pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PTB fortalecido nas eleições em Pernambuco

 
 
 
 
 
Partido vence disputa em 25 municípios, a exemplo de Goiana, Igarassu, Gravatá, Garanhuns e Arcoverde


Após liderar o processo político que culminou com a viabilização da candidatura do prefeito eleito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), o PTB de Pernambuco fez um balanço parcial das eleições com resultados extremamente positivos. O partido elegeu 25 prefeitos e 16 vice-prefeitos. Além disso, contabiliza cerca de 15 prefeitos eleitos por outras legendas, mas que fazem parte do grupo político do senador Armando Monteiro, presidente estadual do PTB.

O PTB obteve vitórias importantes em municípios das mais diversas regiões do Estado, a exemplo de Igarassu e Itamaracá, na Metropolitana do Recife; Goiana, que será um novo polo industrial em Pernambuco, e Nazaré da Mata, na Mata Norte; Rio Formoso, na Mata Sul; Garanhuns, Gravatá, São Caetano, Brejo da Madre de Deus e João Alfredo, no Agreste; Arcoverde, Tabira e Exu, no Sertão.

O senador Armando Monteiro destaca no desempenho deste ano a postura ainda mais aberta do PTB, que fez alianças amplas com as mais diversas legendas do Estado. “O PTB se situou muito bem neste contexto, porque o partido – que tem um espírito aliancista – pôde, entre candidaturas próprias e chapas que ele compôs, estar presente em composições vitoriosas em 40 municípios do Estado: 25 com prefeitos eleitos pela legenda, o que dá a ele a segunda posição no Estado”, ressaltou.

Veja abaixo a avaliação que o senador Armando Monteiro faz do processo eleitoral, inclusive no Recife:

Desempenho do PTB no Estado

Armando Monteiro – “Primeiro, é preciso considerar que a Frente Popular de Pernambuco, onde estamos inseridos, obteve uma vitória muito expressiva em Pernambuco. Não só pelo resultado do Recife, que é emblemático, mas também pelo desempenho da Frente na área metropolitana e pela esmagadora presença nos municípios do interior do Estado. O PTB se situou muito bem neste contexto, porque o partido – que tem um espírito aliancista – pôde, entre candidaturas próprias e chapas que ele compôs, estar presente em composições vitoriosas em 40 municípios do Estado: 25 com prefeitos eleitos pela legenda, o que dá a ele a segunda posição no Estado, e outros 15 por partidos aliados. Além disso, teve 15 vice-prefeitos eleitos pela legenda. Então, o desempenho do PTB, sob qualquer critério, é um desempenho muito expressivo. Tanto do ponto de vista numérico quanto do ponto de vista da capilaridade, da presença do partido nas diversas microregiões do Estado”.

Vitória em municípios de peso

Armando Monteiro – “O PTB vai passar a governar cidades estratégicas no Estado, como por exemplo, Goiana, que é uma cidade emblemática desta nova economia de Pernambuco. Amplia a presença na área metropolitana, com a conquista de Igarassu, que é um município também estratégico no litoral norte de Pernambuco, e Itamaracá. E, no Agreste, fortalece a sua presença. No Agreste Central, conquistando a prefeitura de Gravatá. Também conquistando a mais importante cidade do Agreste Meridional, que é Garanhuns, terceiro maior colégio eleitoral do interior de Pernambuco. E continua tendo uma presença importante como, por exemplo, em Arcoverde, que é a porta do Sertão de Pernambuco. Chega agora a conquistas importantes na região lá do Sertão do Pajeú, como Tabira. Portanto, o PTB consolida a sua presença como uma força expressiva no Estado de Pernambuco e reforça este enlace que ele tem com outros partidos da ampla aliança que forma a Frente Popular de Pernambuco”.

Vitória no Recife

Armando Monteiro – “O PTB se sente feliz por ter defendido, junto com outros partidos da Frente, a tese de uma candidatura alternativa no Recife, que veio a ser amplamente consagrada, inicialmente com a candidatura de Geraldo, e agora com a eleição de Geraldo. Significa que essa tese tinha correspondência verdadeiramente com a vontade do recifense. O recifense queria uma candidatura com outro perfil e Geraldo atendeu a esse anseio da cidade do Recife. Não só porque reuniu forças políticas expressivas que estão alinhadas com este projeto que vem mudando Pernambuco, capitaneado pelo governador Eduardo Campo, como também pelo seu próprio perfil de gestor. O recifense quer agora alguém que dê respostas mais efetivas às demandas da cidade. E alguém que saiba fazer e “fazer fazer”, capacidade de liderar equipes, de dominar processos administrativos, de modo a que as coisas aconteçam. Portanto a candidatura e a eleição de Geraldo abrem para o Recife uma perspectiva de podermos inaugurar uma gestão inovadora e transformadora no Recife”.

PREFEITOS ELEITOS PTB 2012

1. Alagoinha - Maurílio

2. Arcoverde – Madalena

3. Brejo da Madre de Deus – Dr. Edson

4. Brejão - Ronaldo

5. Caetés – Armando Duarte

6. Camocim de São Felix – Uilson de Tetê

7. Exu – Léo Saraiva

8. Garanhuns – Izaias Regis

9. Gloria do Goitá – Dr. Miranda

10. Goiana – Fred Gadelha

11. Gravatá – Bruno Martiniano

12. Iati – Padre Jorge

13. Igarassu – Mario Ricardo

14. Itamaracá – Paulo Batista

15. Jucati – Gerson Henrique

16. João Alfredo – Maria Sebastiana

17. Lagoa dos Gatos - Veronica

18. Nazaré da Mata - Nado

19. Panelas – Sergio Miranda

20. Pedra – Zeca Vaz

21. Rio Formoso – Dr. Hely

22. Santa Cruz da Baixa Verde – Zé Bezerra Filho

23. Santa Terezinha – Delson Lustosa

24. São Caetano – Dr. Neves

25. Tabira- Sebastião Dias



Crédito da foto: Alexandre Albuquerque/divulgação

Estela agradece os votos obtidos e afirma que João Pessoa "viverá um grande retrocesso".

 



A candidata Estela Bezerra (PSB), terceira colocada nas eleições de João Pessoa, enviou nota à imprensa falando sobre o processo. A socialista falou das pesquisas, que segundo ela foram manipuladas, e disse que João Pessoa passará a viver um retrocesso.

Confira a nota na íntegra:

Agradeço o voto de confiança que obtive de cada uma das 74.498 pessoas que no dia 7 de outubro saíram de suas casas decididas a dar continuidade à mudança política e de modelo de gestão que nossa cidade começou a experimentar a partir de 2005. Agradeço a garra, a alegria e o fôlego de nossa militância que, em cada rua por onde passamos, em cada debate que enfrentamos, soube ser singular na criatividade e elegância. Não se deixou cair na cilada do baixo nível dos ataques morais que sofremos nesse processo.

Encerro esse ciclo com mais maturidade e fortalecida, mas com grande pesar no coração. Entendo que as escolhas feitas resultam da disputa e dos agentes que nela atuaram. Tivemos que lidar com a manipulação de “institutos de pesquisas”, que de maneira desonesta apostaram na tese do voto útil e a instrumentalizaram vergonhosamente contra nossa candidatura. Fomos sempre colocados para baixo. Os resultados das urnas não me deixam mentir. Enfrentamos ainda uma campanha subterrânea, ceivada de preconceitos, que apostou alto na discriminação e intolerância da sociedade. Quantas vezes tive que responder a questões sem relevância para a administração pública? Enfrentei a prática de quem faz da política um lugar de vaidade, favorecimento pessoal e demagogia. Nada disso me abateu.

Entrei na política pela porta do trabalho, vinda de uma experiência com base no diálogo, na reivindicação de direitos e formulação de políticas públicas. Aprimorei meus conhecimentos na administração municipal, colaborando com a gestão de Ricardo Coutinho, que resgatou o caráter público da administração. Os avanços construídos nesse período se perderam. João Pessoa viverá um grande retrocesso. As marcas desse retrocesso já estão presentes nas obras arrastadas, nas contratações irregulares e eleitoreiras e na má gestão do dinheiro público. Práticas clientelistas e patrimonialistas que já haviam sido superadas.

Trago em mim o sentimento do dever cumprido. Soubemos construir uma campanha propositiva, pensando em soluções reais para as demandas da cidade. Andamos de cabeça erguida e coração aberto por todos os lugares. Aprendi muito com o povo de João Pessoa e com as companheiras e companheiros que apostam na integridade e no trabalho para a construção de um futuro melhor e mais digno para a nossa cidade. Sigo com a crença que a política deve ser povoada de pessoas comuns, de pessoas de bem que façam da verdade e da transparência exercício do cotidiano.

Muito obrigada.

Estela Bezerra

João Pessoa, 8 de outubro de 2012.

Ricardo Coutinho: Eleição não é concurso de bumbum, mago.




Por diversas vezes nos debruçamos sobre as eleições em João Pessoa, onde o PSB cometeu algumas lambanças e deixou de eleger o prefeito da capital. A candidata do partido, Estelizabel Bezerra, sequer está no segundo turno daquelas eleições, que será decidida entre Luciano Cartaxo(PT) e Cícero Lucena, do PSDB. O fiel da balança será uma velha raposa da política local, o ex-governador José Maranhão. É bem provável que o candidato petista vença aquelas eleições, ele que tomou a decisão de enfrentar a cúpula partidário e venceu as prévias na agremiação. Comentou-se sobre um possível acordo entre Eduardo Campos e Lula para que o partido apoiasse o candidato do PSB, mas integrantes da legenda não aceitaram a imposição. Luciano Agra, o atual prefeito, apeado da disputa pelo Coletivo Ricardo Coutinho – nunca se soube os reais motivos – então, resolveu apoiar o nome de Cartaxo. Com uma gestão bem-avaliada –a 5º melhor do país – Agra possuia densidade eleitoral e aprovação, mas foi preterido pela máquina do PSB. Assim como no Recife, onde João da Costa manteve uma suposta “neutralidade”, Agra foi à luta e pode ser atribuído a ele – somado aos equívocos cometidos pelo PSB – uma possível eleição do primeiro prefeito petista para gerir os destinos da capital do Estado. Em João Pessoa, o PSB cometeu vários equívocos. Afastou-se de uma gestão bem avaliada, escolheu uma candidata sem densidade eleitoral – possivelmente em cima da tese do poste -, subestimou adversários etc. Não foram poucas as observações do nosso blog sobre o assunto. Por vezes, brincávamos ao afirmar que eleição não era concurso de bumbum. É funcamental muitas avaliações sobre as escolhas dos candidatos. No Recife, o governador Eduardo Campos chegou a fazer pesquisas junto ao eleitorado sobre o candidato ideal que eles gostariam de ver governando o Recife. Pinçou de sua equipe um então desconhecido técnico, com fama de bom gerente, com obras no currículo, e transformou-o no prefeito. Naquelas eleições, algo que nunca nos pareceu muito claro, é porque a escolha recaiu sobre o nome de Estelizabel Bezerra, salvo por um componente político bastante pessoal. O “mago” que já enfrentou eleições difíceis, superando grandes adversidades, parece ter superestimado sua capacidade de transferir prestígio para a sua candidata. Há de se considerar, inclusive, que sua avaliação não está nas alturas, como é o caso do governador de Pernambuco. No final do ano, devo ir a Jacumã conversar com os amigos e tomar uma Volúpia. Quem sabe, entre uma dose e outra, possamos entender o que se passou pelo PSB local.

Edilson Silva: Vamos para a próxima, "negão"!!!


Apesar dos seus mais de 13 mil votos, o coeficiente eleitoral não permitiu a eleição de Edilson Silva, do PSOL, um fato profundamente lamentado pelos seus eleitores, através das redes sociais. Edilson move-se pelo idealismo. Como bem observou o professor Michel Zaidan, Edilson lembra aquele PT da década de 80, que se reunia no Sindicato das Empregadas Domésticas. Uns idealistas que propunham mudanças radicais nos costumes políticos. Fez uma campanha com poucos recursos, com um megofone, em praça pública, como ele mesmo admite, muito semelhante aos evangélicos, em alguns casos, pregando no deserto como João Batista, numa concorrência desleal com o poder econômico. Muitas manifestações de solidariedade já foram encaminhadas ao "negão". Dentro de nossas possibilidades, nos nossos círculos, fizemos o que foi possível para ampliar sua mensagem. A mensagem de um ator político que muito poderia contribuir para melhorar o nível dos trabalhos na Casa de José Mariano. Infelizmente, Edilson, não foi o suficiente. Você obteve mais de 13 mil votos e foi barrado pelo coeficiente eleitoral. Há candidatos eleitos com menos da metade dos votos obtidos por você. Do grupo que poderia contribuir para melhorar o nível dos trabalhos daquela Casa, apenas um engomadinho, de origem burguesa, conseguiu ser eleito. Receba a  solidadirdade do nosso blog. Estaremos aqui sempre que você precisar. Nos recusamos a dizer que perdemos as esperanças.  Um grande abraço, amigo!

Celso Russomanno: O "fôlego ético" minou sua candidatura.


  
Nunca acreditamos muito no desempenho do ex-ministro Fernando Haddad nas eleições paulistas. Por vezes chegamos a lamentar que ele, um bom gestor e homem público correto, tivesse deixado o Ministério da Educação. Embora comprometido pela doença, o feeling político do ex-presidente, no sentido de apresentar caras novas ao eleitorado paulista, pelo menos naquela praça, parece-nos ter dado certo. A princípio, sugeriu-se que o eleitorado havia identificado em Celso Russomanno essa cara nova o que, em tese, explicava sua subida meteórica nas pesquisas. Por outro lado, quem acompanha o blog deve ter lido nossas observações sobre a tese do “fôlego ético” que poderia prejudicar o candidato na reta final da campnha, o que, de fato, parece-nos ter ocorrido. Tanto Serra quanto Haddad miraram no candidato e ele, literalmente, derreteu nas pesquisas. A sua coordenação de campanha tentou tudo que foi possível, mas não havia mais o que fazer. Caso ele passasse para o segundo turno, até a cabeça do seu principal marqueteiro já havia sido encomendada.

