pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 9 de julho de 2022

Editorial: A rigor, o PT precisará dos tucanos para vencer as eleições em São Paulo



Hoje, dia 09 foi um dia muito movimentado entre os concorrentes à Presidência da República nas eleições de outubro. Jair Bolsonaro(PL) esteve acompanhando a movimentação de uma marcha para Jesus, proferindo um discurso com fortes conotações "morais', bastante afinado com a platéia que o acompanhava. Ali ele pode falar à vontade sobre aborto, drogas, questões de gênero, família e outros temas igualmente polêmicos, sabendo exatamente qual o posicionamento do público em torno do assunto. 

Lula esteve em Diadema, uma cidade que já foi um reduto petista no passado. De acordo com alguns manuais - equivocadamente, por sinal - se atribue a esta cidade a primeira administração municipal do PT. Na realidade, a primeira cidade administrada pelo partido foi Santa Quitéria, no Ceará. Por essa época, o PT, a cada espaço público que ocupava, mantinha aquela ideologia utópica de transformá-lo numa espécie de "moscouzinho", embalados pelos sonhos da militância. Não sem um alto custo, eles acabariam aprendendo que isso não seria possível numa realidade macro econômica orientada pela doutrina do liberalismo político, onde se impõe como necessário governar a polis pensando em todos, nos seus eleitores e naqueles eleitores não petistas. 

Em todo caso, ainda persistem os vieses ou sotaques ideológicos da esquerda. Durante os discursos, na presença do tucano recém-convertido ao "socialismo" do PSB, Guilherme Bouros fez um discurso inflamado, conclamando a platéia a expulsar os tucanos da administração pública do Estado de São Paulo, um martírio que já persiste por quase 30 anos. Fala-se muito numa eventual saia-justa imposta ao ex-governador tucano, mas existe uma outra leitura. 

O candidato do PT, Fernando Haddad, irá precisar muito do apoio do ex-tucano para chegar ao Palácio dos Bandeirantes, uma vez que o eleitorado paulista tem uma trajetória histórica de antipetismo. No calor das emoções, Guilherme Boulos parece ter esquecido deste pequeno detalhe. Detalhe que pode fazer a diferença nessas eleições, uma vez que a disputa será acirrada. Naquela quadra, o PT sempre cresceu do meio para o fim das eleições. Nunca começou tão bem. É preciso se perguntar se irá manter essa performance até o final das eleições.     

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O Leão do Norte se dobra às mulheres



Logo no início, quando começaram a ser cogitadas as eventuais candidaturas ao Governo do Estado nas próximas eleições de outubro, evidenciou-se que as mulheres teriam um papel de protagonistas na disputa. Naquele momento, a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE) liderava todas as sondagens de intenções de voto para o Palácio do Campo das Princesas. Com a entrada de Marília Arraes(Solidariedade) na disputa, ela perdeu essa posição para a neta do Dr. Miguel Arraes, mas, concretamente, a disputa ainda continuou hegemonizada pelas mulheres. 

Quando não estão na cabeça de chapa, elas estão sendo indicadas para a vice, como ocorre na chapa do candidato do União Brasil, Miguel Coelho(UB-PE), que tem na vice a Deputada Estadual, Alessandra Vieira(UB-PE), que hoje leva o ex-prefeito de Petrolina para um giro em suas bases políticas no Agreste do Estado, mais precisamente na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Agora, ampliam-se as especulações em torno dos nomes que deverão compor as chapas do candidato da situação, Danilo Cabral, do PSB, e da própria Raquel Lyra, do PSDB. 

Para compor a chapa de Danilo Cabral(PSB-PE), o nome hoje mais ventilado é o da atual vice-governadora, do PC do B, Luciana Santos, ex-prefeita da cidade Olinda, com uma grande ascendência sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Lembrando que a chapa já tem uma mulher em sua composição, a Deputada Estadual Teresa Leitão, que concorre ao Senado Federal. Raquel Lyra, por sua vez, já faz algum tempo que estabelece uma relação de grande parceria com a Deputada Estadual Priscila Krause, uma das parlamentares mais atuantes do Estado,  verdadeira dor de cabeça para os maus gestores dos négocios de Estado. 

Apesar de seguir uma linhagem tradicional e mais conservadora na política pernambucana, Priscila tem relevantes serviços prestados ao Estado. O nível de civilidade na política pernambucana, em alguns casos, não tem sido dos piores. Antes de lançar-se candidata, Marília Arraes mantinha um bom relacionamento com a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra. À época, especulou-se, até, sobre a possibilidade de composição de uma chapa "Luluzinha", que seria imbatível na quadra pernambucana.   

Editorial: Lula avança sobre o eleitorado mineiro.


Minas Gerais é um Estado fundamentalmente importante numa eleição presidencial. Trata-se do segundo colégio eleitoral do país, logo abaixo do Estado de São Paulo. O xadrez político jogado naquele Estado, entretanto, tem gerado muitas dores de cabeça para os ajustes dos candidatos que concorrem à cadeira do Palácio do Planalto. As pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República dão uma relativa vantagem ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) sobre o candidato Jair Bolsonaro(PL). Lula crava 36%, enquanto Bolsonaro aparece com 22% das intenções de voto, de acordo com levantamnto realizado pelo Instituto Quaest\Genial, em julho, repercutido na coluna de Matheus Leitão, no site de Veja.  

A princípio, se pensou que o atual governador do Estado, Romeu Zema(Novo), que concorre à reeleição, poderia encampar o projeto bolsonarista, mas, como homem de partido, ele já afirmou que o seu partido, o Novo, tem candidato à Presidência da República: Luiz Felipe d'Ávila. Ele pretende apoiá-lo no Estado, mas a quadra está bastante confusa e, em tais circunstâncias, ele tem mantido uma distância regulamentar em relação aos postulantes presidenciais, assim como ocorre em Estados como a Bahia, onde ACM Neto, em tese, não tem candidato à Presidência da República, respeitando o direito do eleitor baiano votar nele para o Palácio de Ondina e em Lula para o Palácio do Planalto.  

Romeu Zema é um candidato de perfil conservador, lidera com folga as pesquisas de intenção de voto até este momento, mas seria prematura afirmar que seu eleitorado teria uma maior prevalência de identidade com o candidato Jair Bolsonaro, uma vez que, numa eleição bastante polarizada como esta, a tendência é a de que Zema não se constitua num grande puxador de votos para o seu pupilo, Luiz Felipe d'Ávila(Novo), posto que a disputa deverá ficar mesmo concentrada entre os candidatos Lula e Bolsonaro.   

A rigor sem um palanque seguro no Estado, esta condição tem gerado algumas preocupações para o staff político do candidato do partido liberal. O PL até tem candidato no Estado, Carlos Viana, mas a sua performance nas pesquisas fica abaixo das expectativas.  Lula, por sua vez, depois de muitas conversações, conseguiu, finalmente, fechar um acordo com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil(PSD), que concorre ao Palácio Tiradentes. A última pesquisa de intenção de voto realizada naquele Estado, através do Instituto Quaest\Genial dá uma margem de quase vinte pontos de diferença entre Zema e Kalil, mas ainda é cedo para afirmar que as eleições para o Palácio Tirandentes estão definidas. 

Charge! Maria Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 8 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Rigor com os dissidentes não irá resolver o problema



Diante das traições e defecções ocorridas, tanto o PT quanto o PSB resolveram adotar mididas extremas em relação aos seus filiados que estão se bandeando para o apoio à candidatura da Deputada Federal Marília Arraes(Solidariedade) ao Governo do Estado. Curioso que, a cada dia, essa tendência se cristaliza, a julgar pelo expressivo número de filiados dessas duas legendas que estão aderindo à candidatura de Marília Arraes. Somente no PT, foram 11 os militantes expulsos da legenda por lançarem um manifesto de apoio à candidata. Trata-se de grupos orgânicos, que sempre estiveram afinados com a candidata desde os seus velhos tempos de militância na legenda. 

Estamos tratando aqui de uma sangria desatada, ou seja, não terá estancamento que a interrompa - nem com seiva de bananeira - caso a petista continue mantendo sua performance nas pesquisas de intenção de voto. Esses militantes petistas, com o ato, deixaram de seguir a orientação do partido, hoje coligado com o PSB, inclusive com uma candidata ao Senado Federal na chapa, a Deputada Estadual, Teresa Leitão. Medidas semelhantes estão sendo adotadas pelo PSB, expulsando sumariamente dos seus quadros os militantes infiéis, ou seja, aqueles que não endossam a candidatura do Deputado Federal ao Governo do Estado, Danilo Cabral(PSB-PE). 

Até este momento, pelas sinalizações das pesquisas de intenção de voto, caso esses escores permaneçam, teremos um segundo turno nas eleições estaduais de outubro. Pelo andar da carruagem política, uma dessas vagas certamente será da Deputada Federal Marília Arraes, o que significa dizer que o segundo nome também deve sair do pelotão de oposição ao Palácio do Campo das Princesas. Caso tais previsões deste editor se confirmem, os fatos seriam particularmente ruins para os objetivos do candidato socialista ao Palácio do Campo das Princesas. 

Nas atuais circunstâncias, o único ator político que poderia provocar alguma mudança neste cenário seria o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que tem evitado, o quanto pode, entrar em bola dividida nos palanques estaduais. Os marqueteiros de Marília Arraes, por sua vez, como afirmamos em artigo anterior, estão criando peças publicitárias para "casar" sua imagem a de Lula, independentemente das questões burocráticas, o que significa uma grande sacada, pois o eleitor comum não está nem aí para esses detalhes.

No último dia 02 de julho, data em que os baianos comemoram a sua Independência, Lula esteve nas comemorações de rua, misturando-se com a multidão, em apoio ao candidato do PT naquele Estado, Jerônimo Rodrigues(PT-BA). Por onde passou, fez questão de enfatizar que, naquele Estado, seu apoio seria para o candidato da legenda petista. Logo em seguida, saiu uma pesquisa de intenção de voto, realizada entre os dias 02 e 06, que acusava uma ampliação da vantagem do candidato do União Brasil ao Palácio de Ondina, ACM Neto.     

Editorial: Ataques de merda


O país vive um dos seus momentos mais delicados. Quem acompanha o blog com regularidade, leu nossos editoriais repercutindo as péssimas notícias no campo social e econômico, dando conta da tragédia de mais de 60 milhões de brasileiras e brasileiros na condição de insegurança alimentar. Infelizmente, voltamos a ocupar um lugar de destaque no mapa da fome. Mas existe outra tragédia em curso, esta no campo institucional e político: o assédio sobre as nossas instituições democráticas, ou, se preferirem, sobre a democracia política. 

A revista Veja desta semana traz uma matéria sobre uma reunião ministerial, onde setores militares voltam a exigir um papel de protagonismo em relação ao processo eleitoral, o que equivale dizer que desejam fiscalizar as eleições de outubro; um dos ministros do STF, até recentemente, argumentou que poderemos, pelo andar da carruagem política, ter um problema de dimensões maiores ao ocorrido no Capitólio, nos Estados Unidos. Além das merdas digitais das fake news, com o propósito de disseminar inverdades e minar as resistências de atores e instituições da democracia, agora são os ataques de merda que estão se tornando rotina. 

Depois da ocorrência em Belo Horizonte, onde um drone atirou fezes numa reunião de integrantes e simpatizantes do PT, ontem, em reunião no Rio, os partidários de Lula sofrerem uma ataques de fogos de artifícios e de uma bomba de merda, que espalhou odor fétido no ambiente. Agora há pouco soube que o juiz Renato Borelli, da 15º Vara, de Brasília, que autorizou a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, tembém sofreu um ataque dessa espécie (assim mesmo!). Seu carro foi atingido por fezes e ovos podres.

Isso dá bem a dimensão da encrenca em que estaremos metidos nessas eleições. O arsenal de podridão que vem por aí será extenso. Já existe até um "garganta profunda" fazendo declarações bombásticas, com o propósito de prejudicar um dos concorrentes, ressuscitando defuntos e fazendo conecções entre facções de crime organizado e grêmios partidários. Resta saber se a nossa incipiente experiência democrática terá a resiliência suficiente para sobreviver a esses achaques.      

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Editorial: As enchentes do Rio Paraíba



Estamos acompanhando por aqui - com muita apreensão - as notícias sobre as enchentes do Rio Paraíba. Trata-se de um dos rios mais importantes do Estado, seja por sua extensão seja por sua importância econômica. O Rio nasce há mais de mil metros de altitude, na serra de Jabitacá, no Município de Monteiro, se estendendo por um longo percurso, que engloba as principais cidades do Estado, como João Pessoa, Cabedelo e Campina Grande. São relativamente comuns as suas enchentes, tendo, num passado, arrasado cidades como Itabaiana e Cruz do Espírito Santo, a terra do poeta Augusto dos Anjos, que ali foi poeta e menino de engenho.  

O açude Boqueirão conseguiu minimizar sua fúria, restringindo as eventuais enchentes a zonas específicas do seu curso. Mesmo assim, elas continuam existindo, como esta última, neste contexto de novo normal climático, onde não mais se verificam chuvas "normais". As zonas da mata, urbanas e metropolitanas de Estados vizinhos, como Alagoas e Pernambuco encotram-se diante do mesmo problema. Causou espanto a este editor observar as imagens da cidade de Pilar, berço do escritor José Lins do Rego, completamente inundada. 

A imagem nos remeteu, igualmente, às narrativas dos seus romances, onde o rio se transformava em mais um dos seus personagens. O Rio Paraíba, passa ao lado do Engenho Corredor, onde ele nasceu e ambientou seus romances. Ah! quantas lembranças! das lavagens de roupa pelas mucamas de bumbuns empinados ; das pescarias de traíras, sempre à noite, quando se torna mais fácil capturá-las, porque elas estão com fome e ativas; das plantações de inhames e batatas doce pelos trabalhadores ou posseiros do engenho; das traições com a mulher de Zé Guedes, que, no dia seguinte, selava o cavalo do patrão, sem o menor constrangimento, para Carlinhos passear pelos arredores do engenho. E, também, das já famosas à época, enchentes do Rio Paraíba, sobre as quais ele gasta muita tinta descrevendo, sem perder, no entanto, a primazia do dom de contar histórias. Nossa solidariedade ao povo nordestino neste momento difícil.   

Editorial: Em São Paulo, Kassab opta pelo bolsonarismo.


Já faz algum tempo que Lula tenta, sem êxito, atrair o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, para o seu projeto político. Pontualmente, algumas dessas articulações foram até bem-sucedidas em praças estaduais, como a composição do PT com o PSD para disputar o Governo de Minas Garais, em torno do apoio ao nome do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Na Bahia, o senador Otto Alencar(PSD-BA) também tenta sua reeleição ao Senado Federal na chapa do concorrente ao Palácio de Ondina, pelo PT, Jerônimo Rodrigues(PT-BA). 

No plano nacional, o dirigente do PSD fez várias tentativas de emplacar um nome que pudesse representar a sua agremiação política na disputa pela Presidência da República, igualmente sem muito sucesso. Até mais recentemente, segundo dizem, ele foi um dos atores políticos mais consultado pelo Planalto com o objetivo de fazer gestões para adiar a realização da CPI do MEC para depois das eleições de outubro, o que signfica, na prática, o seu esvaziamento. 

Um dos atores políticos mais hábeis da cena polítia nacional, Em São Paulo, Márcio França, do PSB, que concorreria ao Palácio Bandeirante, aguardava uma sinalização daquela raposa para manter ou não sua candidatura ao Governo do Estado. Ontem ele fechou um acordo com o Progressistas, do ex-ministro da Infraestrura do Governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas. O partido irá apoiá-lo no propósito de conquistar a cadeira de governante do Palácio dos Bandeirantes. 

Em São Paulo, o mais prudente seria entender que a peleja está completamente indefinida. Os tucanos possuem um grande capital político naquela praça, daí não se surprender essa ascenção recente de Rodrigo Garcia(PSDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto; O PT começa com uma arrancada ótima - e inédita - mas irá logo logo para o pelourinho, onde deverá ter a resiliência necessária apara resistir aos açoites; Tarcísio contará com o apoio do presidente Jair Bolsonaro(PL) - que polariza com Lula no plano nacional - e uma trupe de apoiadores bolsonaristas que irá fazer muito barulho ainda.   

Editorial: O Brasil volta a passar fome, segundo relatório das Nações Unidas.



Houve um tempo em que o país caminhava celeremente para cumprir o objetivo de erradicar a pobreza no mundo, de acordo com uma proposição da ONU, que previa que tal objetivo fosse alcançado até o ano de 2030. Hoje, de acordo com o último relatório daquela organização, amplamente repercutido pela imprensa mundial, o Brasil volta a ocupar lugar de destaque nos dados que ali são apresentados, com 60 milhões de brasieiros e brasileiras na condição de insegurança alimentar. 

Este número significa praticamente um terço da população brasileira, ou seja, um em cada três brasileiros ou brasileiras - os dados trazem até um recorte de gênero - não estão seguros sobre se terão a certeza da refeição seguinte. Os dados da ONU convergem com os dados apresentandos pela FGVS, na semana passada, onde, igualmente, aponta que o país nunca empobreceu tanto e de forma tão rápida quanto nos últimos anos. 

Rafael Zavala, o representante da FAO para o Brasil, informa que estamos vivendo uma espécie de "tempestade perfeita" de fatores indutores da fome, como conflitos armados, mudanças climáticas, crise sanitária e problemas econômicos. A esses fatores, também acrescentaríamos os fatores políticos, relacionados aos resultados da adoção de um receituário de políticas ultraliberais - inclusive no Brasil - responsável direta pela perda de postos ou precarização das condições de trabalho, redução de renda, cortes de direitos. Não por caso, começamos a descer a ladeira no momento em que o Governo Dilma Rousseff(PT-MG) sofria uma espécie de torniquete político imposto pelo Legislativo - que paralizou seu Governo -  desaguando no golpe institucional de 2016.

É preciso deixar claro que não se pode responsabilizar a crise sanitária gerada pela pandemia da Covi-19 como a principal responsável por essa tragédia. Inegável que ela deu sua contribuição para o agravamento do problema, mas a negligência com políticas públicas com o objetivo de enfrentar o drama da fome no país, possivelmente, foi um dos fatores mais determinantes. Faltou "vontade política".   

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Editorial: Pesquisas e mais pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República



Os institutos de pesquisa parecem ter combinado entre si para divulgarem suas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República no dia de hoje. Pelo menos três institutos divulgaram os resultados dos seus levantamentos junto ao eleitorado, todos colhidos no contexto do conjunto de medidas adotadas pelo Planalto para estancar a sangria do candidato Jair Bolsonaro e torná-lo mais assimilável ao eleitorado. Não apenas os números apresentados, mas o comportamento do eleitorado - observado nas entrelinhas - pode significar que tais medidas começam a surtir efeito, conforme afirmamos durante nossa avaliação dos dados do Instituto Quaest\Genial. 

Os números frios dos demais institutos - o Paraná Pesquisas e o DataPoder - seriam ainda mais alvissareiros para os assessores políticos do presidente Jair Bolsonaro, uma vez que convergem entre si, ou seja,um instituto não desmente o outro. Como três institutos apresentam dados convergentes, é possível concluir por uma ligeira reação do presidente Jair Bolsonaro nesta fase da campanha. Como há, igualmente, convergências de datas, seria prudente ficar no aguardo das próximas pesquisas, com outros intervalos de tempo, para concluir sobre alguma "tendência". 

A essa altura do campeonato, o staff de campanha de Lula também deve estar debruçado sobre esses números, avaliando os possíveis "estragos" produzidos por essa PEC da Bondade, há menos de três meses das eleições de outubro. E, por falar na PEC da Bondade, há uma percepção, observada por um dos institutos, de que a imagem de Bolsonaro começa a melhorar junto aos beneficiários do programa Auxílio Brasil. O governo resolveu aumentar o seu valor, sem se aprofundar sobre o que, de fato, estava ocorrendo com os beneficiários, mas, nesses tempos bicudos de fome, miséria e inflação em alta, parece que vem surtindo os efeitos esperados pelo Planalto e temidos pela oposição.    

Editorial: Nas entrelinhas da nova pesquisa de intenção de voto da Quaest\Genial



Rodrigo Garcia(PSDB-SP), o candidato dos tucanos ao Governo de São Paulo, chegou até mesmo a ser ameaçado de não viabilizar a sua candidatura, com uma manobra do ex-governador João Dória(PSDB-SP) de desistir do seu projeto presidencial, que acabou, por razões de conhecimento público, não se viabilizando. O apoio de João Dória, naquele momento, também não se traduzia em bons dividendos eleitorais para Rodrigo Garcia, uma vez que o eleitor considerava boa sua gestão à frente do Palácio dos Bandeirantes - inclusive no que concerne à sua postura diante da pandemia da Covid-19 -, mas não estava disposto a credenciá-lo a voos mais altos, tampouco a endossar o nome de quem ele apoiasse para sucedê-lo. 

Por essa época, mergulhado numa espécie de inferno astral, Rodrigo Garcia amargava escores baixíssimos nas pesquisas de intenção de voto, levando alguns observadores a considerá-lo um candidato pouco competitivo, esquecendo-se de considerar o sólido capital político construído pelos tucanos no Estado. São Paulo, ao longo dos anos, tornou-se o ninho mais emplumado dos tucanos, uma espécie de Tucanistão. Daí se entender, naturalmente, uma rejeição do eleitorado paulista ao Partido dos Trabalhadores, de onde se compreende o papel estratégico a ser exercido pelo ex-governador Geraldo Alckmin(PSB-SP) nessas eleições, em favor dos novos companheiros.  

A resposta desse eleitorado tucano começou a aparecer na útima pesquisa do Datafolha, onde Rodrigo Garcia "pulou" de 6% das intenções de voto para 13%, abrindo uma diferença de 7 pontos entre uma pesquisa e outra. A lição que tiramos dessas informações é que é necessário ler uma pesquisa de intenção de voto nas entrelinhas, naqueles números que não chamam muito a atenção do público, como os que indicam a rejeição, a aprovação, potencial de crescimento em determinados segmentos do eleitorado, entre outros. 

Com esses indicadores, de fato, torna-se possível extrair conclusões mais consistentes para tal ou qual candidatura. Nesta última pesquisa do Instituto Quaest\Genial, divulgada no dia hoje, é possível observar, por exemplo, que o presidente Jair Bolsonaro(PL) diminue a sua distância para o principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), mesmo que seja de 2 pontos, ainda dentro da margem de erro do Instituto, por exemplo. Melhora seu cacife entre mulheres e nordestinos, eleitorado tradicionalmente mais identificado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há indícios de que os beneficiários do Auxílio Brasil começam a identificar no presidente o responsável pelo programa, o que pode indicar uma projeção de votos muito significativos, capaz de desequilibrar o jogo eleitoral.

Estão se confirmando, portanto, as projeções de que as eleições presidenciais de outubro ainda não estão definidas. Assustados com a "regularidade" dos números até então - em alguns casos projetando a vitória de Lula ainda no primeiro turno das eleições - o Planalto resolveu jogar a carga toda, quebrando tetos e outros telhados. Ainda é cedo para concluir se tal performance signifique uma tendêndia de reação da candidatura de Jair Bolsonaro, mas, se, de fato, significar, vamos ter um clássico eleitoral pela frente. Eis os números: 

Lula            45%

Jair Bolsonaro  31%

Ciro Gomes      6%

Simone Tebet    2%

André Janones   2%

     

Editorial: Teremos a CPI do MEC durante as eleições?



