi ouvido pelo Itamaraty, mas não entrou nos detalhes sobre esta visita do ex-presidente. O Ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o ex-presidente apresente uma explicação sobre este fato em 48 horas. O ex-presidente, diante das evidências, naturalmente, não poderia negá-lo, mas argumenta que atendeu apenas a um convite. Resta combinar a versão com as autoridades da embaixada. 

Vamos aguardar as explicações dos seus advogados a este respeito, antes de qualquer tipo de julgamento. Não deixa de ser curioso, no entanto, que as autoridades brasileiras desconhecessem completamente este fato, revelado por um jornal americano. Como estamos numa era de doentia polarização, logo surgiram as hordas de petistas pelas redes sociais enaltecendo a coragem o presidente Lula quando esteve acossado por uma prisão iminente.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 25 de março de 2024

Editorial: Os tucanos decidem não compor com Ricardo Nunes em São Paulo.


Mesmo juntando os cacos aqui e ali, o fato é que os tucanos ainda estão mergulhados numa profunda crise de identidade e sensivelmente cindidos. Não há consenso ou unanimidade para nada, exceto, talvez, no que concerne à necessidade de reaver a condição de protagonismo que o partido ocupou algum dia no sistema político brasileiro. Em menos de seis meses, quatro direções teriam sido trocadas apenas na regional de São Paulo. José Aníbal assumiu a direção do partido com o propósito de apaziguar os ânimos, assim como o Presidente Nacional da legenda, o ex-governador Marconi Perillo. 

Ambos são velhas raposas da política, experientes e conciliadores, o que ajuda bastante neste momento de colocar panos mornos, minimizando as discórdias. Finalmente parece que eles chegaram à conclusão de que não adianta mais procurar as razões para a debacle da legenda. Se fossem menos ambiciosos, também chegariam à conclusão de que é inútil se apresentar como uma alternativa à polarização criada entre petistas e bolsonaristas. Isso só acaba quando um dos polos esmagar o outro. Em São Paulo, eles conversaram bastante com Ricardo Nunes, o nome de preferência da bancada de vereadores da legenda como candidato à Prefeitura de São Paulo. A condição proposta não foi aceita pelo prefeito e a aliança não se concretizou. Os tucanos gostariam de ocupar a vice na chapa, algo impensado neste momento, posto que já prometido ao principal capitão eleitoral de Nunes, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A votação interna entre os tucanos foi equilibrada e sugere-se que pode ser revogada juridicamente.  

Assim, resta a opção Tabata Amaral, nome de preferência da Executiva Nacional da legenda, embora encontre algumas resistências, como a da governadora do Estado de Pernambuco, Raquel Lyra, uma das estrelas nacionais da legenda, que o partido faz questão de mantê-la nos seus quadros. Aqui em Pernambuco, socialistas e tucanos travam uma luta renhida pelo poder. Soma-se a isso o fato de a Deputada Tabata Amaral ser a namorada do prefeito socialista João Campos.   

Editorial: Sigilo nas informações não combina com o Governo Lula.


É com um misto de surpresa e indignação que observamos que o Governo Lula deverá seguir a mesma orientação do Governo de Jair Bolsonaro no sentido de manter sigilo sobre documentos ou dados oriundos das atividades do seu Governo. Já afirmamos por aqui, talvez em mais de uma oportunidade, que os índices de avaliação do Governo Lula não estariam relacionados apenas a uma estratégia de comunicação ruim. A decisão de Lula em determinar tal sigilo, por exemplo, magistralmente explorada pela oposição, vem provocando um desgaste enorme na imagem do Governo,  ao soltarem vídeos sistemáticos nas redes sociais, onde o presindete Lula aparece ademoestando o ex-presidente Bolsonaro sobre o assunto, durante os debates da última campanha presidencial. 

A chamada deste editorial poderia ser outro, mas vamos mantê-lo para não melindrar, o verbo da moda, sobretudo nesses momentos bicudos que o país atravessa. É preciso admitir aqui, por outro lado, que o Governo Lula manisfesta comportamento de quem está acuado pelas ondas conservadoras produzidas pelo mar bolsonarista, dentro ou fora do parlamento. Ontem tomamos conhecimento de que setores do PT e dos movimentos de esquerda fizeram uma manisfestão pelo democracia. Um site verificou e contou os participantes, que não chegaram a um mil e quinhentoas pessoas, em Salvador e São Paulo, ou seja, um grande fiasco. 

É preciso tomar alguns cuidados com esses procedimentos de condescendências ou ponderações, como esta decisão recente do Governo no sentido de probibir qualquer pronunciamento ou manifestação de órgãos oficiais em relação aos eventuais protestos relativos ao aniversário de 60 anos do famigerado golpe Civil-Militar de 1964. Trata-se de um ônus pesado a ser pago pelo Governo Lula junta à sua base de sustentação mais orgânica, que previa, na realidade, mais avanços por aqui, como a revisão da Lei de Anistia, pauta inicial do Ministério dos Direitos Humanos, coordenado pelo sociólogo Sílvio Almeida. 

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo