pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Editorial: "Nova" pesquisa sobre as eleições estaduais em Pernambuco.

 


É curioso como a série histórica de pesquisas sobre as eleições estaduais em Pernambuco - depois que Marília Arraes, a candidata do Solidariedade, entrou no páreo - apresentam uma relativa regularidade nos números. Isso explica o sublinhamento do termo "Nova" no título deste editorial. A "nova" pesquisa divulgada no dia de hoje, 04\07 não apresenta grandes novidades neste cenário, mantendo os escores muito semelhantes aos de pesquisas realizadas anteriormente por outros institutos. A pesquisa publicada no dia de hoje é do IPESPE, contratada pelo jornal Folha de Pernambuco

Marília lidera a pesquisa, seguida de um pelotão de candidatos embolados na margem de erro do Instituto, de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, tornando-se difícil predizer quem iria disputar uma eventual polarização com Marília. Em todo caso, pelo cenário que vem se desenhando a nível nacional, acredito que o candidato Anderson Ferreira, do PL, assuma esta condição, embalado pelo bolsonarismo de raiz pernambucana.  

Ainda no dia ontem, através de videoconferênia, num encontro da direita, realizado no bairro do Pina, o presidente Jair Bolsonaro esteve presente para prestigiar seus fiéis escudeiros em pernambuco, Anderson Ferreira e o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, numa demonstração de que ele considera estratégico o Estado de Pernambuco para travar esse embate com o Lulismo. Numericamente, Raquel Lyra, a candidada do PSDB, aparece em segundo lugar mas é pouco provável que ela consiga manter tal posição se considerarmos as fragilidades de suas articulações nacionais, ancorada numa candidatura de terceira via que não decola. 

Miguel Coelho(UB-PE) faz tudo certinho, tem a expertise de uma experiência administrativa exitosa, tem proposta para o Estado, é jovem e inteligente, mas está se parecendo cada vez mais com Ciro Gomes, que mantém um eleitorado fiel e cativo há quatro eleições, mas não consegue ultrapassar tais patamares, criando as condições efetivas para chegar lá. Danilo Cabral, por sua vez, apesar de ser oficialmente o candidato apoiado por Lula, terá que dividir esse espaço com Marília Arraes que, como disse antes, grudou sua imagem a de Lula, como se diz por aqui, com visgo de jaca. Difícil soltar.  Eis os números: 


Marília Arraes   29%

Raquel Lyra      13%

Anderson         12%

Danilo Cabral    10%

Miguel Coelho     9%  

Editorial: Os possíveis efeitos da PEC da Bondade


Um efeito imediato dessa tal PEC da Bondade - existem outros nomes circulando, assim como PEC Eleitoral, PEC Kamikaze - seria os danos inevitáveis para o equilíbrio das contas públicas e, consequentemente, algumas dores de cabeça para o próximo gestor do Executivo Federal, seja ele quem for. O outro efeito seria observar como o eleitorado irá reagir diante dos 41 bilhões de benefícios que serão colocados à sua disposição, há poucos meses de uma eleição presidencial. 

Neste aspecto, os dois principais concorrentes às eleições presidenciais, cada qual ao seu modo, estão igualmente preocupados. Jair Bolsonaro(PL) em conquistar o apoio e a simpatia de segmentos estratégicos do eleitorado - principalmente mulheres e pobres - Lula, por sua vez, em dimensionar o "estrago" que tais medidas poderiam provocar em relação à sua liderança em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, em alguns casos, apontando a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno das eleições. 

O staff de campanha de Lula, diante desses novos fatos, já começa a trabalhar com a hipótese de as eleições apenas serem definidas no segundo turno. Durante seu périplo, em Salvador, no último dia 02, com a sua inegável capacidade de se comunicar com o povão, sugeriu que tal PEC  trata-se de um sorvete. Você chupa e logo fica com o palito, numa referência ao seu prazo de validade definido. Sugeriu que os eleitores recebessem esse presente, mas não votassem em Jair Bolsonaro. 

A julgar pelas notícias que estão sendo veiculados por alguns órgãos de imprensa, a PEC da Bondade é apenas a ponta do iceberg do arsenal de artilharia que estaria sendo preparado pelo staff de campanha de Jair Bolsonaro, nesta fase final da campanha, no sentido de desbancar a liderança de Lula nas pesquisas. Jair Bolsonaro estaria sendo aconselhado a bater forte em Lula, inclusive retomando os temas da corrupção durante os governos da Coalizão Petista, como o Mensalão e o Petrolão. A "senha" foi dada e já é possível observar seus efeitos nas redes sociais, através dos perfis bolsonaristas.       

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A estratégia de Marília Arraes em "grudar" na imagem de Lula



Não faz muito tempo, publicamos por aqui um editorial sobre algumas conclusões de um relatório de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas Social acerca dos indicadores de pobreza da sociedade brasileira, levantamento que tomou como parâmetro o biênio de 2020\2021. Conforme afirmamos ali, nunca empobrecemos tanto e em tão pouco tempo. Mais de 11 milhões de brasileiras e brasileiros foram atirados no limbo da pobreza e da extrema pobreza neste período,o que se constitui uma catástrofe social. Ainda no dia de ontem, como reflexo desse empobrecimento, publicamos aqui um outro texto sobre o drama enfrentado pelas mães nesse período de recesso escolar, quandos o filhos ficam em casa e elas não conseguem assegurar a alimentação diária dos seus entes queridos. 

76 milhões de brasileiros e brasileiras enfrentam o drama da insegurança alimentar. Já estamos diante de uma tragédia social de dimensões gigantescas. A maior crise social e política já vivida pelo país, uma vez que as nossas instituições democráticas também se encontram sob severa ameaça. Neste quesito, Pernambuco se superou. Segundo o estudo da FGVS, com o escore de 8,14 pontos, foi o Estado da Federação que, isoladamente, mais contribuiu para o agravamento da pobreza no país. 

Há algum tempo, num encontro com Lula, a candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, Marília Arraes, conseguiu emocionar o morubixaba petista lembrando a ele sobre um projeto exitoso do seu avô, o Dr. Miguel Arraes, destinado ao homem do campo. O famoso programa "Chapéu de Palha". Sugeriu que tal programa fosse replicado em escala nacional, o que fez a alegria do petista. Hoje, ela lança uma proposta de destinar um bilhão de reais para o enfrentamento da miséria no Estado, o que converge com a nossa sugestão de que tal problema deveria ser a prioridade dos candidatos ao Governo do Estado, já que as carcomidas oligarquais familiares que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas só pensarem em seus interesses pessoais e dos grupelhos apadrinhados. 

Muita gente está se perguntando onde ela conseguiria este recurso para enfrentar o drama da fome no Estado. Trata-se de uma questão de estabelecer prioridades, pois dinheiro existe. Curiosamente, segundo o diretor da FGVS, o economista Marcelo Neri, seriam necessários 43 bilhões anuais para erradicar a pobreza no país. Mais ou menos o valor da famigerada PEC kamikaze, um pacote de medidas com objetivos bem definidos - e temporários - que, de concreto, não se propõe a enfrentar o problema. E olha que nem estamos falando das Emendas do Relator. De tão secretas, nunca saberemos dos montantes que circulam por ali. 

Assim, possivelmente bem orientada pelos seus assessores de campanha, Marília Arraes vai consolidando sua estratégia de "grudar" sua imagem a de Lula, independentemente de seu apoio formal à candidata do Solidariedade. Não sou pulicitário, mas existiria aqui uma espécie de tentativa de construir uma "convergência identitária" de apelo muito forte junto ao eleitorado, principalmente aquele que se identifica com o ex-presidente Lula, o que, afinal, parece ser este o objetivo.    

domingo, 3 de julho de 2022

Editorial: O drama do recesso escolar num país onde a merenda significa segurança alimentar.



Até recentemente, a Fundação Getúlio Vargas Social divulgou seu relatório de pesquisa sobre a condição de pobreza e extrema pobreza da sociedade brasileira. Os números são estarrecedores, indicando que o país nunca empobreceu tanto em tão pouco tempo. O Brasil, para ser mais preciso, enfrenta uma crise política e social sem precedentes. Atualmente, somos a democracia mais vulnerável do mundo. A democracia política e a democracia econômica estão perigosamente ameaçadas. 

Como se sabe, uma combinação explosiva, pois quem passa fome não teria muito a apostar num regime político que não atende às suas demandas elementares. Há um ambiente fértil para a desconstrução do ambiente democrático, numa evidente vulnerabilidade às pregações das patologias políticas. Historicamente, este hiato entre democracia política e democracia econômica sempre se constituiu num entrave à consolidação de nossa jovem democracia, sempre susceptível aos solavancos autoritários. 

De acordo com aquela instituição, somente entre os anos de 2020 e 2021, 11 milhões de brasileiros e brasileiras foram jogados no limbo da  pobreza. 76 milhões encontram-se na situação de insegurança alimentar, ou seja, não estão seguros sobre a refeição seguinte. Um percentual bastante expressivo desse montante são negros e encontram-se no Nordeste, expondo as vísceras do nosso racismo estrutural e das desigualdades regionais. 

Agora, por ocasião das férias de julho, onde ocorre o recesso escolar, bate um desespero nas mães, por encontrarem-se sem condições de assegurar as refeições do filhos no ambiente familiar. Esses bilhões que estão sendo gastos por essas PECs de ocasião ou através do orçamento secreto, possivelmente, seriam muito bem vindo, se empregados de forma consciente, permanente, através de programas estruturadores, para enfrentar o drama da fome no país, denunciado pelo sociólogo Josué de Castro desde a década de 40 do século passado.    

Editorial: Geraldo Alckmin no meio da multidão, durante festejos na Bahia.


Geralmente, em campanhas eleitorais, os políticos sofrem bastante,pois são submetidos a várias situações - nem todas elas muito agradáveis - mas precisam ser simpáticos aos eleitores, submetendo-se aos seus caprichos, como, por exemplo, não recusar uma comida oferecida, preparada com todo aquele esmero. A mídia não deixa de divulgar essas reações dos políticos, quase sempre fazendo um esforço enorme para não parecerem antipáticos. Este editor pode até estar equivocado, mas o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin(PSB-SP), não possui aquele perfil tipicamente de um político de rua, ou seja, aquele que cai na bagaceira sem nenhum constrangimento. 

Nas imagens que foram divulgadas no dia ontem, quando a comitiva de Lula esteve acompanhado o desfile da Independência da Bahia, percebe-se nitidamente, que o político, em alguns momentos, não esconde o seu desconforto com a situação. Lula, por sua vez, demonstrou estar mais à vontade, segundo dizem, seguindo um protocolo que antes não estaria previsto por seus assessores, como cair na multidão, sabendo-se dos riscos de vulnerabilidade de segurança que isso representaria. 

Lula tem esse cheiro e essa inhaca desde os tempos, creio, das famosas greves do ABC Paulista, ainda na condição de sindicalista. Geraldo é mais discreto, mais afeito aos gabinetes. Se Lula resolver repetir a dose daqui para a frente, Geraldo terá um longo percurso de aprendizagem para adaptar-se a esta nova realidade. Por outro lado, diante do acirramento de ânimos proporcionados pela campanha, não seria improvável que Lula fosse aconselhado a dar mais atenção à sua segurança.   

Editorial: As eleições presidenciais ainda estão no começo

 


Dois artigos hoje publicados em sites - um pelo diretor do Instituto Potencial Inteligência, Zeca Martins, e outro pelo cientista político Murillo Aragão, na edição do site da revista Veja - sugerem que as eleições presidenciais estão apenas no começo. É como se o eleitorado ainda não estivesse com os olhos voltados para o pleito de outubro. Aqui, em Pernambuco, segundo Zeca Martins, algo em torno de 70% do eleitorado ainda não entrou no jogo. 

Uma das conclusões possíveis é que, apesar da hegemonia de alguns candidatos, o cenário ainda é passível de eventuais mudanças. Diante de um contexto de enormes dificuldades neste momento da campanha, o staff político do senhor Jair Bolsonaro(PL), por exemplo, além do pacote de bondades já divulgados, prepara uma série de petardos contra o candidato favorito dos eleitores até este momento: Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Segundo alguns veículos de comunicação, a artilharia será pesada, envolvendo a retomada dos casos de corrupção em que o PT esteve envolvido durante os governos da coalizão petista. 

Na primeira eleição de Bolsonaro, em 2018, o antipetistmo foi um dos seus trunfos para vencer aquelas eleições. Ao longo dos anos, tal narrativa sofreu algum desgaste, mas, segundo alguns levantamentos realizados por institutos de pesquisa, tais fatos ainda permanecem na memória de alguns eleitores, apesar da lipoaspiração jurídica aplicada sobre as condenações ao morubixaba Lula.  Como observa Murillo Aragão, é observar se o PT teria a resiliência suficiente para suportar os achaques. 

Alguém, acertadamente, já apontou que o staff de campanha de Jair Bolsonaro não deveria se preocupar com Lula, mas com a inflação em alta, abalando sensivelmente o bolso e o humor dos eleitores. O pacote de bondades ora em curso prevê subsídios, bonos, renúncia fiscal, mas todos sabem que se trata de bondades com prazo de validade definida, além dos danos que tais medidas irão produzir nas contas públicas.      

sábado, 2 de julho de 2022

Editorial: O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um momento difícil para os socialistas pernambucanos.



Não sem um bom motivo, mais uma vez, o ex-presidente Lula adiou a sua visita ao Estado de Pernambuco. Somente em Agosto ele deve matar a saudade da terrinha. Alguns palanques estaduais estão enfrentando uma série de problemas e Pernambuco é um deles. Um outro caso emblemático é São Paulo, mas as circunstâncias políticas - como a desistência da candidatura do apresentador José Luiz Datena ao Senado Federal - estão, de alguma forma, contribuindo para minimizar as dificuldades de formação de um palanque único entre o PSB e o PT. 

Seria mantida a candidatura do professor Fernando Haddad(PT-SP) ao Palácio dos Bandeirantes, enquanto o ex-governador Márcio França disputaria a vaga ao Senado Federal pelo PSB. Espera-se para breve que este martelo seja batido. Se França tiver o apoio de outros grêmios partidários - caso do União Brasil, por exemplo -  para a sua candidatura ao governo, os acordos entre o PT e o PSB podem voltar a estaca zero. A equação paulista acabou se tornando um nó, que, se desatado a contento, poderia criar uma espécie de jurisprudência política para Pernambuco, ou seja, Lula teria um palanque único, unindo o PT e o PSB. 

Não sabemos como tal hipótese teria sido construída. Afinal, caso tal raciocínio se aplique ao Estado de Pernambuco, nas atuais circunstâncias, seria o caso de integrar, num único palanque, o PSB, o PT e o Solidariedade. Uma missão quase impossível, embora se registre que tudo é possível neste campo. Daí ser sensato concluir que alguns analistas possam estar deslizando na maionese ou vendo chifre em cabeça de cavalo. Ainda esta semana, a candidata assumiu nacionalmente sua ligação com Lula, através de um peça de campanha, ao afirmar que "Lula é Marília e Marília é Lula". Como se sabe, ela não precisa pedir "autorização" a ninguém para usar o nome de Lula, menos ainda a ele. Os laços afetivos, aliado à sua longa militância petista, permitem tal intimidade com o morubixada petista. 

Hoje, o candidato do PSB, Danilo Cabral, respondeu na mesma moeda com o "DaniLula", que passou a ser veiculado como peça de campanha do socialista. As pesquisas de intenção de voto mais recentes começam a sinalizar para uma eventual polarização, também aqui no Estado, entre os candidatos Lula e Bolsonaro, assim como ocorre em todo o país. A questão é que tal polarização está se configurando, pelo desempenho nas pesquisas, entre Marília Arraes(SD-PE) e Anderson Ferreira(PL-PE) e não entre Danilo Cabral(PSB-PE) e Anderson Ferreira(PL-PE). Animado com os últimos resultados nas pesquisas - que demonstram uma sensível melhora de desempenho - Anderson Ferreira, sempre ao lado de ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, parece ter intensificado o ritmo de campanha. 

O curioso nisso tudo é que, nas eleições passadas, no segundo turno para a Prefeitura da Cidade do Recife, Anderson apoiou a candidatura de Marília contra o atual prefeito, João Campos, do PSB. Já naquele momento ele reafirmava o compromisso de derrotar os socialistas no Estado, assumindo a tarefa como um projeto coletivo e não como uma iniciativa pessoal. E, por falar nos socialistas, a bruxa anda solta no Palácio do Campo das Princesas. Mesmo com medidas duras, não se consegue segurar a sangria, representada por inúmeras defecções de quadros antes apoiadores da legenda no Estado. 

Aliás, segura-se, mas há um preço muito elevado, como a abertura de espaços na máquina e bases eleitorais para alguns, em detrimento de quadros históricos da legenda. O momento político, na realidade, é muito difícil para os socialistas no Estado: Os indicadores sociais e econômicos do Estado são caóticos; há uma desaprovação altíssima do atual governo; há uma saturação natural decorrente da fadiga de material produzida por 16 anos de governo; o apoio único e exclusivo de Lula continua sendo uma grande "utopia"; em tais circunstâncias, as bases de apoio tornam-se bastante rarefeitas.

P.S.: do Contexto Político: Somente numa hipótese seria possível entender o raciocínio, desenvolvido por alguns observadores da cena política, estabelecendo um parâmetro comparativo entre a situação dos palanques do PT e do PSB em São Paulo e em Pernambuco, considerando que, uma tomada de decisão de Lula na praça paulista poderia se replicar aqui na província: Lula assumir os dois palanques, o de Fernando Haddad(PT-SP) e o de Márcio França(PSB-SP). Aqui, seria Marília Arraes(SD-PE) e Danilo Cabral(PSB-PE).           

Editorial: A Bahia de todos os candidatos.



Os principais concorrentes às eleições presidenciais de 2022 estão, neste momento, comemorando a dia da Independência do Brasil, que, para os baianos ocorre no dia 02 de Julho e não no dia 7 de Setembro, data em que os demais brasileiros e brasileiras comemoram a nossa Independência. Luiz Inácio Lula da Silva(PT), Jair Bolsonaro(PL), Ciro Gomes(PDT) e Simone Tebet(MDB) marcaram encontros com a militância na terra de Jorge Amado. 

Quando discutimos este assunto por aqui, num outro momento, levantamos a possibilidade de eventuais tumultos provocados pelo encontro das militâncias dos candidatos, mas, pelo que parece tudo está ocorrendo de forma civilizada, como, aliás, deveria ser sempre assim. As assessorias dos candidatos deram um jeito de redefinirem os trajetos, evitando os possíveis encontros entre a militância. A Bahia é o quatro colégio eleitoral do país, portanto, uma praça de disputa eleitoral estratégica para qualquer candidato ao Palácio do Planalto. 

Ali, Lula abre uma larga vantagem sobre o candidato Jair Bolsonaro, embora o candidato do PT ao Palácio de Ondina, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), esteja enfrentando um momento difícil nas pesquisas de intenção de voto. A perspectiva é que Lula, com o seu prestígio entre os baianos, consiga reverter essa situação desfavorável do candidato do partido. Há pesquisas indicando que, quando associado ao nome de Lula, ele cresce bastante. Resta saber se o suficiente para desbancar o principal nome da disputa ao Governo do Estado, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, herdeiro do carlismo. 

Naquele Estado, o PT tem um grande obstáculo a superar, ou seja, o desgaste de 16 anos à frente do Palácio de Ondina, o que seria suficiente para produzir uma inevitável fadiga de material. Até recentemente, também foram expostas as víceras de eventuais casos de malversação de recursos públicos, na máquina da administração pública\Consórcio Nordeste, durante a Pandemia da Covid-19, o que implicaria na amplificação desse desgaste junto à opinião pública.     

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Editorial: A reação de Rodrigo Garcia no Datafolha



Sem entrar nas nuances do comportamento do eleitorado paulista, fica difícil entender porque, de alguma forma, seria um risco o PT bancar a candidatura do professor Fernando Haddad em São Paulo. Já antecipo que nenhum argumento, por mais convicente que seja, levaria o morubixaba Lula desistir de tal candidatura, pela qual ele vem brigando desde o início. 

No que concerne ao seu projeto nacional, possivelmente o mais prudente seria apoiar a candidatura do ex-governador Márcio França, escalando o seu vice, Geraldo Alckmin, do mesmo partido, a jogar toda a carga na conquista do eleitorado mais conservador, com o qual ele possui um trânsito bastante considerável. França criaria um escudo capaz de se proteger contra os petardos antipetistas que serão atirados pelos adversários, capaz de sensibilizar o eleitorado, tradiconalmente, marcado por uma certa reticência ao PT. E olha que, pelo que sabe dos bastidores da campanha bolsonarista no plano nacional, o arsenal é grande. 

São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e um candidato que não estiver bem ali pode ter complicações no plano nacional. O histórico de eleições do PT naquela praça sempre foi marcado por muitas dificuldades, como a eleição da prefeita da capital, Luiza Erundina, por exemplo, que deu, incluive bons estudos acadêmicos, como o do professor Cláudio Gonçalves Couto, hoje na FGV. Haddad começa bem, liderando, com folga relativa, as últimas pesquisas de intenção de voto. 

Para alguns observadores, no entanto, essa bola pode murchar na medida em que a campanha avance. O PT nunca teve vida fácil naquele ninho tracional dos tucanos. Veja-se, por exemplo, a incrível guinada de Rodrigo Garcia nesta última pesquisa do Datafolha. Ele pulou de 6% para 13% das intenções de voto, empatando com o candidato bolsonarista, Tarcísio de Freitas. 

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: O "Bezerro de Ouro" do Centrão


Assim como a ministra do Supremo Tribunal Federal, senhora Rosa Weber, também consideramos esse tal orçamento secreto - ou emenda do relator - algo não condizente com alguns princípios do próprio regime democrático, que exige, por exemplo, a transparência dos seus atos. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, num corredor da Câmara dos Deputados instalou-se uma espécie de "salinha do orçamento secreto", onde observa-se uma verdadeira romaria de parlamentares e assessores com o propósito de obter a liberação de recursos para as suas bases ou redutos eleitorais. Naturalmente, parlamentares ligados ao Governo Bolsonaro. 

Lula, o PT e seus parlamentares estão sensivelmente preocupados com esse "Bezerro de Ouro", num ano eleitoral. Mas, a rigor, toda tessitura está sendo muito bem calculada pelo Centrão, sejam quais forem o resultado das próximas eleições presidenciais. Já existem manobras no sentido de tornar esse orçamento secreto permanente, prevendo-se uma eventual vitória de Lula, engenssando o seu eventual governo. Outra preocupação bastante pragmática do grupo seria a formação de uma boa bancada de parlamentares, formando uma maioria, independetmente da eleição de Jair Bolsonaro(PL). 

O Centrão pensa em tudo. Tudo significa ele mesmo. O grupo trabalha com uma lógica muito bem definida, priorizando o exercício do poder em qualquer circunstância política, assegurando cargos na máquina e recursos, de preferência através de expedientes como o tal orçamento secreto. Aplicam uns torniquetes, deixam as vítimas estrebucharem - leia-se governos - e, logo em seguida, oferecem uma bóia salva-vida, mas deixam o indivíduo dentro do barco numa condição que, a qualquer momento, eles possam atirá-lo de novo aos tubarões.   

Editorial: A desistência de Datena ajuda o PT a resolver o impasse em São Paulo ?



No dia de ontem, o apresentador de TV José Luiz Datena anunciou que não dispurá uma vaga ao Senado Federal por São Paulo. Quem mais lamentou a decisão foi o candidato do Republicanos, o ex-Ministro da Infraestrutura do Governo Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, que disputa o Governo do Estado nas próximas eleições. Por outro lado, houve quem comemorasse a decisão, uma vez que ela ajuda a resolver um grande impasse - ou uma ponta solta, como preferem alguns - envolvendo o PT e o PSB, tendo como pano de fundo, a candidatura do ex-governador Márcio França(PSB-SP) ao Governo do Estado, pelo PSB, o que, desde o início da aliança entre os dois grêmios partidários, tornou-se uma dor de cabeça para os dirigentes das legendas. 

Há quem sugira que a estratégia do PT em São Paulo não passaria, necessariamente, por uma candidatura própria, num raciocínio em torno de sua candidatura presidencial. Mas tentem convencer Lula sobre isso. Ele não abre mão da candidatura do seu fiel escudeiro Fernando Haddad(PT-SP), que, por sinal, lidera, até este momento, todas as pesquisas de intenção de voto. Por outro lado, há compromissos formais do PT com os socialistas, que soma-se ao fato de que, em sua chapa presidencial, encontrar-se um cristão novo da legenda, o vice Geraldo Alckmin(PSB-SP). 

Recentemente, antes da desistência de Datena, Lula manteve uma longa conversa com Márcio França(PSB-SP), segundo dizem, com o propósito de fazê-lo desistir do projeto de candidatura própria. Sem muito sucesso, segundo se soube depois, de acordo com o dirigente da legenda socialista, Carlos Siqueira. Diante desses fatos novos, quem sabe, França aceite disputar a vaga ao Senado Federal ao lado do pupilo de Lula, Fernando Haddad. Como se sabe, em São Paulo, os tucanos possuem o seu ninho mais emplumado. São Paulo ja foi chamada de Tucanistão, numa referência à hegemonia do PSDB naquela praça. 

Isso posto, talvez se compreenda a recuperação de Rodrigo Garcia(PSDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto, como a divulgada pelo Instituto Datafolha no dia de ontem, onde ele já aparece empatado, na margem de erro do Instituto, com o candidato Bolsonarista, Tarcísio de Freitas. Não tenhamos dúvidas de que teremos uma batalha campal pela frente, onde não surpreenderia a ascenção de candidaturas como as de Garcia e Freitas, disputando, voto a voto, com o nome do Partido dos Trabalhadores, como, aliás, tem sido assim as disputas políticas naquela praça: um clássico.    

Editorial: Um pacote de bondades de 41 bilhões.


Economistas mais consequentes, entre eles Mailson da Nóbrega, em análises recentes, desaconselharam esse pacote de bondades do Governo do Presidente Jair Bolsonaro(PL), mas, as dificuldades com o projeto de reeleição o tornaram viável, mesmo sabendo-se das suas consequências danosas para o equilíbrio das contas públicas. O pacote de bondades custará aos cofres públicos um montante superior aos 41 bilhões de reais, aprovado na condição excepcional de um estado de emergência. 

O pacote prevê o aumento do valor do Auxílio Brasil - que passaria dos atuais R$400 para R$600 ; vales para taxistas e caminhoneiros; um vale para aquisição de botijão de gás a cada dois meses; entre outros benefícios. Assim como vem ocorrendo com o Auxílio Brasil, seus efeitos sobre o eleitorado são duvidosos, embora se saiba que o problema da reeleição de Jair Bolsonaro não seja, necessariamente Lula, mas a inflação em alta, conforme enfatizamos no dia de ontem. 

A população brasileira, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas Social, nunca empobreceu num ritmo tão acelerado. A pandemia da Covid-19 deu sua contribuição para esse processo, ao desarranjar vários setores da economia, mas não foi apenas isso. As oportunidades de emprego formais voltaram a crescer, atingindo, inclusive, um dos setores mais prejudicados durante o período, o de serviços. O país, no entanto, deixou de pensar em sua população mais socialmente fragilizada, como em período anteriores, onde milhões saíram da condição de extrema pobreza. Ausência de políticas públicas eficazes, permanentes e estruturadoras são as responsáveis por produzir esse efeito "bumerangue". 

Faltam menos de 100 dias para as eleições e torna-se difícil prevê os efeitos desse pacote até lá. O problema do Auxilio Brasil, por exemplo, não estaria relacionado ao valor do benefício, mas a uma percepção entre seus beneficiários, que não estariam associando-o ao Governo Bolsonaro. Anda sendo veiculada uma campanha institucional na TV sobre o programa que, a rigor, segue o mesmo script das campanhas institucionais do antigo "Bolsa Família". Talvez o Governo esteja mais perto de descobrir qual o real problema com o Auxílio Brasil.         

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Editorial: O combate à pobreza como programa dos candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco


Já faz algum tempo que não escuto uma notícia boa sobre o nosso Estado. Seja consoante à economia, à política, à violência urbana, à cultura, à administração pública. Ao contrário, somos informados, cotidianamente, sobre a queda de indicadores dos índices de desenvolvimento, investimentos, e, talvez como reflexo disso, o aumento dos índices de pobreza, desemprego, violência urbana e precarização das condições de vida da população. No dia ontem, surgiu mais um desses indicadores: Pernambuco junta-se aos Estados de Alagoas, Amazonas, e Maranhão, onde mais da metade da população encontra-se na faixa de pobreza. 

Aliás, o país vem empobrecendo de maneira célere, de acordo com os últimas levantamentos realizados por entidades sérias, como a Fundação Getúlio Vargas Social, sob o comando do economista Marcelo Nery. Quando concluiu seu doutorado a sua tese causou uma enorme polêmica à época - em relação à abordagem de estudo do tema, que já era os pobres do país - mas logo as dúvidas se dissiparam e ela foi considerada a melhor tese de doutorado defendida naquele ano. Em síntese, o dado mais preocupante das conclusões da pesquisa da FGV é que nunca antes empobrecemos num ritmo tão acelerado, atirando milhões de pessoas na pobreza e na extrema pobreza.  

Nunca empobrecemos de maneira tão rápida e isso não se deve unicamente aos problemas relativos à pandemia da Covid-19, embora ela possa ter contribuído. Mas tem a ver também com a ausência de políticas públicas estruturadoras que se propusessem a enfrentar o problema, complementadas, num segundo momento, pela ampliação das oportunidades educacionais. Claro que esses dados não podem ser avaliados fora do contexto nacional e até internacional, mas, concretamente, no que concerne a Pernambuco -um dos Estados que mais contribuíram para chegarmos a essa tragédia - alguns deveres de casa deixaram de ser feitos ao longo desses anos. 

Nenhum grande projeto estruturador - depois de SUAPE - capaz de atrair novos investimentos, gerar emprego e renda. Pernambuco, há anos, é governado por oligarquias políticas cevadas na Casa Grande - desprovidas de sensibilidade social e espírito público - que conduzem os negócios de Estado consoante seus interesses particulares e dos seus apadrinhados. Seus críticos e desafetos ainda são tratados com o chicote na mão - como naqueles tempos - ou açoitados em suas reputações, quando não encaracolados com processos jurídicos. A malversação de recursos do erário é outra rotina execrável, que repercute negativamente no objetivo de proporcionar à população a aplicação correta dos impostos arrecadados.

Trata-se de uma vergonha para o nosso Estado, hoje em pé de igualdade com Estados como Alagoas e Maranhão, que, curiosamente, do ponto de vista da condução política, tiveram a mesma "sina" de estar nas mãos de ultrajantes oligarquias políticas familiares. Permitam, por favor, um pouco de paz para o grande sociólogo pernambucano Josué de Castro, que dedicou sua vida a estudar o fenômeno da fome no país, em particular na nossa região Nordeste. Josué sempre afirmava que, a despeito das condições adversas, os moradores das palafitas do Recife - os homens e mulheres caranguejos - ainda viviam em condições melhores do que a população da Zona da Mata do Estado. Nos últimos anos, conseguimos subverter essa equação e, hoje, a capital Recife vive atolada na miséria, completamente vulnerável às intempéries, como as enchentes dos últimos dias.     

    

Editorial: Paulo Guedes, "O Posto Ipiranga", continua prestigiado no Governo.



A economia é um fator decisivo para o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Se os índices inflacionários continuarem nesses patamares - o salário mínimo não cobre sequer duas cestas básicas - ele pode dar adeus ao seu projeto de reeleição. Como já afirmamos num dos editoriais, a inflação atinge a parte mais sensível do ser humano, o bolso, conforme vaticinava o grande economista Roberto Campos. Provoca os desarranjos e os aborrecimentos cotidianos na hora de comprar o gás - isso para alguns poucos privilegiados - pagar a conta de luz, do fiado na mercearia. 

Isso sem falar nos seus reflexos sobre os padrões de relacionamentos familiares, em tais circunstâncias, sempre marcados por tensões e arengas. Em casa onde falta pão, todas brigam e ninguém tem razão, como diziam os nossos avós. Segundo alguns informes dos bastidores da política, alguns assessores politicos do staff de campanha do presidente Jair Bolsonaro o teriam aconselhado a destituir o atual Ministro da Economia, o senhor Paulo Guedes, também conhecido como Posto Ipiranga. Depois eles mesmos teriam construído um consenso de que a situação poderia ficar ainda pior, caso ele fosse demitido. 

Logo em seguida, o presidente Jair Bolsonaro fez questão de prestigiar o subordinado, informando que ele seria o seu Ministro da Economia num eventual segundo mandato. Mas isso não ficaria nos gestos formais, a julgar pelos últimos rearranjos na equipe de Governo. Duas pessoas pessoas ligadas ao ministro Paulo Guedes tiveram suas indicações para a ocupação de cargos estratégicos no Governo: José Mauro Ferreira, indicado para a Presidência da Petrobras e, mais recentemente, uma de suas assessoras mais próximas, Daniella Marques Consentino, indicada para a Presidência da Caixa Econômica Federal. 

A julgar por essas últimas indicações, a despeito das dores de cabeça com o dragão da inflação, o "Posto Ipiranga" continua prestigiado no Governo Bolsonaro. O Governo está preparando uma série de medidas com o propósito de estancar a sangria, como o aumento do Auxílio Brasil e a concessão de um bônus aos caminhoneiros, mesmo sabendo de seus impactos sobre as contas públicas. A nossa impressão é a de que o país nunca empobreceu tanto, a julgar pelas pesquisas, agora divulgadas, realizadas por entidades sérias, como a Fundação Getúlio Vargas. O próximo governo, seja lá quem for, terá uma missão hercúlea pela frente.       

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: As mulheres preferem Lula. E podem decidir a eleição presidencial.



No momento, Lula só tem olhos para a esposa Rosângela Silva, carinhosamente chamada de Janja. Mas as mulheres preferem Lula a Bolsonaro. Isso talvez explique o engajamento da esposa do presidente Jair Bolsonaro, Michele Bolsonaro, que entrou de vez na campanha do marido, tendo, inclusive, se filiado ao PL. De fato, ela já vinha cumprindo alguns papéis no Governo, mas, agora, é visível seu empenho de angariar apoios para o marido nesta fase da campanha. Se a rejeição de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino será contornada é um outro grande problema. 

Suas taxas de rejeição são altas, principalmente entre as mulheres mais pobres, essas que preferem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), conforme evidencia uma análise do jornalista Matheus Leitão, em sua coluna da revista Veja. Conforme a renda aumenta, essa taxa de rejeição ao atual presidente diminue, mas anda continua significativa junto a um eleitorado que será decisivo nas próximas  eleições presidenciais. Segundo dados do TSE, o eleitorado feminino é superior em números ao eleitorado masculino. 

Hoje mais comedido, num passado recente ocorrerem várias situações envolvendo entreveros do presidente com mulheres, o que pode ter contribuído para fomentar o espírito de corpo entre as mulheres, que é bastante efetivo. Essa observção trata-se, naturalmente, de uma entre outras tantas possibilidades para tentar entender as motivações dessa rejeição. Somente pesquisas qualitativas poderia, de fato, explicar, com precisão, essa rejeição de Bolsonaro junto a este eleitorado. Por enquanto, por alguma razão, as mulheres preferem o Lula.

Essa seria uma das razões pelas quais sua assessoria estaria aconselhando a adoção de uma medida mais radical do presidente em relação a uma autoridade do governo acusado de assédio sexual pelas funcionárias, mesmo sabendo-se de sua proximidade com o chefe do Executivo. Se dependesse de Bolsonaro, certamente, ele poderia ser afastando do cargo através do "a pedido", mas, nesta fase difícil em que a campanha se encontra,para não contrariar ainda mais um eleitorado feminino reticente, politicamente, uma demissão pura e simples talvez seja o mais adequado.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Novas pesquisas apontam para um cenário de polarização?



Havia uma grande expectativa deste editor sobre alguma pesquisa de intenção de voto que trouxesse alguma informação no que concerne ao real potencial de transferência de voto - entre os principais concorrentes ao Palácio do Planalto - para os seus candidatos no Estado. Finalmente, tal expectativa foi atendida com a publicação, no dia de hoje, 29\06, dos dados levantados pelo Instituto Potencial Inteligência, publicados no Blog do Magno Martins. Aliás, duas pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado de Pernambuco estão sendo divulgadas pela crônica política local. A outra é a do Instituto Real Time Big Data, que traz, inclusive, um cenário de mudanças do comportamento dos candidatos na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas.

Há, aqui no Estado, como já afirmamos em inúmeras oportunidades, uma grande expectativa dos membros do PSB de que Lula possa alavancar a candidatura do Deputado Federal Danilo Cabral, candidato do partido, que não anda muito bem até este momento. Em Julho, além de curtir o friozinho de Garanhuns e matar as saudadades do berço, o ex-presidente vem ao Estado para cumprir esta missão. Há quem assegure que se trata de uma missão hercúlea, mas há quem aposte no contrário. Como mais um agravante a se ou não superado, a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, colou sua imagem a do ex-presidente e não respeitará o contrato de exclusividade.

Quando associado ao nome de Danilo Cabral, Lula, de fato, consegue melhorar seu desempenho, mas, a princípio, num patamar que não ameaça a liderança de Marília Arraes. O mesmo fenômeno ocorre com o candidato do PL, Anderson Ferreira, quando seu nome é associado ao presindente Jair Bolsonaro, que esteve recentemente acompanhando os festejos juninos em Caruaru, ao lado do fiel escudeiro. Aliás, apesar da rejeição altíssima no Estado - acima de 60% - Jair Bolsonaro transfere mais votos para o seu pupilo do que Lula para o socialista Danilo Cabral. O escore de Lula é de 14,8% e o de Jair Bolsonaro chega a 16,1%.

O mais emblematico deste encontro é o fato de que, apesar de ter lançado sua candidatura própria, Anderson manteve suas cordiais relações com a candidata do PSDB, Raquel Lyra, o que sugere a possibilidade de uma reaproximação num eventual segundo turno. Embora os dados do Real Time Big Data sejam mais discretos e "conservadores", os dados do Instituto Potencial Inteligência apontam para uma eventual mudança de cenário na tendência de voto, sugerindo a possibilidade concreta de uma possível polarização entre Marília Arraes, sempre colada em Lula - apesar dos queixumes - e o candidato Anderson Ferreira, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. É preciso cautela, pois tal oscilação ainda se encontra dentro da margem de erro, ou seja, de trê pontos percentuais.