Esta CPI do MEC, depois do período eleitoral, perderia completamente o interesse do público e, possivelmente, até da oposição ao Governo Jair Bolsonaro(PL). Não faz muito sentido sua realização depois das eleições de outubro. Neste sentido, incansáveis senadores da oposição, sob a liderança de Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade, têm se empenhado ao máximo para viabilizá-la de imediato, ameaçando, inclusive, recorrer ao STF para evitar possíveis manobras protelatórias. 

É muito pouco provável que ele obtenha êxito nesta empreitada, uma vez que existem vários mecanismos que podem ser utilizados com tal objetivo. Para alguns analistas, trata-se de uma CPI destinada a ficar em banho maria, nos escaninhos do Congresso Nacional, como outras tantas. Com o tempo, até a oposição perderia o interesse por ela, embora haja bons motivos para realizá-la. Afinal, as motivações que justificaram as prisões de agentes públicos e privados demandariam uma investigação profunda e isenta de interferências, algo que a CPI poderia proporcinar à população.

Bom articulador, Rodrigo Pacheco, apesar das pressões de um lado e do outro, mantém-se na condição de um equilibrista, sem criar arestas com a oposição, tampouco com os governistas. Não vai deixar de fazer a leitura em plenário, mas já antecipou que tal CPI somente será instaurada depois das eleições de outubro, o que significara, na prática, como disse antes, esvaziá-la, uma vez que perderia completamente o seu interesse. Agora é esperar que a oposição tenha algum trunfo político que assegure a sua realização antes desse período. 

 

Editorial: Argentina condena à prisão perpétua oficiais responsáveis pelos "voos da morte"


Segundo comenta-se, quando os constituintes estavam em processo de elaboração da nossa Constituição Cidadã de 1988, houve uma tentativa de remover uma espécie de "entulho autoritário", ou seja, um dispositivo pelo qual se permitiria às Forças Armadas intervir no processo político em determinadas circunstâncias. Havia, entre aqueles constituintes que eleboravam a Carta, um consenso de que seria prudente remover aquele artigo, evitando, assim, eventuais aborrecimentos futuros.

De acordo com um ex-professor de Ciência Política, o então Ministro do Exército à época teria dito que, se tal medida fosse adotada, tudo seria zerado, ou seja, os avanços conquistados voltaria à estaca zero. O fato concreto é que formatamos uma Carta Constitucional que guarda ainda alguns resídios do período autoritário, impedindo a efetiva materialização de uma justiça de transição, com o propósito de reparar danos às vítima de torturas durante os anos da Ditadura Militar instaurada no país com o golpe Civil-Militar de 1964.
 
Alguns outros países que passaram por experiências semelhantes, a exemplo do Chile e da Argentina, conseguiram avançar de forma mais efetiva neste objetivo. Sempre que se estabelece algum parâmetro comparativo entre essas ditaduras, se argumenta que tais didaturas foram mais cruéis do que a brasileira. Ditadura é ditadura e não consideramos nada prudente ou sensata tal comparação, sempre orientada pelas estatísticas do número de mortos e desaparecidos. 

No caso da Argentina, até presidentes-ditadores foram ao banco dos réus e condenados. Um deles assistia à missa nas primeiras horas da manhã e depois se dirigia aos campos secretos de tortura. Hoje, recebo a notícia de que quatro oficiais que participaram dos chamados "voos da morte", que consistia em levar prisioneiros e opositores do regime em voos, depois atirá-los em alto mar, foram condenados à prisão perpétua. Situações que a nossa frágil e jovem democracia nunca foi capaz de enfrentar. No Brasil, a subordinação do poder militar ao poder civil continua sendo uma grande utopia.   

terça-feira, 5 de julho de 2022

Editorial: PT e PSB chegam a um acordo em São Paulo



Política é a arte do possível,costumava enfatizar o político pernambucano Marco Maciel, tido como um exímio conciliador, que sempre somava e nunca dividia, de acordo com relatos de pessoas que gozaram de sua convivência. Depois de muitas idas e vindas, finalmente, o PT e o PSB chegaram a construir um consenso em torno do imbróglio que envolvia as duas candidaturas do partido ao Governo de São Paulo. Na nossa modesta opinião, o melhor nome para concorrer ao Palácio Bandeirantes pela coligação seria o do ex-governador Márcio França(PSB-SP). 

Explico: Reduto tucano, o PT sempre enfrentou sérios complicadores naquela praça, o que significa que Fernando Haddad(PT-SP) terá enormes dificuldades de manter sua liderança nas pesquisas de intenção de voto até a reta final da disputa. Que um petista raiz não esteja lendo este texto, pois este editor seria execrado, pois eles já estão certos sobre uma vitória do professor Haddad com facilidade, criando a sinergia do Lula lá Haddad cá. A realidade é outra. O PT nunca encontrou facilidades naquele colégio eleitoral. As disputas políticas ali sempre foram bastante renhidas para o PT. 

Há, incluive, um estranhamento dessa liderança folgada, no início de campanha, do candidato Fernando Haddad(PT-SP). Tarcísio de Freitas(Republicanos), ligado ao bolsonarismo pois foi Ministro de Infraestrutura do Governo Bolsonaro, deverá herdar o seu espólio político -  nada desprezível - apesar das controvérsias da campanha. O capital político tucano - até então cozinhando em banho maria - começa a esboçar uma reação efetiva. Garcia obteve 7 pontos percentuais entre a última e a mais recente pesquisa de intenção de voto, numa demonstração de que ele está no páreo.

Márcio França, como candidato ao Governo do Estado, criaria uma espécie de escudo contra os petardos que, certamente, serão atirados contra o PT, evitando, assim, um desgaste maior da coligação. O nome de França, possivelmente, também seria melhor digerido pelo eleitorado ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin. Pessoa íntegra, sem mácula na condução dos negócios públicos, Márcio França seria um bom nome para disputar o Governo. Diante do possível, sai como candidato ao Senado Federal, decisão que será anunciada com grande pompa.    

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Faz a leitura da CPI do MEC, Pacheco.



Há algum tempo atrás, pensava-se que a CPI da Covid-19 poderia atrapalhar os planos de reeleição do presidente Jair Bolsonaro(PL). Aliás, a bem da verdade, a variável " comportamento do gestor público durante a pandemia " passou a figurar entre aquelas variáveis que, junto com a gestão da economia e avaliação do Governo, poderiam determinar ou não a renovação do contrato de gestão do Executivo.Ao longo do tempo - até mesmo em razão do arrefecimento(?) da pandemia - esta variável foi perdendo terreno e, hoje, sequer é mencionada quando alguém se refere às dificuldades enfrentadas pelo presidente Jair Bolsonaro em seu projeto de reeleição. 

Agora, faltando menos de 90 dias para as eleições de outubro, existe a unanimidade de que, a abertura de uma CPI neste momento, poderia, sim, prejudicar os planos de reeleição de Jair Bolsonaro. Assim, seu staff político estaria estabelecendo articulações de bastidores no sentido de atrapalhar a abertura de tal CPI do MEC. Um desses interlocutores seria o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que exerce forte influência sobre o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, do mesmo partido. Pacheco, por sua vez, sofre uma forte pressão da oposição para cumprir os ritos de início formal de uma CPI, que incluria uma leitura em plenário e uma publicação no Diário Oficial do Senado Federal. 

Caso tal CPI seja aprovada, seria mais uma fonte de dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro, que já preparou um arsenal de medidas para enfrentar as adversidades no campo econômico, como esta PEC da Bondade, que estoura o teto dos gastos públicos e compromete a gestão das contas públicas de quem assumir o Palácio do Planalto a partir de 2023. Existem algumas propostas de CPI's paradas, aguardando na fila, mas sobre esta há um barulhento grupo de senadores capazes de moverem moinhos de vento por sua aprovação.

P.S.: do Contexto Político: Informações mais recentes dão conta de que Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal, deverá dar prosseguimento à CPI do MEC, mas ela só seria iniciada depois das eleições.   

Editorial: ACM Neto amplia vantagem na corrida pelo Palácio de Ondina.


Acompanhamos com muita atenção o desenrolar das eleições baianas. Naquela praça, há uma possibilidade concreta de o carlismo voltar ao poder depois de 16 anos de controle do Palácio de Ondina pelo PT. Dois dados daquelas eleições nos remetem à cena política pernambucana, quem sabe, nos ajudando a compreender o que pode ocorrer por aqui em relação ao candidato que, oficialmente, será apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva: Danilo Cabral, do PSB. Assim como ocorre na Bahia, com o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, Danilo Cabral não vai muito bem nas primeiras pesquisas de intenção de voto, torcendo que o apoio - e preferencialmente a presença de Lula no Estado - possa reverter tal situação desfavorável. 

Lula esteve em Salvador, no último dia 02, quando os baianos comemoram a Independência do Brasil, acompanhando um cortejo que havia tempo não era realizado. Sem muita preocupação com a segurança, caiu na multidão com os correligionários. Nas oportunidades dos discursos, deixou claro que o seu candidato na terra de Jorge Amado é mesmo Jerônimo. Hoje, dia 05\07, foi divulgada mais uma pesquisa de intenção de voto para o Governo do Estado da Bahia, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, colhendo informações junto ao eleitorado no período de 1 a 4 de julho, o que significa dizer que, em tese, já poderia refletir alguma mudança de comportamento do eleitor em relação ao candidato do PT, Jerônimo Rodrigues.

Pelo andar da carruagem política, a bola de Jerônimo Rodrigues continua esvaziada. O candidato do carlismo, ACM Neto amplia sua vantagem na corrida pelo Palácio de Ondina, que significaria a retomada do controle político do Estado pela oligarquia familiar do patriarca Antonio Carlos Magalhães. É preciso ter a prudência necessária para entender que tal pesquisa ainda não possa refletir a reação do eleitorado baiano em relação a reafirmação de Lula de que Jerônimo Rodrigues é o seu candidato a governador naquele Estado. É bem possível, se entendermos uma série de variáveis que envolvem a realização de uma pesquisa de intenção de voto, que não seria o caso de abordamos aqui. 

Por outro lado, é inegável, desde o início o franco favoritismo do representante do clã ACM, que construiu um excelente capital político a partir de sua gestão na Prefeitura de Salvador, muito bem avaliada pelos baianos. O PT, por sua vez, amarga a fadiga de material de 16 anos à frente do Palácio de Ondina, o que representa um inevitável desgaste natural junto ao eleitorado.Nesta última pesquisa, ACM Neto pulou de 55,4% para 58%, enquanto Jerônimo Rodrigues caiu de 16,1% para 15,8%.   

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Editorial: "Nova" pesquisa sobre as eleições estaduais em Pernambuco.

 


É curioso como a série histórica de pesquisas sobre as eleições estaduais em Pernambuco - depois que Marília Arraes, a candidata do Solidariedade, entrou no páreo - apresentam uma relativa regularidade nos números. Isso explica o sublinhamento do termo "Nova" no título deste editorial. A "nova" pesquisa divulgada no dia de hoje, 04\07 não apresenta grandes novidades neste cenário, mantendo os escores muito semelhantes aos de pesquisas realizadas anteriormente por outros institutos. A pesquisa publicada no dia de hoje é do IPESPE, contratada pelo jornal Folha de Pernambuco

Marília lidera a pesquisa, seguida de um pelotão de candidatos embolados na margem de erro do Instituto, de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, tornando-se difícil predizer quem iria disputar uma eventual polarização com Marília. Em todo caso, pelo cenário que vem se desenhando a nível nacional, acredito que o candidato Anderson Ferreira, do PL, assuma esta condição, embalado pelo bolsonarismo de raiz pernambucana.  

Ainda no dia ontem, através de videoconferênia, num encontro da direita, realizado no bairro do Pina, o presidente Jair Bolsonaro esteve presente para prestigiar seus fiéis escudeiros em pernambuco, Anderson Ferreira e o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, numa demonstração de que ele considera estratégico o Estado de Pernambuco para travar esse embate com o Lulismo. Numericamente, Raquel Lyra, a candidada do PSDB, aparece em segundo lugar mas é pouco provável que ela consiga manter tal posição se considerarmos as fragilidades de suas articulações nacionais, ancorada numa candidatura de terceira via que não decola. 

Miguel Coelho(UB-PE) faz tudo certinho, tem a expertise de uma experiência administrativa exitosa, tem proposta para o Estado, é jovem e inteligente, mas está se parecendo cada vez mais com Ciro Gomes, que mantém um eleitorado fiel e cativo há quatro eleições, mas não consegue ultrapassar tais patamares, criando as condições efetivas para chegar lá. Danilo Cabral, por sua vez, apesar de ser oficialmente o candidato apoiado por Lula, terá que dividir esse espaço com Marília Arraes que, como disse antes, grudou sua imagem a de Lula, como se diz por aqui, com visgo de jaca. Difícil soltar.  Eis os números: 


Marília Arraes   29%

Raquel Lyra      13%

Anderson         12%

Danilo Cabral    10%

Miguel Coelho     9%  

Editorial: Os possíveis efeitos da PEC da Bondade


Um efeito imediato dessa tal PEC da Bondade - existem outros nomes circulando, assim como PEC Eleitoral, PEC Kamikaze - seria os danos inevitáveis para o equilíbrio das contas públicas e, consequentemente, algumas dores de cabeça para o próximo gestor do Executivo Federal, seja ele quem for. O outro efeito seria observar como o eleitorado irá reagir diante dos 41 bilhões de benefícios que serão colocados à sua disposição, há poucos meses de uma eleição presidencial. 

Neste aspecto, os dois principais concorrentes às eleições presidenciais, cada qual ao seu modo, estão igualmente preocupados. Jair Bolsonaro(PL) em conquistar o apoio e a simpatia de segmentos estratégicos do eleitorado - principalmente mulheres e pobres - Lula, por sua vez, em dimensionar o "estrago" que tais medidas poderiam provocar em relação à sua liderança em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, em alguns casos, apontando a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno das eleições. 

O staff de campanha de Lula, diante desses novos fatos, já começa a trabalhar com a hipótese de as eleições apenas serem definidas no segundo turno. Durante seu périplo, em Salvador, no último dia 02, com a sua inegável capacidade de se comunicar com o povão, sugeriu que tal PEC  trata-se de um sorvete. Você chupa e logo fica com o palito, numa referência ao seu prazo de validade definido. Sugeriu que os eleitores recebessem esse presente, mas não votassem em Jair Bolsonaro. 

A julgar pelas notícias que estão sendo veiculados por alguns órgãos de imprensa, a PEC da Bondade é apenas a ponta do iceberg do arsenal de artilharia que estaria sendo preparado pelo staff de campanha de Jair Bolsonaro, nesta fase final da campanha, no sentido de desbancar a liderança de Lula nas pesquisas. Jair Bolsonaro estaria sendo aconselhado a bater forte em Lula, inclusive retomando os temas da corrupção durante os governos da Coalizão Petista, como o Mensalão e o Petrolão. A "senha" foi dada e já é possível observar seus efeitos nas redes sociais, através dos perfis bolsonaristas.       

