pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : setembro 2022
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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Editorial: Todo mundo prometendo "estraçalhar" no debate de logo mais



Um pouco atrás nas pesquisas de intenção de voto, o presidente Jair Bolsonaro(PL) joga todas as suas fichas no debate de logo mais, com o propósito de conseguir levar a eleição para o segundo turno, quando poderia criar as condições ideais para uma reação ante o petista. De imeidato, isso significaria uma mobilização maior dos seus apoiadores. Lula, por sua vez, irá jogar pesado para liquidar a fatura ainda no primeiro turno, evitando eventuais reações do bolsonarismo. Reservou um dia para conversas com assessores, principalmente os da área jurídica, com o propósito de responder, com veêmencia, às acusações de corrupção nos Governos da Coalizão Petista. Penso que até uma decisão recente do STF, em seu favor, isentando-o do pagamento de uma cobrança de mais 18 milhões do fisco, poderá ser usada durante o debate, apresentada como um salvo-conduto. 

No debate da Band, estranhamente, Lula foi emparedado pelo candidato Jair Bolsonaro. O grande embate deverá se dá mesmo no enfrentamento ao candidato Ciro Gomes, do PDT, que, enquanto escrevo este editorial, está reunido com seus assessores num Hotel na Barra da Tijuca, de acordo com a coluna Radar da Veja, se preparando para o debate de logo mais. Diferente de Bolsonaro, Ciro conhece os meambros ou as nuances da "engenharia de corrupção" montada no governo naquela ocasião. Já antecipo que sua vida pública é uma vida limpa, sem máculas ou algo que desabone a sua conduta. É o candidato mais preparado entre todos os que disputam a Presidência da República. Está um poço até aqui de mágoa com a campanha desencadeada pelo PT pelo voto útil, o que classificou como um estelionato eleitoral. 

Até com os irmãos de sangue ele andou brigando, em razão do apoio da família Ferreira Gomes ao PT na disputa política do Ceará. Há quem assegure que ele poderia estar mirando em 2026, o que seria pouco provável. Simone Tebet(MDB), embora não tenha mais chance de uma reação nesta reta final, irá procurar manter sua performance de sempre se sair muito bem nos debates. Levou a melhor em todos até agora. Também deve partir para cima dos principais concorrentes na disputa. Por fim, ainda recomendaria não cutucar a onça com vara curta, conforme alertou Soraya Thronicke. O debate promete muito. O termo estraçalhar era muito usado por um boxeador pernambucano, Luciano Horácio Torres, conhecido como Luciano Todo Duro, em relação aos seus adversários, nas lutas que disputou.  

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Editorial: Debates entre os candidatos ao Governo de Pernambuco e da Paraíba


Logo mais teremos os debates programados por emissoras de televisão entre os candidatos que concorrem ao Governo de Pernambuco e ao Governo da Paraíba. Na Paraíba, a TV Cabo Branco anuncia que o debate deverá ter início às 19h:30, o que nos permitirá acompanhar a ambos, pois o nosso, organizado pela TV Globo, está programado para começar às 22h:30. Geralmente com grandes audiências, esses debates se constituem em verdadeiros trunfos para os candidatos, principalmente para aqueles que disputam a ida ao segundo turno com o postulante que lidera as pesquisas de intenção de voto. 

A situação aqui de Pernambuco é muito semelhante à situação da Paraíba, em termos de dinâmica competitiva entre os candidatos. Há um candidato que lidera todas as pesquisas de intenção de voto, com ligeiras variações de índices - aqui é Marília Arraes(Solidariedade) e lá e João Azevedo(PSB) - e um pelotão do segundo turno, onde todos os integrantes disputam a chance de competir com o primeiro colocado nas pesquisas. Tanto aqui quanto na Paraíba já arrisquei alguns palpites, mas o "deslocamento' desse pelotão não nos permitem uma análise mais precisa. 

Embora bastante acossado pelos demais candidatos, João Azevedo tem comparecido a todos os debates até então programados, inclusive em emissoras de televisão do interior do Estado. Aqui em Pernambuco, a candidata Marília Arraes acenou que poderá comparecer ao debate de hoje, embora tenha se recusado a ir aos anteriores, sob protestos dos demais concorrentes. Em razaõ do desespero diante dos números desfavoráveis, o PSB local tenta de tudo para reverter a situação. 

A crônica política local informou que eles teriam tentado - em vão - trazer Lula para mais uma incursão pelo Estado. O morubixaba petista recusou. Outro fato que está eivado de polêmicas - pois parece desconhecer as fronteiras entre os limites da campanha e o aparelho de Estado - seria uma espécie de esforço final, denominado de Dia "D", que levou os demais candidatos a recorrerem ao TRE-PE, pedindo providências, uma vez que, segundo estão alegando, envolveria agentes públicos com a campanha. A Justiça Eleitoral, como enfatizei no dia de ontem, tem sido rígida na aplicação da lei.  

Editorial: O milagre político do senhor do Bonfim na Bahia



Na última vez que estive na Bahia, cumpri o ritual de subir as colinas sagradas e pregar uma fitinha para o Nosso Senhor do Bonfim, fazendo três pedidos. Dois deles o santo cumpriu, mas, como não sou egoísta, também pedi um pouco de paz para a sociedade brasileira, principalmente em razão desse clima de animosidades políticas que passamos a enfrentar. Este último pedido, o santo ainda não atendeu. Ainda ontem um cidadão entrou num bar na periferia de Fortaleza e assassinou a golpes de faca e machado um eleitor do PT, que afirmou que votaria em Lula. 

Estamos vivendo uma barbárie, metidos numa crise institucional e política, de flertes com patologias políticas que,inclusive, se alimentam desse caos. Reconheço que se trata de uma missão muito dificíl para o nosso senhor do Bonfim fazer com que alcancemos essa graça. Mas não custa nada acreditar, como parece ter sido a postura de Jerônimo, que alcançou uma surpreendende ascenção na corrida pela Palácio de Ondina, crescendo 12 pontos em apenas um mês nas pesquisas de intenção de voto. A diferença em relação a ACM Neto ainda é significativa, mas não deixa de ser alvissareiro este seu salto. 

Atender às orações e os pedidos de Jarônimo Rodrigues em relação à sua campanha, parece ter sido mais simples para o nosso senhor do Bonfim. Claro que se trata aqui de uma brincadeira, pois, a rigor, há alguns fatores concretos que podem ter ajudado Jerônimo nesta incrível ascenção, principalmente os índices de aprovação do atual governo, Rui Costa, do PT. Soma-se a isso a capilarirade política do partido no Estado e uma "nacionalização' da campanha, apenas possível em razão dos índices de aprovação do governo local. Governos mal avaliados - como é o caso de Pernambuco - não conseguem nacionalizar a campanha e Lula pouco pode fazer. Em Minas Gerais, por exemplo, já existe até quem avalie que Alexandre Kalil, do PSD, candidato ao Governo, pode mesmo é atrapalhar o desempenho de Lula no Estado. 

Editorial: Ressurge o pesadelo do PT em São Paulo


Se as notícias para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, no plano nacional, são alvissareiras, o mesmo não se pode afirmar em relação ao candidato Fernando Haddad(PT), que concorre ao Governo de São Paulo. Naquela praça, onde o partido sempre enfrentou grandes dificuldades, as pesquisas indicam uma nada surpreendente reação nas pesquisas de intenção de voto do candidato Rodrigo Garcia, do PSDB. Não sei se o staff de campanha do tucano já teria feito essa autopsia, mas seria bastante interessante que eles verificassem as razões que levaram o candidato Garcia a  perder fôlego numa fase recente da jornada, depois de um proecesso de crescimento contínuo.  

Que ele seria um candidato competitivo nós nunca tivemos dúvidas sobre isso. Seus níveis de aprovação de governo e de rejeição junto ao eleitorado são "administráveis". Afinal, os tucanos controlam o Estado há decadas, criando uma identidade com parcela do eleitorado. O mais preocupante para o candidato do PT é que as eleições certamente irão para um segundo turno e, em tais circunstâncias, pelas simulações do IPEC, Garcia venceria o petista, reavivando pesadelos de épocas passadas, de disputas renhidas, voto a voto. 

Nestas eleições, atores políticos como Márcio França e Geraldo Alckmin, personagens não necessariamento estranhos ao ninho tucano, poderiam contribuir para aparar as arestas junto, principalmente, ao eleitorado interiorano, mais refratário ao PT. Uma vitória de Lula no primeiro turno é um outro fator que poderia ajudar bastante, pois permitiria que o morubixaba petista pudesse contribuir de forma mais efetiva para ajudar o fiel escudeiro que, segundo comenta-se, hoje seria o nome preferencial para substituí-lo na Presidência da República a partir de 2026.     

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Editorial: Pela pesquisa IPEC, Lula pode vencer as eleições ainda no primeiro turno

 


Agora à noite o IPEC anunciou sua pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República, tranzendo notícias bastante alvissareiras para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que, segundo o Instituto, reúne condições de vencer as eleições ainda no primeiro turno. O PT sabe que estamos travando uma batalha campal. Liquidar essa fatura, de um golpe certeiro (ops!) torna-se estratégicamente importante, pois diminuem as margens de manobras do adversário, que nos colocou num ambiente institucinal turvo, ora com questionamento da lisura do processo eleitoral, ora fazendo referências a um "enquadramento" do "outro poder", algo que não soa muito bem aos ouvidos de cidadãos e cidadãs sensíveis à democracia. Sugere-se que teremos encrenca pela frente, independentemente do resultado do pleito. 

Agora, neste reta final de campanha - mesmo diante dos pronunciamentos do candidato Ciro Gomes(PDT), que afirma estar sendo vítima de uma armação urdida pelo PT - o fato concreto é que o staff de campanha do petista mobilizou seus apoiadores influentes para pregaram o voto útil, como única alternativa de enfrentamento ao bolsonarismo. Pelo andar da carruagem política, a estratégia vem dando certo, com a vantagem de Lula ainda tecer elogios ao candidato, nas entrevistas concedidas, ao tratar do assunto. É uma estratégia terceirizada. 

E, por falar em Lula, ele confirma sua presença no debate da Rede Globo, que será exibido no dia 29\09. Na pesquisa do IPEC, Lula crava 48%, enquanto Jair Bolsonaro permanece com 31% das intenções de voto. Neste momento, o staff de campanha de Bolsonaro aposta todas as suas fichas num desgaste massivo ou num eventual tropeço gigantesco de Lula, fatos que podem conduzir a definição das eleições para um segundo turno. Tropeços acontecem, mesmo os candidatos pisando em ovos nessa etapa da campanha. Até recentemente, durante uma entrevista, o candidato Tarcísio de Freitas, que concorre ao Governo do Estado de São Paulo, esqueceu o nome do colégio onde irá votar no dia 02 de outubro.    

Editorial: Na reta final, Lula cresce nos principais colégios eleitorais do país.

 


O grau de animosidades construído ao longo dos anos, não nos permitem falar de eleições tranquilas no dia 02 de outubro. É muito pouco provável que os bolsonaristas aceitam pacificamente uma derrota nas urnas eletrônicas, já perfeitamente demonizadas entre eles, sob o argiemento de que não são de todo confiáveis. A questão agora é saber se teremos a elasticidade institucional suficiente para suportamos os solancos dos protestos e contestação dos seus resultados. Por enquanto, as autoridades eleitorais estão adotando o rigor republicano necessário na condução do processo eleitoral, independentemente dos arroubos dos candidatos: Não se pode usar tais imagens, pois as mesmas foram gravadas por uma emissora estatal; não se pode fazer gravações do Planalto, pois fere a legislação; não se pode tratar o outro candidato de "nazista". 

O rigor na observância às regras do jogo estão sendo muito bem aplicados. Esta semana teremos uma profusão de pesquisa e um debate que pode ser crucial, o que está sendo preparado pela Rede Globo de Televisão, programado para o dia 29\09. Este será o último debate e todos os candidatos já teriam confirmado presença, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Somente hoje, duas pesquisas já foram divulgadas, a do FSB e do Quaest\Genial. Esta última mostra que Lula vem melhorando seus índices nos principais colégios eleitorais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde ele cresceu dois pontinhos importantes e simbólicos. 

Como se sabe, Minas Gerais é um desses estados "bússola', ou seja, candidatos que não vão bem nas alterosas dificilmente ocupam a cadeira de presidente no Palácio do Planalto. Mantida as atuais circunstâncias, é provável que Lula vença essas eleições, até mesmo com possibilidade de liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Salvo se ocorrer algo imponderável, um fato novo de grande repercussão ou mesmo uma grande performance no último debate, assim como um "desastre' de algum candidato. Bolsonaro vem seguindo um modelito "presidencial", politicamente correto com os pobres, com as mulheres. Esteve bem no último debate do SBT. Lula, por sua vez, terá que se preparar bastante para enfrentar o tema da corrupção.   

Editorial: A vergonha do repasse do valor de R$ 0,36 por cada aluno para merenda escolar

 


No último debate da Band, um tema que parecia adormecido, voltou com toda força, depois das provocações dos candidatos que disputam as eleições presidenciais de 2022. Improvável que este tema estivesse esquecido, posto que, a cada instante, temos uma denúncia de corrupção no Brasil, provocando as corriqueiras operações da Polícia Federal em todo o país. Raro o dia em que o noticiário não faz referência há algumas dessas operações. Aqui na província, tais operações se tornaram vergonhosamente frequentes, envolvendo, inclusive, flagrantes de desvios criminosos dos recursos destinados à merenda escolar. 

A engenharia montada para essas operações com o objetivo de desviar recursos públicos são tão ardilosas que, quando um gestor deixa o cargo, mantém, em postos estratégicos da administração pública um preposto que já conhece o "esquema". É o azeite da roubalheira, que se estende da unidade central aos pontos periféricos, aqui representados por prefeitos corruptos, coninventes com o processo. 

Não tenhamos dúvidas de que a não atualização os valores da merenda escolar estão produzindo muitos danos às nossas crianças, milhões delas em situação de insegurança alimentar. Equívoco maior, no entanto, é essa prática de desviar tais recursos para satisfazer interesses escusos de agentes públicos e privados. Triste saber que tais cortes foram executados para garantir os recursos do famigerado "orçamento secreto", de acordo com a senadora e candidata à Presidência da República, Soraya Thronicke, que pediu para não ser cutucada com vara curta.  

Charge! Duke via O Tempo

 


domingo, 25 de setembro de 2022

Editorial: Qual o feminismo de Simone Tebet?


Ao longo dos anos, sobretudo nesses tempos confusos que estamos enfrentando, somos submetidos a todos os tipos de contradições: Pobres de direita, negros racistas, evangélicos fascistas, gays identificados com candidatos de plataformas conservadoreas, entre outras. Não seria de surpreender se encontrássemos grupos feministas contrários ao aborto. Há um texto bastante, interessante num dos livros mais importantes do sociólogo do multicuralismo, Stuart Hall, Da Diáspora, onde ele analisa a nomeação de um juiz negro para a Suprema Corte dos Estados Unidos. 

A nomeação foi feita pelo presidente George W. Bush, a partir de um cálculo político complexo, que mereceu a atenção do estudioso de origem jamaicana, negro, que conseguiu a proeza de se afirmar no circuito fechado da academia britânica, como um dos expoentes dos estudos culturais. A análise é precisa e, sempre que nos deparamos com esses assuntos controversos, o tomamos como exemplo para discutirmos com nossos alunos. Só mesmo lendo o texto para entender os diferentes aspectos abordados na análise do sociólogo, indicando como a sua identificação identitária poderia repercutir positiva ou negativamente junto à sociedade americana, principalmente entre grupos negros e feministas. 

Ao longo do texto, vão surgindo outros complicadores, como uma acusação de assédio sexual contra uma mulher negra, servidora, levando o autor a se perguntar, neste caso, qual seria a reação das feministas de classe média, brancas, urbanas. Assim como o movimento negro nunca foi, digamos, "unificado", existem "feminismo' e "feminismos", daí se entender porque as mulheres negras não se sentiram representadas em movimntos feministas, urbanos, de classe média, hegemonizados por mulheres brancas. O tema do aborto é, de fato, muito polêmico e, tanto Ciro Gomes(PDT) quanto a candidata Simone Tebet(MDB) não se sentiram muito seguros em se pronunciar sobre o assunto. Lula também já andou dando uma "escorregada' recente, ao se colocar sobre o tema.  

Editorial: O "padre" de Bolsonaro - ou a corrupção de ontem e de hoje no debate do SBT


Motivados pela repercussão do tema da corrupção junto aos eleitores - fato verificado durante o debate da Band - os candidatos à Presidência da República se prepararam para explorar o assunto, assim como para se defender das investidas dos adversários. Isso em relação àqueles candidatos que estiveram presentes durante o debate, uma vez que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não compareceu. Somente as próximas pesquisas irão dizer algo sobre os reflexos de sua ausência no debate do SBT. 

O mais é especulação, embora não seria supresa se ele viesse a ter danos maiores com o comparecimento ao evento. No debate da Band, com um simples petardo atirado pelo presidente Jair Bolsonaro ele se sentiu acuado. No debate do SBT, mesmo ausente, foram vários os petardos dirigidos contra ele, todos enfatizando as denúncias de corrupção durante os Governos da Coalizão Petista, tema nevrálgico, que sua assessoria parece ter indicado, como melhor caminho, fugir dele como o diabo foge da cruz.  

Na condição de "vidraça', Bolsonaro também foi muito cobrado pelos demais candidatos, inclusive sobre eventuais casos de corrupção no governo, inclsuive sobre o nebuloso -e nada republicano - orçamento secreto que se constitue numa verdadeira excrescência. A candidata Soraya Thronicke(UB), observou, inclusive, que cortes de verbas essenciais - como a atualização dos valores da merenda escola, remédios para o câncer - sofreram cortes para ajustes do orçamento secreto. Mais uma vez o Bolsnaro apresentou-se "fora de si", o que significa dizer que ele esteve bem no debate, fazendo um esforço tremendo para controlar as emoções. Conseguiu. Mesmo quando foi contundente em sua resposta a jornalista Clarissa Oliveira, da revista VEJA, preocupou-se com os excessos. Ao falar das políticas do seu Governo, sempre procedeu um recorte "feminino" na fala.    

O padre Kelmon Souza(PTB) foi ao debate para defender a candidatura do presidente Bolsonaro, o que se constitue num fato inusitado. Nem pareceu que ele era candidato. Hoje passou a cirular nas redes sociais um documento onde a entidade informa que ele seria um padre fake. Nesta fase final da campanha, dá um sentimento de tristeza ver o Ciro tão "perdido", ao ponto de sofrer insinuações de linha auxiliar do candidato Bolsonaro. Digo isso com a autoridade de quem sempre reconheceu os seus méritos de um homem público correto e o candidato melhor qualificado para ocupar a Presidência da República. Nenhum outro candidato aplicou-se com o mesmo denodo a estudar e propor soluções para os problemas que o país atravessa. O problema de Ciro é que, em nenhum momento, ele consegui encontrar o "timing', mesmo com a ajuda inestimável e espertise do seu marqueteiro, João Santana.   

Editorial: Preparem os seus corações. Tudo é possivel nesta etapa final da campanha.

 


Faltam apenas sete dias para o primeiro turno das eleições de 2022. Preparem os seus corações e mentes, pois, nesta etapa da campanha costumam ocorrer fatos que remetem a muitas emoções. Logo cedinho, ao abrir o celular, este editor recebeu uma enxurrada de disparos de Zaps contra este ou aquele candidato, certamente obra de desafetos ou concorrentes, numa ação que poderíamos adjetivá-la de ilegal, abjeta, aética e imoral.  Também fui informado que há disparos de milhões de mensagens que estão chegando aos celulares através do messenger. 

Pelo rastreio, essas mensagens poderiam estar sendo enviadas do Estado do Paraná. Como não temos certeza de nada, convém não indicar fontes precisas para não cometermos algum equívoco. Fala-se que tais mensagens teriam sua origem no gabinete de num governador simpático ao bolsonarismo. Vamos aguardar o trabalho da polícia. Suspeitem de tudo. Filtrem tudo. Tomem todos os cuidados possíveis, principalmente nesses tempos bicudos de fake news, onde mentiras podem assumir o status de verdades absolutas. Matéria da revista Veja observa que 1\3 dos evangélicos acreditam -como acreditam em Deus - que Lula irá fechar igrejas caso vença as eleições de outubro.   

Mesmo em declarações oficiais, as mentiras estão surgindo, como a alegação de um candidato à Presidência da República de não comparecer ao debate de logo mais por não ter sido informado em tempo hábil. O desmentido veio rapidinho. Desde março que sua assessoria sabia sobre o debate. Agora, em Natal, o empresário Luciano Hang foi proibido de inaugurar uma de suas filiais das Lojas Havan por não atender às exigências impostas pelo Corpo e Bombeiros. Logo as redes foram tomadas por protestos de bolsonaristas sugerindo que trata-se de uma obra do PT, uma vez que a governadora do Estado, Fátima Bezerra(PT), é petista e concorre à reeleição. 

Depois da revogação da censura à matéria do Portal UOL - que trata da questão dos imóveis comprados supostamente à vista - o presidente Jair Bolsonaro voltou a endurecer as críticas ao "Outro Poder". A semana promete. Vamos assim até o dia 02 de outubro e daí em diante - se os ânimos não arrefecerem - seja lá qual for o resultado das urnas. Em qualquer circunstância, neste momento crucial, o mais prudunte seria criar as condições políticas e institucionais para impedir flertes com retrocessos autoritários.   

sábado, 24 de setembro de 2022

Editorial: André Mendonça anula censura à matéria do UOL sobre uma suposta compra de imóveis em dinheiro vivo.



Repercute bastante pelas redes sociais uma decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, revogando uma decisão judicial que impunha censura ao portal UOL, com relação a matéria sobre uma suposta aquisição, em dinheiro vivo, pela família Bolsonaro, de 51 imóveis. Salvo melhor juízo, este é o segundo momento em que o ministro vota consoante suas convicções critã e jurídica, eximindo-se de suas ligações políticas com o presidente que o indicou ao cargo. André Mendonça, aliás, orienta-se por uma bússola correta, ou seja, tomou a decisão com base republicana e jurídica, como, aliás, sempre se espera de um membro daquela Corte. 

A decisão, como a anterior, certamente não irá agradar aos bolsonaristas, que já possuem sérias indisposições com a Suprema Corte. Numa outra decisão tomada, o ministro usou suas redes sociais para justiticar o seu voto, quando seria desnecessário. Hoje, pela manhã, li um artigo onde o autor sugere que os analistas políticos talvez estejam vendo chifre em cabeça de cavalo ao supor algum tipo de golpe contra as instituições democráticas. 

