Comenta-se que aqui na província que um jornalista com mais de 30 anos de redação teria sido demitido apenas por ter divulgado, em seu site, uma matéria sobre irregularidades em prestação de contas oficiais, apontadas pelos órgãos de fiscalização. Alguém ligou e pediu a sua cabeça. Uma família de classe média alta mantinha uma senhora numa espécie de trabalho análogo à escravidão durante décadas. O fato chegou ao conhecimento do público, mas a imprensa foi terminantemente proibida de divulgar o nome da família.
Há um outro constrangimento, por outro lado, imposto pelos limites das transparência de uma série de atos públicos, envolvendo órgão dos Três Poderes, que seriam os primeiros a dar bons exemplos. Curioso que até órgãos de fiscalização e controle estão referendando essas medidas. Hoje, dependendo do que você afirmar, alguém pode se considerar ofendido e pedir reparação ou você pode ser enquadrado como disseminador de fake news, que, dependendo da situação, poderia ser até mais grave.
Andamos pisamos em ovos para manter um blog com um este perfil, sem infringir algumas dessas novas anormalidades, características desses dias sombrios que o país atravessa, mas as coisas estão se tornando doentias. No dia de ontem, por exemplo, a polícia de um Estado vizinho realizou uma operação onde foram presos diversos elementos, com forte armamento e munição. Esses elementos pertenciam a uma determinado facção, com atuação nacional, que acabou não sendo, estranhamente, citada na reportagem. Medo de retaliação? Tudo é possível.
Este editor publicou por aqui uma matéria alusiva aos cem anos do escritor pernambucano Osman Lins, cuja data se aproxima. 08 de julho, para ser mais preciso. Osman trabalhou num banco estatal, que chegamos a citar na postagem,mas logo em seguida optamos por retirar. Deixamos por conta da imaginação dos leitores. Mesmo transcorridos tantos anos, vai que o banco, com sua banca de advogados azeitada, resolvesse acionar este humilde editor, alegando prejuízos financeiros às suas operações. E olhem que não afirmamos, naquele momento, nada que ferisse as normas do respeito à civilidade. Apenas aquilo que era dito pelo próprio escritor, ou seja, que nunca teve seu talento reconhecido pela instituição, que sempre o tratou como um simples bancário.
Vamos ser sinceros por aqui. Isso não pode ser sadio. Tornou-se algo patológico, doentio, com um potencial de produzir transtornos sociais graves. Outro dia um blogueiro de Alagoas foi acionado juridicamente por um gestor municipal porque o tratou de fiel escudeiro de Jair Bolsonaro. Ainda bem que o juiz que avaliou o caso, com muita sensatez, registre-se, considerou impertinente a denúncia, alegando que não havia ofensa na afirmação. Os melindres estão à flor da pele.
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