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A estratégia de Marília Arraes em "grudar" na imagem de Lula



Não faz muito tempo, publicamos por aqui um editorial sobre algumas conclusões de um relatório de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas Social acerca dos indicadores de pobreza da sociedade brasileira, levantamento que tomou como parâmetro o biênio de 2020\2021. Conforme afirmamos ali, nunca empobrecemos tanto e em tão pouco tempo. Mais de 11 milhões de brasileiras e brasileiros foram atirados no limbo da pobreza e da extrema pobreza neste período,o que se constitui uma catástrofe social. Ainda no dia de ontem, como reflexo desse empobrecimento, publicamos aqui um outro texto sobre o drama enfrentado pelas mães nesse período de recesso escolar, quandos o filhos ficam em casa e elas não conseguem assegurar a alimentação diária dos seus entes queridos. 

76 milhões de brasileiros e brasileiras enfrentam o drama da insegurança alimentar. Já estamos diante de uma tragédia social de dimensões gigantescas. A maior crise social e política já vivida pelo país, uma vez que as nossas instituições democráticas também se encontram sob severa ameaça. Neste quesito, Pernambuco se superou. Segundo o estudo da FGVS, com o escore de 8,14 pontos, foi o Estado da Federação que, isoladamente, mais contribuiu para o agravamento da pobreza no país. 

Há algum tempo, num encontro com Lula, a candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, Marília Arraes, conseguiu emocionar o morubixaba petista lembrando a ele sobre um projeto exitoso do seu avô, o Dr. Miguel Arraes, destinado ao homem do campo. O famoso programa "Chapéu de Palha". Sugeriu que tal programa fosse replicado em escala nacional, o que fez a alegria do petista. Hoje, ela lança uma proposta de destinar um bilhão de reais para o enfrentamento da miséria no Estado, o que converge com a nossa sugestão de que tal problema deveria ser a prioridade dos candidatos ao Governo do Estado, já que as carcomidas oligarquais familiares que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas só pensarem em seus interesses pessoais e dos grupelhos apadrinhados. 

Muita gente está se perguntando onde ela conseguiria este recurso para enfrentar o drama da fome no Estado. Trata-se de uma questão de estabelecer prioridades, pois dinheiro existe. Curiosamente, segundo o diretor da FGVS, o economista Marcelo Neri, seriam necessários 43 bilhões anuais para erradicar a pobreza no país. Mais ou menos o valor da famigerada PEC kamikaze, um pacote de medidas com objetivos bem definidos - e temporários - que, de concreto, não se propõe a enfrentar o problema. E olha que nem estamos falando das Emendas do Relator. De tão secretas, nunca saberemos dos montantes que circulam por ali. 

Assim, possivelmente bem orientada pelos seus assessores de campanha, Marília Arraes vai consolidando sua estratégia de "grudar" sua imagem a de Lula, independentemente de seu apoio formal à candidata do Solidariedade. Não sou pulicitário, mas existiria aqui uma espécie de tentativa de construir uma "convergência identitária" de apelo muito forte junto ao eleitorado, principalmente aquele que se identifica com o ex-presidente Lula, o que, afinal, parece ser este o objetivo.    

domingo, 3 de julho de 2022

Editorial: O drama do recesso escolar num país onde a merenda significa segurança alimentar.



Até recentemente, a Fundação Getúlio Vargas Social divulgou seu relatório de pesquisa sobre a condição de pobreza e extrema pobreza da sociedade brasileira. Os números são estarrecedores, indicando que o país nunca empobreceu tanto em tão pouco tempo. O Brasil, para ser mais preciso, enfrenta uma crise política e social sem precedentes. Atualmente, somos a democracia mais vulnerável do mundo. A democracia política e a democracia econômica estão perigosamente ameaçadas. 

Como se sabe, uma combinação explosiva, pois quem passa fome não teria muito a apostar num regime político que não atende às suas demandas elementares. Há um ambiente fértil para a desconstrução do ambiente democrático, numa evidente vulnerabilidade às pregações das patologias políticas. Historicamente, este hiato entre democracia política e democracia econômica sempre se constituiu num entrave à consolidação de nossa jovem democracia, sempre susceptível aos solavancos autoritários. 

De acordo com aquela instituição, somente entre os anos de 2020 e 2021, 11 milhões de brasileiros e brasileiras foram jogados no limbo da  pobreza. 76 milhões encontram-se na situação de insegurança alimentar, ou seja, não estão seguros sobre a refeição seguinte. Um percentual bastante expressivo desse montante são negros e encontram-se no Nordeste, expondo as vísceras do nosso racismo estrutural e das desigualdades regionais. 

Agora, por ocasião das férias de julho, onde ocorre o recesso escolar, bate um desespero nas mães, por encontrarem-se sem condições de assegurar as refeições do filhos no ambiente familiar. Esses bilhões que estão sendo gastos por essas PECs de ocasião ou através do orçamento secreto, possivelmente, seriam muito bem vindo, se empregados de forma consciente, permanente, através de programas estruturadores, para enfrentar o drama da fome no país, denunciado pelo sociólogo Josué de Castro desde a década de 40 do século passado.    

Editorial: Geraldo Alckmin no meio da multidão, durante festejos na Bahia.


Geralmente, em campanhas eleitorais, os políticos sofrem bastante,pois são submetidos a várias situações - nem todas elas muito agradáveis - mas precisam ser simpáticos aos eleitores, submetendo-se aos seus caprichos, como, por exemplo, não recusar uma comida oferecida, preparada com todo aquele esmero. A mídia não deixa de divulgar essas reações dos políticos, quase sempre fazendo um esforço enorme para não parecerem antipáticos. Este editor pode até estar equivocado, mas o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin(PSB-SP), não possui aquele perfil tipicamente de um político de rua, ou seja, aquele que cai na bagaceira sem nenhum constrangimento. 

Nas imagens que foram divulgadas no dia ontem, quando a comitiva de Lula esteve acompanhado o desfile da Independência da Bahia, percebe-se nitidamente, que o político, em alguns momentos, não esconde o seu desconforto com a situação. Lula, por sua vez, demonstrou estar mais à vontade, segundo dizem, seguindo um protocolo que antes não estaria previsto por seus assessores, como cair na multidão, sabendo-se dos riscos de vulnerabilidade de segurança que isso representaria. 

Lula tem esse cheiro e essa inhaca desde os tempos, creio, das famosas greves do ABC Paulista, ainda na condição de sindicalista. Geraldo é mais discreto, mais afeito aos gabinetes. Se Lula resolver repetir a dose daqui para a frente, Geraldo terá um longo percurso de aprendizagem para adaptar-se a esta nova realidade. Por outro lado, diante do acirramento de ânimos proporcionados pela campanha, não seria improvável que Lula fosse aconselhado a dar mais atenção à sua segurança.   

Editorial: As eleições presidenciais ainda estão no começo

 


Dois artigos hoje publicados em sites - um pelo diretor do Instituto Potencial Inteligência, Zeca Martins, e outro pelo cientista político Murillo Aragão, na edição do site da revista Veja - sugerem que as eleições presidenciais estão apenas no começo. É como se o eleitorado ainda não estivesse com os olhos voltados para o pleito de outubro. Aqui, em Pernambuco, segundo Zeca Martins, algo em torno de 70% do eleitorado ainda não entrou no jogo. 

Uma das conclusões possíveis é que, apesar da hegemonia de alguns candidatos, o cenário ainda é passível de eventuais mudanças. Diante de um contexto de enormes dificuldades neste momento da campanha, o staff político do senhor Jair Bolsonaro(PL), por exemplo, além do pacote de bondades já divulgados, prepara uma série de petardos contra o candidato favorito dos eleitores até este momento: Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Segundo alguns veículos de comunicação, a artilharia será pesada, envolvendo a retomada dos casos de corrupção em que o PT esteve envolvido durante os governos da coalizão petista. 

Na primeira eleição de Bolsonaro, em 2018, o antipetistmo foi um dos seus trunfos para vencer aquelas eleições. Ao longo dos anos, tal narrativa sofreu algum desgaste, mas, segundo alguns levantamentos realizados por institutos de pesquisa, tais fatos ainda permanecem na memória de alguns eleitores, apesar da lipoaspiração jurídica aplicada sobre as condenações ao morubixaba Lula.  Como observa Murillo Aragão, é observar se o PT teria a resiliência suficiente para suportar os achaques. 