A pesquisa do Real Time Big Data traz algumas curiosidades no que concerne à disputa para o Senado Federal no Estado. Há candidatos que seguer tiveram seus nomes oficializados como postulantes liderando a pesquisa, como é o caso de Mendonça Filho e Armando Monteiro, enquanto os candidatos oficializados continuam comendo poeira pelo Estado, sem que tal esforço se traduza, necessariamente, num reposicionamento nas pesquisas de intenção de voto. Vejam os dados do Instituto Potencial Inteligência:

Marília Arraes(Solidariedade): 25,5%

Anderson Ferreira(PL): 13,1%

Raquel Lyra(PSDB): 11,9%

Miguel Coelho(UB-PE): 8,6

Danilo Cabral(PSB): 8,6

TSE: BR-03872\22

terça-feira, 28 de junho de 2022

Editorial: CPI do MEC


O grande Ulisses Guimarães costumava afirmar que uma CPI sabe-se como começa, mas nunca sabe-se como termina. Perdão aos leitores se não traduzi ou fui rigorosamente fiel à expressão do parlamentar, mas, a rigor, foi mais ou menos isso que ele quis dizer. Até este momento, por exemplo, não se sabe sobre os efeitos concretos da CPI da Covid-19, que alcançou enorme repercussão nacional, sendo transmitida ao vivo pela TV. E olha que a transmissão não foi apenas da TV Senado, geradora do sinal, como seria de sua competência. 

Aliás, até se sabe. Por uma dessas ironias, um ex-Ministro da Saúde no Governo Temer - acusado de ser o maior beneficiário de um eventual esquema de superfaturamente - foi inocentado pelos tribunais pela ausência de provas. De fato, haviam indícios de possíveis irregularidades. Não seria rotineiro que um servidor público de carreira fosse acionado em seus dias de folga para agilizar assinatura para a liberação de pagamentos milionários a destinatários confusos.  

Antes que nos condenem, quero informar que acompanhei todos os trabalhos da CPI da Covid-19 com absoluta atenção, lamentando profundamente quando os trabalhos eram interrompidos ou os intimados ou convidados se recusavam a falar. Louvores a CPI da Covid-19 que, com bastante brilhantismo e seriedade, realizou um excepcional trabalho para o país, apontando equívocos no que concerne às ações do poder público para o enfrentamento da pandemia. De fato, se justifica uma CPI do MEC, se considerarmos os padrões de relações nebulosas e de perfil pouco republicano entre entes públicos e privados envolvendo a liberação de recursos públicos. 

Ninguém é louco ao ponto de afirmar que a corrupção acabou neste país, que sempre ocupou a lista de um dos países mais corruptos do mundo. Nossa corrupção é estrutural e não se resolve por decreto ou por bravata, também não se minimiza pela mudança de sinonímia. Está entranhada na máquina pública como uma inhaca mal cheirosa, capaz de produzir danos consideráveis ao interesse público.Obtida as assinaturas necessárias, agora resta as formalidades legais, que envolve uma leitura em plenário pelo presidente da Câmara Alta, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), e uma publicação no Diário Oficial do Senado Federal. Esta CPI, em tempo de eleição, será mais um componente da tempestada perfeita enfrentada pelo projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 27 de junho de 2022

Editorial: Lula no Festival de Inverno de Garanhuns

 


Os socialistas têm pressa na presença de Lula aqui no Estado. Gestões foram mantidas neste sentido e, finalmente, o martelo parece ter sido batido. Salvo alguma eventual mudança, Lula devará desembarcar em Pernambuco entre os dias 10 e 15 de Julho. O ex-presidente Lula deverá prestigiar o famoso Festival de Inverno de Garanhuns, a sua terra natal, além de ir a Serra Talhada, por sua posição estratégica no Sertão. Na realidade, Lula nasceu no então distrito de Caetés, que à época, pertencia à cidade de Garanhunhs. Hoje, Caetés possui autonimia política e administrativa. 

Assim como nas velhas campanhas de outrora, o ex-presidente deverá realizar algumas tomadas para a sua propaganda televisiva, no horário eleitoral gratúito. Os tempos, naturalmente, são outros. Na década de 80 do século passado, quando o PT foi fundado, Lula, em suas visitas ao Estado, quando desejava rever seus parentes naquela cidade do Agreste Setentrional, utilizava uma velha Brasília Amarela do hoje senador Humberto Costa. Movido pelo sentimento e pelo simbolismo, Lula deverá ir ao sítio onde a sua família viveu na cidade, onde existiria uma réplica de sua antiga residência, contruída pelos petistas locais. 

Enquanto Lula não vem para tentar alavancar a candidatura de Danilo Cabral, do PSB, Marília ocupa todos os espaços políticos possíveis, associando seu nome ao do ex-presidente Lula, numa estratégia que, a rigor, vem dando muito certo, embora amplie sua zona de conflito com os socialistas, que desejam a exclusividade do apoio do ex-presidente. Até recentemente, Lula fez uma declaração bastante contundente em relação a este assunto, assumindo que o candidato da coligação em Pernambuco é o ex-Deputado Federal Danilo Cabral, que, até o momento, não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto.

Se algo serve de alento aos socialistas, sempre tomo como referência o caso da Bahia para analisar a situação política no Estado. Na terra de Jorge Amado, o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues também não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, amargando uma das últimas posições, embora Lula seja imbatível no Estado. Ontem saiu uma informação dando conta de que, quando associado ao nome de Lula, Jerônimo Rodrigues consegue mais que dobrar suas intenções de voto. É nisso que os socialistas locais apostam.   

 

Editorial: Lula e Bolsonaro: A batalha pelo sul


Nas últimas eleições, o presidente Jair Bolsonaro(PL) foi muito bem votado na Região Sul do país. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, ele continua imbatível naquele colégio eleitoral, mas há quem advogue o contrário, ou seja, de que a sua situação não seria, hoje, assim tão confortável. Polêmicas à parte, o fato é que tanto um candidato quanto o outro estão tentando ora recuperar eventuais terrenos perdidos, ora ampliar sua participação naquele colégio eleitoral, como é o caso de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 

A análise do staff político bolsonarista é a de que a inflação poderia estar contribuindo para minar os apoios, em tese consolidados, do candidato Jair Bolsonaro naquela região. Isso significa dizer que mesmo os eleitores bolsonaristas mais renhidos são vulneráveis a uma inflação em alta, embora seu potencial eleitor seja de estratos sociais menos afetados pelas gôndolas de supermercados. O fato que preocupa os assessores do presidente é que, enquanto Lula tornou-se hegemônico no Nordeste, aquela região era de domínio bolsonarista e ele vem perdendo votos nesses redutos.  

Até recentemente, Lula fez sua estréia ao lado de Geraldo Alckmin na campanha exatamente por aquela região, numa visita ao Rio Grande do Sul. Foram muito bem-recebidos e a parceria parece estar dando certo, pois ambos demonstraram bastante afinidades na caminhada. No afã de agradar e vencer as resistências em redutos históricos do PT, Alckmin parece ter esquecido de sua finalidade estratégica na campanha, ou seja, facilitar o trânsito de Lula juntos os setores mais conservadores do eleitorado.Em razão, disso, vem sendo muito cobrado pelos assessores do ex-presidente Lula. 

No campo governista, a granada caiu no colo do Ministro da Economia, Paulo Guedes, uma vez que se formou um consenso de que os problemas da candidatura de Jair Bolsonaro tem uma raiz nos problemas econômicos que o país atravessa. Nos escaninhos da política, comenta-se que até mesmo a saída de Guedes chegou a ser cogitada, mas o episódio poderia colocar mais lenha na fogueira. Poderia ter uma repercussão ainda pior no mercado. Há uma série de medidas cozinhando em banho maria, algumas, como já dissemos antes, radicais. 

