pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Editorial: Lula encontra-se com Romeu Zema nas Alterosas.


O governador de Minas Gerais, Romeu Zema(Novo-MG), sempre que pode não perde a oportunidade de fustigar o Governo do presidente Lula. Segundo dizem, tal atitude se insere em seu projeto político de uma eventual candidatura presidencial em 2026. Este seria o primeiro encontro entre o morubixaba petista a a raposa mineira. Apesar de ainda jovem, conforme enfatizamos por aqui em inúmeras ocasiões, Zema já esboça algumas manhas típicas das grandes raposas da política mineira. 

Lula, por outro lado, sabe que é preciso fincar uma estaca naquela colégio eleitoral, uma vez que, hoje, é dado como certa uma candidatura presidencial de Lula em 2026, no seu projeto de renovar o contrato de locação do Palácio do Planalto. Como se sabe, apesar de São Paulo possuir o maior colégio eleitoral do país, todas as eleições presidenciais passam, necessariamente, pelo crivo de Minas Gerais. Quem não for bem ou ao menos equilibrar o jogo nas Alterosas, corre um série risco de não ser bem-sucedido. 

O Estado, por sua vez, possui uma dívida bilionária com a União, o que já colocou o governador Zema de pires na mão pelos corredores de Brasília. Mineiro, o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, poderia estar intermediando algumas dessas negociações. Há quem observe em tais movimentações alguma motivação eleitoral do autal presidente do Senado Federal, quem sabe de olho no Palácio Tiradentes nas eleições de 2026. 

Na realidade, para sermos mais precisos por aqui, o presidente Lula cumpre uma agenda oficial no Estado. No escopo de suas diretrizes políticas, no entanto, a aproximação de políticos que atuam em campos opostos se insere na construção daquilo que ele tratou outro dia como "normalidade" na política. Uma grande utopia no clima de instabilidade institucional que tomou conta do país nos últimos anos, onde setores da Oposição torcem pelo quanto pior melhor. O cerimonial fez o convite para o evento e o governador resolveu aceitar. 

Editorial: Os controversos relatórios da ABIN sobre a tentativa de golpe do 08 de janeiro.

 


Quem enfrenta os problemas que o Governo Lula enfrenta neste momento - com défict primário nas alturas e às turras com o Poder Legislativo - pode considerar a questão da ABIN paralela algo pacificado. Conforme já reiteramos alguns vezes, não é este o nosso entendimento. Depois que a Polícia Federal iniciou as investigações sobre um suposto grupo de agentes públicos que atuavam de forma irregular e ilegal na agência com o propósito de monitorar o movmento de adversários do Governo Bolsonaro, com estrutura muito bem montado, que operou até mesmo durante o inicio do Governo Lula, já com nomes indicados pelo próprio governo, logo se conclui que mudanças substantivas precisavam ser feitas na ABIN, para muito além da troca de alguns nomes de sua direção. Não se brinca por aqui, conforme advertíamos.  

Para evidenciar que estávamos certos, no dia de ontem começou a circular uma informação de que o número 02 da agência, Alessandro Moretti, demitido recentemente do cargo, teria sugerido que emitiu um relatório, do conhecimento de autoridades do atual Governo, informando-as sobre a iminente depredação dos órgãos públicos em Brasília, onde se sugere uma espécie de leniência dessas autoridades. Quem acompanhou os debates durante a CPI do Golpe, naturalmente, que colocaria sub-judice alguns desses relatórios. A informação, naturalmente, caiu como uma luva junto a setores da Oposição, que defendem a tese de que autoridades do Governo sabiam dos ataques iminentes.   

Sobretudo por se saber que esta ABIN paralela operava, sem dificuldades, dentro e fora da agência, uma vez que são cada dia mais robustas as provas dessa operacionalização em ambientes de fora do órgão de inteligência, como os aparelhos celulares, computadores e boletins confidenciais encontrados na residência de atores investigados pela Polícia Federal. É enredo para compor os textos dos melhores romances policiais. A estufa corporativa era tão perene que se sugere que bolsonaristas atuavam em conluio com nomes já então indicados pelo Governo Lula, que teriam, segundo a Polícia Federal, tentado atrapalhar as investigações. 

O Governo Lula enfrenta, neste momento, uma espécie de tempestade perfeita, acossado por todos os lados. Superada essa tormenta, voltamos a insistir sobre a necessidade de se proceder uma ampla reestruturação da Agência Brasileira de Informação, conforme documento emitido pelos agentes de cargos efetivos do órgão. É preciso que a ABIN seja dotada de uma estrutura perene, imune aos governos de turno, operando como uma agência de inteligência competente,profissional, atuando dentro das padrões rígidos de um órgão de Estado.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Editorial: Gilmar Mendes nega recurso da defesa de Ricardo Coutinho para encerrar processo da Operação Calvário.


A defesa do ex-governador Ricardo Coutinho entrou com recurso junto ao STF no sentido de encerrar o processo da Operação Calvário. O pedido foi analisado e negado pelo Ministro daquela Suprema Corte, Gilmar Mendes. A Operação Calvário alcançou ampla repercussão nacional, depois que o MPF\Gaeco  identificaram uma série de irregularidades, envolvendo agentes públicos e privados, em contratos celebrados pelas Secretarias de Saúde\Educação dos Estados da Paraíba e do Rio de Janeiro, intermediados pela Cruz Vermelha. Um escândalo de corrupção de proporções gigantesca, contando com várias fases e dezenas de envolvidos, representando um ônus pesado para o interesse público. 

Os investigadoes encontraram provas robustas de tais comprometimento desses contratos, com áudios gravados, admissibilidade de culpa,  e a testemunha direta de uma pessoa envolvida, peixe graúdo do Governo do Estado da Paraíba, que deu detalhes sobre como funcionaria o esquema. Até as senhas para informar sobre a chegada dos malotes foram reveladas, assim o local da distribuição da muamba, que seria o estacionamento do Shopping Manaíra. Segundo esta fonte, a senha era uma eventual chegada das mangas de Santa Rita. 

O ex-governador Ricardo Coutinho teve sua prisão decretada e chegou a usar tornozeleira eletrônica durante um certo período. A impressão que passa é que a defesa do ex-governador Ricardo Coutinho quis "surfar" na onda das recentes anulação das provas e perdão das dívidas concedidas aos arrolados na Opração Lava-Jato. O Ministro Gilmar Mendes não entendeu assim, recusando os argumentos apresentados pelos advogados do ex-governador. Ponto para o Ministro Gilmar Mendes, uma vez que,além da delação de envolvidos, ainda existe a confissão  de alguns atores beneficiados nessas maracutaias,  com enormes prejuízos ao erário.   