PT: Um desfecho melancólico no Recife


O muro das lamentações,hoje, no Recife, será destinado ao Partido dos Trabalhadores. Como diria o filósofo, a vitória tem um pai, a derrota uma penca de padrastos. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos – com todos os méritos – vem sendo apresentado como o grande fiador da vitória de Geraldo Júlio, um dos seus ex-secretários, projetando-se como uma das lideranças mais bem-sucedidas no atual momento da política brasileira, ancorado no partido que mais cresceu na última eleição do dia 12. Os padrastos da derrota do PT no Recife são muitos, algo que merece um aprofundamento maior, através de um artigo mais denso, que já estamos preparando. Em artigo polêmico, antecipamos essa derrota muito antes das eleições de ontem, dia 07, em mais um acerto do Blog do Jolugue. Analisando o quadro político recifense, desde o início, numa série de artigos – que serão transformados num livro – finalizamos um deles apontado a crônica de uma derrota anunciada do PT na capital pernambucana. O resumo da ópera é que o PT perdeu completamente o rumo nessas eleições. Um pouco de tudo: arrogância, autoritarismo, equívocos de avaliação, ausência de um discurso sintonizado com os acertos da gestão do atual prefeito, a escolha do candidato, a articulação política e os desencontros da própria campanha, como apontamos no artigo mencionado anteriormente. João Paulo, como se não fossem suficientes todos os deslizes, ainda cometeu a indelicadeza de afirmar que o PT governou o Recife apenas 08 anos, como se fosse possível apagar o nome de João da Costa da história do Partido. O mais surpreendente é que o PT  perdeu representatividade até mesmo entre aqueles eleitores mais renhidos, torcedores fanáticos, fiéis depositários da confiança na agremiação, o que levanta a suspeita do trabalho eficiente de bastidores desenvolvido pelo prefeito João da Costa que, manteve um silêncio obsequioso, mas, certamente, comeu o prato frio da vingança. Em certa medida, o seu peso nessas eleições ainda não foi suficientemente avaliado, mas, certamente, teve um peso nesse definhamento orgânico do PT no Recife. Não é à toa que ele hoje é apontado como Judas, como se fosse possível identificá-los na agremiação. As movimentações de Lula e o seu possível desentendimento com Eduardo Campos - apimentados por petistas briguentos - sempre tiveram como mote as eleições de 2014. Depois que eles acertaram os ponteiros quanto a essa questão, pragmaticamente, o cacique petista baixou a guarda e percebeu ser desnecessário colocar a mão na cumbuca recifense. O cálculo é simples: apenas poderia contribuir para prejudicar sua relação com Eduardo Campos, algo que não era do seu interesse. Lula é aquele cara que já na década de 80 afirmava para um jornal do ABC paulista – em meio às polêmicas partidárias do voto ideologicamente orientado : “Não importa a cor do voto, desde que ele caia na urna, companheiros”. Em Pernambuco, o ator político que pode efetivamente contribuir com os planos de manter o PT como inquilino do Palácio do Planalto, curiosamente, é o desafeto dos petistas locais, Eduardo Campos... pelo menos até 2014, caso o “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco não resolva alçar vôo agora.

domingo, 7 de outubro de 2012

PCB expulsa publicamente seu candidato a prefeito do Recife.

      
imagemCrédito: PCB
Sr. Roberto Numeriano:
(7 de outubro de 2012 – 17:00 horas)
Durante sua campanha à prefeitura do Recife, pelo PCB, tivemos suficientes motivos para retirar sua candidatura e substituí-lo por outro camarada, como admite a lei.
Não o fizemos apenas para não prejudicar as importantes campanhas a vereador dos nossos camaradas Délio e Elvira, mas também em respeito ao PSOL, com o qual estamos coligados em Recife, onde tem grande possibilidade de eleger um vereador, fato que o PCB valoriza. Se optássemos pela retirada de sua candidatura, certamente adviria uma crise política na campanha da Frente de Esquerda na cidade, com repercussão nacional.
Há uma semana, a Comissão Política Nacional do PCB exigiu-lhe esclarecimentos sobre a divulgação na internet, de sua parte, de propaganda de Sérgio Leite, candidato do PT a prefeito de Paulista (PE), afrontando decisão de todas as instâncias de direção do Partido (CC, CR e CM) no sentido da retirada do PCB da coligação em torno do candidato do PT nessa cidade.
Na última sexta-feira, em debate promovido pela Rede Globo com os candidatos a prefeito de Recife, você terminou suas declarações finais pedindo voto para um candidato a vereador em Paulista, expulso do PCB pelas citadas instâncias partidárias, exatamente por não retirar sua candidatura na coligação com aquele candidato a prefeito e por manter sua campanha graças a recurso na justiça eleitoral e não em nome do PCB.

A sua atitude neste debate é uma verdadeira traição ao PCB, que promoveu sua candidatura no pressuposto de que soubesse honrar a história do Partido e sua coerência política.
Diante do reiterado desrespeito às decisões partidárias e, agora, de uma afronta pública e premeditada ao Partido, a Comissão Política Nacional do PCB, através do presente comunicado, instaura um processo disciplinar contra Roberto Numeriano, considerando-o expulso do Partido e consequentemente desautorizando-o a falar em nome do PCB. Se for de seu interesse, poderá o punido se valer do direito de defesa, previsto na legislação eleitoral, junto ao Comitê Central do Partido, sem efeito suspensivo, conforme nosso Estatuto.
7 de outubro de 2012 (17:00 horas)
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional

Folha de São Paulo: Campos usa Recife como largada para 2014





FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
NATUZA NERY
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tenta consolidar sua hegemonia no poder ao escolher um candidato a prefeito de Recife modelado ao seu perfil, o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio (PSB).
Ao romper com o PT na capital pernambucana, Campos, presidente nacional do PSB, busca independência para uma possível candidatura presidencial em 2014.
Uma vitória de Geraldo Julio ofereceria a base de que o PSB necessita para manter um palanque forte no Estado, após a saída de Campos do governo, daqui a dois anos.
Aliados do governador afirmam que ele não deseja disputar uma vaga no Senado, por não ver possibilidade de, no cargo, ampliar o seu espaço no cenário nacional.
A cúpula petista já considera certa a candidatura de Campos à Presidência. Aliados mais pragmáticos do socialista dizem que tudo depende do grau de envolvimento do Brasil na crise econômica internacional.
O governador nega. Diz que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff e afirma que o rompimento com o PT é pontual e não afeta a relação nacional entre as siglas.
Antes de romper em Recife, Campos dizia que apoiaria o nome indicado pelo PT à sucessão na cidade. Ao anunciar a candidatura de Julio, alegou que a disputa interna tirou do PT a condição de liderar o processo.
EMPURRÃO
Para levar seu desconhecido candidato à liderança nas pesquisas, o governador atribuiu a ele o gerenciamento de grandes empreendimentos e ações sociais do Estado.
Com o apoio de 14 partidos, 12 minutos na TV e mais dinheiro em caixa que a soma das receitas de seus adversários, a campanha socialista decolou, empurrada pelo slogan "foi Geraldo que fez".
O PSB enviou aos eleitores milhares de cartas de apresentação do seu candidato.
O governador deixou várias vezes seu gabinete em horário de expediente para caminhar ao lado dele. E até gravou mensagem telefônica de apoio a Geraldo Julio.
O PT, que não contou com a presença do ex-presidente Lula no palanque de Humberto Costa, acusou o PSB de casar propaganda com a publicidade oficial do Estado.
O partido pediu há mais de um mês à Justiça a cassação da candidatura de Julio --o juiz eleitoral do caso é cunhado do presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.
Nesta semana, o PT entrou com outra ação, pedindo o impedimento do juiz. O Tribunal Regional Eleitoral não tem data para definir o caso.
 
Nota do Editor: Rapaziada, os órgãos de imprensa precisam combinar com Eduardo Campos sobre quando será lançada sua candidatura presidencial. A revista CartaCapital desta semana o apresenta como o grande vencedor das eleições de 2012. A Folha de São Paulo assegura até mesmo que a alta cúpula do PT considera que ele se lançará candidato presidencial já em 2014. A princípio, não foi isso o combinado com o casal Lula/Dilma. O medo que faz é que, diante de tantos incentivos, o "Moleque" dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco "queime" a largada, mordido que foi pela "mosca azul".

A prisão do jornalista Ricardo Antunes

 
 
Faço uma pequena pausa no meu retiro acadêmico/profissional para prestar um esclarecimento aos participantes deste blog. A essa hora do dia, boa parte de vocês devem estar sabendo que o jornalista Ricardo Antunes foi preso na tarde de hoje, acusado de tentar extorquir o cientista político Antônio Lavareda. E, todos devem lembrar, Ricardo Antunes ocupou algumas vezes esse espaço como articulista.
Antunes nos procurou, há cerca de um ano, dizendo que estava voltando a morar no Recife (passou uma temporada em São Paulo e Brasília). Disse que queria se reinserir no mercado local e pediu um espaço para expor suas ideias. Como o blog sempre foi um ambiente democrático (por aqui já passaram textos de várias tendências políticas), acolhemos os artigos enviados.
Poucas semanas depois do início da “colaboração” de Ricardo Antunes, começamos a receber telefonemas de várias pessoas reclamando da forma de atuar do repórter. E mais que isso. Pelo menos um deputado federal, um senador e um secretário de Estado nos ligaram para falar de “pedidos estranhos” de Antunes.
Fizemos o que podia ser feito. Por precaução, passamos a recusar os textos do jornalista, que chegou a nos acusar de censura, em um email agressivo enviado a Pierre. Ricardo Antunes, então, decidiu abrir seu próprio blog, o Leitura Crítica.
Há algumas semanas, Pierre foi procurado por um amigo que trabalha com Lavareda. Ele perguntou se Ricardo Antunes ainda tinha alguma ligação com o Acerto de Contas. Pierre disse que não, que o blog cancelou qualquer participação dele por causa de suspeitas de sua conduta ética, após várias queixas. O interlocutor, então, contou que Lavareda estaria sendo extorquido por Antunes. Falou que havia provas disso (emails).
Preocupado, Pierre me ligou na hora. Infelizmente, sei que esse tipo de conduta não é rara entre meus colegas de profissão. Há os que “pedem” favores/dinheiro em troca de notícias e há os pequenos “mimos”, como viagens, presentes etc. É triste, mas a pura verdade. Sabedor disso, falei a Pierre (que é amigo de Lavareda) que aconselhasse a vítima a fazer a única coisa correta numa situação destas: comunicar formalmente à polícia, apresentando as provas. Isso é necessário para que tentemos acabar com esse tipo de prática no jornalismo (e em qualquer outra profissão).
Pelo jeito Lavareda seguiu o conselho. E o resto da história vocês já sabem.
Depois da prisão, recebi várias ligações de supostas vítimas de extorsões atribuídas a Antunes e de pessoas conhecedoras de outros casos. Na imensa lista de vítimas que me passaram, estão desde o atual prefeito do Recife até advogados, empresários e políticos em geral. Alguns pagaram para se livrar da perseguição. Outros se recusaram e viram seus nomes jogados na lama, com textos e acusações não necessariamente verdadeiros.
 
(Matéria publicado pelo blog "Acertos de Contas", onde o jornalista, por um certo tempo, foi colaborador).

sábado, 6 de outubro de 2012

Eduardo Campos, o vencedor de 2012

Daniel Coelho, um dos grandes vencedores das eleições do Recife.


Sejam quais forem os resultados das próximas eleições no Recife, já é possível apontar perdedores e vencedores, embora isso não implique, necessariamente, a habilitação para ocupar o Palácio Antonio Farias pelos próximos 04 anos. Apesar de entender que ainda não é o momento para Daniel Coelho, o candidato do PSDB, sem sombra de dúvidas, fez bonito nessas eleições. Conseguir apear o PT de disputar um segundo turno no Recife, para o seu mentor, Sérgio Guerra, isso tem sabor de uma picanha argentina na brasa, acompanhada de farofa e uma cervejinha bem geladinha. Guerra recebeu pressões tanto do PSB quanto do próprio PSDB para abdicar dessa candidatura. Analistas do próprio partido consideraram a possibilidade de apoio ao candidato dos democratas, Mendonça Filho. Jugmman, por sua vez, não passou de um grande blefe de Sérgio, por isso nem estamos considerando que o grão-tucano, em algum momento, avaliou seriamente a possibilidade de apoiar seu projeto de torna-se candidato a prefeito do Recife. É necessário tomar muito cuidado com esse ator político. No momento, apesar de manter-se estrategicamente equidistante do palanque de Daniel, ele se regozija de ter acertado na estratégia e no candidato. Se ocorrer um segundo turno no Recife, muito possivelmente ele se dará entre Daniel Coelho e Geraldo Júlio. Neste momento, se coloca uma questão: como se comportará o senhor Daniel Coelho, de certa forma alinhado à figuras políticas que mantém um bom trânsito com o Campo das Princesas, como o próprio governador Eduardo Campos? No mínimo, esperamos uma campanha mais moderada. Ele, que foi gestado para tornar o PSDB  uma força política minimamente expressiva no Estado, em particular no Recife, vem cumprindo muito bem o seu papel, diria mesmo, para além das expectativas. Conforme já informamos, é necessário fazermos uma análise mais consistente para explicarmos a sua performance nessa campanha. Há quem diga que ele vem recebendo votos de eleitores petistas insatisfeitos, mas garantimos que não é por sua origem clorofilada. Agora, sem nenhum exagero, ele é um dos grandes vencedores dessa campanha.  

