pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Editorial: Essa estranha - mas compreensível - relação do eleitor com os Institutos de Pesquisa




Não deixa de ser curiosa essa relação dos eleitores com os institutos de pesquisa. Embora o IPEC tenha apresentado números fora da realidade observada no primeiro turno dessas eleições, seus levantamentos são um verdadeiro colírio para os eleitores e formadores de opinião identificados com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Por outro lado, os levantamentos de pesquisa realizados por institutos como o Paraná Pesquisas, que mais se aproximou dos acertos da votação no primeiro turno dessas eleições, é execrado por trazer indicadores de um rigoroso empate técnico entre os dois concorrentes ao Palácio do Planalto. O equilíbrio de forças é evidente. Dados como os apresentados pelo Paraná Pesquisas, por outro lado, caem como um bálsamo para as hordas de bolsonaristas, mesmo que um percentual considerável sejam de robôs. Tudo isso é compreensível. Afinal, estamos num Fla-Flu ou num Grenal, onde os petistas resolveram acompanhar Eduardo Leite, mesmo que sob certas condições - acho que nem ele mesmo entendeu o que isso significa.

No momento, não está nada definido para nenhum dos candidatos que disputam o Palácio do Planalto. Talvez alguma cartomante possa fazer uma previsão neste contexto, mas nenhum formador de opinião ou analista político arrisca fazer algum prognóstico. Até mesmo um fato novo - como os tiros e granadas atirados por Roberto Jefferson nos policiais federais - pode definir o pleito em favor de um dos candidatos. A associação e repercussão negativa do episódio para o adversário foi muito comemorado pelo comitê de Lula.
 
Há pouco comentamos que o staff de campanha do candidato Jair Bolsonaro teria cobrado empenho dos governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que o apoiam, o empenho no sentido de tiraram, cada um deles, um milhão de votos de Luiz Inácio Lula da Silva. Um rombo que, se obtido, poderia ser uma pá de cal nas pretenções do petista de voltar a ocupar o Palácio do Planalto. Por outro lado, apesar de se apresentar melhor nos últimos debates - o ex-presidente Lula vai se submeter a um treinamnto intensivo para não apenas não cometer erros durante o debate da Globo, mas esmagar o adversário, jogando-o nas redes o tempo todo. Não quero aqui fazer o papel do advogado do diabo, mas convém não esquecer que Jair Bolsonaro está na mídia quase todos os dias, tomando gosto pelo tema e afinando o discurso. 

Editorial: Um prêmio para o governador que bater a meta de obter um milhão de votos para Bolsonaro nesta reta final de campanha



Várias pesquisas de opinião estão sendo aguardadas durante esta semana, sobre a corrida presidencial. A do Instituto IPEC traz um certo alento, um refresco para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao apontar que ele ainda mantém uma diferença de 7 pontos sobre o rival, Jair Bolsonaro(PL). Não necessariamente pelo que ocorreu durante o primeiro turno dessas eleições - onde tal instituto cometeu alguns erros - mas, sobretudo em razão do que venho observando em termos de movimentações dos candidatos, seria mais consequente acreditar que, neste momento, o jogo da disputa encontra-se equilibradíssimo, como sugere o Instituto Parana Pesquisas, cravando um empate técnico entre ambos, ou seja, Lula aparece com 50,2%, enquanto Bolsonaro marca 49,8%. 

Somente essas próximas rodadas de pesquisa poderão trazer dados mais concretos sobre a dimensão dos estragos produzidos pelo fator Roberto Jefferson, um verdadeiro tiro no pé na candidatura do amigo Jair Bolsonaro. Uma granada jogada em seu colo, algo bastante explorado pela campanha petista nas redes sociais. Não deixa de ser curioso que o próprio Roberto Jefferson, assim como a sua filha Cristina Brasil, estarem se pronunciando no sentido de compreenderem que, no momento, o presidente não poderia tomar nenhuma medida em favor do pai, posto que as eleições são mais importantes. 

De acordo com matéria de uma revista de circulação nacional, o staff político de Jair Bolsonaro determinou aos três governadores dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro que, cada um deles, retirem da votação do petista nesses Estados um milhão de votos, fortalecendo a candidatura de Jair Bolsonaro. Ainda não se sabe qual seria o prêmio oferecido para quem bater essa meta, mas já existem a acusações de assédio eleitoral contra um deles, que estaria extrapolando os limites dos esforços legais para atingir tal meta.   

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Fraude eleitoral? Alexandre de Moraes exige provas em 24 horas.



As turbinas das eleições estão ligadas e funcionando a todo vapor. Não é para menos. Estamos há cinco dias do segundo turno das eleições presidenciais, numa disputa polarizada, com forte equilíbrio de forças em disputa pelo Planalto. Preparem os seus corações e mentes porque serão fortes as emoções até o próximo domingo. O que me tranquiliza é que ainda voto na cidade onde nasci - nunca tranferi o título de eleitor - e isso se traduz numa excelenete oportunidade para matar as saudades das velhas paineiras da infância, onde ficácamos horas proseando com a turma do colégio, depois das aulas. 

Outro dia até escrevi sobre o assunto, mostrando o como os problemas de minha cidade poderiam ser projetados numa análise da quadra política nacional. As paineiras foram preservadas porque existe uma legislação ambiental probindo o seu corte. Olha o perigo da desregulamentação ambiental, como desejava o tal ministro, aquele do "vamos aproveitar para passar a boiada". Nem mesmo chegamos ao final do pleito e os partidários do senhor Jair Bolsonaro já estão falando numa possível  fraude eleitoral, ao sugerir que emissoras de rádios da região Nordeste, deliberadamente, deixaram de transmitir algo em torno de 150 mil inserções da propaganda gratuita obrigatória em favor do candidato, numa espécie de boicote, o que teria favorecido seu adversário na disputa.  

Ágil como sempre, o ministro Alexandre de Moraes, Presidente do TSE, deu um prazo de 24 horas para a assessoria do candidato provar tais denúncias sob pena de punição, com uma eventual abertura de inquérito por estar tentanto tumultuar o processo eleitoral. Curioso que a acusação é dirigida majoritariamente em relação à região Nordeste, um tradicional reduto eleitoral que se identifica com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. a Bahia seria o Estado mais reincidente nessa eventual prática. Acreditamos que, no prazo dado pelo ministro, será pouco provável que a assessoria do candidato possa reunir evidências materiais sobre as denúncias apresentadas.   

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Editorial: Momentos difíceis nesta etapa da campanha: Tiros também foram disparados no Rio Grande do Norte




Os tiros de fuzis e granadas atiradas contra políciais federais que estavam em cumprimento a um mandado judicial não foi o único registrado no dia de ontem. Tiros também foram disparados durante uma mobilização da governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do PT, em prol da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cidade de Macaíba, interior do Rio Grande do Norte. Felizmente ninguém foi atingido, mas os disparos ocorreram bem próximos ao carro que conduzia a governadora, parlamentares e correligionários ligados ao Partido dos Trabalhadores. No plano nacional, diante de tais circunstâncias, o staff da campanha de Lula decidiu reforçar a segurança ao nível de alerta máximo.

Não vamos voltar a discutir por aqui os gatilhos de intelerância - que foram produzidos em razão da parcimônia de nossas instituições democráticas com os intolerantes, numa não observãncia da advetência do filósofo britânico Karl Popper, para blindar as sociedades democráticas deste câncer - mas estamos diante de um quadro de depressão política generalizada. Não por acaso, já há um movimento das redes sociais com apelos para adiarmos as festividades de Natal e Ano Novo, onde os critãos, normalmente, perdoam seus inimigos. Nossos tecidos estão tão esgarçados que sugerem não haver clima para festividades.  

Essa onda de violência que o país enfrenta tem um responsável bem conhecido. A todo custo, por razões meramente eleitoreiras, o presidente Jair Bolsonaro vem tentando dissociar sua imagem do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson, Presidente Nacional licenciado do PTB. Tudo em vão porque aí é que a imprensa e as mídias sociais se preocuparam em mostrar essas ligações de forma mais efetiva, exibindo fotos dos dois, sorridentes. Por outro lado, existem rumores de que ele teria pedido um indulto ao presidente Jair Bolsonaro, que não irá concedê-lo, naturalmente, pelo menos até o final do segundo turno das eleições.  

Editorial: Uma democracia recebida a tiros ou como a necessidade de ser intolerante com os intolerantes se torna fundamental numa democracia.



Em 1945, no livro A Sociedade Livre e Seus Inimigos, o filósofo Karl Popper, refletindo sobre a questão da tolerância nas sociedades livres e democráticas - em contraposição à supressão das liberdades individuais e coletivas nas sociedades fechadas ou regimes autoritários, bem em voga por esse período - concluiu que uma sociedade tolerante precisa ser intolerante com os intolerantes. Estava formulado o polêmico paradoxo da intolerância, que sempre vem à baila por ocasiões específicas, como a dos tristes episódios do dia de ontem, quando o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson recebeu à bala os agentes da Polícia Federal que foram até a sua residência cumprir um mandado de prisão expedido pelo Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, o Ministro Alexandre de Moraes. 

A motivação se deu, salvo melhor juízo, pelo descumprimento das normas estabelecidas pela prisão domiciliar, que prevê que o réu não poderia usar as redes sociais, tampoupo com tais finalidades. O fato concreto é que a nossa incipiente democracia foi recebida a tiros e granadas, por um cidadão fora de si, tomado pelos impulsos e ódio político. Esse "climão' perigoso vem sendo gestado no país desde 2013, conforme já expusemos em outras ocasiões. As sementes do ódio, da intolerãncia, do desprezo e do não respeito pelo outro, estão sempre presentes nas sociedades, precisando apenas de um adubozinho ou de uma rega frequente, gatilho disparado quando hordas de torcedores de classe média passaram a chingar uma presidente, com termos chulos, durante uma partida de futebol.  

O fato concreto é que permitirmo que esse ódio florescesse, criando ordas organizadas e ativas - que vão da liga de dominó da esquina até às instituições do aparelho de Estado, irremediavelmente comprometidas - disseminando discursos de ódio, de intolerância e de destruição do outro por todo o país. Nessas eleições, reparem quantas mensagens do gênero vocês receberam em seus mais inusitados grupos de whatsApp, como aquels destinado a tratar, por exemplo, dos assuntos estritamente relativos ao seu condomínio. Não à toa, afirmamos sempre que teremos um terceito turno das eleições de outubro. Se o candidato do campo progressista vencer, será um inferno enfrentar a ira dos partidários do representante da direita. Se o candidato da direita vencer, caminhamamos cm. eleremente para um processo de hungrialização do país, como disse ontem. Somos hoje a democracia mais ameaçado do mundo. 

Nunca ouvi do senhor Jair Bolsonaro(PL) uma fala categórica, afirmando que aceitará os resultados das eleições de outubro. Num regime de democracia consolidada, isso seria uma afronta. Ao fim e ao cabo, a conclusão é que a nossa democracia precisaria ser intolerante com os intolerantes, com o propósito de continuarmos como uma sociedade tolerante, aberta, laica, republicana e democrática - perdão pela tautologia, mas é que se faz necessário enfatizar o termo, sobretudo nesses tempos onde grupos sociais influentes e organizados parecem desprezá-lo. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 23 de outubro de 2022

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


Editorial: A imprensa acaba de informar que a Polícia Federal foi recebida à bala por Roberto Jefferson.



Registro aqui a nossa indignação em razão da maneira descortez e vil com que a ministra Cármen Lúcia, do STF, foi tratada pelo atual Presidente do PTB, o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson. Jefferson é um bom exemplo de como se pode perder o controle de uma determinada situação. Doente, advertido, orientado a não reincidir em atos deliberamente contra as instituições democráticas do país, o Presidente Nacional do PTB, ao invés de dar um tempo, deixar a poeira baixar, recolher as armas, cuidar de sua saúde fragilizada ou guardar seus arroubos antidemocráticos para os momentos dos churrascos com os amigos, resolveu enfrentar o sistema, neste caso reprensentado pelo STF, quebrando protocolos impostos à sua prisão domiciliar.  

Transformou uma querela jurídico-institucional numa indisposição pessoal contra o ministro Alexandre de Moraes e, mais recentemente, contra a ministra Cármem Lúcia, também do STF. Chegamos ao limite dos limites, quando ele, através de um vídeo, afirmou uma série de impropérios impublicáveis contra a ministra, o que levou o ministro Alexandre de Moraes a determinar, mais ma vez, a sua prisão. Ele resolveu reagir à bala ao cumprimento do mandado de prisão, ferindo dois policiais que ficaram encarregados de fazer cumprir o que determinava o documento. 

O caso do ex-Deputado Roberto Jefferson é reflexo desse momento de enormes dificuldades institucionais vividos pelo país. As instituições passaram a adotar medidas saneadoras talvez um pouco tarde demais, quando o tecido de nossa democracia já estaria comprometido. É preciso conhecer o tempo certo de aplicação do paradoxo da intolerância. Num país de instituições democráticas consolidadas, possivelmente, não chegaríamos a esses estágios. Chagamos e o preço a pagar poderá ser alto. Nas redes sociais, bolsonaristas e petistas se dividem sobre o assunto - como se isso fosse alguma surpresa - mas os petistas conseguiram levantar a #Bolsonarismomata. Vamos ver o peso que este fato novo terá nas eleições presidenciais do dia 30, mas, a princípio, como se trata de uma afronta às mulheres e às instituições, o candidato Lula pode ser beneficiado.      

Editorial: Na realidade, o medo não é a Venezuela, mas a Hungria.



Há alguns anos atrás, o professor emérito da Universidade de Munique e da prestigiada London School of Economic, Ulrick Beck, esteve em visita ao Brasil. Estudioso das mudanças no mundo do trabalho, chegou num momento bastante emblemático no país, em plena expansão do mercado informal, como consequência do agravamento do desemprego, principalmente os de carteira assinada. Observando a expansão dessa modalidade de sobrevivência eocnômica nas grandes metrópolis brasileiras, ele cunhou uma expressão que se tornaria uma espécie de colírio teórico para os estudiosos identificados com o pensamento do sociólogo pernambucano Gilberto Fryere. 

Em seu entusiasmo inicial, logo contestado pelos próprios pares da London School, Beck cunhou a expressão "Brasilização do Ocidente', ou seja, na percepção do professor alemão, o Brasil se tornava um modelo a ser observado e analisado quando estivesse em discussão a questão das mudanças ou precarização do mundo do trabalho. Mais que, isso, sugeriu que o nosso processo de formação, marcado pela miscigenizaçao, seria um ponto forte, uma vez que, somente aqui, seria possivel irmanar todos - mulheres, homens, idosos, crianças, católicos, protestiantes, umbandistas, brancos, pardos, negros - num projeto similiar de luta pela sobrevivência. Em alguns países europeus isso não seria possível.  

Mesmo academicamente desautorizado, a reflexão do professor alemão nos entusiasmou bastante, no início, chegando este editor a produzir alguns ensaios tratando dessa questão, embora muito mais motivado, confesso, pelos estudos do decano da Universidade de Campinas, Ricardo Antunes, este sim, com muito mais intimidade para se pronunciar sobre o que estava se passando com o mercado de trabalho no país. 

Hoje, me deparei com uma outra adjetivação interessane, esta sobre o nosso processo de erosão de experiência democrática, formulado ou reproduzido por uma professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, durante um encontro organizado pelo jornal Folha de São Paulo, para discutir o futuro de nossa democracia. Durante a sua fala, a professora Celi Pinto, enfatizou que o futuro de nossa democracia seria uma espécie de "hungrialização", numa referência ao regime implantando por Victor Orban, na Hungria, que mina a democracia por baixo, em seus alicerces, mas conserva o arcabouço institucional - de forma quase cosmética - para salvar as aparências, sem o emprego de mecanismos autoritários tradicionais. A proposta, por exemplo, de ampliar o número de ministro do STF seria um desses mecanimos, com o propósito de transpor um dos últimos obstáculos de resistência a essa degenerescência democrática. O STF não seria extinto, mas ficaria com maioria favorável ao executivo. Volto a tratar deste tema quando passarem as eleições, mas já fica a lição: o problema maior é a Hungria. Nunca a Venezuela. 

Editorial: Fake News: A monstruosidade dessa máquina de destruir reputações precisa ser combatida com veemência.



Observo, não sem muita apreensão, as declarações de atores relevantes do nosso campo político em relação ao Ministro Alexandre de Moraes, hoje Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Estão se tornando recorrentes as críticas à atuação do ministro, inclusive com insinuações de que ele poderia vir a ser admoestado ou, inconstitucionalmente, se adotarem manobras para ampliar o número de integrantes da Suprema Corte, numa perspectiva de que houvesse um equilíbrio de força maior, certamente, favorável aos atores que se sentem insatisfeitos com a sua atuação. Agora é a vez da imprensa. Do Estadão ao New York Times   

São inestimáveis os serviços que este cidadão vem prestando ao país, em defesa de nossas instituições democráticas, dos marcos civilizatórios e republicanos, combatendo, de forma veemente, a disseminação de mentiras, que se tornaram uma arma política perversa, usada exaustivamente nesses tempos bicudos que o país atravessa. Além da imprensa, setores bem definidos da opinião pública e entre os três Poderes da República, observam-se opiniões em contrário às suas medidas ou decisões saneadoras que ele vem adotando no TSE. O raciocínio é simples. Proibir a disseminação de fake news não é censura. Em resposta a Augusto Aras, Procurador-Geral da República, que questionou a legitimidade da ampliação dos poderes do TSE para coibir tais abusos, o ministro Edson Fachin foi taxativo: Não há plausibilidade na solicitação da PGR, pois não se trata de uma medida que venha a ferir preceitos constitucionais, além da necessidade de adoção em função da incidência dos casos observados. 

Diante do agravamento do problema, entendemos que ações mais severas precisariam ser adotadas, e é o que ele propõe, no sentido de ampliar os poderes do TSE, sobre essa questão em particular, tornando-o mais célere no enfrentamento dessa prática abjeta. Escancaradamente, um grande jornal paulista chega a sugerir uma eventual parcialidade, ou que suas medidas estariam favorecendo um dos candidatos que concorrem ao Palácio do Planalto.

Já se sabia que ele enfrentaria chumbo-grosso na função que ocupa, sobretudo em razão desses tempos de crise institucional, com uma democracia em processo de erosão e valores civilizatórios subvertidos. E, pelo andar da carruafem política, ainda teremos um terceiro turno dessas eleições, sejam quais foram os resultados do dia 30.Como já discutimos numa outra oportunidade, o ministro Alexandre de Moraes aportou em Brasília num momento difícil, no olho do furação, quando o país já estava mergulhado neste turbihão de assédios contra a nossa incipiente experiência democrática, os marcos civilizórios e as boas práticas republicanas. Estamos em pleno processo de hungrialização, ou seja, um modelo sutil de desmonte da democracia, sem aquelas variáveis clássicas conhecidas. Um pão sem miolo é a analogia que mais se aproxima. Com o bromato do fascismo.  

Caso tal sangria seja estancada - o que não é tarefa nada simples - ele ficará conhecido como um cidadão que deu uma anorme contribuição para enfrentar essa engrenagem perversa, abjeta, desprezível, usada com o propósitos políticos vis, destinados a destruir a reputação dos adversários, esgarçando suas vidas, seja do ponto de vista institucional, social e familiar. "Se está todo mundo dizendo é porque é". É assim que essa praga é introjetada no imaginário social, traduzindo-se em danos mentais, sociais e físicos para suas vítimas - uma vez que os transtornos psíquicos acabam se refletindo no nosso corpo. O Ministro Corregedor-Geral Eleitoral do TSE, Benedito Gonçalves, tornou-se um auxiliar de extrema importância nessa empreeitada. Nesta missão inglória de combater essas monstruosidades, como observou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, diante da incapacidade de enfrentar essas narrativas construídas contra ele pelos adversários. Nem os oitos anos que Lula passou na máquina foram suficientes para segmentos da população entenderem que ele não iria fechar igrejas ou adotar o banheiro único para meninos e meninas.  

Nós temos a dimensão do quanto isso é perigoso. Alguns anos atrás, na Baixada Santista, alguém começou a disseminar que havia uma mulher sequestrando crianças para rituais satânicos. Num dado momento, alguém "identificou" essa tal mulher, que foi espancada até a morte. Era uma inocente, vítima dessa monstruosidade. Depois, a Delegada da Regional, ouvida sobre o caso, informou que sequer havia queixas de crianças desaparecidas naquele local. Bola para frente, Alexandre de Moraes.   

sábado, 22 de outubro de 2022

Editorial: Um Bolsonaro "fora de si" na entrevista do SBT



Entre os colunistas de política há um consenso ou entendimento de que a ausência de Lula - naquele que poderia ter sido um debate, mas foi transformado numa entrevista - foi ruim para a campanha do petista. Não sabemos se seu staff de campanha calculou bem os prejuízos, mas Lula já antecipou que também não irá ao debate organizado pelo Rede Record de Televisão. Como já seria previsto, a entrevista do presidente ao pool de veículos de comunicação transcorreu absotuamente dentro do esperado, com o candidato cumprindo rigidamente o script traçado por seus assessores. 

Salvo pelo tropeço da área econômica, que permitiu o vazamento da informação de que haveria uma proposta de Paulo Guedes, Ministro da Economia, para a mudança nos cálculos de reajuste do salário minimo -hoje constitucionalmente calculado pelos índices de inflação do ano anterior - a campanha de Bolsonaro enfrenta um bom momento, reagindo bem nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, melhorando seus índices de avaliação entre os beneficiários do Auxílio Brasil. Até o dia 20, a batalha agora é pelo voto dos indecisos, que podem decidir as eleições. 

Nesses momentos, pesa, de forma estratégica, a ação dos assessores, orientando, corrigindo o candidato. No encontro do SBT, tivemos um Bolsonaro "fora de si', o que equivale dizer que ele foi, o tempo todo, ponderado, comedido, cauteloso. Mesmo em tais circunstâncis, num ponto, ele volta a ser o Bolsonaro real: Quando instigado a responder se aceitaria de bom grado o que as urnas determinarem no dia 30. Ele sempre permite uma fisgada de dúvidas sobre o assunto, espelhando uma narrativa marcada pelo "condicional".   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Editorial: Voto a voto na disputa pela Presidência da República, de acordo com três institutos de pesquisa.



Em intervalos regulares, três institutos de pesquisa apontam para um grande equilíbrio de forças na disputa pela Presidência da República. Tradução: Empate técnico entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, do PT,  e Jair Bolsonaro, do PL. Como a margem de erro do Datafolha é bastante estreita (será?)ainda se poderia falar numa limitada liderança do candidato do PT. No caso dos dois outros institutos, o Parana Pesquisas e o Futura\Banco Modal, o empate técnico fica cravado. Existe sempre a possibilidade do imponderável, o cometimento de um deslize, uma fala descabida, até mesmo uma fake new que pegue como visgo de jaca, capaz de comprometer esses números, mas, a rigor, no momento, a campanha de Jair Bolsanaro parece atravessar um bom momento. 

Ora pelos acertos na condução do processo -aliado aos bons ventos que sopram na economia - ora pelos erros cometidos pelo adversário, conforme já discutimos por aqui. O PT, por exemplo, teve anos e anos para reconstruir as pontes com o eleitorado evangélico e ninguém se preocupou com o assunto. Com uma pauta de costumes praticamene ditando as escolhas numa eleição, essa não foi uma atitude das mais prudentes. A carta de intenções pode ter chegado um pouco tarde, tornando-se inócua para minimizar os estragos já produzidos. Uma outra falha do PT foi não mobilizar a militância como deveria, se concentrando em grandes eventos, sempre capitaneados por seu líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Faltou aquela mobilização "orgânica'. Até Bolsonaro fez isso, quando pediu que cada bolsonarista conquistasse mais um voto. Nikolas Ferreira, o Deputado Federal mais votado do país, é mineiro mas estava na Bahia, cabalando votos para o presidente Bolsonaro, possivelmente em articulação com ACM Neto, que, neste segundo turno - diante das grandes dificuldades da campanha - se mostrou mais receptivo aos apelos de Bolsonaro. Bolsonaro, que já estava bem nos grandes centros, não perdeu, mas parece ter conquistado mais eleitores no reduto mais identificado com o PT, o Nordeste. Trata-se apenas de uma hipótese que precisaria de dados confiáveis para se confirmar. Em todo caso, somente aqui em Pernambuco ele ampliou seu universo de vontantes em 10%.  

Isso, somado ao pacote de bondades - que contribuiu para melhorar a simpatia do eleitorado mais pobres em relação ao seu governo - não haveria como esse jogo continuar a se manter desequilibrado, em favor do petista. Eis os escores: Bolsonaro 46,9%, Lula 45,9%.      

Editorial: Onde a equipe de campanha de Lula poderia estar falhando?



No dia de ontem, li um artigo onde o autor analisava, com bastante propriedade, as possíveis falhas cometidas pela equipe do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nessas eleições. Passamos a ficar mais atentos a essa questão. No dia de hoje, observei alguns fatos curiosos, o que apenas reforça as observações apresentadas naquele texto. Ouvido sobre a ausência do petista no debate de logo mais, organizado pela revista Veja e um pool de veículos de comunicação, o presidente Jair Bolsonaro teria afirmado que ele havia "brochado", o que dá a dimensão de como o fato será explorado logo mais. 

Fontes bolsonaristas já estão divulgando - não sem tirar uma "casquinha" - que ele também não irá comparecer ao debate organizado pela Rede Record de Televisão. Bolsonaro terá ao todo algo em torno de três horas para conceder as entrevistas, solto na buraqueira, como se diz nas peladas de futebol de várzea. Bolsonaro contará com essas mídias - ou este reforço - num momento bom para a sua campanha, que esboça um crescimento nas pesquisas de intenção de voto. 

Como afirmamos antes, algumas movimentações observadas no dia de hoje sugeram a possibilidade de agregarmos alguns ingredientes novos às reflexões do artigo acima. Uma pesquisa do Instituto Potencial Pesquisas observou que o presidente Jair Bolsonaro cresceu dez pontos aqui em Pernambuco, algo nada desprezível. Acompanhando as redes sociais, observamos um megaencontro de apoiadores do presidente, num auditório na Bahia, liderado pelo Deputado Federal Nikolas Ferreira, um bolsonarista roxo. Audiência repleta, auditório hiperlotado, e ele aos gritos de "A Bahia é 22". 