Apesar de convergir com o raciocínio do autor em inúmeros aspectos, neste ponto específico, sinto que preciso discordar de suas ponderações. É possível até que não haja as condições efetivas ou ideais para a instauração de um golpe tradicional entre nós, mas que as motivações existem por parte de alguns atores políticos não há a menor dúvida quanto a isso. Para ser mais sincero, golpes tradicionais parece que caíram em desuso. Hoje, os golpes são bem mais sutis, facultando, inclusive, a aparência de normalidade das instituições. Tal fato pode ser aferido não apenas pelas manifestações de rua pedindo, explicitamente, intervenções militares das Forças Armadas, mas, sobretudo pelas análises isentas de organismos internacionais que aferem a saúde das democracias pelo mundo, apontando a nossa como a mais ameaçada neste momento. 

Charge! Marilia Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: Já na expectativa do debate presidencial de logo mais



Já aqui na expectativa do debate de logo mais, transmitido por um pool de empresas de comunicação, liderado pelo SBT, que começa às 18h:30. Este deverá ser o penúltimo debate do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. O último deles será organizado pelo Rede Globo de Televisão e vai ao ar no dia 29\09. O debate do SBT contará com uma ausência que será muito sentido pelos eleitores e, naturalmente, explorada pelos adversários. Seus assessores teriam calculado esses "danos' e chegado à conclusão de que seria mais estratégico, nesta fase da campanha, cumprir a agenda de mobilização nas ruas. Estamos nos referindo aqui ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Slva(PT), que lidera todas as sondagens de intenções de voto até este momento. Exceção para o Instituto Brasmarket, naturalmente.

O dano para o eleitorado e para o público - vale dizer para a democracia -, naturalmente, não entrou nos cálculos dos seus assessores. Seus adversários já estão urdindo as estratégias que serão usadas para maximizar - em termos de dividendos eleitorais - a sua ausência no debate. Até as regras previstas para identificar tal ausência teria sido questionado por um dos seus adversários. Num momento difícil da campanha - sendo pressionado a renunciar em favor de uma eventual vitória de Lula ainda no primeiro turno - o candidato Ciro Gomes, literalmente, abriu o verbo sobre o que ele pensa sobre o candidato, que lidera todas as pesquisas até este momento. Verdades duras, capazes de produzir urticárias entre os petistas mais renhidos.  

Não que o candidato Bolsonaro tenha sido poupado, mas, diante dos petardos desferidos pelos petistas, ele resolveu rasgar o verbo sobre a sua experiência nas gestões dos Governos da Coalizão Petista, marcada por denúncias de corrupção, lembrando, inclusive, que tais equívocos na gestão foram os responsáveis pela ascendência do bolsonarismo. Agora, raciocínia o candidato, seria mais do mesmo devolver o poder ao PT. As denúncias de corrupção nos Governos da Coalizão Petista serão bastante exploradas durante o debate de logo mais. É preciso saber se os assessores de Lula fizeram bem os cálculos.   

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Editorial: Afinal, quem está certo entre os institutos de pesquisa?



Logo mais, provavelmente depois das 20h:00, deverá ser divulgada mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez do Instituto Datafolha, demonizado pelos bolsonaristas por trazer escores desfavoráveis ao presidente Jair Bolsonaro. Até os pesquiadores do Instituto, numa clara demonstração do grau de intolerância a que chegamos, estão sendo agredidos ao realizarem o seu trabalho. Nesta reta final da campanha, estamos sendo blindados até mesmo com mais de uma pesquisa por dia. A discrepância de índices entre os diversos institutos são evidentes e passaram a preocupar os assessores do Palácio do Planalto, que sugerem explicações convincentes para tais escores tão díspares- para dizer o mínimo. 

Como observamos em postagem anterior, orientamos nossas observações pelos "grandes" institutos ou aqueles que possuem uma grande espertise de mercado, a exmplo do próprio Datafolha, o IPEC, O IPESPE e, também o Quaest\Genial, que, apesar de pouco tempo de atuação no mercado - perdão se estivemos equivocados - realiza um trabalho qualificado e é dirigido por pessoas competentes na área. São exatamente esses institutos que, por trazerem números não favoráveis ao Governo passaram a entrar em sua alça de mira. Principalmente o Datafolha e o IPEC. 

Hoje saiu mais uma dessas pesquisas curiosas, apontando que o presidente Bolsonaro já superou Lula nas intenções de voto. A pesquisa foi realizado pelo Brasmarket e, alí, Bolsonaro aparece com 44,9% das intenções de voto, enquanto o petista aparece com 31%. É pesquisa para os bolsonaristas improvisarem motociatas por todo o país. Não conheço o instituto, assim como não o descredencio, sobretudo em razão dos problemas apontados em editoral anterior, sobre os dados populacionais desatualizados com os quais estes institutos estão trabalhando. Bolsonaristas fazem a festa pelas redes sociais. Vamos aguardar o Datafolha.   

Editorial: Quantos, afinal, são os pobres do Brasil?



Por alguma razão, setores conservadores e do próprio governo passaram a questionar as estatísticas que indicam que o país possui 33 milhões de pessoas que vivem na condição de insegurança alimantar. O próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer alguns questionamentos a esse respeito durante um programa de entrevistas, mas resolveu voltar atrás, possivelmente orientado por sua assessoria política. Como ensinava um velho companheriro de trabalho, tem coisas que se dizem por cima, tem coisas que se dizem por baixo e tem coisas que não se dizem, principalente se considerarmos  o lugar de fala do ator político, neste caso, o chefe do nosso Executivo Federal. 

Um dos motivos para a ocorrência de tanta discrepância dos números apresentados pelos institutos de pesquisa em relação à corrida presidencial deste ano pode estar relacionada à confiabilidade de nossas estatísticas populacionais, já que os últimos números disponíveis são do censo de 2010. No atual governo, os órgãos federais estão passando por um processo de redefinição identitária - perdão pelo eufemismo - mesmo que tal processo esteja ocorrendo sutilmente, sem alardes ou mesmo anúncios oficiais. 

Conforme já informamos em outro editorial, cogita-se o perdão de uma dívida de 16 bilhões de reais aplicadas pelo IBAMA aos violadores das regras de preservação do meio-ambiente. O corte de verba para a realização do último censo, salvo melhor juízo, provocou até mesmo a demissão voluntária de gestores do IBGE. Pela última entrevista concedida ao recenseador por este editor, o número de sanitários de minha residência tornou-se algo mais importante do que o meu  nível de instrução, que sequer foi perguntado. 

Não vou aqui entrar em mais detalhes porque os próprios servidores de carreira desses órgãos estão denunciado o processo de "desmonte" dessas instituições. Dados de pesquisa confiáveis, per si, é o elemento mais importante para a realização de uma pesquisa. É com base censitária de 2010 que os institutos de pesquisa estão indo a campo e podem, sim, distorcer seus resultados. Agora, em relação aos pobres ou pessoas em situação de insegurança alimentar no país, diria a vocês que são milhões - pelas razões históricas conhecidas - e, igualmente, não causa supresa que eles tenham aumentado sensivelmente no ano de 2021, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o ano em que a população mais empobreceu nos 10 anos de realização de sua série histórica. 

Aqui no Recife, o números de pessoas morando nas ruas, pedindo esmolas nos sinais de trânsito indicam que vamos muito mal neste quesito. Como Pernambuco foi o Estado que, isoladamente, teve o "melhor" desempenho brasileiro na ampliação da pobreza do país, compreende-se porque Recife é a capital nacional da miséria. Enquanto isso, nossos gestores são acossados quase que cotidianamente, por desvios de recursos públicos. Ainda ontem um "exército" de policiais federais estiveram numa cidade do interior para checar desvios na área de educação. Pernambuco se transformou numa vergonha nacional. Existe a matriz das falcatruas e suas filiais, ou seja, cidades distribuídas pelas diversas regiões do Estado.   

