Professores universitários em greve realizaram no dia de ontem, 27, um grande protesto em Brasília, mais precisamente em frente ao Ministério de Gestão e Inovação. Preocupa bastante o fato de os professores e o Governo Federal não conseguiram avançar nas negociações que envolvem a recomposição das perdas salariais dos docentes ao longo dos anos. Estima-se que mais de sessenta IFES e ITF's estejam com as suas atividades paralisadas em razão da greve, que pode até ser ampliada diante dos impasses surgidos ao longo das negociações infrutíferas.
Ocorreu um grave equívoco do Governo - apesar de sabermos de sua sensibilidade ao problema e a disposição à abertura ao diálogo - em não prevê algum tipo de recomposição para o ano de 2024. Algumas categorias já estavam sem reajustes há sete anos, com o poder de compra no limbo, corroído ao limite do tolerável. Aliás, senhores, como foi possível que gestores públicos, parlamentares e setores do judiciário permitissem que algumas categorias de servidores ficassem tanto tempo sem reajuste? Na pandemia o sacrifício exigido atingiu apenas os servidores civis, uma vez que os militares obtiveram recomposições salariais regulares,inclusive com penduricalhos que inflaram seus vencimentos.
O Governo Lula não foi o responsável por esses desmandos contra os servidores civis, tampouco as finanças públicas reuniriam as condições de equacionar o problema a curto prazo. Mas trata-se de um equívoco deixar de se propor algum tipo de reparação de perdas salariais para o servidores em 2024. Por ocasião da relatoria do orçamento, o relator raspou dinheiro de programas sociais, do Farmácia Popular, apenas para engordar os recursos destinados às emendas parlamentares, que saíram dos R$ 33 bilhões antes previstos para R$ 55 bilhões.
Para completar o enredo, ainda há quem proponha uma PEC do Quinquênio ampliando os privilégios e as distorções dentro da máquina pública, que sempre manteve algumas castas de privilegiados. Até recentemente, o vale-alimentação dos servidores do Poder Executivo não chegava a R$ 300,00 enquanto os mesmos vales dos outros poderes atingiam a cifra de R$ 1000,00. Somente agora essa distorção está sendo corrigida. Há uma luta justa dos servidores, mas, frize-se as pautas de corte meramente corporativos, em relação as quais o Governo Lula precisa ficar atento. Quando, no segundo Governo Lula, foram concedidos aumentos diferenciados aos professores universitários, não nos recordamos se eles exigiram o mesmo tratamento, por exemplo, para os servidores administrativos das IFES.
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