Com uma carreira política brilhante, onde foi de vereador a governador em curto espaço de tempo, observar o nome do ex-governador eventualmente envolvido nessa trama causou alguma estranheza ao povo da Paraíba. Um fim melancólico para quem construiu uma trajetória política marcada por gestões bem avaliadas, sempre muito querido por hordas de eleitores. Uma pena mesmo.   

Editorial: Cid Gomes filia-se ao PSB com uma penca de prefeitos.



Houve um movimento, com o sinal verde do Planalto, no sentido de receber o grupo do senador Cid Gomes no PT. Estrahamente, algumas lideranças políticas petistas do Ceará criaram as dificuldades necessárias, obrigando o ex-pedetista a procurar abrigo entre os socialistas. Cid não chega sozinho. Traz com ele uma penca de 38 prefeitos e a Secretária-Executiva do Ministério da Educação, Izolda Cela. Camilo Santana, Ministro da Educação do Governo Lula, hoje a maior liderança política do Estado, acompanhou e endossou toda essa movimentação. 

Quem não ficou nada satisfeito foi o sisudo Ciro Gomes, que hoje anda às turras com o Partido dos Trabalhadores. É curioso constatar que, enquanto Ciro mantém tal postura beligerante, as forças do atraso avançam no Estado, onde bolsonaristas aparecem liderando as pequisas para a Pefeitura de Fortaleza nas próximas eleições municipais. Neste caso, a despeito das divergências, é preciso ter a clareza sobre as consequências dessas divergências. 

Nossa admiração pelo ex-candidato presidencial Ciro Gomes permanece. Sempre afirmamos por aqui tratar-se de um homem público de vida honrada, preocupado com os rumos do país e um estudante aplicado. Uma pena mesmo que tenha sido escanteado do processo político, movido por circunstâncias políticas adversas. Travou uma batalha inglória, conforme ele mesmo admite nas entrevistas concedidas. Continua com suas lives sobre os temas de relevância da política e da economia, mas já antecipou que não mais irá participar do processo eleitoral.  

Confessamos aos leitores descohecer, até este momento, a projeção de algum nome ungido pela dupla Cid\Camilo para disputar a Prefeitura de Fortaleza nas próximas eleições municipais. Nas eleições para o Governo do Estado, aconteceu um fato curioso. Helmano de Freitas, que patinou nas pesquisas de intenção de voto durante um bom tempo, foi alavancado por Camilo Santana, então candidato ao Senado. Com gestão muito bem avaliada pela população, o hoje Ministro da Educação é possuidor de um capital político acumulado que o torna a maior liderança do Estado.   

Editorial: A reação dura de internautas ao discurso de Arthur Lira.



Em tempos de nevoeiro ou mares bravios, convém conduzir o barco devagar, conforme nos ensina os grandes jangadeiros. A reação ao discurso do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante a abertura do ano legislativo, tem suscitado as mais duras reações de internautas pelas redes sociais. Os termos ou adjetivos utilizados para se referir ao alagoano, naturalmente, por razões óbvias, não serão reproduzidos por aqui, mas os nossos leitores podem muito bem imaginar. 

Além de escalar bombeiros com a missão de conter as chamas, o Governo acena com a possibilidade de rever os vetos às emendas. Lira está sendo comparado a outros presidentes que provocaram grandes embaraços ao chefe do Executivo em épocas passadas, como aquele que travou a pauta da Câmara dos Deputados aos projetos da ex-presidente Dilma Rousseff, que acabou sofrendo um processo de impeachment. Se o padrão de relação estabelecidos entre os Poderes Legislativo e Executivo sempre foram complicados no país, traduzidos no Presidencialismo de Coalizão, hoje, as coisas estão ainda mais complicadas. 

Alguns analistas já identificam, neste momento, uma espécie de parlamentarismo de coação. Não chega a ser um exagero. Afinal, o conceito de presidencialismo de coalizão já não responde às circunstâncias de governança que o país enfrenta neste momento, principalmente depois desse tal de orçamento secreto, que permite ao Legislativo dispor dessas emendas autonomamente. Com se sabe, esse clima de beligerância entre os Três Poderes da República não é bom para o país. 

O bolsonarismo mergulhou o país uma crise institucional sem precendentes. O resultado das eleições presidenciais de 2022 ainda hoje são questionadas pelo seu líder maior, com aquelas ilações infundadas. Transformou instituições de Estado em instituições de governo de turno, ferindo de morte algumas dessas instituições. Politizou setores militares, criando as condições para subverter a ordem democrática. Os danos institucionais são irreparáveis e a população do país paga um preço muito alto por tal experiência política. Descemos alguns degraus na escada civilizatória.  

Editorial: A reação dura do Congresso aos Poderes Executivo e Judiciário.



Deu aquilo que já seria esperado. Os líderes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), assim como o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), fizeram questão de acompanhar os seus representados, deputados e senadores, em sua insatisfação com os demais poderes da República. O clima é de azedume. Pacheco sugeriu que pautas que são do desagrado do Poder Judiciário serão retomadas, como a nevrálgica questão da estipulação de mandato para os Ministros do STF e a possibilidade de veto às decisões de caráter monocrático. 

Arthur Lira não economizou em sua fala as críticas explícitas ao Executivo, informando que o orçamento não é prerrogativa única daquele poder. Um recado direto ao recente veto do Governo Lula às emendas parlamentares. No dia de hoje, 06, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Ministro da Articulação Institucional, Alexandre Padilha, deverão manter um diálogo com os parlamentares, numa atuação semelhante aos apagadores de incêndio. A cabeça de Padilha, conforme informamos no dia de ontem, já teria sido pedida, mas Lula não deve entregá-la. 

Tal mudança, se ocorresse, como se sabe, pouco mudaria o cenário de guerra, porque não se trata apenas de uma questão de nomes. A animosidade de parlamentares da Oposição, principalmente aquela identificada pelo bolsonarismo, é imensa e, por razões, óbvias, eles não farão nenhuma questão de baixar a guarda. O Governo Lula enfrentará momentos difíceis daqui para frente. Quem acompanhou os bastidores da retomada do ano legislativo, observou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, fez um discurso sob medida para agradar os parlamentares, que o aplaudiram calorosamete. 

A rigor, a rigor,  a abertura de mais um ano legislativo, a cada ano, indica que o recrudescimento dessas animosidades entre os Três Poderes da República apenas se ampliam. Para esquentar o cenário, neste ano de 2024 ainda teremos as eleições municipais, o que deve contribuir ainda mais para ampliar essas zonas de atrito. Depois dos danos produzidos pelo bolsonarismo, o país mergulhou numa crise institucional que parece que não terá mais fim. Os caras não assimilaram ter perdido as eleições e acharão cabelo em ovos para fustigarem o Governo Lula.      

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Editorial: Para 2026, Lula com Chuchu talvez não caia tão bem para alguns petistas.



Apenas alguns setores mais orgânicos do Partido dos Trabalhadores esboçaram uma certa resistência ao nome do ex-governador Geraldo Alckmin integrar a chapa Lula\Alckmin, nas eleições presidenciais passadas. No final, todos acabariam entendendo que Lula precisava aparar as arestas com a Farias Lima se quisesse chegar ao Palácio do Planalto. A situação se tornou tão engraçada que Alckmin, durante a campanha, ao invés de trabalhar no sentido de angariar a simpatia desses setores mais conservadores - com os quais sempre foi inegável as cordiais relações -, passou a considerar a ideia fixa de debelar a resistência daqules setores do PT que esboçavam uma rejeição ao seu nome. O staff de campanha do petista chegou à conclusão de que ele não estava contribuindo como poderia.  

Quando a chapa foi oficializada, inclusive, fez questão de afirmar que Lula com Chuchu caía muito bem. Ao longo do primeiro ano de Governo, Alckmin foi vencendo tais resistências, chegando a ser aclamado até mesmo em encontros do MST. O tempo passou e hoje, rigorosamente, a relação entre o ex-governador tucano e alguns setores do PT não é mais a mesma. Hoje se tem como certo que o presidente Lula deverá mesmo disputar a reeleição em 2026. Por outro lado, torna-se cada vez mais improvável que a dobradinha seja repetida. É nítido o desgaste dos socialistas no contexto do Governo Federal. 

Perderam ministérios importantes como Justiça e Portos e Aeroportos. Ricardo Cappelli, por exemplo, precisou ser acomodado numa agência do próprio Ministério da Indústria e Comércio sob a tutela de Geraldo Alckmin. A candidatua da Deputada Federal Tabata Amaral à Prefeitura de São Paulo, tornou-se outro fator de indisposição entre as duas legendas. Até recentemente, o morubixaba petista jantou com a família Campos aqui no Recife, assim como nos velhos tempos, degustando o repasto gastronômico da culinária nordestina. 

Ainda noutros tempos, havia até mesmo os causos de Ariano Suassuna para facilitar a digestão. Este editor acompanhou um vídeo onde o líder petista faz rasgados elogios ao gestor recifense, observando que ele é uma agradável surpresa, herdando, como gestor e político, algumas características do avô Miguel Arraes e, sobretudo, a conhecida habilidade política do pai, Eduardo Campos. Lula sabe que, na praça recifense, qualquer bom resultado do PT nas próximas eleições municipais passa, necessariamente, por uma aliança com o socialista. Puro pragmatismo político. Até mesmo uma eventual negociação para retirar Tabata Amaral do páreo em São Paulo passa pela capital do Estado de Pernambuco.     

Editorial: Nilvan Ferreira, bolsonarista raiz, é abandonado pelos bolsonaristas na disputa municipal deste ano pela Prefeitura de João Pessoa.



O radialista e apresentador de televisão, Nilvan Ferreira, tornou-se, ao longo de sua trajetória, um dos políticos paraibanos mais identificados com o bolsonarismo. Qual não foi a nossa surpresa quando observamos as movimentações de outro bolsonaista, o ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em torno das próximas eleições municipais em João Pessoa, com uma desenvoltura de quem contava com o apoio do PL para o pleito. Na realidade, o que ocorreu é que Nilvan Ferreira foi preterido pelo partido, que passou a apostar suas fichas na consolidação do nome do ex-Ministro da Saúde como postulante nas próximas eleições municipais. 

Num longo depoimento, o apresentador dá detalhes - alguns escabrosos, o que não se constitui, necessairiamente, alguma surpresa neste campo - sobre como se deu tal processo, onde todas as portas de outras agremiações foram igualmente fechadas, praticamente interditando a possibilidade de ele participar da disputa. São escaramuças produzidas pelo jogo pesado da política que o Nilvan já deveria conhecer. 

Queiroga não começa bem. Num encontro recente entre jornalistas, acabou perdendo a esportiva ao defender premissas do governo onde atuou como ministro. A nós não supreende. Durante os trabalhos da CPI da Covid-19, em audiência pública, ele fazia uma ginástica liguística enorme para defender algumas medidas tomadas pelo Governo Bolsonaro, numa demonstração de sua fidelidade canina ao bolsonarismo. 

O xadrez político das próximas eleições municipais na capital traz alguns complicadores. Embalado pelos ventos de uma aprovação popular da gestão, Cícero Lucena, naturalmente, tentará renovar o contrato de locação por mais quatro anos. Cícero Lucena é de um partido conservador, o Progressista, do Centrão, o que produz alguns embaraços para receber o apoio do governador socialista, João Azevedo, do PSB. Desconheço se o partido se movimenta em torno de algum nome para entrar na disputa, mas, por outro lado, se impõe a arregimentação de um conjunto forças capaz de se contrapor ao projeto bolsonarista de governar a cidade.  

Charge! Aroeira via X

 


Editorial: Os cuidados de se falar de improviso em tempos de identitarismo.


Crédito da Foto: Vila da Pedra, Acervo Delmiro Gouveia\Fundação Joaquim Nabuco. 

Em nossa época de criança, haviam vários termos empregados para se referir às pessoas muito magras. Curioso que as pessoas mais atingidas naquele anos não seriam aquelas que  com sobrepeso(seria este o termo correto?), mas os magricelas, que eram tratados entre o grupo como  Cibitos, Cambitos ou Zig Zig.  Eram esses os termos empregados até então para se referir a esses meninos, conforme observou corretamente Argemiro Pereira, um colaborar assíduo de um grupo no Facebook, que este editor acompanha.  Cibito é um passarinho, Cambito é uma armação de madeira fina usado para por cima da cela do cavalo e Zig Zig é uma referência às libélulas. Pedimos perdão se cometemos algum equívoco por aqui. Não é bem a nossa praia.  

Num momento de indentitarismo militante, possivelmente, nenhum desses termos poderia voltar a ser usado. Até livros de escritores consagrados de nossa literatura estão passando pelo crivo do politicamente correto. Em tempos assim, falar de improviso pode trazer algumas dores de cabeça, como a fala do presidente Lula sobre uma jovem afrodescendente durante um encontro na Volkswagen. A situação se tornou tão séria que um colega nosso, que escreve muito bem por sinal, acabou se aborrecendo outro dia nas redes sociais por usar o termo "gordinha", sendo logo taxado de cometer gordofobia. Embora tenha sido infeliz, não houve por parte dele qualquer motivação de cometer alguma ofensa. 

Confesso aos leitores que não encontrei nada que justificasse tanta polêmica na fala do presidente Lula, durante o evento referido, conforme já esclarecu a Secretaria de Comunicação do Governo Federal. Nesses tempos bicudos, porém, é preciso acrescentar outros cuidados. É como se estivéssemos caminhado sobre ovos. A Oposição, que está tão preocupada com a fala do presidente, deveria se preocupar mesmo é com a a fala do capitão, que entusiasmado pelas audiências de suas falas, já andou dizendo que o TSE ajudou na eleição de Lula, o que pode ser enquadrado como uma afirmação que pode passar pelo crivo de mais um processo. 

O TSE não tem lado. É um órgão que arbitra o processo eleitoral ou seja, estabelece as regras, zela pelo seu cumprimento, homologa os vencedores da disputa eleitoral, com a isenção preconizada pela Constituição Federal. O Ministro Alexandre de Moraes, inclusive, promete ser mais rigoroso ainda em relação às próximas eleições, propondo um grupo de trabalho com o propósito de ficar atento sobre pessoas e instituições que atentem contra o arcabouço das instituições democráticas do país.  

P.S.: Contexto Político: A foto acima é de uma criança brincando na Vila da Pedra, Vila Operária construída pela fábrica que Delmiro Gouveia mantinha na cidade. Poderia ter ilustrado a capa do primeiro romance premiado deste editor, mas a capa produzida pelo pessoal da editora traduzia, igualmente, o mesmo espírito daquilo que gostaríamos de ver exposto como síntese do conteúdo tratado no livro. De qualquer forma, ainda somos apaixonados por essa foto, que, emobra seja sobre a Vila da Pedra, sintetiza bem os nossos bons tempos de libertinagem na vila operária mantida pela família Lundgren, em Paulista.    

Editorial: Governo não cede e segura Alexandre Padilha.


Crédito da Foto: Toni Molina\Agência O Globo. 


Nos escaninhos da política comenta-se que a relação entre o presidente da Câmara das Deputados, Arthur Lira(PP-AL), estão bastante estremecidas. Na realidade, o que se diz é que ambos não estão se falando e a cabeça do Ministro das Relações Institucionais já estaria sendo pedida por membros do Poder Legislativo. Algumas duras verdades precisam ser ditas acerca dessas relações complicadíssimas entre os poderes Executivo e Legislativo: Antes, os analistas políticos se orientavam pelo conceito de Presidencialismo de Coalizão para analisar essa questão. Os padrões de realção entre os dosi poderes se complexificaram de tal modo que, hoje, o conceito está entrando em desuso; Embora não possam ser desconsideradas as rusgas pessoais entre Alexandre Padilha e Arthur Lira, os problemas não são pontuais, mais estruturais, o que significa que não se trata de uma questão de nomes; Na proposta inical, o Governo destinou algo em torno de 33 bilhões para as emendas parlamentares. 

O Deputado Federal Luiz Carlos Motta, do PL do Rio de Janeiro, responsável pela relatoria do orçamento de 2024, simplesmente, ampliou esses recursos para 55 bilhões, cortando na pele de programas ou políticas públicas fundamentais para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mais atingido foi o Programa Farmácias Populares. A manobra aqui envolve múltiplos fatores, inclusive a adubagem das bases oposicionistas, em detrimento do PT; O Governo Lula promoveu alguns vetos, logo em seguida, o que desagradou profundamente os parlamentares, que ameaçam travar a pauta de interesse do Govenro neste ano legislativo que se inicia hoje. 

Na última vez que compareceu à Casa Legislativa, o presidente Lula foi duramente atacado pelos parlamentares da oposição, principalmente uma claque bolsonarista conhecida por tais procedimentos. Desta vez foi mais precavido. Enviou uma carta que será lida durante a abertua dos trabalhos. O que se pode dizer sobre isso? De imediato, que teremos um padrão de relação ainda mais complicado entre os dois poderes no ano de 2024. A Oposição já começa o ano cobrando dos presidentes da Câmara e do Senado Federal um posicionamento acerca das ações da Polícia Federal envolvendo parlamentares do grupo. 

Lula não irá trocar Padilha por pressão de Arthur Lira. Alexandre Padilha integra o núcleo duro que gravita em torno do morubixaba petista. Por vezes, durante esses imbróglio, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem assumido o papel de bombeiro, tratando de pautas de interesse do Legislativo diretamente com Arthur Lira, que o considera um interlocutor mais confiável. A solução, neste caso, voltamos a repetir, não passa pela saída de Alexandre Padilha.  


Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 4 de fevereiro de 2024

Editorial: José Dirceu já se movimenta nos bastidores, ensaiando uma volta à ribalta.


O jornal Estado de São Paulo traz, neste domingo, uma longa matéria tratando das movimentações cuidadosas do ex-Ministro da casa Civil do Governo Lula, José Dirceu. Com a erosão das medidas tomadas pela Operação Lava-Jato, a expectativa é a de que o ex-Ministro possa voltar à cena política sem embaraços nas eleições de 2026. Embora observadas com grande resistência por alguns setores do partido, as movimentações de bastidores do ex-articulador político tem sido bem vista pelo morubixaba petista. 

A esta altura do campeonato político, é dado como certo que Lula tentará a reeleição nas eleições presidenciais de 2026, onde o ex-auxiliar poderá desempenhar mais um papel estratégico. Dirceu estaria bastante preocupado com a performance eleitoral obtida pelo oposição nas últimas eleições, assim como com as expectativas de que o grupo possa reproduzir tal êxito nas próximas eleições municipais de 2026, criando musculatura para o Centrão, que não deixa Lula governar com a tranquilidade necesssária. 

Como se sabe, o ex-ministro sempre atuou como um exímio articulador político. Quebrar arestas é com ele mesmo, que atuou como um navio quebra-gelo em tempos idos, institucionalizando o PT, tornando possível o sonho de fazer de Lula presidente da República. Neste movimento atual, já teria conversado com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Dirceu poderia tentar uma cadeira de Deputado Federal nas eleições de 2026, caso tudo ocorra como seus advogados preveem. 

Ciente da importância estratégica de São Paulo, Dirceu já trabalha nos bastidores com o propósito de ajudar a candidatura de Guilherme Boulos e Marta Suplicy. O que não falta são as missões espinhosas por aqui, como a resistência de algumas alas da legenda em digerir a volta de Marta Suplicy à legenda, assim como o apoio do partido ao nome de um representante do PSOL. Como ninguém se perde no caminho de volta, Marta Suplicy fez juras de amor à sua antiga agremiação política, mas alguns petistas não esquecem o que ocorreu no verão passado.  

Editorial: O "jabuti" das PPPs que inclui a privativação dos presídios brasileiros.



No dia de ontem,03\02, através de inúmeros canais, o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, se manifestou veementemente contra um "jabuti" que aparece disfarçado num eventual Programa de Parceria Público\Privada do Governo Federal, onde se prevê uma espécie de privatização do sistema prisional brasileiro. Sílvio Almeida já informou que pedirá esclarecimentos sobre o assunto junto ao Ministério da Justica, pois, segundo ele, a proposta é inconstitucional e abre o caminho para a inserção ainda maior do crime organizado na gestão do sistema carcerário brasileiro. 

A gente sabe que esses grupos já operam de dentro dos presídios brasileiros, se considerarmos, inclusive, casos recentes, como uma videoconferência realizada por um desses grupos para informar às autoridades policiais que já haviam solucionado o caso dos médicos assassinados, por engano, no quiosque da Barra da Tijuca. Aqui em Pernambuco existe a figura dos "chaveiros", que são lideranças dos próprios detentos que ajudam a manter a ordem nas unidades prisionais. 

Com a sua experiência como advogado, professor, jurista, o Ministro dos Direitos Humanos deve saber exatamente o que está afirmando a esse respeito. Sílvio é uma pessoa séria e consequente. Uma reserva moral do atual Governo. Realmente, há de se estranhar que tal "jabuti" tenha aparecido, como que por acaso, num programa de Parceira Público\Privada. O país possui a terceira população carcerária do mundo. Conforme afirmamos antes, por aqui parece existir uma cultura do encarceramento. Tal questão, se depender do ex-Ministro da Justiça, Flávio Dino, começará a ser revista, conforme minuta bastante recomenda ao atual titular da pasta, o ex-Ministro do STF, Ricardo Lewandoswki. 

O sistema carcerário brasileiro é, talvez, o ambiente onde se evidencia as violações mais graves aos direitos humanos no Brasil. De tão escabrosos, pouparemos os leitores dos detalhes mais comezinhos dessas violações, admitidas, inclusive, num detalhado relatório produzido pelo Supremo Tribunal Federal, onde a palavra "masmorras" chega a ser mencionada. Que a bússula constitucional do respeito aos direitos humanos continuem orientando as ações do ministério comandado por Sílvio Almeida, que enfrenta as correntes adversas do retrocesso civilizatório no país, como reflexo da experiência nefasta produzida pelo bolsonarismo.    

Editorial: Marta de volta ao "aconchego" do PT?

Crédito da foto: Marta Suplicy, Redes Sociais. 


Em evento bastante concorrido, com a presença de grandes personalidades políticas nacionais, Marta Suplicy voltou a filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, agremiação política que, segundo ela, nunca saiu dos seus horizontes. Marta será candidata à vice na chapa encabeçada pelo Deputado Federal Guilherme Boulos(Psol-SP), que concorre à Prefeitura de São Paulo nas próximas eleições municipais. Boulos, aliás, aproveitou o ensejo para fazer algumas projeções sobre o que seria, programaticamente, o resultado de uma união entre a sua militância política e a espertise administrativa da ex-gestora, que foi apontada como a melhor prefeita da capital por uma pesquisa realizado pelo Instituto Genial\Quaest. 

Mas não foi só isso. Tivemos sernata também, na voz da própria Marta, que cantou que estava de volta ao seu aconchego, e o Deputado Federal Eduardo Suplicy, que foi casado com Marta por 40 anos, que ensaiou um eu sei que vou te amar por toda a minha vida. Quem esteve atento aos movimentos foi o principal adversário de Boulos na corrida pelo Edifício Matarazzo, Ricardo Nunes, do MDB, que se encontra num momento de equilíbrio instável, ora se aproximando do bolsonarismo, ora fazendo questão de enfatizar que não é um bolsonarista raiz. 

Neste sentido, a sua equipe já escalou três nomes, de projeção política nacional, para rebaterem as declarações de Guilherme Boulos: O ex-presidente Michel Temer, o ex-comunista Aldo Rebelo, que assumiu a secretaria deixada por Marta na Prefeitura de São Paulo, e Paulinho da Força. É uma maneira de não se expor diretamente. Não deixa de ser curiosa essa trajetória política do ex-comunista Aldo Rebelo, assumindo agora posições políticas de direita, conservadoras, se colocando na linha de frente para rebater os antigos "companheiros". 

Nem tudo são flores na chapa montada pelo Planalto para disputar aquelas eleições. Há parlamentares locais que desejavam um outro arranjo, quem sabe com um nome do próprio PT como cabeça de chapa, e uma ala que não engole a volta de Marta Suplicy à legenda, depois de uma controversa militância em outros grêmios partidários, assumindo posições imperdoáveis, como o apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A possibilidade é que esses grupos não se engajem na campanha do psolista. 

Charge! Jean Galvão Via Folha de São Paulo

 


sábado, 3 de fevereiro de 2024

Editorial: Afinal, quem não foi monitorado ilegalmente pela ABIN paralela?


Formulando a pergunta dessa maneira, talvez seja mais simples chegarmos a alguma conclusão sobre este assunto. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco,  solicitou ao STF a lista de parlamentares monitorados ilegalmente por essa da ABIN paralela. Hoje foi noticiada uma lista de ministros do Governo Bolsonaro que também teriam sido vítimas dessa ABIN paralela. Agora se sabe que a promotora e o delegado que investigaram o caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco também estava na lista. Eles abandonaram o caso alegando interferências indevidas. 

O delegado que mais avançou no caso, cumprindo religiosamente seu dever cívico de agente de Estado, atuando conforme o que se prevê, de forma republicana e constitucional, ganhou como "prêmio" um inusitado curso de especialização na Itália, sem ter solicitado. Esses aparelhos adquiridos ao Governo de Israel trata-se apenas de um "detahe" nesta engrenagem, mas, se consideramor que eles foram adquiridos desde 2016, vejam a quanto tempo esse grupo poderia estar atuando ilegalmente dentro da Agência Nacional de Inteligência! 

Agora, os poucos neurônios que ainda restam desse editor atenta para um detalhe nada desprezível: Os inúmeros questionamentos formulados acerca dos relatórios emitidos pela agência durante os dias que antecederam a tentativa frustrada do golpe de 08 de janeiro. Quem acompanhou os trabalhos da CPI do Golpe sabe que muitos fios ficaram literalmente soltos nessas narrativas, suscitando inúmeros questionamentos dos atores diretamente envolvidos.

Sinceramente? Não ficamos nada satisfeito quando observamos alguém afirmar que as coisas foram pacificadas por ali. O melhor seria o Governo Lula estudar com carinho o documento emitido pelos agentes de carreira da Agência Brasileira de Inteligência. Ali pode ser encontrado o encaminhamento mais correto para o enfrentamento de questões dessa natureza. Uma forma de blindar a agência contra as interferências indevidas dos governos de turno. 

Charge! Assim mesmo!

 


Editorial: Ricardo Nunes irá "monitorar' a temperatura do bolsonarismo em sua chapa.



O atual gestor da Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB-SP), está montando uma ampla frente política com o propósito de assegurar a sua reeleição. Sabe que o páreo não será fácil, uma vez que o Planalto joga todas as suas fichas naquelas eleições. Jogá-lo nas cordas do bolsonarismo, conforme é previsto entre as estratégias da chapa de Guilherme Boulos, não necessariamente, pode ser algo positivo para a campanha de reeleição Ricardo Nunes. 

Em algumas situações, no contexto da frente ampla que está sendo montada por Nunes, apoiadores do atual gestor confirmaram o seu apoio ao projeto de reeleição exatamente por ele não ser um bolsonarista raiz. É bom ter o apoio dos bolsonaristas, mas sugere-se a prudência necessária, uma vez que, depois do teto de apoiadores, o bolsonarismo também representa um padrão de rejeição junto ao eleitorado. 

O coronel Rocardo Mello, por exemplo, que será indicado por Jair Bolsonaro como vice na chapa é um ex-comandante da Rota, a temido Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Nas décadas de 80\90 do século passado, o Clube Náutico Capibaribe, aqui do Recife, montou um grande timaço. Entre esses jogadors estava o atacante Dedeu. Quando entrevistado pelos jornalistas sobre um eventual êxito do clube numa partida de futebol, costumava usar a expressão: O Náutico irá vencer o jogo comigo ou sem migo. É exatamente a tal questão que o prefeito Ricardo Nunes tenta equacionar. Ter Bolsonaro por perto é importante, mas até um certo ponto. 

Com o apoio já definido do PSD, não estranha que seja o seu presidente nacional, Gilberto Kassab, um supersecretário da gestão do governador Tarcísio de Freitas, que, de fato, possa estar aconselhando o atual gestor a comer o mingau quente do bolsonarismo pelas beiradas para não se queimar. Segundo dizem, o mesmo conselho teria sido dado ao governador.  

O xadrez político das eleições municipais do Recife em 2024: João é João.



A revista Veja trouxe uma matéria sobre quem lidera as pesquisas de intenção de voto nas principais capitais do país, ainda há alguns meses do pleito. No Recife, como já era de se supor, o atual prefeito João Campos(PSB-PE) lidera isoladamente a corrida eleitoral, com uma reeleição praticamente assegurada. Existe uma penca de candidatos isolados que, sequer pontuam na pesquisa realizada, o que evidencia as fragilidades de opositores ao atual gestor, seja com o aval do Campo das Princesas, seja capitaneados pelo bolsonarismo. 

Aparece um dado curioso, o ex-prefeito do Recife por dois mandatos e atual Deputado Estadual João Paulo, do PT, aparece em segundo lugar, cravando 10% das intenções de voto,  mas já informou que não será candidato, sugerindo que o PT indique o vice na chapa de João Campos. Observa-se aqui algumas dessas nuances curiosas produzidas pelo fenômeno político. Por que o ex-prefeito aparece em segundo lugar nas pesquisas? Eis aqui uma boa pergunta a ser respondida pelos cientistas políticos. 

E vamos às respostas porque, por aqui, as indagações não ficam sem algum esclarecimeto. É a gestão de João, o Campos, que faz as pessoas se lembrarem de João, o Paulo.  A gestão de João Paulo tinha como lema: A grande obra é cuidar das pessoas. João Campos focu sua gestão na mesma preocupação, desenvolvendo uma série de programas sociais, de inserção produtiva da população, proteção social,  urbanizando os morros, com obras para evitar possíveis desastres ambientais e humintários. Mesmo afastado durante anos do executivo, o imaginário da população faz ressurgir, através da gestão de João Campos, aquele que foram os  bons anos que representaram a gestão dos dois mandatos exercidos por João Paulo(PT-PE). Grosso modo, pode-se falar também num recall das duas gestão, mas, sinceramente, percebemos algo mais nesta performance do ex-gestor.  

A encrenca política, neste caso, diz respeito à imposição de um nome do PT na chapa encabeçada pelo socialista João Campos. Como se sabe, a reeleição do prefeito é apenas uma das etapas para ele chegar ao Palácio do Campo das Princesas em 2026. Neste sentido, seria de bom alvitre ser acompanhado por alguém de sua mais estrita confiança. A relação entre socialistas e petistas, sobretudo nos últimos meses, tem sido marcada por alguns problemas relativos à particpação dos socialistas no Governo Lula. 

O minstro Márcio França perdeu o Ministério dos Portos e Aeroportos para assumir o Ministério do Emprendedorismo, um órgão que acreditamos não existir sequer um organograma ainda. Cappelli e Tadeu Alencar também ficaram sem-tero durante as mudanças no Ministério das Justiça. Cappelli foi acomodado num agência do Ministério da Industria e Comércio, comandado por Geraldo Alckmin, um cargo burocrático, aquém de sua efetiva contribuição ao Governo durante os anos de apagão institucional que se seguiram após a tentativa de golpe de 08 de janeiro. 

Um outro dado é que a namorada de João Campos, a Deputada Federal Tabata Amaral, disputa a preitura de São Paulo, o que, segundo dizem, estaria suscitando possíveis manobras do Planalto pra que ela desista do projeto. A manobra, em última análise, poderia passar pelos arranjos entre petistas e socialistas na montagem da chapa no Recife. A presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, já andou antecipando que o apoio do PT aos socialistas passaria, necessariamente, pela indicação do vice na chapa.    

Editorial: "Volta para o PT, Tarcísio."



Depois de alguns escorregões verbais naturais - obviamente amplificadas pela Oposição - o presidente Lula ficou mais atento às orientações de sua assessoria neste sentido. No dia de ontem, no entanto, por ocasião das comemorações dos 132 anos do Porto de Santos, onde também foi anunciada a constração de um túnel subterrâneo ligando Santos ao Guarujá, Lula confessou que ficaria difícil segurar o papel e o microfone ao mesmo tempo, optando por falar de improviso. Esteve muito bem em sua fala, orientando-a pela necessidade de construção de padrões de relações institucionais civilizadas entre os entes federados, apelando para um clima de normalidade democrática entre Governo e Oposição. 

Entusiasmado, em certo momento, Lula como que propôs uma humanização ou civilização do bolsonarismo. Ressalvado a sua boa vontade e o entusiasmo, aqui, infelizmente a utopia proposta ficaria apenas no plano das utopias impossíveis. O que alimenta o bolsonarismo é justamente o discurso de ódio, que serve como combustível para mobilizar a sua base de apoio mais renhida. Entende-se o discurso do presidente, naquele momento em particular, sobretudo em razão da conjuntura política que ele sabe que deverá enfrentar para derrotar Ricardo Nunes da gestão da capital. Tarcísio de Freitas é um principal cabo eleitoral do atual gestor e a figura mais emblemática do bolsonarismo nacional.  