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Editorial: Os inimigos do fascismo brasileiro



Não sei se a expressão "fascismo brasileiro' seria muito feliz. Quem sabe "fascismo à brasileira" constitui-se numa expressão mais adequada. Em qualquer circunstância, no entanto, o fascismo sempre escolhe os seus inimigos. Aliás, o "mito', para sobreviver, precisa fomentar a existência de inimigos reais ou fictícios, insuflando suas hordas de apoiadores contra ele. Na Alemanha nazista há relatos de crianças alemães agredindo crianças judias, influencidas pelo ódio disseminado pelos nazistas contra o povo judeu. No país, há uma lista enorme de inimigos do projeto autoritário tupiniquim. 

Partidos políticos, jornais, emissoras de televisão, instituições jurídicas, ministros de Estado, academia, instituições públicas... a lista é enorme, mas gostaríamos de acrescentar, mais recentemente, institutos de pesquisas, como é o caso do Datafolha, pelo simples fato de o Instituto trazer a público números não favoráveis ao governo nas pesquisas de intenção de voto. A imprensa noticiou, no dia de hoje, que um entrevistador foi brutalmente agredido por um cidadão, simpático ao bolsonarismo, pelo simples fato de não entrevistá-lo. Até uma faca peixeira por muito pouco não teria sido utilizada, num acesso de fúria. 

Aqui em Pernambuco - não fosse suficiente o baixo nível da campanha conduzido por alguns candidados, registro aqui as honrosas exceções - no dia de ontem, no bairro de Casa Amarela - onde nasceu o educador Paulo Freire - tiros foram disparados contra a varanda de um apartamento que ostentava uma bandeira do PT. As primeiras informações dão conta de uma possível rajada de metralhadora. Fomos informados de um movimento a nivel mundial no sentido de reconhecer, de imediato, o resultado das eleições no Brasil, de preferência logo depois do primeiro turno das eleições. Seria mais um antídoto às eventuais contestações dos seus resultados. Como se observa, pelo andar da carruagem política, o clima não é dos melhores.    

Editorial: Políticos e intelectuais da América Latina pedem que Ciro desista de candidatura


O ex-governador Leonel Brizola era um excelente frasista. Numa observação sobre o PT, costumava dizer que o partido cacarejava para as massas e punha os ovos para a elite. Setores da elite e do conservadorismo brasileiro não teriam dificuldades em assimilar - como não tiveram no passado - uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessas eleições. O pé de Lula na Faria Lima nunca esteve tão firme, desde o início, quando o ex-governador Geraldo Alckmin(PSB_SP) foi convidado para compor a sua chapa. Nesta reta final de campanha, ele flerta até com o agronegócio, um núcleo duro de apoio do seu principal opositor nessas eleições, o presidente Jair Bolsonaro(PL). 

O grande Leonel Brizola, apesar da franqueza, por mais de uma vez, nunca deixou de colocar os interesses nacionais acima de suas ambições pessoais, mesmo com grande sacrifício. Os bons exemplos são inúmeros. Hoje absolutamente irredutível em suas posisões, por outro lado, também não se pode dizer que o candidato Ciro Gomes não tenha tentado dar a sua contribuição para essa unidade das forças do campo progressista, ao procurar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda na prisão de Curitiba, quando estava em jogo a eleição de 2018, vencido pelo presidente Jair Bolsonaro. 

Naquela ocasião, pedia o apoio do PT, que não abriu mão da candidatura do professor Fernando Haddad(PT-SP). Quer dizer, para o PT, a unidade de esquerda é uma via de mão única. É sempre o PT que precisa ser apoiado ou a unidade precisa ser construída consoante seus interesses enquando grêmio partidário. Aqui vai uma crítica efetiva deste editor à postura do PT. Ontem circulou na crônica política uma carta-manifesto assinado por políticos e intelectuais latinos americanos com um apelo para que o canddiato Ciro Gomes(PDT) desista de sua candidatura e apoie o nome de Lula ainda no primeiro turno dessas eleições. 

A carta é assinada pelo Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, pelo ex-presidente do Equador Rafael Correa, pela senadora da Colômbia, Piedad Córdola. De acordo com o documento, a urgência seria impedir o avanço do fascismo no continente. Entendemos o momento crucial que o país atravessa e da importância dessas eleições para evitar o descarrilamento do nosso processo democrático, conforme enfatiza o documento e que o desprendimento de Ciro, neste momento, poderia ser crucial, mas entendemos, por outro lado, a sua zanga com o PT, que parece não ter visto isso lá atrás, quando a vitória dele naquelas eleições poderia ter evitado esta situação limite que enfrentamos.     

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 20 de setembro de 2022

Editorial: A política de "desmonte" do Estado brasileiro.



Já tivemos a oportunidade de comentar por aqui que nesses "novos" projetos autoritários - ou nessas ditaduras de um novo tipo - o aparelho de Estado assume um papel bem distinto de antes, daquelas ditaduras, digamos assim, tradicionais. Nesses "novos' tempos, eles passam a desempenhar um papel de facilitador dos interesses mais vis de acumulação predatória do capital, corroendo sua própria estrutura legal para assegurar que tais objetivos sejam alcançados, não sem danos consideráveis à comunidade em geral ou segmentos sociais específicos em particular. 

Leio agora que o governo brasileiro pretende perdoar mais de 16 bilhões de multas aplicadas pelo IBAMA, em razão de transgressões ou infrações praticadas por violações das regras ambientais. Na outra ponta, a Universidade Federal Rural de Pernambuco externa suas enormes dificuldades de funcionamento em razão dos cortes de verbas de custeio. Alguns setores corre o risco de deixar de funcionar nos próximos meses em razão da ausência de repasses de recursos. 

Os dois exemplos são ilustrativos dos problemas que o país enfrenta em relação a algumas instituições específicas, notadamente aquelas instituições que poderiam estar "atrapalhando' este perfil de Estado que está no esboço de construção. O IBAMA e as Universidades Federais são duas dessas instituições, mas poderíamos citar aqui um elenco delas, como o ICMbio, a Funai, o IPHAN, assim como aquelas instituições que se destinam a assegurar ou garantir os direitos de minorias, como as comunidades quilombolas, LGBTQIAP+. 

Um ex-delegado da Polícia Federal informou, com bastante conhecimento de causa, que, se tivermos um novo governo - orientado por um novo conceito do papel de Estado - teremos um enorme caminho pela frente para restaurar e recuperar o papel dessas instituições, revendo a legislação que foi alterada, redefinindo sua missão, indicando gestores competentes e compromissados, valorizando seus servidores -  inclusive com a abertuda de novos concursos - pois uma das maneiras utilizadas para enfraquecê-las foi exatamente não recompor seu quadro de servidores efetivos.    

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Editorial: Lula abre 16 pontos de diferença em relação a Jair Bolsonaro pelo IPEC



Acaba de sair da fornalha a nova pesquisa do Instituto IPEC - antigo IBOPE - para a Presidência da República. A pesquisa do Instituto é importante, sobretudo, porque confirma a tendência apontada pelo Instituto FSB, divulgada pela manhã, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) vem consolidando - e até ampliando - seus escores na disputa presidencial sobre o seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro, podendo vencer as eleições de outubro ainda no primeiro turno. 

Em relação ao levantamento anterior, realizado pelo mesmo Instituto, Lula amplia sua vantagem em um ponto, enquanto o adversário mantém os mesmos índices. No pelotão da terceira-via, Ciro Gomes(PDT) mantém-se estável, com 7% das intenções de voto, em empate técnico com a senadora Simone Tebet(MDB), que crava 5% das intenções de voto. Mesmo encontrando resistência dos setores mais históricos do PDT, o candidato Ciro Gomes tem sido contundente em suas críticas aos dois principais concorrentes. Parece-nos um pouco tarde demais para reverter uma situação aparentemente consolidada. 