Alguém, acertadamente, já apontou que o staff de campanha de Jair Bolsonaro não deveria se preocupar com Lula, mas com a inflação em alta, abalando sensivelmente o bolso e o humor dos eleitores. O pacote de bondades ora em curso prevê subsídios, bonos, renúncia fiscal, mas todos sabem que se trata de bondades com prazo de validade definida, além dos danos que tais medidas irão produzir nas contas públicas.      

sábado, 2 de julho de 2022

Editorial: O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um momento difícil para os socialistas pernambucanos.



Não sem um bom motivo, mais uma vez, o ex-presidente Lula adiou a sua visita ao Estado de Pernambuco. Somente em Agosto ele deve matar a saudade da terrinha. Alguns palanques estaduais estão enfrentando uma série de problemas e Pernambuco é um deles. Um outro caso emblemático é São Paulo, mas as circunstâncias políticas - como a desistência da candidatura do apresentador José Luiz Datena ao Senado Federal - estão, de alguma forma, contribuindo para minimizar as dificuldades de formação de um palanque único entre o PSB e o PT. 

Seria mantida a candidatura do professor Fernando Haddad(PT-SP) ao Palácio dos Bandeirantes, enquanto o ex-governador Márcio França disputaria a vaga ao Senado Federal pelo PSB. Espera-se para breve que este martelo seja batido. Se França tiver o apoio de outros grêmios partidários - caso do União Brasil, por exemplo -  para a sua candidatura ao governo, os acordos entre o PT e o PSB podem voltar a estaca zero. A equação paulista acabou se tornando um nó, que, se desatado a contento, poderia criar uma espécie de jurisprudência política para Pernambuco, ou seja, Lula teria um palanque único, unindo o PT e o PSB. 

Não sabemos como tal hipótese teria sido construída. Afinal, caso tal raciocínio se aplique ao Estado de Pernambuco, nas atuais circunstâncias, seria o caso de integrar, num único palanque, o PSB, o PT e o Solidariedade. Uma missão quase impossível, embora se registre que tudo é possível neste campo. Daí ser sensato concluir que alguns analistas possam estar deslizando na maionese ou vendo chifre em cabeça de cavalo. Ainda esta semana, a candidata assumiu nacionalmente sua ligação com Lula, através de um peça de campanha, ao afirmar que "Lula é Marília e Marília é Lula". Como se sabe, ela não precisa pedir "autorização" a ninguém para usar o nome de Lula, menos ainda a ele. Os laços afetivos, aliado à sua longa militância petista, permitem tal intimidade com o morubixada petista. 

Hoje, o candidato do PSB, Danilo Cabral, respondeu na mesma moeda com o "DaniLula", que passou a ser veiculado como peça de campanha do socialista. As pesquisas de intenção de voto mais recentes começam a sinalizar para uma eventual polarização, também aqui no Estado, entre os candidatos Lula e Bolsonaro, assim como ocorre em todo o país. A questão é que tal polarização está se configurando, pelo desempenho nas pesquisas, entre Marília Arraes(SD-PE) e Anderson Ferreira(PL-PE) e não entre Danilo Cabral(PSB-PE) e Anderson Ferreira(PL-PE). Animado com os últimos resultados nas pesquisas - que demonstram uma sensível melhora de desempenho - Anderson Ferreira, sempre ao lado de ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, parece ter intensificado o ritmo de campanha. 

O curioso nisso tudo é que, nas eleições passadas, no segundo turno para a Prefeitura da Cidade do Recife, Anderson apoiou a candidatura de Marília contra o atual prefeito, João Campos, do PSB. Já naquele momento ele reafirmava o compromisso de derrotar os socialistas no Estado, assumindo a tarefa como um projeto coletivo e não como uma iniciativa pessoal. E, por falar nos socialistas, a bruxa anda solta no Palácio do Campo das Princesas. Mesmo com medidas duras, não se consegue segurar a sangria, representada por inúmeras defecções de quadros antes apoiadores da legenda no Estado. 

Aliás, segura-se, mas há um preço muito elevado, como a abertura de espaços na máquina e bases eleitorais para alguns, em detrimento de quadros históricos da legenda. O momento político, na realidade, é muito difícil para os socialistas no Estado: Os indicadores sociais e econômicos do Estado são caóticos; há uma desaprovação altíssima do atual governo; há uma saturação natural decorrente da fadiga de material produzida por 16 anos de governo; o apoio único e exclusivo de Lula continua sendo uma grande "utopia"; em tais circunstâncias, as bases de apoio tornam-se bastante rarefeitas.

P.S.: do Contexto Político: Somente numa hipótese seria possível entender o raciocínio, desenvolvido por alguns observadores da cena política, estabelecendo um parâmetro comparativo entre a situação dos palanques do PT e do PSB em São Paulo e em Pernambuco, considerando que, uma tomada de decisão de Lula na praça paulista poderia se replicar aqui na província: Lula assumir os dois palanques, o de Fernando Haddad(PT-SP) e o de Márcio França(PSB-SP). Aqui, seria Marília Arraes(SD-PE) e Danilo Cabral(PSB-PE).           

Editorial: A Bahia de todos os candidatos.



Os principais concorrentes às eleições presidenciais de 2022 estão, neste momento, comemorando a dia da Independência do Brasil, que, para os baianos ocorre no dia 02 de Julho e não no dia 7 de Setembro, data em que os demais brasileiros e brasileiras comemoram a nossa Independência. Luiz Inácio Lula da Silva(PT), Jair Bolsonaro(PL), Ciro Gomes(PDT) e Simone Tebet(MDB) marcaram encontros com a militância na terra de Jorge Amado. 

Quando discutimos este assunto por aqui, num outro momento, levantamos a possibilidade de eventuais tumultos provocados pelo encontro das militâncias dos candidatos, mas, pelo que parece tudo está ocorrendo de forma civilizada, como, aliás, deveria ser sempre assim. As assessorias dos candidatos deram um jeito de redefinirem os trajetos, evitando os possíveis encontros entre a militância. A Bahia é o quatro colégio eleitoral do país, portanto, uma praça de disputa eleitoral estratégica para qualquer candidato ao Palácio do Planalto. 

Ali, Lula abre uma larga vantagem sobre o candidato Jair Bolsonaro, embora o candidato do PT ao Palácio de Ondina, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), esteja enfrentando um momento difícil nas pesquisas de intenção de voto. A perspectiva é que Lula, com o seu prestígio entre os baianos, consiga reverter essa situação desfavorável do candidato do partido. Há pesquisas indicando que, quando associado ao nome de Lula, ele cresce bastante. Resta saber se o suficiente para desbancar o principal nome da disputa ao Governo do Estado, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, herdeiro do carlismo. 

Naquele Estado, o PT tem um grande obstáculo a superar, ou seja, o desgaste de 16 anos à frente do Palácio de Ondina, o que seria suficiente para produzir uma inevitável fadiga de material. Até recentemente, também foram expostas as víceras de eventuais casos de malversação de recursos públicos, na máquina da administração pública\Consórcio Nordeste, durante a Pandemia da Covid-19, o que implicaria na amplificação desse desgaste junto à opinião pública.     

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Editorial: A reação de Rodrigo Garcia no Datafolha



Sem entrar nas nuances do comportamento do eleitorado paulista, fica difícil entender porque, de alguma forma, seria um risco o PT bancar a candidatura do professor Fernando Haddad em São Paulo. Já antecipo que nenhum argumento, por mais convicente que seja, levaria o morubixaba Lula desistir de tal candidatura, pela qual ele vem brigando desde o início. 