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Daniel pode levar a eleição para o segundo turno no Recife.



 
Egresso do PV, o neotucano Daniel Coelho registra na disputa pela prefeitura de Recife um desempenho que surpreende o PSDB, inquieta o PSB e desorienta o PT. Em curva ascendente, a novidade de Pernambuco subiu mais quatro pontos em seis dias. Cravou 26% no mais novo Datafolha.
Com esse desempenho, o jovem Daniel, 34, ameaça conspurcar os planos do governador Eduardo Campos, que esperava eleger Geraldo Julio (PSB) no primeiro turno. A cria do governador oscilou um ponto para baixo. Com 41%, conserva-se na liderança. Porém…
Mantido o quadro atual, faltam-lhe votos para evitar o segundo round. Na conta utilizada pelo TSE, que exclui os votos brancos e nulos, Geraldo Julio teria, hoje, 45% dos votos. Está distante dos 50% mais um que liquidariam a fatura num único round. Nessa contabilidade, Daniel Coelho amealha 29%.
Abandonado por Lula e por Dilma Rousseff, que se esquivaram de dar as caras na capital pernambucana, Humberto Costa, o candidato do PT, escorregou um ponto. Na semana passada, dispunha de 17%. Agora, soma 16%. Amarga a perspectiva de ser excluído da disputa numa cidade governada pelo PT há 12 anos.
O Datafolha perscrutou também os cenários do segundo turno. Aos olhos de hoje, o candidato de Eduardo Campos prevaleceria em qualquer circunstância. Mas o contendor do PSDB insinua-se como um osso mais duro de roer do que o antagonista do PT.
Num embate direto contra Humberto Costa, Geraldo Julio venceria por 59% a 29%. Numa disputa com Daniel Coelho, viraria prefeito com um placar de 52% a 37%. Com um complicador: além de ter tomado o elevador, o rival do PSDB exibe um discurso capaz de incomodar.
Na sua campanha, Daniel Coelho troca o azul do tucanato pelo verde do seu antigo partido. Leva aos lábios um arsenal eficiente. Realça o fato de que o PSB de Eduardo Campos é sócio do PT na mal avaliada prefeitura de Recife.
O partido do governador rompeu com o petismo local. Mas controla a vice-prefeitura na administração petista de João da Costa, um prefeito a quem o PT sonegou o direito de disputar a reeleição e o recifense quer ver pelas costas. Foi cavalgando esse paradoxo que Daniel Coelho virou uma surpresa.
- Em tempo: O Datafolha realizou pesquisas também no Rio, em Curitiba, em Porto Alegre, em São Paulo e em Belo Horizonte.
 
(Publicado originalmente no blog do Jornalista Josias de Souza, Portal UOl)
 
Nota do editor: Pelos números do Instituto Datafolha, como se observa, a eleição pode sim ir para um segundo turno no Recife, embora nos cenários possíveis, Geraldo Julio será o próximo prefeito do Recife. Ainda não li nenhuma análise consistente sobre o vertiginoso crescimento da candidatura do deputado Daniel Coelho. Seu discurso é frágil, inconsistente, não transmite segurança ou experiência de gestão da coisa pública. Sua performance surpreende os próprios grãos-tucanos. Não sei se podemos afirmar que ele cresce em cima do vácuo do desgate do Partido dos Trabalhadores. Qualquer análise, nesse momento, corre o risco de cometer equívocos, se não acompanhada de dados concretos que possam indicar, claramente, quem é e as razões pelas quais parcelas do eleitorado estão canalisando suas expectativas para o tucano de bico verde. No último debate organizado pela TV Jornal, ele chegou a mencionar que representava a "Nova Política". Quem acompanha o nosso blog sabe que ele está equivocado. Quanto a um segundo turno, a possibilidade existe, mas acreditamos que Geraldo Julio liquida essa fatura no próximo dia 07.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Eduardolização da política pernambucana: Commércio traz matéria sobre o assunto.


O Jornal do Commércio de hoje, em matéria assinada pelos jornalistas Gilvan Oliveira e Paulo Sérgio Scarpa, com as observações de professores e cientistas políticos da UFPE, uma longa matéria sobre a possível hegemonia política que o PSB tenta impor em Pernambuco, mantendo o controle do Governo do Estado e da Prefeitura da Cidade do Recife, fato que, historicamente, o eleitorado sempre se mostrou reticente. Essa questão foi levantada pelo Blog do Jolugue a bastante tempo, tratada como a eduardolização da política pernambucana. A oposição no Estado está rigorosamente esfacelada. O desempenho de Mendonça Filho (DEM) nessas eleições é algo acachapante. Ele que, em tese, representa, rigorosamente, a oposição no Estado. Quem mais? Partidos idealistas como o PCB, o PSTU e o Psol? Que, pelo menos no momento, não reúnem condições para um possível enfrentamento? Lideranças como Júlio Lóssio, do PMDB?, cujo partido já se encontra, a rigor, na base de sustentação das forças que ocupam o Palácio do Campo das Princesas? Daniel Coelho, pupilo político de Sérgio Guerra, que troca figurinhas com o Campo das Princesas desde as eleições de 2010? Isso não é bom para a democracia, onde um dos pilares  é representado exatamente pelo  rodízio do poder. Aliás, bastante danoso. Concentra a espertise da máquina, e sobretudo a esperteza, apenas num núcleo duro reduzido, não oportunizando espaço para novos atores, que poderiam executar novas formas de gerenciamento da máquina, implementar novas políticas públicas, contemporizar outros segmentos sociais, numa incerteza inerente ao processo democrático, um risco que quem assume o poder não gosta de correr.  

Nota do editor: Um leitor do blog nos encaminhou um e-mail alertando sobre o papel do PT em relação ao Governo Eduardo Campos. É mais um daqueles imbróglios com os quais o partido terá que lidar. A tendência do próprio senador Humberto Costa continua no Governo Eduardo Campos, num clara definição do seu papel. Somente recentemente é que se especulou sobre um "torniquete político" aplicado pelo governador para inviabilizá-los politicamente até eles jogarem a toalha. Setores ligados ao prefeito João da Costa, segundo dizem, também se encontram numa situação de "passividade coninvente" quando não, "apoio explícito" ao candidato Geraldo Júlio. No plano nacional, então, é que não se pode mesmo falar em oposição.  

Nova Política: Embora clorofilada, não tem nada a ver com Daniel Coelho.