A terceira-via parecia esboçar uma reação, mas, na medida em que o processo vai se afunilando, muitos eleitores estão optando por seguir a tendência de voto útil, o que apenas favoreceu a Lula, que lidera a disputa. Lula ganhou duplamente com tal tendência. Primeiro, ampliou sua vantagem sobre o candidato Jair Bolsonaro. Depois, passou a alimentar a possibilidade de liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Os índices de rejeição - ou de avaliação ruim e péssimo - permanecem altos para Jair Bolsonaro, constituindo-se num grande obstáculo para o seu projeto de reeleição. Estão em 47%. Cálculos da Ciência Política indicam que o mandatário que ostenta esses índices acima de 40% não renovam o contrato de locação do Palácio.    

Editorial: Merenda escolar sem reajuste



O Brasil ostenta hoje alguns indicadores sociais extremamente preocupantes. 33 milhões de pessoas encontram-se numa situação de insegurança alimentar, fato agravado depois da Pandemia da Covid-19. Na semana passada, também vieram a público os resultados dos danos produzidos na educação por este momento difícil que o país atravessou, ainda não completamente superado. A gravidade torna-se gigantesca se considerarmos que os problemas das desigualdades educacionais entre nós é histórico, perpassando governos conservadores e progressistas. 

Como diria o educador pernambucano Paulo Freire, trata-se de um projeto de nossa elite insana e insensível, que foi forjada num longo processo de escravização. Até o Governo de Fernando Henrique Cardoso a universalização da educação infantil ainda não havia sido assegurada. Os problemas da pandemia atingiu a todos, mas, com certeza, em maior proporção aquele alunado da rede pública de ensino, empobrecido, sem acesso a um sinal de internet ou a um aparelho e celuçar atualizado para acompanhar as aulas online. 

O Brasil sempre enfrentou alguns problemas relativos à merenda escolar. Há inuméros casos de gestores públicos irresponsáveis que desviam verbas destinadas a esta finalidade. Em razão do grave problema de insegurança alimentar, nos meses de recesso alguns alunos simplesmente deixam de assegurar as refeições regulares, salvo nos casos de alguns municípios que permitem o acesso a este benefício mesmo no período de recesso. Mesmo depois do pacote de bondades, a aprovação do governo do presidente Bolsonaro continua aquém das expectativas de sua assessoria, podendo significar sua derrota nas urnas. 

A nossa conclusão é que o eleitor talvez tenha percebido que ele não tem "pegada social". Logo depois do pacote de bondades - com fins eleitoreiros - vieram os cortes em relação aos beneficíos do Programa Farmácia Popular e a devasagem do ajuste da merenda escolar, contingenciando milhões de estudandes a limitarem a ingestão de calorias necessárias, seja dividindo um ovo para quatro alunos, substituindo o feijão e o arroz por bolachas quebra-queixo ou através de uma fiscalização "rigorosa' para não repetirem o prato.   

Editorial: O voto útil poderá eleger Lula ainda no primeiro turno.

 



Depois de um longo e tenebroso processo de preocupações com os rumos das eleições presidenciais de 2022, a equipe do candidato Luiz Inácio Lula da Silva parece estar mais aliviada. É que o seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro, parece ter atingido seu limite de crescimento nas pesquisas de intenção de voto, a despeito de todos os esforços de seu staff político. Como prognosticou o consultor Thomas Traumann, em artigo na revista Veja, não se trata de uma questão de estratégia, mas algo que está relacionado ao seus índices de rejeição ou de desaprovação do seu Governo.

Numa linguagem mais objetiva, o problema de Bolsonaro é o próprio Bolsonaro. Avaliações ruins, acima de 40%, dificilmente estimulam o eleitor a renovar o contrato de locação do mandatário. Suas taxas de rejeição ainda são altas e isso se constitue num obstáculo ou numa variável sobre a qual existe pouco controle por parte de sua assessoria política. No monento, ele tenta adotar um estilo "paz e amor", mas talvez seja um pouco tarde. Segundo foi noticiado, no dia ontem,por um grande jornal, lideranças do Centrão já estariam entabulando algumas conversas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

Como se sabe, a questão do Centrão não é nomes - menos ainda ideologia ou compromissos programáticos - mas o poder. Eles jogam a boia - mediante, claro, algumas condições - mas estão dispostos a atirarem o mandatário aos tuburões na primeira oportunidade que sentirem  que ele está deixando de ser útil aos seus interesses. Daí se entender que a formação de uma boa bancada, para os interesses de suas lideranças, seria mais importante do que as eleições presidenciais. 

Outro colírio para os olhos do petista é o comportamento do eleitorado indefinido, que acaba se definindo nesta reta final de campanha. A terceira-via esboçou uma eventual reação, mas, pelo andar da carruagem política, o eleitorado indefinido, está com uma tendência maior em não perder o seu voto, ou seja, adotando a estratégia do voto útil e, neste caso, Lula, então na liderança desde o início da campanha, leva vantagem sobre o seu principal adversário, Jair Bolsonaro. Na pesquisa do Instituto FSB, publicada nesta segunda-feira e repercutida na blog de Matheus Leitão, de Veja, Lula agrega três pontinhos em relação à pesquisa anterior do mesmo Instituto.   

Editorial: A "desconstrução" da imagem de um ex-juiz durante o debate da Band. Desiree e Laércio "engoliram" Sérgio Moro.



Acompanhei, com muita atenção, o debate entre os candidatos que concorrem ao Senado Federal pelo Estado do Paraná. Confesso que foi um dos debates mais importantes que tivemos a oportunidade de acompanahar até este momento. Muito mais do que uma discussão acerca da escolha do ator político que irá representar o Estado no Congresso Nacional, o debate, na realidade - em razão de alguns componentes polítitos específicos - tornou-se um debate sobre os rumos políticos que o país poderá tomar depois das eleições de outubro. 

No epicentro das discussões, um ator político que cumpriu um papel decisivo nas eleições presidenciais de 2018, pois, no curso da Operação Lava-Jato, impediu, através de uma prisão controversa, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputasse aquelas eleições, favorecendo a vitória do presidente Jair Bolsonaro, mergulhando o país numa espécie de impasse institucional de consequências preocupantes até hoje. Depois de uma presença no Governo Bolsonaro, ocupando o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro acabou se desentendendo com o presidente, perdendo o prumo político desde então, pois almejava uma indicação para o STF, que acabou não ocorrendo.  

Envolto em inúmeras contradições -aliada às dificuldades com a campanha - Moro volta a reassumir o apoio ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Sua imagem de homem público foi duramente atingida durante o debate, inclusive seu relativsmo no cambate à corrupção, o que é trágico para alguém que tenta passar a imagem de paladino da justiça e da defesa da lisura na condução dos negócios públicos. Esta, aliás é a imagem que ele tentar consolidar junto ao seu eleitorado do Estado em seu projeto de tornar-se Senador da República. 

O curioso é que a desconstrução da imagem de Sérgio Moro não foi obra do seu principal adversário na disputa, Álvaro Dias, do Podemos, mas de candidatos como Laércio Matias, do PSOL e Desiree Salgado, PDT. Como se sabe, pela dinâmica da disputa, as chances desses candidatos são mínimas, mas estamos tratando aqui de dois grandes nomes nessa disputa. Se este editor votasse no Estado do Paraná, o voto para o Senado já estaria definido. Em suas redes sociais, tanto Ciro Gomes(PDT) como Luiz Inácio Lula da Silva(PT) elogiaram seus pupilos no Estado em razão do excelente desempenho.      

domingo, 18 de setembro de 2022

Seminário: Democracia ontem e hoje

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Paraná Pesquisas dá um nó-górdio nas opções políticas do PSB no Estado.



Havíamos escrito um texto bastante longo tratando deste assunto, mas resolvemos "amputá-lo", numa espécie de autocensura, em razão do ambiente político que se respira no Estado, hoje bastante polúido. Não bastasse o gabinete do ódio, por aqui temos o gabinete das "sacanagens", dado a levantar dossiês e divulgar fake news contra os adversários, críticos ou desafetos. Muito dos textos porduzidos por este editor acabam sendo remetidos a uma pasta específica, aguardando o momento mais oportuno para divulgá-los, assim que a poeira abaixar ou as instituições públicas passarem por algum tipo de assepsia republicana.   

