Em termos de violência, o país enfrenta um momento bastante delicado, não sendo privilégio de Pernambuco o aumento sensível dos índices de violência. Por alguns momentos, já discutimos por aqui a implantação ou consolidação do SUSP - Sistema Único de Segurança Pública - que seria uma espécie de SUS da Segurança Pública. Díficil implantar um sistema nacional desse porte, quando alguns entes federados estão advogando a autonomia para decidirem, por exemplo, sobre o uso de câmaras nos uniformes dos policiais ou mesmo sobre a autonomia no que concerne a aquisição de armas pelos cidadãos e cidadãs. Iniciativas dessa natureza partem, sobretudo, de Estados governados pela oposição.
Infelizmente, nós não temos uma oposição propositiva, republicana, conciliadora, aberta à construção de consensos. A audiência concedida pelo Ministro da Justiça à Câmara dos Deputados, atendendo a um pedido da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, trata-se de um legado que deve ser guardado como um exemplo de como deve se comportar um gestor público nessas ocasiões. O ministro Ricardo Lewandowski enfrentou a bancada da bala completamente desarmado. Aliás, armado com polidez, espírito público, urbanidade, humildade, procurando colher sugestões e informações que pudessem ser revertidas em benefício da população como um todo.
Seria muito bom se a recíproca fosse verdadeira. Infelizmente, a resposta é não. Um bom exemplo das dificuldades em ajustar eventuais consensos é a PEC da Saidinha, onde a oposição aguarda o momento de derrubar o veto do presidente Lula. O veto se deu sob uma parte ínfima do projeto inicial, talvez 2%. 98% foi sancionado pelo presidente. Estamos diante de uma oposição que resolveu assistir o Governo Lula sangrar em praça pública. Abandonando a lógica das convicções, cara ao partido, o presidente Lula, diante das circunstâncias extremamente adversas, adotou uma postura de concessões e conciliações. Nem assim está conseguindo bons resultados.
Sabe-se, por exemplo, que ele precisou cortar na própria pele, no afã de evitar arestas ainda maiores com o Legislativo. A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é totalmente contra o projeto da Saidinha, consoante um debate interno com entidades representativas dos direitos humanos. O Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, também se mostrou contra, advogando que a medida favorece o crime organizado. A rigor, Lula ignorou seus próprios auxiliares. Assim tem sido, igualmente, em relação a outros temas polêmicos.
No dia de hoje, 07, foi divulgado um número oficial sobre os crimes violentos letais intencionais no Estado de Pernambuco, no mês de abril, onde o índice supera os registrados no mesmo mês, no ano de 2018. Com 324 mortes, trata-se de o pior abril desde 2018. Já estão se tornando rotineiras essas quebras de recordes de violência, o que faz do Estado um forte candidato a liderar o ranking nacional de violência. A morte do jovem Gean Carlos, de 20 anos, ferido a faca, depois de um assalto a ônibus na Conde da Boa Vista, infelizmente, torna-se um símbolo dessa situação deplorável em que o Estado se encontra.
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