 
Não  faz muito tempo, publicamos aqui no Blog do Jolugue um longo artigo sobre a chamada “Nova Política”, um movimento esboçado no Brasil por uma ala do PV que gravitava em torno da então candidata presidencial Marina Silva, a partir das idéias do sociólogo espanhol Manuel Castells. Ao se indispor com segmentos dos verdes, não somente Marina, mas integrantes daquela agremiação, dispostos a encontrarem instituições que se afinassem com suas aspirações, começaram a apregoar essas idéias que, na realidade, do ponto de vista teórico, são bastante atuais, conforme enfatizamos no artigo. Nem do ponto de vista de afinidades com essas idéias e muito menos ainda pelas companhias que ostenta em seu palanque, o senhor Daniel Coelho não tem qualquer autoridade para propor algo nesse sentido. Muito embora a expressão “raposa política” permita o direito de resposta, posto que considerada uma ofensa, devo afirmar que o seu palanque está repleto dessas "raposas", como afirmou um dos seus adversários em debate recente. A “Nova Política” está ancorada exatamente na falência do modelo de democracia representativa burguesa, onde os eleitos, ao invés de representarem as demandas dos seus representados, acabam se locupletando de suas funções em benefício muito particular. Das duas uma: ou ele não conhece o significado do termo ou achou interessante jogá-lo para a platéia. Até recentemente, na Bahia, apenas para ilustrar essa promiscuidade representativa, um empresário ofereceu uma quantia fabulosa a uma candidatura em troca de futuras concessões para construções de edifícios numa área supervalorizadas de Salvador, conforme uma publicação semanal. Como o candidato teria recusado, ele procurou o concorrente, que aceitou a proposta.Coincidência ou não, este candidato está virando o jogo naquela cidade. 

Morre Eric Hobsbawm: O fim de uma era?

 

  • Morreu na manhã desta segunda (1) o historiador marxista Eric Hobsbawm, britânico de origem judaica, em Londres, aos 95 anos. Hobsbawm estava com pneumonia e não resistiu ao tratamento.
    De acordo com comunicado divulgado por sua família, Hobsbawm deixa "não só sua mulher dos últimos 50 anos, Marlene, seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também seus milhares de leitores e pesquisadores no mundo todo". Autor de Era dos Impérios, Era das Revoluções, Era dos Extremos e Globalização, Democracia e Terrorismo – entre muitos outros –Hobsbawm revolucionou – de fato – a historiografia e a interpretação da História sobre o nosso tempo.

    Relevante e fundamental
    Poucos historiadores tiveram o privilégio e a lucidez de refletir sobre sua própria época. Britânico, nascido em Alexandria, no Egito em 1917, Hobsbawm passou seus primeiros anos em Viena, nas ruínas do último grande império europeu, o Habsburgo. Ainda criança se muda para Berlim, onde permanece até vitória do partido nazista em 1933. Quando a Segunda Guerra Mundial teve inicio - já historiador e membro do Partido Comunista Britânico - colaborou com os serviços de inteligência e integrou o Royal Army Educational Corps, uma divisão responsável pela instrução e educação dentro do exército.
    Na década de 60, se relaciona com a privilegiada geração de historiadores marxistas ingleses, como Christopher Hill e Edward Thompson. Seu interesse pelo trabalhismo o leva a estudar as revoluções burguesas do século XIX. Nascia a preciosa série dividida em eras: Revoluções (1789-1948), Capital (1848-1975), Impérios (1875-1914). Bibliografia obrigatória dos cursos de História de todo mundo, seus trabalhos sobre o período ainda foram acrescidos de dois livros fundamentais sobre História Moderna: A Invenção das Tradições (1983) e Nações e Nacionalismo desde 1780 (1991).
    Seu trabalho mais marcante, no entanto, viria com “A Era dos Extremos” de 1991. Coincidindo com boa parte do seu tempo de vida, o historiador se coloca no papel de testemunha do mais interessante e sangrento século da história, como costumava dizer. Ele divide o período em três eras. A primeira, a da catástrofe, marca as duas grandes guerra, o surgimento da União Soviética, a crise econômica de 1929 e o aparecimento dos fascismos. A segunda, nas décadas de 50 e 60, chamada de anos dourados, período de grande expansão econômica do capitalismo. Por fim, entre 1970 e 1991, o desmoronamento final, quando os sistemas ideológicos e institucionais caem por terra.
    Hobsbawm viveu muito, mas parece pouco frente à magnitude de sua obra. Foram mais de 30 livros, alguns sobre paixões pessoais, como “A História Social do Jazz” (1989), outros como reafirmação de sua coerência ideológica, como seu último, “Como mudar o mundo: Marx e o Marxismo” (2011). Nos últimos anos, permaneceu ativo e publicando muito. Em 2002 lançou sua autobiografia, “Tempos Interessantes”. Cinco anos depois, alguns ensaios que incluíam análises pontuais sobre o mundo pós 11 de setembro. Sua morte, aos 95 anos, deixa gerações de historiadores órfãs de um dos historiadores mais lidos e influentes do último século.

(Bruno Garcia, Revista de História da Bbiblioteca Nacional)

Nota do Editor: Num curto espaço de tempo, perdemos dois grandes nomes da reflexão sobre a teoria marxista. No Brasil, morreu Carlos Nelson Coutinho, o maior ensaísta marxista brasileiro, intelectual respeitado até mesmo entre proeminentes pensadores de corte liberal. Na Inglaterra morreu no último dia 02, vítima de uma pneumonia, aos 95 anos de idade, Eric Hobsbawm, até então o maior historiador marxista ainda vivo. Eric morreu mantendo sua fé no marxismo. Seu último trabalho publicado foi "Como mudar o mundo: Marx e o Marxismo", o que dá a dimensão de sua crença na teoria construída pelo filósofo alemão. Algumas das obras mais importantes de Marx foram escritas na Inglaterra, onde era assíduo frequentador de suas bibliotecas. Sua afinidade com Marx era tanta que Eric adquiriu a residência onde o autor d'O Capital residiu naquele país. Quando indagado sobre os problemas da experiência do socialismo realmente existente, sempre arrematava que a "idéia é boa", numa alusão à constituição de uma sociedade comunista. Apesar do materialismo, tenho a ligeira impressão de que essa gente foi para o céu, posto que sonhavam com uma sociedade mais humanizada e fraterna. Quem deve ir para o inferno são esses miseráveis capitalistas consumistas. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Petrolina e Olinda: Páreo duro para o PMDB na reta final.