Na Paraíba, o candidato do PL, Nilvan Ferreira, mesmo derrotado nas eleições, continuou mobilizando a militância bolsonarista do Estado, inclusive organizando motociatas pelas cidades paraibanas. Sempre afirmei por aqui que Bolsonaro tem profissionais muito competentes em seu staff de campanha. Salvo melhor juízo, eles adotaram uma estratégia de "descentralizar' a campanha, liderada por personalidades ligadas ao bolsonarismo nos Estados, enquanto a campanha de Lula tornou-se muito centralizada ou "Luladependdente". 

Quando Lula está por aqui, ocorre um Galo da Madrugada fora de época. Quando ele sai, os militantes e lideranças parecerem se recolher aos seus aposentos,  limitando-se aos atos de campanha, o que seria muito pouco. Vale aqui uma pergunta nada ofensiva? Onde estaria o Deputado Federal segundo mais votado do país, Guilherme Boulos, neste momento?     

Editorial: Discurso de ódio, pauta de costumes, fake news... lá vem o Brasil descendo a ladeira.



Ali pelo ano de 2013, no bojo das mobilizações de rua das denominadas de Jornadas de Junho, o país passou a conhecer e conviver com uma espécie de onda conservadora, com seus recortes autoritários, discurso de ódio, pauta de costumes, binômios e o emprego sistemático de fake news como arma política. Em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff(PT-SP)foi deposta, através de um processo de impeachment controverso, numa conformação mais adequada de ser identificado como golpe institucional ou parlamentar. Embora veementemente negado no início, os anos se passaram e os próprios atores envolvidos naquelas engrenagens sórdidas acabaram admitindo a integridade e honestidade da ex-presidente, numa mea-culpa que apenas atesta que, na realidade, ela foi vítima de uma armação política. 

Assume a Presidência da República, o senhor Michel Temer, como um ator político artífice, perfeitamente integrado a essa nova agenda. Em 2018 é eleito o presidente Jair Bolsonaro, na esteira do antipetismo, proponente de uma agenda politica e econômica ainda mais radical, apoiado por setores da ultradireta, com componentes que transformaram a nossa democracia a mais ameaçado do mundo, de acordo com organismos e entidades que têm como objetivo aferir a saúde das democracias pelo planeta. Mergulhamos num ambiente fértil à intolerância, ao preconceito, ao desejo de eliminar o "inimigo", num processo de degenerescência moral, civilizatória e republicana. 

É neste contexto político que se explica as inúmeras ocorrências de atos vis, que passamos a acompanhar nos noticiários, praticamente todos os dias. Este mais recente, de um Deputado Federal do Rio Grande do Sul, ligado ao bolsonarismo, sugerindo que desejaria queimar vivo os estudantes que fizeram uma manifestção em favor do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, se insere neste ambiente de hostilidades. Somente o TSE, segundo estimativas, recebe diariamente mais de 500 denúncias de fake news. Aqui em Pernambuco, ataques à candidata Marília Arraes, do Solidariedade, já extrapolaram a esfera dos crimes eleitorais e entraram na seara dos crimes comuns, tipificados como de outra natureza, com consequências ainda mais sérias as detratadores. O pior é que chegamos a um estágio onde se vislumbra que ainda teremos um longo e tenebroso inverno pela frente, seja qual for o resultado das urnas. Como sugeriu o cartunista Jaguar, em charge publicado neste blog, as porteiras de nossa experiência democrática estão escancaradas. 

O xadrez politico das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel Lyra lidera com 51,1% das intenções de voto.



O Paraná Pesquisas e o Potencial Pesquisas foram dois dos institutos que mais se aproximaram dos acertos no tocante às pesquisas de intenção de voto no primeiro turno dessas eleições, onde os chamados "grandes' chegaram a cometer erros grosseiros, superiores a 20 pontos, como ocorreu com o candidato eleito Senador da República pelo Rio Grande do Norte, o ex-ministro Rogério Marinho(PL). Nos escaninhos da política comenta-se que ele varou a madrugada tentanto convencer os correligionários e apoiadores sobre os eventuais equívocos dos institutos sobre a sua condição na disputa. 

A julgar pelas explicações apresentadas por um desses institutos - a de que não houve tempo suficiente para acompanhar as mudanças comportamentais dos eleitores nos últimos momentos que antecederam a votação - Rogério Marinho poderia ter "virado o jogo' apenas com tais telefonemas madrugadas a dentro. O fato concreto é que, comendo o mingau quente pelas beiradas - como se diz por aqui - esses dois institutos cumpriram bem o seu papel, apresentando escores bem próximos da realidade verificada pelas urnas. 

O Potencial Pesquisa acaba de divulgar uma nova pesquisa de intenção de voto relativa à disputa no Estado de Pernambuco, onde aponta um crecimento dos índices de  intenções de voto do preisdene Jair Bolsonaro(PL), que vai a 33,4%, acima da margem de erro, segundo o diretor do instituto, com informações da coluna do jornalista Cláudio Humberto. O índice é ainda muito abaixo dos obtidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: 64,3%. Numa avaliação da quadra nacional, o presidente Jair Bolsonaro "estanca a sangria" na região Nordeste e cresce no Sudeste, o que se traduz em encrenca para a campanha do petista.

Na disputa pelo Governo do Estado - um "baião de duas" - numa expresssão feliz de um jornalista da revista Veja - o jogo continua dando liderança à candidata Raquel Lyra, com 51,1% das intenções de voto, seguida pela candidata Marília Arraes, do Solidariedade, que aparece com 44,2%. Já discutimos por aqui onde observamos aquele que pode ter sido o erro cometido pela neta do Dr. Miguel Arraes. Uma da estratégias da equipe de Marília é associar a tucana ao bolsonarismo, algo que ela não admite, embora as redes sociais estejam repletas de apoiadores do presidente torcendo pela tucana. Quanto a Marília Arraes, é possivel que ela descubra - mesmo que a duras penas - que não se poder mudar a fórmula da Coca-Cola impunemente.   

Editorial: À procura de uma "bala de prata" contra Lula



Parece não ser mais segredo que os adversários do candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT) estão à procura de uma "bala de prata" envolvendo o petista, algo que possa prejudicar sua imagem neste reta final de campanha. Vieram a público, como informa o site de uma revista de circulação nacional, que integrantes dos Governos da Coalizão Petista teriam sido procurados com este propósito. Não sabemos se eles irão encontrar essa tal "bala de prata'- comprometedora do passado do petista - tempouco se daria para dimencionar os eventuais estragos que ela poderia provocar ao candidato na corrida pelo Palácio do Planalto. 