A nova pesquisa publicada no dia de hoje, tratando da corrida ao Palácio do Campo das Princesas, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, no entanto, nos contingenciou a voltar ao assunto. Em certa medida, ainda permanece o impasse sobre qual o nome ungido pelos eleitores para furar a bolha do pelotão do segundo turno, ou seja, aquele pelotão formado por quatro candidatos que disputam a primazia de disputar a eleição com a candidada Marília Arraes, do Solidariedade, no segundo turno das eleições pernambucanas.  

Hoje, a probabilidade maior é que o ex-prefeito da cidade de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL-PE), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, consiga tal proeza, conforme já havíamos antecipado. A Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas confirma essa tese. Para o candidato socialista, Danilo Cabral(PSB-PE) - apoiado oficialmente pelo PT, mas que não vai bem na disputa - a tese é: Tudo, menos Marília. Marília, como é de conhecimento público, ao longo de sua trajetória política, entrou em rota de colisão com parte da nucleação da família Campos. O projeto de desconstruir a imagem de Marília é tão grotesto que até velhos aliados da candidata - quando ela ainda militava no PT - estão sendo utilizados com este propósito.  

A vitória dos demais candidatos representaria uma derrota eleitoral - portanto mais assimilável - enquanto a vitória da neta do Dr. Miguel Arraes provocaria um rearranjo na estrutura de poder familiar no Estado. Seria uma derrota política para os Campos, embora o projeto de poder do grupo continue em curso, com a administração da Prefeitura da Cidade do Recife, por João Campos(PSB-PE) - que irá trabalhar por uma reeleição - e uma inevitável candiatura ao Governo do Estado em eleições futuras. Na outra ponta, o irmão, Pedro Campos(PSB-PE), deverá ser eleito Deputado Federal com uma expressiva votação. 

Dizem até que o ex-governador Eduardo Campos apostava mais nele como herdeiro do espólio político da família. De qualquer maneira, Marília eleita, formaria uma nucleação de poder no mínimo "incômoda", envolvendo uma tribo política de diferentes matizes ideológicas - que vai desde a esquerda mais orgânica até atores políticos próximos demais do bolsonarismo. O nó-górdio - não necessariamente por razões ideológicas, mas práticas - é como os socialistas irão se comportar em relação a um eventual segundo turno sem a presença de Danilo Cabral(PSB-PE). 

Antes de assumir, de uma maneira efetiva, o seu "bolsonarismo", o candidato Anderson Ferreira(PL-PE) tinha um excelente trânsito político com os candidatos de oposição ao Campo das Princesas, inclusive com Marília Arraes. Por outro lado, se não era explícita essa sua organicidade com o bolsonarismo, desde o início da campanha ele sempre deixou claro que o seu objetivo maior era construir uma unidade da oposição com o propósito de apear os socialistas do Palácio do Campo das Princesas. Pelo cenário que está se desenhando a partir da pesquisa do Paraná Pesquisas, os socialistas ficam sem opção política no segundo turno.     

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 17 de setembro de 2022

Editorial: Sérgio Moro e Álvaro Dias, o grande reencontro.



Dada as circunstâncias, não poderia deixar de falar - mais uma vez - do senhor Sérgio Moro por aqui, embora já tenha sido acusado de ideia fixa por um leitor, que nos enviou um e-mail reclamando de nossas postagens. Depois de sua reaproximação com o presidente Jair Bolsonaro(PL) - uma atitude no mínimo polêmica - agora é a vez da repercusão de seus vídeos que fazem referência ao seu principal concorrente ao Senado pelo Estado do Paraná, Álvaro Dias, do Podemos. "Ingrato' é o adjetivo mais civilizado que circula pelas redes sociais, quando os internautas fazem menção a um passado recente, onde o cacique do Podemos lhes ofereceu as mãos e o partido para viabilizar as pretenções presidenciais do ex-juiz da Operação Lava-Jato. 

Hoje o IPEC divulgou uma pesquisa sobre a corrida ao Senado no Estado, onde Álvaro Dias abre 11 pontos de diferença em relação ao ex-juiz. Logo mais, a partir das 22h:00 a Band News realizará um debate entre eles, o que explica a enorme repercussão dessa polêmica pelas redes sociais. Vou aqui fazer um prognóstico sombrio: o ex-juiz não será eleito Senador pelo Estado do Paraná, o que signifca que ele não contará com o tão almejado foro priviliegado para enfrentar uma eventual enxurrada de ações jurídicas partir de 2023. 

Desde o início que ele encontra-se um pouco - ou seria muito? - perdido. Já analisamos por aqui os inúmeros erros de avaliação cometidos pelo ex-juiz, que talvez devesse ter ficado com a sua toga e as apostilas para ministrar suas aulas de direito. Seria menos traumática sua trajetória, embora igualmente menos glamorosa. Suas ambições em relação a ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal - em tese justa - é o que parece ter provocado toda essa situação um pouco "desencontrada".   

Editorial: Uma no cravo, outra na ferradura.



Já bastante ansioso para o debate de logo mais, às 18h:30, entre os candidatos ao Governo do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, que está sendo organizado por um pool de empresas de comunicação, liderado pela revista Veja. E, por falar na publicação, seus leitores foram literalmente brindados com três excelentes reflexões políticas em seu site. A primeira que fazemos referência aqui é o texto do consultor e articulista Thomas Traumann, preciso em suas conclusões sobre as razões pelas quais a candidatura do presidente Jair Bolsonaro está estagnada, a despeito das mudanças de estratégias, pacote de bondades e os ataques frontais ao candidato Lula, explorando o tema nevrálgico da corrupção. 

Já entraram na fase do desespero, a julgar pelas comemorações, em redes sociais, de um laudo atestando a autenticidade de um áudio do ex-presidente sobre o seu ex-ministro Antonio Palocci, sugerindo que Lula poderia desejar a sua morte. Depois de dialogar com os leitores sobre as diferentes alternativas que já foram tentadas para melhorar o desempeho do presidente nas pesquisas de intenção de voto, Thomas aponta a alta rejeição de Bolsonaro como o "X' da questão, ou seja, o problema de Bolsonaro é o próprio Bolsonaro. De fato, sim, se considerarmos às observações do articulista as avaliações do guru da Ciência Política,  Antonio Lavareda, bem lá atrás, quando este afirmava que um mandatário com taxa de rejeição superior a 40% dificilmente renova o contrato de locação do Palácio. 

Na pesquisa mais recente do IPESPE, publicada no dia de hoje, 17\09, por sinal, ele oscila negativamente, perdendo mais um pontinho nesta reta final de campanha, enquanto Lula oscila positivamente, amealhando mais um pontinho. Ainda na sexta-feira, tivemos a opotunidade de ler as reflexões sobre um pedido de socorro da população periférica dos bairros ou favelas do Rio de Janeiro, literalmente, "sufocadas" pelas narcomilícias, ora com a ausência, ora com a complacência do aparelho de Estado. O segundo texto é do articulista José Casado. 

Aliás, dada a penetração do crime organizado nas instituições de Estado no Rio de Jaineiro, fica difícil determinar quem é quem ou se um mínimo de institucionalidade será respeitada nos padrões de relação entre o público e o privado. No Rio já existe o que a pesquisadora Margarita Valência classificou como Capitalismo Gore, onde a linha é muito tênua entre o crime organizado e as instituições de Estado. Uma das coisas que consideramos mais inusitada nesses padrões de relações promíscuas é o papel desempenhado pelos grupos evangélicos nesse contexto, um tema que requer amplos estudos de investigações, já que há fortes indícios de flertes com essas plataformas políticas e as suas práticas ilícitas ou criminosas. 