No que concerne ao seu projeto nacional, possivelmente o mais prudente seria apoiar a candidatura do ex-governador Márcio França, escalando o seu vice, Geraldo Alckmin, do mesmo partido, a jogar toda a carga na conquista do eleitorado mais conservador, com o qual ele possui um trânsito bastante considerável. França criaria um escudo capaz de se proteger contra os petardos antipetistas que serão atirados pelos adversários, capaz de sensibilizar o eleitorado, tradiconalmente, marcado por uma certa reticência ao PT. E olha que, pelo que sabe dos bastidores da campanha bolsonarista no plano nacional, o arsenal é grande. 

São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e um candidato que não estiver bem ali pode ter complicações no plano nacional. O histórico de eleições do PT naquela praça sempre foi marcado por muitas dificuldades, como a eleição da prefeita da capital, Luiza Erundina, por exemplo, que deu, incluive bons estudos acadêmicos, como o do professor Cláudio Gonçalves Couto, hoje na FGV. Haddad começa bem, liderando, com folga relativa, as últimas pesquisas de intenção de voto. 

Para alguns observadores, no entanto, essa bola pode murchar na medida em que a campanha avance. O PT nunca teve vida fácil naquele ninho tracional dos tucanos. Veja-se, por exemplo, a incrível guinada de Rodrigo Garcia nesta última pesquisa do Datafolha. Ele pulou de 6% para 13% das intenções de voto, empatando com o candidato bolsonarista, Tarcísio de Freitas. 

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: O "Bezerro de Ouro" do Centrão


Assim como a ministra do Supremo Tribunal Federal, senhora Rosa Weber, também consideramos esse tal orçamento secreto - ou emenda do relator - algo não condizente com alguns princípios do próprio regime democrático, que exige, por exemplo, a transparência dos seus atos. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, num corredor da Câmara dos Deputados instalou-se uma espécie de "salinha do orçamento secreto", onde observa-se uma verdadeira romaria de parlamentares e assessores com o propósito de obter a liberação de recursos para as suas bases ou redutos eleitorais. Naturalmente, parlamentares ligados ao Governo Bolsonaro. 

Lula, o PT e seus parlamentares estão sensivelmente preocupados com esse "Bezerro de Ouro", num ano eleitoral. Mas, a rigor, toda tessitura está sendo muito bem calculada pelo Centrão, sejam quais forem o resultado das próximas eleições presidenciais. Já existem manobras no sentido de tornar esse orçamento secreto permanente, prevendo-se uma eventual vitória de Lula, engenssando o seu eventual governo. Outra preocupação bastante pragmática do grupo seria a formação de uma boa bancada de parlamentares, formando uma maioria, independetmente da eleição de Jair Bolsonaro(PL). 

O Centrão pensa em tudo. Tudo significa ele mesmo. O grupo trabalha com uma lógica muito bem definida, priorizando o exercício do poder em qualquer circunstância política, assegurando cargos na máquina e recursos, de preferência através de expedientes como o tal orçamento secreto. Aplicam uns torniquetes, deixam as vítimas estrebucharem - leia-se governos - e, logo em seguida, oferecem uma bóia salva-vida, mas deixam o indivíduo dentro do barco numa condição que, a qualquer momento, eles possam atirá-lo de novo aos tubarões.   

Editorial: A desistência de Datena ajuda o PT a resolver o impasse em São Paulo ?



No dia de ontem, o apresentador de TV José Luiz Datena anunciou que não dispurá uma vaga ao Senado Federal por São Paulo. Quem mais lamentou a decisão foi o candidato do Republicanos, o ex-Ministro da Infraestrutura do Governo Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, que disputa o Governo do Estado nas próximas eleições. Por outro lado, houve quem comemorasse a decisão, uma vez que ela ajuda a resolver um grande impasse - ou uma ponta solta, como preferem alguns - envolvendo o PT e o PSB, tendo como pano de fundo, a candidatura do ex-governador Márcio França(PSB-SP) ao Governo do Estado, pelo PSB, o que, desde o início da aliança entre os dois grêmios partidários, tornou-se uma dor de cabeça para os dirigentes das legendas. 

Há quem sugira que a estratégia do PT em São Paulo não passaria, necessariamente, por uma candidatura própria, num raciocínio em torno de sua candidatura presidencial. Mas tentem convencer Lula sobre isso. Ele não abre mão da candidatura do seu fiel escudeiro Fernando Haddad(PT-SP), que, por sinal, lidera, até este momento, todas as pesquisas de intenção de voto. Por outro lado, há compromissos formais do PT com os socialistas, que soma-se ao fato de que, em sua chapa presidencial, encontrar-se um cristão novo da legenda, o vice Geraldo Alckmin(PSB-SP). 

Recentemente, antes da desistência de Datena, Lula manteve uma longa conversa com Márcio França(PSB-SP), segundo dizem, com o propósito de fazê-lo desistir do projeto de candidatura própria. Sem muito sucesso, segundo se soube depois, de acordo com o dirigente da legenda socialista, Carlos Siqueira. Diante desses fatos novos, quem sabe, França aceite disputar a vaga ao Senado Federal ao lado do pupilo de Lula, Fernando Haddad. Como se sabe, em São Paulo, os tucanos possuem o seu ninho mais emplumado. São Paulo ja foi chamada de Tucanistão, numa referência à hegemonia do PSDB naquela praça. 

Isso posto, talvez se compreenda a recuperação de Rodrigo Garcia(PSDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto, como a divulgada pelo Instituto Datafolha no dia de ontem, onde ele já aparece empatado, na margem de erro do Instituto, com o candidato Bolsonarista, Tarcísio de Freitas. Não tenhamos dúvidas de que teremos uma batalha campal pela frente, onde não surpreenderia a ascenção de candidaturas como as de Garcia e Freitas, disputando, voto a voto, com o nome do Partido dos Trabalhadores, como, aliás, tem sido assim as disputas políticas naquela praça: um clássico.    

Editorial: Um pacote de bondades de 41 bilhões.


Economistas mais consequentes, entre eles Mailson da Nóbrega, em análises recentes, desaconselharam esse pacote de bondades do Governo do Presidente Jair Bolsonaro(PL), mas, as dificuldades com o projeto de reeleição o tornaram viável, mesmo sabendo-se das suas consequências danosas para o equilíbrio das contas públicas. O pacote de bondades custará aos cofres públicos um montante superior aos 41 bilhões de reais, aprovado na condição excepcional de um estado de emergência. 

O pacote prevê o aumento do valor do Auxílio Brasil - que passaria dos atuais R$400 para R$600 ; vales para taxistas e caminhoneiros; um vale para aquisição de botijão de gás a cada dois meses; entre outros benefícios. Assim como vem ocorrendo com o Auxílio Brasil, seus efeitos sobre o eleitorado são duvidosos, embora se saiba que o problema da reeleição de Jair Bolsonaro não seja, necessariamente Lula, mas a inflação em alta, conforme enfatizamos no dia de ontem. 

A população brasileira, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas Social, nunca empobreceu num ritmo tão acelerado. A pandemia da Covid-19 deu sua contribuição para esse processo, ao desarranjar vários setores da economia, mas não foi apenas isso. As oportunidades de emprego formais voltaram a crescer, atingindo, inclusive, um dos setores mais prejudicados durante o período, o de serviços. O país, no entanto, deixou de pensar em sua população mais socialmente fragilizada, como em período anteriores, onde milhões saíram da condição de extrema pobreza. Ausência de políticas públicas eficazes, permanentes e estruturadoras são as responsáveis por produzir esse efeito "bumerangue". 

Faltam menos de 100 dias para as eleições e torna-se difícil prevê os efeitos desse pacote até lá. O problema do Auxilio Brasil, por exemplo, não estaria relacionado ao valor do benefício, mas a uma percepção entre seus beneficiários, que não estariam associando-o ao Governo Bolsonaro. Anda sendo veiculada uma campanha institucional na TV sobre o programa que, a rigor, segue o mesmo script das campanhas institucionais do antigo "Bolsa Família". Talvez o Governo esteja mais perto de descobrir qual o real problema com o Auxílio Brasil.