Ontem, publicamo por aqui, uma postagem sobre elogios que o presidente Jair Bolsonaro teria dirigido ao ditador Paraguai, Alfredo Stroessner, cujo regime ditatorial adotava a prática da pedofilia sistematicamente, quase que de forma "institucionalizada", de acordo com documentários a esse respeito. Os elogios de Bolsonaro a Stroesseenr não guardam nenhuma relação com esses fatos, mas, enfim, a campanha eleitoral entrou numa fase crítica, onde o que menos se discute são propostas. 

Pelo andar da carruagem política, os marcos regulatórios da civilidade e do  republicanismo estão irremediavelmente comprometidos. Peço perdão aos diletos leitores e leitoras petistas que nos acompanham por aqui, mas, se expremermos, hoje já não saberemos quem mais se utiliza desse expediente das fake news, verdadeiras máquinas de triturar reputações, esgarçando as vidas das pessoas em seus ambientes de trabalho, no seu convívio social e familiar. Sinceramente? Acho que o PT não deveria ter entrado neste jogo. Estamos disputando uma eleição presidencial e não um campeonato de fake news.

Charge! Duke via O Tempo

 


Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Editorial: Nova Paraná Pesquisas aponta empate técnico entre Lula e Bolsonaro.



Cumprindo um script previsível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando indagado se acreditava na possibilidade de uma virada nas pesquisas de intenção de voto em favor do seu adversário, naturalmente, respondeu que não. Mas, o fato concreto, é que Bolsonaro, perigosamente, começa a fungar no seu congote. A pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada no dia de hoje, aponta um empate técnico entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Como se sabe, comendo o mingau quente ali pelas beiradas, concorrendo com institutos com grande espertise e legitimados, foi o Paraná Pesquisas que mais se aproximou do acerto do resultado do primeiro turno dasta eleição. 

Trata-se de um instituto que já atua no mercado há mais de duas décadas, mas não nos ocorre, salvo melhor juízo, uma atuação mais efetiva, neste segmento, em eleições anteriores. Conforme comentamos por aqui antes, a campanha atingiu um estágio preocupante, contingenciando o TSE a tomar decisões contundentes para evitar estancar eventuais condutas irregulares de candidatos, eleitores e assessores. Nunca uma eleição deu tanto trabalho, com o agravante de que esta ainda terá um terceiro turno. 

O fato de Bolsonaro ter encostado em Lula não se traduz, necessariamente, numa grande surpresa, se considermos o "volume" de campanha, consorciado aos erros cometidos pelo adversário. O reultado desta pesquisa é mais uma fonte de regozijo para os bolsonaristas, assim como de preocupação para o staff de campanha do petista. O PT teve décadas para reconstruir as pontes com os neopentecostais. A carta de intenções foi entregue apenas no dia de ontem, há dez dias do segundo turno das eleições. A pesquisa do Paraná Pesquisas ouviu 2.020 pessoas e a pesquisa está registrada no TSE\BR: 02276\2022. Lula 46,9%, Jair 44,5%.    

Editorial: O ditador Alfredo Stroessner poderá aparecer no guia eleitoral brasileiro





O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, estaria pensando em ampliar os poderes do TSE no sentido de coibir a disseminação de fake news ou propaganda ofensiva contra os candidatos que disputam o pleito de 2022. Vencida a etapa do diálogo e da diplomacia - uma vez que ele já conversou com os responsáveis pelas redes sociais e com os advogados dos dois candidatos que concorrem à Presidência da República neste segundo turno, agora seria a hora de agir, ainda com maior autonomia e celeridade. 

O clima, de fato, é de azedume, uma vez que estamos nos aproximando do dia do pleito e o jogo fica, a cada dia, mais pesado. A última pesquisa do Datafolha apontou uma estagnação do candidato Lula e um ligeiro avanço do candidato Jair Bolsonaro. A luz amarela acendeu no comitê do petista, sobretudo em relação à melhora da performance do adversário nesta reta final de campanha. 4 pontos de diferença não se constitue uma folga que possa deixar o sujeito tranquilo. O Planalto não tem medido esforços para "afagar" o eleitorado, liberando recursos para isso, para aquilo, em pacotes de bondades que já estariam estrapolando os limites constitucionais,segundo alguns análises, sobretudo num ano momento eleitoral. 

Como disse mais cedo, a equipe de Bolsonaro já trabalha com a possibilidade de ter virado o jogo, considerando os erros cometidos pelo Instituto Datafolha no primeiro turno.Numa matéria específica, durante um curso de especialização, exibi para os nossos alunos o documentário "Rua do Silêncio", de José Elizecre e Hugo Yubi, que trata de casos reais sobre prática de pedofilia "institucionalizada" pelo ditador Alfredo Stroessener e alguns outros militares, durante a Ditadura do Paraguai. O documentário é estarrecedor não apenas pela prática abjeta da pedofilia em si, mas, sobretudo pelo fato de tratar-se de uma ação, como disse antes, "institucionalizada', ou seja, existia todo um esquema montado para viabilizar essa prática, com aliciadores, locais específicos e coisas assim. 

Em outros momentos, em circunstâncias específicas - que não neste sentido - o presidente Jair Bolsonaro já fez elogios ao ex-ditador do Paraguai. Diante do "pintou um clima", o PT objetiva, no seu guia, resgatar essa fala, registre-se, noutro contexto, quem sabe sugerindo que Bolsonaro elogiou um "pedófilo". Na realidade, Bolsonaro elogiou um "Ditador". Há uma determinação do TSE no sentido de proibir a campanha do PT de continua explorando esse tema, resgatando uma entrevista de Bolsonaro, onde ele teria usado a expressão acima. A não observância às determinações do TSE implicaria em multas pesadas.      

Editorial: Uma Datafolha bastante comemorada no Palácio do Planalto



Bolsonaristas raízes sentem urticária pelo Instituto Datafolha, carinhosamente apelidado por eles como DataLula. Os resultados do primeiro turno, onde tal instituto apresentou índices distintos do que aqueles observados nas urnas em relação ao presidente Jair Bolsonaro, então, contribuíram ainda mais para ratificar tal ojeriza. Até pesquisadores do instituto foram atacados por bolsonaristas, enquanto realizavam seus levantamentos. Integrantes do Instituto vieram a campo para informarem o que poderia ter ocorrido no primeiro turno - onde os levantamentos não puderam detectar movimentos do eleitorado, de última hora, mas, nada que convencesse os bolsonaristas. 