A origem das milícias são as "inocentes' associações de moradores. Em princípio, combatiam os traficantes, mas logo perceram no tráfico de drogas uma excelente oportunidade de ampliarem seus negócios, tratando de expulsar os concorrentes do local. O artigo do cientista político Fernando Shüller, remete-nos a uma análise sobre este clima de animosidade políica em que nos metemos, ou uma pregação de Fim do Mundo, por parte de cada eleitor identificado com um dos pólos dessa polarização. Infelizmente isso é inevitável num preocesso de polarização, como sugeria o sociólogo jamaicano Stuart Hall, observando que o mal está criação de binômios, onde um dos pólos acaba desejando destruir o outro. Todos de parabéns pela análises e reflexões.   

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Editorial: Os 12% da discórdia



Esses 12% estão entusiasmando petistas e deixando os bolsonaristas em polvorosa, lançando todas as pragas contra o Instituto Datafolha, hoje mais conhecido entre eles como DataLula.  Esse escore é a diferença que separam o candidato Luis Inácio Lula da Silva de Jair Bolsonaro, de acordo com a última pesquisa do Instituto. Na realidade, não apenas o Datafolha, mas os demais institutos, de grande porte e com vasta espertise de mercado, mantém, com algumas diferenças nos índices, essa liderança do candidato petista nesta reta final de campanha. 

Ainda prefiro orientar nossas análises a partir dos resultados apontados por tais institutos, a depeito de saber que há alguns deles indicando, inclusive, um empate técnico entre ambos ou até mesmo a superioridade do candidato Jair Bolsonaro, para regozijo dos partidários  do presidente. Essa discrepância de índices entre os institutos suscitou uma enorme polêmica em torno do assunto. Sempre enfatizo por aqui o nosso respeito aos institutos de pesquisa, inclusive os novos, que merecem o nossa atenção devida para adquirirem credibilidade e se consolidarem no mercado. 

Sinto que alguns analistas desejam "descredenciá-los' simplesmente pela ausência de lastro no mercado, o que se constitue num equívoco. Várias condições podem contribuir para distorcer os resultados de uma pesquisa. A confiança na definição da amostragem, o método, a influência dos patrocinadores, etc. Há institutos que saem a campo, outros simplesmente entrevistam os eleitores, aleatoriamente, pelo telefone. A amostragem, por exemplo, precisa ser definida com base em dados populacionais confiáveis e isso hoje se constitue num problema no país. Invoco aqui o "viés' do patrocinador, mas nem deveria fazê-lo, pois se exigiria, em princípio, a isenção necessária desses órgãos de pesquisa na execução dos seus trabalhos. Há, entretanto, um desses institutos que está sendo muito questionado em razão de um eventual contrato com o Governo Federal. 

Aqui em Pernambuco, existe uma praia famosa no mundo todo, a Praia de Porto de Galinhas, localizada no município de Ipojuca. Quando ministrava aulas num Curso de Administração, nossos alunos realizavam, como atividade da disciplina, uma pesquisa sócio-econômica na cidade de Ipojuca. Lembro que, à época, toda a nossa preocupação era que os questionários e entrevistas fossem aplicados rigorosamente apenas com os moradores da cidade, evitando entrevistar - para esse propósito específico - aquela população flutuante, ou seja, os veranistas, que estavam apenas de passeio no balneário. 

Essa população flutuante ou de veranistas vão ali apenas para curtir o centrinho, que envolve a praia, os passeios, os bares e o comércio local. Essa "zona de conforto" está bem distante dos reais problemas da cidade. O município tem sérios problemas de infraestrutura, como saneamento básico, moradia, educação e um alto índice violência, movido pelo tráfico de drogas. Isso não seria observado por uma população que curte apenas os finais de semana na praia, circulando no local, tomando seu chop nos bares ou um sorvetinho de pitanga no final de tarde. A pitanga, aliás, está se tornando a fruta nordestina preferida da monarquia. Dom Pedro adorava o sorvete e a Rainha Elizabeth, falecida recentemente, ficou entantada com o sabor do suco quando esteve no Recife. Não se pode dizer que eles não tinham bom gosto.Isso sem falar no famoso licor de pitangas do sociólogo Gilberto Freyre. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: O debate na TV Tambaú entre os candidatos ao Governo da Paraíba

 


Hoje, dia 15\09, ocorreu a realização do debate entre os candidatos que concorrem ao Governo da Paraíba, organizado pela TV Tambaú no Estado, retransmissora do SBT. Quero aqui enaltecer a presença e a qualidade das intervenções dos candidatos dos chamados partidos pequenos, como o PSTU, o Partido da Causa Operária e o Psol, que conseguiram demarcar bem as diferenças ideológicas e de agenda de políticas públicas que os separam dos candidatos, digamos assim - apenas a nível de identificação - da "burguesia". Adjane Simplício, do Psol, cobrou do atual governador, João Azevedo - que concorre à reeleição pelo PSB - o avanço nas políticas públicas de proteção às mulheres no Estado, segundo ela, estagnadas durante a sua gestão. 

Antonio Nascimento, do PSTU - um ex-motorista de ônibus demitido em razão de suas ações sindicais - centrou suas críticas nos desmandos ou descaso das políticas públicas na área de saúde no Estado, em certa medida, segundo ele, como resultado dos desvios de recursos públicos investigados pela Operação Calvário. A "Operação Calvário" constitue-se numa verdadeira dor de cabeça para o atual governador, que, em todos os debates precisa dar satisfações em torno do assunto, uma vez que integrava a gestão acusada dos desvios. Calcula-se que tenham sido desviado mais de 130 milhões dos cofres públicos, relatados por uma operadora - que fez delação premiada - com riqueza de detalhes, inclusive com indicação dos locais onde eram distribuídos as malas com as "mangas" de Santa Rita. Não tenho a menor dúvida sobre a sua sinceridade.   

Adriano Trajano, candidato da Causa Operária, apontou as contradições do candidato apoiado de Lula no Estado, que teria votado favoravelmente ao impeachmet da presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Um questionamento que poderia ser dirigido a muitos candidatos hoje apoiados pelo PT pelo Brasil afora, dentro dos padrões aliancistas impostos pela conjuntura política brasileira. Por muito pouco Lula não fechou um grande acordão com o ex-presidente Michel Temer(MDB-SP). Trajano tem razão ao afimar que o seu padrão de apoio é bem distinto, pois estaria com Lula em qualquer circunstância. 

Os candidatos melhores posicionados nas pesquisas de intenção de voto disputam, com o atual governador, Joáo Azevedo(PSB-PB), um provável segundo turno das eleições paraibanas. Veneziano Vital(MDB-PB), Nilvan Ferreira(PL-PB) e Pedro Cunha Lima(PSDB-PB) competem, entre si, para tornar-se aquele que irá se sobressair neste pelotão do empate técnico. Venezinao Vital do Rêgo,  é apoaido por Lula, Nilvan Ferreira por Jair Bolsonaro e Pedro Cunha Lima apoia-se no capital político da família, que tem base no município de Campina Grande.

Pela familiaridade com as câmaras, a identificação com o bolsonarismo e o despojamento nas críticas ácidas ao governo atual e aos anteriores, o candidato Nilvan Ferreira reúne, hoje, melhores condições de polarizar as eleições paraibanas. O grande problema de Nilvan é que o bolsonarismo naquele Estado ainda não está tão consolidado como aqui em Pernambuco. Ambos, Pedro Cunha e Veneziano Vital, de alguma forma ou em momentos distintos, estabeleceram algum padrão de relação com os grupos políticos que estiveram ocupando o Palácio Redenção, o que se constitue em mais um dificultador para estabelecer essa "diferenciação". Nilvan corre solto porque nunca foi governo.