 
Embora tenha esboçado uma reação no Estado, particularmente em cidades estratégicas como Petrolina e Olinda, o PMDB não terá vida fácil pela frente. A última rodada de pesquisa de intenção de votos realizadas nos dois municípios indicam uma eleição polarizada, disputada voto a voto até o dia 07 de outubro. Em Petrolina, até recentemente, o candidato do partido Júlio Lóssio, que aparecia bem à frente de Fernando Bezerra Coelho Filho, viu esse se aproximar do seu retrovisor na reta final, possivelmente reflexo dos impulsos finais de campanha, onde caciques da aliança governista entraram em cena para salvar o PSB de uma derrota no município mais importante do Sertão do São Francisco.  Por vários motivos o Palácio do Campo das Princesas joga pesado naquele cidade. Lóssio é aquela espinha da pescada amarela que ficou atravessada na garganta das Princesas desde as eleições de 2010, onde infringiu uma derrota à Frente Popular. Até Odacy Amorim já teria sido sondado para afastar-se da disputa, mas assegura o candidato petista que vai até a reta final. Apesar do “rolo compressor”, Lóssio ainda lidera e tem chances de continuar como prefeito do município. Sua gestão é bem avaliada e há alguns programas sociais muito exitosos, conforme já afirmamos, em áreas nevrálgicas da gestão pública como educação. Em Olinda, parece-nos que a grande coligação liderada pelo prefeito Renildo Calheiros dormiu em berço esplêndido, enquanto Izabel, literalmente, comia o mingau quente pelas beiradas, enquanto Jacilda lavava a louça. Hoje, segundo o último levantamento de intenção de votos, realizado pelo Instituto IPESPE e divulgado pelo Acerto de Contas, ambos, Renildo e Izabel, estão rigorosamente empatados e, numa simulação de segundo turno, Izabel leva uma ligeira vantagem. É voz corrente em Olinda a insatisfação da população com a gestão do comunista, embora ele tenha a habilidade política de congregar em torno de si uma coligação das mais robustas, com apoios de pesos, conforme já afirmamos. O que não deve estar pensando as deputadas Terezinha Nunes e Tereza Leitão rifadas daquela disputa. Se Izabel, uma novata, ameaça a hegemonia política do PCdoB no município, em tese, ambas teriam chance de se tornarem prefeita da Marim dos Caetés. A “fadiga de material”, um mal dos políticos e partidos com muitos anos de gestão, abateu-se sobre uma das praças mais importantes para os comunistas: Olinda.

TV Jornal: Debate movimentou militância e acirrou a disputa.




 
Como já estamos nos aproximando da reta final das disputas, o debate promovido pelo Sistema Jornal do Commércio, conforme já se previa, proporcionou alguns momentos acalorados, com alguns pronunciamentos incisivos dos candidatos. A insistência do candidato do PT em afirmar que a PPP da Compesa significa uma privatização da companhia e o conseqüente aumento de tarifas levou o programa, a pedido dos coordenadores de campanha de Geraldo Júlio, a abrir o direito de resposta ao candidato. Por outro lado, a expressão “raposas” da política, utilizada por Geraldo Júlio, levou o programa a também abrir o direito de resposta aos atingidos pela expressão, no caso, todos os outros postulantes. Não sobrou para ninguém. Consolidando sua imagem de “neófilo”, de self-made-man de perfil técnico, Geraldo apontou suas baterias para Daniel Coelho, Mendonça Filho e Humberto Costa. Como Mendonça já é um caso encerrado, a reação maior vieram mesmo de Daniel e Humberto. Daniel, o gastroenterologista, numa brincadeira de Geraldo, é aquele indivíduo muito bom para diagnosticar determinados problemas, mas não sabe como equacioná-lo. Depôs muito contra Humberto a herança maldita da gestão petista, sobretudo na área de educação e saúde, e essa relação ambígua com a própria gestão do PT na capital pernambucana que, ele, o tempo todo, tenta desvencilhar-se. Na realidade, o PT se meteu numa enrascada tremenda. Pense num imbróglio.Esta´como aquele cachorro mordendo o próprio rabo. A bem do It’s True, Humberto já esteve em lua-de-mel com João da Costa, mantendo, naquele momento, uma posição eqüidistante de João Paulo, conforme lembrou Geraldo Júlio. Geraldo se saiu muito bem ao responder ao candidato sobre a participação do PSB na gestão municipal. Ele não mencionou este fato, mas, quando o prefeito precisou ausentar-se por motivo de saúde, Milton Coelho pautou-se com bastante desenvoltura. Por outro lado, também é verdade, o Governo do Estado fez uma tentativa de trabalho em equipe com a Prefeitura da Cidade do Recife, mas, conforme observamos à época, Eduardo Campos pareceu não ter gostado do que viu, decidindo ali, quem sabe, iniciar as costuras para uma candidatura própria do PSB. 


 
 
 

Russomanno, um ex-azarão, pode se tornar prefeito da maior cidade do país.


 
Celso Russomanno, um ex-azarão, pode se tornar prefeito da maior cidade brasileira. O PT fez o que pode para viabilizar o nome do ex-ministro Fernando Haddad, mas nem todos os esforços tornaram-se suficientes para fincar uma estaca petista no ninho mais emplumado dos tucanos. Ambos, tucanos e petistas, deverão amargar uma derrota nas urnas, de acordo com as últimas sondagens de opinião. Russomanno, caiu nas graças do eleitorado paulista e parece-nos que o quadro é irreversível. Há uma disputa acirrada entre Haddad e Serra pela ida ao segundo turno, mas ambos não demonstram capacidade de superar o ex-azarão na reta final. Pessoalmente, embora não acreditasse muito no desempenho de Haddad desde o início, jamais podíamos prever que seria Russomanno o candidato que poderia derrotá-lo. De bom senso, ninguém poderia prever isso no início daquela disputa. A princípio, Celso foi um candidato rejeitado e humilhado pelo próprio dono do PP no Estado, Paulo Maluf, que saiu negociando, junto às outras coligações, a retirada de sua candidatura. Comentando sobre o assunto, Celso afirmava que foi muito humilhante para ele acompanhar esse processo. Apeado, Celso recorreu ao minúsculo PRB, que o aceitou. Ungido pela Igreja Universal, o homem está prestes a desbancar dois grandes pesos pesados da política nacional: José Serra e Lula, o padrinho político de Fernando Haddad. O que se comenta é que ele tem se saído muito bem nas saias justa dos debates promovidos pelos meios de comunicação, conta com o apoio ostensivo dos evangélicos da Universal - que pedem votos para o candidato nas comunidades - e consegue transmitir para o eleitorado a imagem da mudança, do novo, algo distanciado da “fadiga de material” associada a Serra e, de certa forma, ao PT, embora Lula, ao apresentar Haddad, tenha procurado fugir dessa armadilha. Para compensar seu pouco tempo de TV, segundo afirmam, a Rede Record sempre o apresenta em reportagens. Devagarzinho, sorrateiro, comendo o mingau quente pelas beiradas, Russomanno vai atingindo seu objetivo de tornar-se inquilino do Edifício Matarazzo. Aqui se pode afirmar que a porca torceu o rabo.

Paulista: A cidade das chaminés merece uma representação política melhor.