Mas,por incrível que possa parecer, os dados desta última pesquisa do instituto foram comemorados pelo staff político do presidente Jair Bolsonaro, como sugere, em sua coluna, o bem-informado jornalista Cláudio Humberto. O cálculo é simples. Se eles erraram por muito mais no primeiro turno das eleições, Bolsonaro já poderia estar até mesmo à frente do petista. Nesta reta final de campanha, Bolsonaro intensifica os esforços no maior colégio eleitoral do país, São Paulo, onde deverá permanecer por qutro dias. 

Embora ainda ostente taxas de rejeição altas - o que, em tese, inviabilizaria um projeto de reeleição - o fato concreto é que Bolsonaro vem melhorando seus índices, gradativamente, na últimas pesquisas, o que se constitue num motivo de preocupação para o staff de campanha do petista. No site da revista veja, em matéria assinada pelo jornalista Sérgio Ruiz, uma discussão bastante interessante, apontando possíveis equívocos da campanha do petista. São verdades inconvenientes. Na mesma linha de raciocínio, um artigo do consultor e articulista da revista, Thomas Traumann, põe o dedo na ferida, ou seja, conclui que os bons ventos que sopram na economia - aliado aos equívocos do PT na campanha - podem até mesmo decidir essa eleição em favor do presidente Jair Bolsonaro. 

Observa-se, inclusive, uma melhora dos índices de Bolsonaro junto ao eleitorado beneficiado pelo Auxílio Brasil. A macroeconomia é um assunto que não entra na "agenda" desse eleitorado, conforme sinaliza o consultor. Se ele consegue o vale para o botijão de gás, fazer o feira e o açougue no final de semana, assegurar uma azinha de frango para assar no brazeiro improvizado, prosear com os amigos no final de semana, isso já muda, em muito, o seu humor, com reflexos sobre suas inclinações de voto. O quadro piora ainda mais se algum esperto sugerir que isso pode acabar caso Lula chegue ao poder. A gente sabe que não, mas eles não sabem. É como Lula tentar convencer os evangélicos que não é a favor do aborto, depois dos escorregões cometidos, com o propósito de não melindrar o eleitorado feminista petista. O estrago à sua campanha já havia sido feito. É a economia, mas a economia do Beco da Fome, aqui no Recife. Não a economia da Faria Lima, conforme observa o consultor.     

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Esses números estão certos? Jair Bolsonaro encosta em Lula até o dia 30?



Uma resposta convincente a essas duas perguntas do editorial são as mais exigidas ultimamente, seja em relação aos eleitores, seja em relação aos formadores de opinião. No dia ontem saiu a pesquisa do Instituto Datafolha, apontando que o petista mantém uma margem de 4 pontos de diferença em relação ao seu concorrete, o presidente Jair Bolsonaro. Coincidentemente, os escores são semelhantes a uma pesquisa anterior, anunciada mais cedo, a do Instituto Datapoder, onde a diferença entre ambos é a mesma. Há dez dias da votação, a campanha entrou numa fase crítica, com as máquinas de triturar reputações - as famigeradas fake news - operando a todo vapor. 

Lula, por exemplo, irá fazer dez inserções no programa de TV do adversário para dizer que é inocente, conforme determinação do TSE. Que coisa mais chata para os telespectadores. O Presdiente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, até recentemente, reuniu-se com os representantes de redes sociais para alguns ajustes de conduta. A medida se tornou necessária diante do aumento sistemático dessa prática abominável de disseminação de fake news, que nos atormentam desde eleições passadas. 

Desde épocas remotas, para ser mais preciso, só que agora essa prática conta com a ajudinha inestimável da tecnologia  e passou a figurar no escopo das principais estratégias de campanhas, coordenadas por marqueteiros sem filtros ético. Na Bahia, por exemplo, existe uma "Escola Política" tradicional, onde um dos seus principais representantes costumava organizar dossiês sobre os adversários políticos. Quando se sentia acuado, por algum motivo, ameaçava divulgar dossiês sobre os desafetos. Há rumores de que costumava circular nos corredores da capital federal com pastas contendo tais dossiês debaixo do "suvaco", que seria o termo mais apropriado para designar o local onde se acomoda esse tipo de material.   

Como quem sai aos seus não degenera, anda circulando nos escaninhos da política de Brasília informações desabonadoras sobre o governador petista da Bahia, Rui Costa, um dos principais responsáveis pela virada do candidato do partido naquela Estado, Jerônimo Rodrigues, na disputa pelo Palácio de Ondina. Especula-se que o governador poderia ter tido alguma vantagem na aquisição de imóvel, em contrapartida de um suposto favorecimento de caráter pouco republicano à construtora da obra. É o tipo da coisa que "se pegar' - e geralmente pega, os algozes sabem disso - não se explicaria até o dia 30 de outrubro. 

A ex-candidata à Presidencia dos Estados Unidos, Hillary Clinton, ainda hoje se explica, em desmentidos, ao festival de mentiras que se espalhou sobre a sua pessoa, durante a campanha vencida por Trump. Eis aqui a tragédia dessa prática abominável das fake news. Para não sugerirem que fugimos do assunto, as taxas de rejeição de Bolsonaro ainda não nos permitem afirmar que ele possa encostar ou mesmo superar o petista. Agora, que nós vamos ter um "terceito turno", ninguém tenha a menor dúvida quanto a isso. Essas eleições não terminam no próximo dia 30. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Editorial: Acaba de sair pesquisa do DataPoder: Jogo equilibrado na disputa pelo Planalto.



Aguarda-se, para logo mais, uma nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República, realizada pelo Instituto Datafolha. Como se sabe, os grandes institutos ficaram com a credibilidade arranhada, depois das falhas ocorridas por ocasião do primeiro turno das eleições presidenciais. Registre-se, aliás, que ocorreram falhas ainda mais clamorosas nas quadras estaduais, como no Rio Grande do Norte, em relação ao candidato do PL ao Senado Federal, o ex-ministro Rogério Marinho, onde os dados do IPEC deram uma diferença de mais de 20 pontos. Muito, mas muito acima das chamadas margens de erro ou de segurança das pesquisas. 

A pesquisa que acaba de ser divulgada é do Instituto DataPoder, um instituto novo, quando comparado aos mais antigos, cujos índices, durante o primeiro turno, estiveram mais próximos aos números registrados pela Justiça Eleitoral. Num ritmo ainda muito lento - o que sugere que tais indicadores talvez não possam ser revertidos até o dia 30 - Jair Bolsonaro(PL) vem diminuindo lentamente a sua distância do petista. Neste último levantamente do DataPoder, realizado no período de 16 a 18 de outubro, por telefone, ele quase atinge a margem de erro do instituto, o que se poderia configurar como um empate técnico com Lula. O DataPoder registra 52% para Lula e 48% para Bolsonaro. 