Até mesmo o aumento do Auxilio Brasil- de 400 para 600 reais - está praticamente decidido, mas seria prudente, por exemplo, identificar as verdadeiras razões pelas quais o Auxilo Brasil não atendeu às expectativas de tornar-se um suporte para a candidatura de Jair Bolsonaro. Um percentual expressivo dos beneficiários mantém-se fiéis ao ex-presidente Lula e não seria, apenas, em razão do aumento dos valores que mudariam seu voto. Imaginário social é coisa muito séria. Não seria surpresa se os beneficiários não estejam associando o programa ao Governo Bolsonaro, mas aos velhos tempos do surrado "Bolsa Família" da era Lula. 

Editorial: O Brasil que passa fome



Há alguns anos atrás, durante os Governos da Coalizão Petista, políticas públicas efetivas e regulares conseguiram diminuir sensivelmente a pobreza e a extrema pobreza no país. O combate às desigualdades sociais e econômicas é um fator importante, inclusive, para que a população continue apostando no regime democrático. Estamos tratando aqui, obviamente, da chamada democracia substantiva ou econômica que, se não entrar na agenda das políticas públicas, pode ser capaz de solapar os alicerces da democracia política. O cientista político polonês, Adam Przeworski tem um estudo que aponta que a renda per capita da população é um dado crucial para assegurar a estabilidade de um regime democrático.  

Os avanços foram significativos. Estima-se que 33 milhões de brasileiros tenham deixado a condição de extrema pobreza no período. Ao longo dos anos seguintes, infelizmente, tivemos a volta do efeito bumerangue, ou seja, um contingente expressivo de brasileiros e brasileiras voltaram à condição de extrema pobreza. A pandemia da Covid-19, naturalmente, contribuiu para o agravamento do problema, mas foi a ausência de políticas públicas de enfrentamento dessa questão o fator determinante. O retrato do Brasil que passa fome é um quadro nebuloso, pintado com as cores do racismo estrutural e das desigualdades regionais de nossa sociedade, o que nos remete à compreensão de que estamos diante de um projeto, fruto da constituição de uma elite torpe, insensível e inconsequente.  

De acordo com o levantamento do IMDS- Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, 47,3 milhões de brasileiros estão na pobreza, um percentual que cresceu 22,3% nos últimos dez anos. 11 milhões de brasileiros caíram na pobreza em 2021. 6,3 milhões caíram para a extrema pobreza no mesmo ano. Deste percentual, 73% são negros e a metade dos pobres e miseráveis estão concentrados na região Nordeste agravando, como afirmamos antes, o problema histórico das desigualdades regionais no país. 

Em ralação à população negra, principalmente entre os jovens, os Governos da Coalizão Petista conseguiram a proesa de modificar o único indicador social relativo à raça nos últimos 500 anos, quando, através do programa de cotas, permitiu que eles tivessem acesso ao ensino superior. Uma verdadeira revolução no que concerne às oportunidades educacionais.     

Charge! Duke via O Tempo

 


domingo, 26 de junho de 2022

Editorial: Quem seria o nosso "Garganta Profunda"?



Recentemente, em virtude dos acontecimentos envolvendo a prisão, pela Polícia Federal, do ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro, passaram a circular pelas redes sociais - convém sempre ter as cautelas necessárias sobre a procedência do que circula nas redes sociais - a versão de que o vazamento de áudio - onde se verifica uma suposta conversa entre o ex-ministro e a filha, com referência a um possível alerta sobre operação de busca e apreensão - poderia ser uma retaliação de setores da Polícia Federal em razão da insatisfação gerada pelo recuo do Governo em não conceder o reajuste para a categoria, que chegou a ser cogitado. 

Não vamos, por razões óbvias, ter uma certeza sobre isso nunca, mas a possibilidade existe. Nos Estados Unidos há um caso emblemático envolvendo essas relações nebulosas entre política e o aparato de segurança do Estado. Refiro-me aqui ao famoso Escândalo Watergate. Informações que só vieram à tona muitos anos depois, confirmam que Mark Felt, que ficaria conhecido por "Garganta Profunda" havia sido preterido de suas aspirações de ser nomeado diretor do FBI por Richard Nixon, que optou por outro nome, de sua confiança. 

À época ele ocupava o cargo de diretor-adjunto.Ficou a mágoa, transformada em revelações devastadoras para o projeto de reeleição de Nixon, ao fornecer datalhes  dos bastidores da invasão à sede do Partido Democrata, localizada no edifício Watergate, tratada, a princípio, como um crime comum. Numa operação, digna dos melhores filmes de espionagem, Mark Felt manteve encontros secretos com os jovens repórteres do Washington Post, Bob Woodward e Carl Berntein, que produziram uma série de matérias sobre o assunto, provocando a reação da sociedade americana em relação àqueles fatos. 

Emparedado, Richard Nixon precisou apresentar o seu pedido de renúncia. Era isso ou um impeachment certíssimo. Depois se apurou que as pessoas envolvidas na invasão do Partido Democrata eram agentes do próprio FBI e tratava-se, obviamente, de um crime político. Aparelhos de escuta haviam sido plantados para acompanhar, ilegalmente, todas as movimentações dos adversários. Watergate é um caso que nos permitem muitas lições, sobretudo num país onde banalizou-se o vazamento de áudios comprometedores.  

Editorial: Lula e Bolsonaro: O grande encontro no Dique do Tororó, em Salvador.


Algo ocorreu errado na agenda dos candidatos ou, deliberadamente, ambos não desejam estar ausentes numa das datas mais fesrejadas na Bahia, o dia 02 de Julho, quando os baianos comemoram a Independência do país. Na realidade, para os baianos, o 07 de setembro é uma mera formalidade histórica, por sinal, bastante equivocada. Essa narrativa é muito bem explorada pelos baianos, não apenas em Salvador, mas também em cidadas históricas, a exemplo de Cachoeira, na região do Recôncavo, onde se pode saborear um excepcional suco de jenipapo, logo no café da manhã, nas melhores pousadas do local. 

Mas, fatos históricos à parte, a motivação deste editorial diz respeito à corrida presidencial de 2022, num dos seus momentos definitivos, quando os principais concorrentes ao Palácio do Planalto agendaram um encontro para as proximidades do famoso Dique do Tororó, em Salvador, para o mesmo dia, ou seja, o 02 de julho. Lula, mais reservado e cuidadoso, agendou o seu encontro para uma espécie de estacionamento do estádio da Fonte Nova, enquanto Jair Bolsonaro pretende realizar uma das suas já famosas motociatas, esta, de fato, nos espaços em torno do Dique do Tororó, onde deve reunir seus apoiadores. 

Creio não se tratar apenas de uma colisão de agendas, mas a convicção de ambos de que a data não poderia passar despercebida na agenda de campanha. A Bahia é o quarto colégio eleitoral do país, portanto um colégio eleitoral estratégico para qualquer pretendente a ocupar a cadeira de presidente. Pelas útimas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado, Lula leva uma grande vantagem sobre Bolsonaro, embora o candidato do partido ao governo do Estado, Jerônimo Rodrigues, encontre-se na rabeira das pesquisas. 

O PT tentará jogar toda a carga do prestígio de Lula no Estado para alavancar a candidatura do seu postulante ao Palácio de Ondina. O PT já ocupa o Palácio há 16 anos e sofre os efeitos inevitáveis da fadiga de material. Vamos torcer que os partidários de ambos mantenham o nível de civilidade política necessário para evitar eventuais confrontos entre a militância, assim como ocorre, infelizmente, com as chamadas torcidas organizadas.     

sábado, 25 de junho de 2022

Editorial: Crimedia: crimes ideológicos, pensamentos ilegais.



Não precisamos fazer um grande esforço para ser convencido pelos argumentos apresentados pelo cientista político Fernando Schüler acerca dos limites de nossa democracia no tocante à liberdade de expressão. Há, inclusive, questões polêmicas em torno do conceito - ou do entendimento sobre ele - por parte de alguns atores políticos ou agentes públicos. Faz algum tempo que o tema se tornou recorrente para o cientista político do INSPER, que vem apontando eventuais equívocos ou erros de interpretação deliberada de autoridades brasileira no que concerne a este assunto. 