 
 
A ausência do candidato Júnior Matuto no debate promovido pela TV Nova Nordeste, ontem à noite, entre os postulantes à Prefeitura da Cidade de Paulista, repercutiu muito mal. Não se trata do único debate onde o candidato do PSB deixa de comparecer. Até recentemente, uma faculdade da cidade promoveu um debate semelhante, onde também se observou a ausência do candidato, que preferiu marcar presença numa festa em homenagem ao seu padrinho político e atual prefeito, Ives Ribeiro. Na realidade, não sabemos nem se podemos afirmar esse “grau de parentesco” entre ambos, uma vez que, segundo comenta-se, as preferências de Ives não recaiam, necessariamente, sobre Júnior Matuto. O Palácio do Campo das Princesas é que teria batido o martelo em torno do seu nome, um grande aliado dos Arraes. Em todo caso, ambos pertencem ao mesmo PSB, são arraesistas de carteirinha, embora as relações entre ambos, sobretudo no que concerne ao andamento da campanha, não sejam assim tão harmoniosas. Ives, depois de dois mandatos como prefeito do município, sofre da enfermidade política mais comum nessas eleições, a “fadiga de material”. Isso teria levado Matuto, segundo afirmam seus adversários, a escondê-lo da campanha e adotar um discurso de “mudança e renovação”, afastando-se do seu “legado” que vem se tornando pesado. Já comentamos aqui que Paulista, infelizmente, vive uma grande crise de representatividade. Ontem, durante o debate, um dos candidatos criticou bastante os aliados do outro lado, mas, na verdade, com raras exceções, todos estão mal acompanhados. As especulações em torno da sua ausência no debate são as mais diversas, como seria de se supor, nessas circunstâncias. Como lidera as pesquisas, a possibilidade mais óbvia seria a de uma ausência recomendada pelos seus coordenadores, evitando, assim, uma exposição demasiada às críticas e cobranças dos seus concorrentes. Esse cálculo precisa ser muito bem feito e duvidamos que em seu staff de campanha tenham pessoal com essa capacidade de definir essa postura a partir de uma análise consistente de algumas variáveis complexas. Seus adversários estão explorando como podem o fato, pela rádio corredores, pelas redes sociais, enfim, em diversas mídias. O candidato tem medo? Não tem um programa de Governo para o Município? É despreparado e não reúne capacidade para debater os temas para a cidade? Então, como deseja ser prefeito? Enfim, essas são apenas algumas das possibilidade levantadas pelas redes sociais. O tema virou piada no município. Não vamos entrar no mérito das intrigas plantadas pelos adversários, mas, fazendo uma análise de corte mais republicano é algo que se tem a lamentar o fato de o candidato recusar-se a participar dos debates sobre a cidade. Antes de qualquer coisa, trata-se de um desrespeito ao cidadão paulistense, que, pelo menos em tese, deveria definir o seu voto consoante alguns critérios bem definidos, entre os quais a transparência das propostas dos candidatos que desejam gerir o município. As próximas rodadas de pesquisa serão elucidativas para checarmos os danos que essa atitude pode ter trazido para a sua campanha. Vamos aguardar, mas de antemão podemos afirmar que o nosso município merecia coisa melhor. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

OAB-RJ saúda decisão que substitui mentira pela verdade no caso Herzog.

 

FotoESTA FOTO DO "SUICÍDIO" DE HERZOG AJUDOU A MONTAR A FARSA

"O Tribunal mandou substituir a mentira pela verdade. Que outras verdades apareçam e sejam reveladas". A afirmação foi feita hoje (25) pelo presidente da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous ao comentar a decisão do juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinando a retificação do atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, para fazer constar que sua “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (DOI-Codi)”. O magistrado paulista atende pedido feito pela Comissão Nacional da Verdade, representada por seu coordenador, ministro Gilson Dipp, atual vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), incumbida de esclarecer as graves violações de direitos humanos, instaurado por solicitação da viúva Clarice Herzog. A Comissão Nacional da Verdade encaminhou o pedido à Justiça paulista no dia 30 de agosto para que o documento de óbito de Herzog, morto em 1975 durante a ditadura militar, fosse retificado.
 
Coluna do Jornalista Cláudio Humberto.

BO único descentraliza ocorrências policiais



O sistema de registro de ocorrências policiais é, hoje, extremamente engessado e burocrático. A cada evento, o cidadão é obrigado a dirigir-se a uma delegacia, exigência que, não raro, contribui para a subnotificação que tanto prejudica o planejamento da segurança pública. Projeto de minha autoria apresentado ao Senado recentemente, o PLS nº 227/2012 pretende descentralizar esse processo, com um boletim de ocorrência (BO) único.

Pela proposta, os boletins sairão da alçada exclusiva do delegado de polícia, civil ou federal, podendo ser lavrados também por policiais militares e rodoviários ou até mesmo pelo militar das Forças Armadas, quando em missão de garantia da lei e da ordem. Não há risco de desrespeito às atribuições legais das polícias judiciárias, que continuarão responsáveis por arbitrar fiança, apreender objetos e periciar a cena do crime.

A possibilidade de facultar a outros agentes públicos esse tipo de registro permitirá o aumento da capacidade de investigação da Polícia Civil. As equipes destinadas ao trabalho aumentarão (delegado, escrivão, investigador e agente) sem a necessidade de novas contratações, na medida em que serão transferidos para a área os policiais civis hoje voltados ao atendimento do público nos balcões das delegacias.

A proposta do BO único deverá contribuir para dar mais capilaridade ao sistema de segurança pública com um fator positivo adicional: é uma iniciativa complementar à recente criação do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp) pelo Ministério da Justiça, que irá geri-lo.

O foco do Sinesp é a organização e a padronização de dados criminais e operacionais do sistema de justiça, atualmente produzidos pelos estados e em menor escala pela União. Nesse sentido, apresenta-se como uma caixa de saída de tais estatísticas. Transforma os dados atualmente existentes em informações disponíveis para uso nas atividades de avaliação, monitoramento e planejamento. O Sinesp, no entanto, não regulamenta a forma de entrada dos dados provenientes de ocorrências policiais. Essa é precisamente a lacuna que será preenchida pela Lei do BO Único.

O Sinesp, tendo na base um sistema único de registro de ocorrências propiciado pelo PLS 227, será capaz de produzir um quadro mais abrangente do fenômeno criminal. Experiências em vários países demonstraram que o uso adequado de informações é fundamental para o planejamento e a implementação de medidas eficazes na área da segurança pública.

O Compstat, sistema de controle de desempenho desenvolvido pela polícia de Nova York, na década de 1990, é um dos melhores exemplos do sucesso obtido com a introdução de métodos de gerenciamento por resultados no sistema de administração da segurança pública. Sem informações confiáveis e padronizadas, não é possível avaliar e monitorar o trabalho policial na ponta.

Na medida em que mais ocorrências serão registradas, mais informações serão carreadas para o recém-criado sistema de informações. O público e os meios de comunicação passarão a ter maior poder de controle e monitoramento, o que poderá gerar novas e benéficas pressões sobre o gestor público.

Haverá, então, base mais sólida para refletir sobre as políticas públicas e a eficiência das medidas propostas de combate ao crime ou em prol da segurança. Precisamos que a administração pública opere com a cultura da avaliação com base em métodos rigorosos e cientificamente reconhecidos.


Armando Monteiro Neto

Senador (PTB - PE)