Sabe-se, inclusive, que o governador Tarcísio de Freitas, de fato, opte pela continuidado do seu mandato em 2026. Por outro lado o financiamento do túnel Santos\Guarujá também foi suficiente para produzir alguns ruídos entre o governador paulista e o Governo Federal. Em princípio, a ideia seria do governo estadual, mas, de tão importante e relevante, o Governo Federal resolveu assumir o projeto, incluindo-o no PAC, com total financiamento do Governo Federal. O ruído levou Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto, com a ameaça até mesmo de deixar a legenda Progressista. 

O Governo Lula aquiesceu e resolveu compartilhar o custo da obra com a participação, em partes iguais, do governo estadual. O atual Ministro de Portos e Aeroportos é o pernambucano Sílvio Costa Filho, que pertence ao Progressistas. Por outro lado, durante o discurso, o presidente Lula descartou completamente a privatização do Porto de Santos, que seria uma ideia fixa do governador. Como se sabe, a privatização de estatais se traduz numa das ações mais visíveis da gestão do governador Tarcísio de Freitas. 

O momento de bom humor durante o evento se deu em razão dos afagos do presidente ao governador Tarcísio de Freitas, que ficaria meio que constrangido ao longo do discurso do presidente Lula. Lula fez referência, inclusive, ao período em que o atual governador ocupou um cargo técnico no Governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Neste momento, alguém da plateia sugeriu que Tarcísio voltasse ao PT. A política institucional de boa vizinhança, por outro lado, desagradou bastante a alguns bolsonaristas nas redes sociais, que manifestaram sua insatisfação com a aproximação entre ambos.  

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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Editorial: Invasão de privacidade.


A privacidade dos cidadãos e cidadãs brasileios nunca esteve tão exposta quanto nos últimos anos, quando as nuvens cinzentas do protofascismo hegemonizaram a cena política e assumiram ao poder. Aliás, a invasão de privacidade com propósitos escusos foi um dos recursos mais utilizados por essas forças políticas para chegaram ao poder, transformando a mentira numa arma política poderosa para atingir seus adversários. O país desceu alguns degraus civilizatótios, transformando-se numa selva sem lei, numa época em que a verdade ou a mentira tornou-se apenas uma questão de narrativas

Narrativas apoiadas pelo aparato de tecnologia hoje disponíveis. Pelo andar da carruagem política, agora se sabe que até os órgãos de inteligência de Estado foram aparelhadas com o propósito de bisbilhotar ilegalmente a vida privada dos adversários do governo protofascista de turno. Ao levantar o danos produzidos por tal aparelhamento, descobre-se que os prejuízos são quase irreversíveis. Algumas dessas agências, como sugere seus próprios servidores de carreira, talvez precise ser reinventadas dentro de critérios republicanos. 

Quando pensávamos que já havíamos visto o suficiente, hoje a Polícia Federal fez a prisão preventiva de um cidadão que se especializara em fornecer dados de privacidade de várias autoridades da República, inclusive o presidente do STF Luiz Roberto Barroso. São milhares de pessoas que tiveram suas vidas devassadas e o esquema, pelo que foi apurado até o momento, já funcionava há vários anos, com milhares de clientes. O que mais nos chamou a atenção é que boas parte dos clientes eram formados por atores ligados ao aparato militar. 

Que momento institucional complicado, meus caros leitores. Algumas pessoas morreram, outras sofreram verdadeiros achincalhe moral, com a destruição de sua reputações, conduzidas por essas hordas de pessoas despreparadas e mal-intencionadas. Principalmente mal-intencionada. As narrativas sobre o 08 de janeiro, por exemplo, sugere que essa gente tinha a convicação de que continuariam no poder, operando impunemente, massacrando os adversários e destruindo os pilares mais sagrados das instituições democráticas do país.       

Editorial: Marta Suplicy volta às suas origens?



Comenta-se que ninguém se perde no caminho de volta, mas, convenhamos, a Marta Suplicy que volta a se refiliar ao Partido dos Trabalhadoras não é aquela militante de antes, da década de oitenta do século passado, quando o partido ainda era cheio de pudores e queria mudar o mundo. Na realidade, se é verdade que Marta não é mais a mesma, o PT, igualmente, também não é mais o mesmo. Mudaria bastante durante os anos seguintes. O convite para que a ex-prefeita voltasse ao partido foi articulado pelo próprio Lula, com o propósito de torná-la vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos. 

Como se sabe, Marta saiu atirando contra a agremiação petista, com duras críticas ao partido, por ocasião em que membros da agremiação foram enredados em escândalos de corrupção. Logo em seguida, seguiu uma trajetória política errática, filiando-se ao partido do ex-presidente Michel Temer. Salvo melhor juízo, endossou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, provocando a ira dos petistas raízes. A resistência desses grupos foram expressivas, mas, como afirmamos antes, já não estamos na década de 80, quando os grupos orgânicos da legenda reuniam condições de vetar este ou aquele nome. Hoje, o morubixaba bate o martelo e estamos conversados. 

Quando Lula resolveu reconvocá-la para mais uma missão, a senhora Marta Suplicy ocupava a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, subordinada à gestão de Ricardo Nunes. Ricardo Nunes, aliás, se queixa que as articulações foram mantidas sem o seu conhecimento. A conclusão é que Marta pode ajudar bastante a campanha de Guilherme Boulos. Numa pesquisa recente, realizada pelo Genial\Quaest, Marta foi escolhida como a melhor prefeita da capital. Ocorreram uma série de políticas públicas perenes durante a sua gestão, com seus efeitos positivos até os dias atuais. Boulos, durante uma entrevista à Jovem Pam no dia de ontem, fez várias referências a tais políticas públicas.
 
Hoje também será batido o martelo sobre a escolha do vice na chapa de Ricardo Nunes, que deverá ser indicado por Jair Bolsonaro. Acredita-se que o nome deverá ser o do coronel Rcardo Mello, que foi comandante da Rota, a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Os principais "padrinhos" políticos passaram a considerar aquela eleição como um terceiro turno das eleições presidenciais de 2022. Ricardo Nunes tem conseguido juntar em torno de sua candidatura um conjunto de forças políticas robustas, que inclui o próprio governador Tarcísio de Freitas, que não se descola do vice em eventos importantes. 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Editorial: Ainda as encrencas do Governo com os serviços de inteligência bichados.



"Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada Zé ou tem maribondo no pé." Essa estrofe da música do grande Ataulfo Alves, talvez traduza bem o que estamos observando a partir das investigações da Polícia Federal sobre uma suposta organização criminosa que atuava a partir da Agência Brasileira de Informação. No caso específico, tem laranja madura e podres - algumas delas já caíram - mas sugere-se que ainda tem moribondo no pé. Ao que se sabe, seis nomes da direção da agência foram afastados do cargo e, se dependesse do morubixaba petista, o Diretor-Geral também seria afastado. 