De fato ele tem razão quando afirma que o quadro ficou tão nebuloso que cada brasileiro passou a pensar duas vezes antes de externar publicamente a sua opinião. O editor deste blog, por exemplo, exerce uma espécie de auto-censura, ou seja, ponderamos bastante antes de publicar qualquer coisa, sobretudo nesses tempos bicudos que passamos a enfrentar no país. Escrever um editorial sobre as atrocidades cometidas por agentes públicos da força policial, por exemplo, pode assanhar a corporação a ficar contra você, quando, na realidade, você está prestando um serviço contra os maus policiais. Gestores públicos flagrados em malversação de recursos, normalmente, respondem às críticas com processos judiciais contra jornalistas e blogueiros. Defender a democracia e suas instituições, hoje, já seria motivo suficiente para atiçar a horda de grupos de orientação fascista, em número crescente no país, que logo passam a ameaçar os desafetos, na ausência de argumentos. 

Esse fenômeno avança na mesma medida proporcional à deteriorização da nossa experiência democrática, fenômeno que já vem se observando há algum tempo, conforme atestam os organismos mundiais que mensuram a saúde dos regimes democráticos. No último deles, ostentamos a condição de a democracia mais ameaçada do mundo. A mentira tornou-se uma arma política, utilizada com os requintes de crueldade contra adversários, amparada por instrumentos tecnológicos cada vez mais sofisticados, disseminados através das redes sociais.

Fernando Schüler tem uma opinião sobre o que significa "liberdade de expressão" bastante divergente da opinião de algumas autoridades do Poder Judiciário brasileiro. No fundo, ele radicaliza na defesa do cidadão e da cidadã em externar a sua opinião, sem que isso se constitua num crime idelógico, abrindo espaço para severas punições, como o banimento das redes sociais, por exemplo. O cientista político é, na realidade, um intransigente defensor da democracia, do "verdadeiro jornalismo", já que ele é um grande admirador do escritor britânico,George Orwell, ou seja, dizer aquilo que "incomoda" a alguém. Tudo mais seria propaganda, de acordo com o autor de "1984".   

Já faz algum tempo, por exemplo, que cidadãos e cidadãs estão sendo punidos pelo "domínio do fato", uma aberração que atropela os princípios basilares do direito, como a presunção de inocência, a constituição de provas irrefutáveis, o devido processo legal e o direito ao contraditório. Este também é um momento que se caracteriza pela insegurança ou "afrouxamento jurídico", ao nosso ver, exatamente para para dar suporte às tessituras de cunho não necessariamente democrático. Fernando Schüler tem bons argumentos para defender suas teses, como, por exemplo, ao apontar a contradição de algumas autoridades, que impediram o Poder Executivo de bisbilhotar a vida do cidadão comum, mas usam dos mesmos expedientes para punir quem desfere ataques corporativos aos membros do órgão que representam.

A expressão "crimedia" é uma referência ao livro "1984", do escritor inglês George Orwell. O artigo de Fernando Schüler está na edição da revista Veja desta semana.    

Charge! Mare via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 24 de junho de 2022

Editorial: Contagem regressiva para as eleições presidenciais de outubro. Faltam 100 dias.



Possivelmente, já tivemos eleições mais tranquilas no país,onde a aventualidade dos questionamentos sobre os seus resultados não estavam no horizonte. Essa é uma das características de um regime democrático consolidado, mas este, infelizmente, não é o nosso caso.  O candidato perdedor reconhecia a derrota, cumprimentava o adversário pela vitória e a vida seguia o seu rumo. Ainda ativo, ao perdedor competia fiscalizar o trabalho do vencedor, ponderando criticamente, mas tudo dentro das regras do jogo democrático e republicano. O bom da democracia é que o perdedor poderia, no próximo embate, trocar de lugar e, certamente, gostaria também de ser tratado de forma civilizada. 

De uns tempos para cá, esse cenário mudou completamente,o que inspira, necessariamente, os cuidados necessários para que os resultados do pleito sejam respeitados e acatados. Faltam apenas 100 dias para as próximas eleições e a tendência é que o clima de animosidade entre os principais competidores seja acirrado daqui para a frente, o que vai exigir muito trabalho da Justiça Eleitoral, principalmente no tocante ao respeito às regras estabelecidas para o pleito. 

As pesquisas de intenção de voto apontam para um cenário de relativa "estabilidade", mas essa tal "estabilidade" inquieta bastante um dos grupos de competidores, que deseja a vitória no pleito a qualquer custo,  e entendem que já seria o momento adequado para ter revertido este cenário. Medidas estão sendo pensadas, mas, daí a concluir que elas possam reverter essa tendência do eleitorado é uma outra questão. Um dos bons exemplos disso é a "percepção" dos eleitores sobre o Auxilio Brasil, que desafia os mais experientes pesquisadores. Aumentar o seu valor - sem entender o que se passa na cabeça dos beneficiários - talvez não resolva a equação. 

Outra preocupação é o apurado feeling político do Centrão, sempre preparado para lançar os botes salva-vidas no momento certo. Eles, de tão "competentes", nunca erram esse timming.  Eis aqui a principal característica deste grupo político, forjado no exercício do poder, sem qualquer outro encargo, muito menos o ideológico: Espaço na máquina e liberação de recursos conduzem suas decisões, constituindo-se num núcleo de poder "paralelo" com capacidade de emparedar qualquer governante de turno. Na prática, estamos diante de um semipresidencialismo.        

Editorial: A pesquisa do Datafolha não traz boas notícias para Simone Tebet



A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha não traz boas novidades para a candidata do MDB, a senadora Simone Tebet. Essa pesquisa seria um divisor de águas nas pretensões da senadora em furar o bloqueio eleitoral imposto pela polarização representada pelas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Jair Bolsonaro(PL). Neste caso, não estamos tratando aqui de uma frustração pessoal, mas, com tal desempenho, a senadora pode ter enterrado de uma vez as aspirações de construção de uma alternativa de terceira-via para as próximas eleições presidenciais. 

A senadora, como se sabe, enfrentou uma série de batalhas para viabilizar seu nome dentro da aliança de partidos que endossam sua candidatura, formado pelo MDB, o Cidadania e o PSDB. Não foi uma batalha simples, mas ela a enfrentou com o brio de sua dignidade e coerência política. Segundo algumas pesquisas, ainda há um percentual expressivo de eleitores que não se definiram em relação às próximas eleições presidenciais. O problema parece ser o fato de esses eleitores não se inclinarem a endossar um nome que se contraponha à polarização representada por Lula e Bolsonaro. 

A essa altura do campeonato, já existem muitos analistas políticos jogando a toalha em torno deste assunto, ou seja, considerando a hipótese de a terceira via tornar-se uma alternativa inviável no contexto das próximas eleições presidenciais. Pelo andar da carruagem política, não surprenderia que alguns candidatos possam vir a fazer o mesmo. Segundo observadores, o Planalto já estaria preparando um conjunto de medidas para se contrapor às dificuldades enfrentadas pela candidatura de Jair Bolsonaro. Entre essas medidas, o aumento do valor do Auxílio Brasil, que passaria dos atuais R$ 400,00 para R$600,00. 

Certamente existem outros fatores que conduzem os pleitos presidenciais no país para essa polarização, mas, certamente, as "torcidas organizadas' cumprem seu papel neste processo. Ontem, por ocasião da visita do presidente Jair Bolsonaro aos festejos juninos de Caruaru, as claques ficaram divididas, com uns vaiando o presidente, enquanto outros repetiam à exaustão os gritos de "mito". Parece mesmo que iremos nesse diapasão até às eleições de outubro. Afinal, já entramos na contagem regressiva dos 100 dias.