pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Uma democracia recebida a tiros ou como a necessidade de ser intolerante com os intolerantes se torna fundamental numa democracia.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Editorial: Uma democracia recebida a tiros ou como a necessidade de ser intolerante com os intolerantes se torna fundamental numa democracia.



Em 1945, no livro A Sociedade Livre e Seus Inimigos, o filósofo Karl Popper, refletindo sobre a questão da tolerância nas sociedades livres e democráticas - em contraposição à supressão das liberdades individuais e coletivas nas sociedades fechadas ou regimes autoritários, bem em voga por esse período - concluiu que uma sociedade tolerante precisa ser intolerante com os intolerantes. Estava formulado o polêmico paradoxo da intolerância, que sempre vem à baila por ocasiões específicas, como a dos tristes episódios do dia de ontem, quando o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson recebeu à bala os agentes da Polícia Federal que foram até a sua residência cumprir um mandado de prisão expedido pelo Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, o Ministro Alexandre de Moraes. 

A motivação se deu, salvo melhor juízo, pelo descumprimento das normas estabelecidas pela prisão domiciliar, que prevê que o réu não poderia usar as redes sociais, tampoupo com tais finalidades. O fato concreto é que a nossa incipiente democracia foi recebida a tiros e granadas, por um cidadão fora de si, tomado pelos impulsos e ódio político. Esse "climão' perigoso vem sendo gestado no país desde 2013, conforme já expusemos em outras ocasiões. As sementes do ódio, da intolerãncia, do desprezo e do não respeito pelo outro, estão sempre presentes nas sociedades, precisando apenas de um adubozinho ou de uma rega frequente, gatilho disparado quando hordas de torcedores de classe média passaram a chingar uma presidente, com termos chulos, durante uma partida de futebol.  

O fato concreto é que permitirmo que esse ódio florescesse, criando ordas organizadas e ativas - que vão da liga de dominó da esquina até às instituições do aparelho de Estado, irremediavelmente comprometidas - disseminando discursos de ódio, de intolerância e de destruição do outro por todo o país. Nessas eleições, reparem quantas mensagens do gênero vocês receberam em seus mais inusitados grupos de whatsApp, como aquels destinado a tratar, por exemplo, dos assuntos estritamente relativos ao seu condomínio. Não à toa, afirmamos sempre que teremos um terceito turno das eleições de outubro. Se o candidato do campo progressista vencer, será um inferno enfrentar a ira dos partidários do representante da direita. Se o candidato da direita vencer, caminhamamos cm. eleremente para um processo de hungrialização do país, como disse ontem. Somos hoje a democracia mais ameaçado do mundo. 

Nunca ouvi do senhor Jair Bolsonaro(PL) uma fala categórica, afirmando que aceitará os resultados das eleições de outubro. Num regime de democracia consolidada, isso seria uma afronta. Ao fim e ao cabo, a conclusão é que a nossa democracia precisaria ser intolerante com os intolerantes, com o propósito de continuarmos como uma sociedade tolerante, aberta, laica, republicana e democrática - perdão pela tautologia, mas é que se faz necessário enfatizar o termo, sobretudo nesses tempos onde grupos sociais influentes e organizados parecem desprezá-lo. 

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