A degola foi impedida por um nome do núcleo duro ligado a Lula. Tenho reiteradas vezes afirmado que não se pode errar por aqui. Existe uma esponja de permeabilidade "natural" de alguns setores do Governo ao bolsonarismo. Daí se entender que eles continuaram operando de forma ilegal na máquina mesmo depois da indicação de nomes da suposta confiança do Governo atual. Durante o ancien régime, existe casos de servidores de carreira que foram afastados de suas funções por cumprirem suas missões institucionais, o que é gravíssimo e demonstra os padrões de aparelhamento desses órgãos. 

O indigenista Bruno Pereira morreu em missão institucional, cumprindo seu papel de servidor público, em defesa dos povos indígenas. O delegado da Polícia Federal Saraiva foi afastado do cargo por denunciar as irregularidades com o tráfico de madeira ilegal. O bolsonarismo representou um momento de apagão republicano e democrático no país. Por muito pouco não chegamos ao fundo do poço, com ministros sendo enforcados em praça pública, conforme se depreende das investigações até agora conclúidas. 

Pelo andar da carruagem política, hoje podemos concluir que a "desbolsonarização" de alguns órgãos do governo não foi suficiente para devolver a esses órgãos a sua condição de órgãos de Estado, operando conforme se define pela Constituição. É preciso avançar em sua reestruturação completa, cortando onde for preciso, sob pena de problemas ainda maiores no futuro.  

Editorial: Cultura do encarceramento.



O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, abaixo apenas da China e dos Estados Unidos, onde o sistema é praticamente administrado pela iniciativa privada. No país parece existir uma "cultura do encarceramento", embora as condições para o cumprimento das penas previstas e aplicadas sejam um tormento para os detentos, que as cumpre em unidades prisionais em média com número de detentos três vezes maior do que a capacidade concebida; submetidos à disseminação de doenças; em alguns casos dentro de uma dinâmica gerencial dos presídios que fogem ao controle do aparelho de Estado. 

Um levamtamento do STF constatou, nas palavras do Ministro Roberto Barroso, que eli se pode enchergar violações claras dos mais elementares direitos humanos.  São verdadeiras masmorras. É neste sentido que o agora senador Flávio Dino deixou pronta uma minuta, na mesa do futuro Ministro da Justiça, que o substitui no cargo, o ex-Ministro do STF, Ricardo Lewandoswki, tratando desse grave problema, proponsdo uma seletividade daqueles delitos que talvez não justifiquem o encarceramento. Flávio Dino sugeriu que, com os ajustes que se fizerem necessários, trata-se de algo que não pode ser engavetado. É como se houvesse um compromisso entre o ministro que sai e o que entra de que tal proposta seja rigorosamente avaliada.  

A proposta é capaz de produzir urticária nos bolsonaristas, mas é preciso entender, entre outras coisas, que o nosso sistema carcerário é um sistema falido, sem solução aparente para os seus problemas. Endosso aqui uma afirmação que já fizemos antes. É uma pena que Lula tenha afastado Flávio Dino do cargo de Ministro da Justiça antes que ele cumprisse o conjunto de medidas que previa para a pasta. Os arroubos de grupos de oposição significava, em última análise, que ele estava no caminho certo. Por outro lado, entende-se que o Governo precisava reconstruir as pontes fragilizadas com o Poder Judiciário. 

Lewandoswki recebeu o Ministério da Justiça de porteira fechada, que será conduzido por uma equipe de sua estrita confiança, o que significou que alguns socialistas se tornassem sem teto, a exemplo de Ricardo Cappelli e Tadeu Alencar. Cappelli deve assumir uma agência subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin. Não é um reconhecimento à altura de quem prestou releventes e inestimáveis serviços em defesa de nossas instituições democráticas como Cappelli, que cumpriu as missões de interventor na área de segurança pública do distrito federal, assim no GSI, onde promoveu uma verdadeira assepcia republicana. 

  

Editorial: Boulos que se cuide. Padre Kelmon é pré-candidato à Prefeitura da Cidade de São Paulo


Nem mesmo o seu partido ainda reconhece tal candidatura, mas o polêmico padre Kelmon já anuncia que é pré-candidato à Prefeitura da Cidade de São Paulo. Como se sabe, a eleição na maior capital do país está completamente nacionalizada. A entrada do padre Kelmon na disputa talvez seja a cereja do bolo para concluirmos por tal nacionalização daquelas eleições. Com que propósito ele entra na disputa? Possivelmente talvez para se constituir numa força-auxiliar do candidato bolsonarista, Ricardo Nunes. O mesmo papel que ele cumpriu nas eleições presidenciais passadas, quando se colocou nos debates como um ferrenho provocador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Neste sentido, Boulos que se cuide. E, por falar em Guilherme Boulos, o candidato do Psol foi o entrevistado de hoje no programa jornalistico matinal da Jovem Pam. Como sempre, esteve muito bem, tecendo críticas à gestão ao seu principal concorrente no pleito, o atual prefeito Ricardo Nunes. Um dos melhores momentos da entrevista foi quando o Deputado Federal fez referências aos pontos positivos da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. É curiosa a trajetória da ex-prefeita petista - tão curiosa que setores do partido se recusaram a recebê-la de volta à legenda - mas uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial comprovou que os paulistas a consideram a melhor gestora da cidade, com grande capacidade de agregar valores à candidatura de Guilherme Boulos. 

Pensamos que ela já estivesse se refiliada à legenda, mas o tal evento ainda irá ocorrer, com o aval e a presença do morubixaba petista. Nos bastidores da política comenta-se que o presidente Lula estaria como que obcecado com aquelas eleições. Nem a crise do setor de inteligência do Governo, assim como o rombo de R$ 230 bilhões nas contas públicas consegue superar mais as preocupações de Lula do que aquelas eleições. Não diríamos que se trata de uma obsessão, mas que Lula, depois de levantar o tapete do Planalto conseguiu perceber a sujeira deixada pelo ancien régime. Ele hoje tem a dimensão exata sobre os danos institucionais produzidos por um governo protofascista.

Voltamos a insistir em algo que já propomos por aqui antes. Que depois das eleições municipais paulistas, os institutos de pesquisa realizam algum levantamento no sentido de indentificar o "peso" da questão nacional na indução do voto do eleitorado. Geralmente, conforme afirmamos por ali, as eleições municipais possuem uma dinâmica prípria, mas as eleições de 2024 naquela cidade, como o próprio morubixaba petista admite, será um terceiro turno das últimas eleições presidenciais.  

  

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