Há praticamente 10 dias das eleições, a campanha promete. Promete, conforme discutimos antes, muito baixaria e pouca coisa propositiva ou programática. Sem nenhuma chance nessa centrífuga política da polarização, não deixo de observar por aqui que o ex-ministro Ciro Gomes havia feito o dever de casa direitinho. Tinha um diagnóstico dos problemas enfrentados pelo país, conhecia suas soluções ou prováveis mecanismos de enfrentamento. Do ponto de vista programático, salvo melhor juízo, no contexto do apoio a Lula, algumas pautas da educação teriam sido aceitas. Ainda bem, posto que são propostas interessantes. Ciro andou perdendo a cabeça no final, mas sempre foi uma possoa muito inteligente, bem-preparada e íntegro. Esta assistindo esse show de horrores de baixarias de camarote. 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Assim como ocorre no país, aqui na província começou a série: "Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado"

 


A campanha presidencial, daqui para a frente, infelizmente, só tende a baixar ainda mais o nível. Se já não tínhamos um debate em torno das propostas de cada governante, agora a tendência é o agravamento das acusações de parte a parte, assim como a guerra de fake news, esta prática asquerosa e abjeta que precisa urgentemente se banida de nosso cotidiano social e político. Isso talvez explique, inclusive, o fato de não termos um debate propositivo, na medida em que os candidatos passam o tempo todo divulgando desmentidos, recorrendo ao TSE para coibir as leviandades divulgadas pelos adversários e coisas assim. 

Até recentemente, depois de muita resistência, Lula resolveu escrever uma carta de intenção aos evangélicos, justamente com o propósito de dirimir algumas dúvidas sobre o seu posicionamento sobre temas delicados, devidamente contaminados pela campanha do adversário, que já o associou ao culto ao demônio, afirmou que ele iria fechar igrejas e era a favor do aborto, uma verdadeira heresia para católicos e protestantes. Até o PT, que sempre criticou essa prática do adversário, acabou cedendo e corre o risco de jogar com as mesmas armas. 

Pernambuco, então, um Estado conhecido por disputas políticas renhidas, não poderia ficar ausente desse "debate". Tenho escrito pouco sobre a disputa estadual, uma vez que não há muito o que se dizer. Talvez para não estragar esse "baião de duas', uma expressão feliz usada por um jornalista da revista Veja, para descrever essa disputa entre duas mulheres por um assento no Palácio do Campo das Princesas. Como já dissemos em outras ocasiões - e voltamos a reafirmar - essa reaproximação de Marília Arraes com a velha guarda da mangueira socialista não foi uma boa estratégia, pois se trata de um grupo politico amplamente rejeitado pelo eleitorado pernambucano. 

O eleitor emitiu um recado claro, por ocasião do primeiro turno das eleições: não deseja mais o PSB no Palácio do Campo das Princesas, mesmo que a reboque do Solidariedade e outras forças políticas. Agora, tivemos o início de uma nova série, do tipo: Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado. Numa espécie de show macabro, foram dissecar alguns fatos lamentáveis que ocorream quando a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), ocupava uma Secretaria de Estado, durante o Governo de Eduardo Campos. Neste diapasão, vamos entrar aqui naquele mesmo procedimento da assessoria do presidente Jair Bolsonaro, que, segundo matéria de uma revista de circulação nacional, estaria casvavilhando algum escândalo sexual escabroso envolvendo o passado do petista, algo do tipo "pintou um clima". 

Se não encontrarem nada, eles "inventam', "plantam', como já fizeram com este editor, por suas críticas republicanas à condução dos negócios públicos no Estado. Não esqueçam que estamos num Estado onde as pessoas acreditam em perna cabeluda. À época em que este editor era mais ativo, escalaram até um "homem rapariga' - desses que se prestam aos serviços sujos - com o propósito de nos rebater nas redes sociais. Ele já está de cabelos brancos, mas, vale a advertência do grande pernambucano Nelson Rodrigues, alertando-nos que os canalhas também envelhecem.  

Editorial: Uma campanha presidencial marcada pela baixaria, longe dos marcos civilizatórios.

Crédito da foto:Mateus Bonami\AFP

Crédito da foto:Mateus Bonami\AFP


Talvez, em nenhum outro momento de nossa história republicana, depois da redemocratização, as autoridades eleitorais tenham enfrentados tantos obstáculos na condução de um processo eleitoral como agora. Até recentemente, o Presidente do TSE, Alexandre de Moraes, exigiu explicações do Ministério da Defesa no tocante a uma suposta auditagem paralela das urnas eletrônicas. Ora, essa prerrogativa é unicamente da Justiça Eleitoral, não sendo cabível que outros atores se arvorem no direito de se meterem neste assunto. Está correta a postura do ministro Alexandre de Moraes. Tentar se imiscuir nesses assuntos é, claramente, uma postura "invasiva" e desrespeitosa em relação aos marcos democráticos, que delimitam, claramente, a competência dos três Poderes da República.  

Finalmente, depois de muito relutar, Lula chegou à conclusão sobre a necessidade de emissão de uma carta aos evangélicos fazendo os desmentidos em relação a uma série de fake news espalhadas contra o petista, todas vinculada às nevrálgicas pautas de costumes. Tornou-se público o fato de a campanha de Lula ter obtido, junto ao TSE, a proibição da divulgação de nada mais nada menos do que 50 fake news contra o candidato. Muito mais do que uma evidência do trabalho e da competência do jurídico da campanha do petista, o fato é uma evidência insofismável que a campanha descarrilou de vez para a baixaria e que pintou um clima de que não vislumbraremos o respeito aos marcos civilizatórios daqui para frente.

Como observou o jornalista Robson Bonin, da Coluna Radar, de Veja, não alimentemos as ilusões acerca de uma pauta propositiva daqui para a frente. Uma pena, uma vez que os candidatos, que já olhavam unicamente para o retrovisor, passaram também a olhar para baixo. Todos os dias aparece uma providência nova tomada pela campanha de Jair Bolsonaro no sentido de minimizar os efeitos do pintou um clima. Por outro lado, surgem, nas coxias da política, rumores de que a equipe do presidente estaria à procura de algo que pudesse produzir estragos semelhantes à campanha do petista. Tirem as crianças da sala.   

Editorial: Lula não vai ao debate do SBT. Qual teria sido seu cálculo político?



É realmente uma pena que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) tenha desistido de comparecer ao debate organizado por Veja e um pool de empresas de comunicação, entre as quais o SBT, que iria gerar as imagens do debate entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. Nessas horas, a assessoria do candidato faz um cálculo de custos e benefícios que, geralmente, não incluem os danos para o público telespectador e para o próprio regime democrático. Embora Lula tenha se saído relativamente bem no último debate organizado pela Rede Bandeirantes de Televisão, o petista continua olhando para o retrovisor dos governos da Coalizão Petista, sem ser objetivo sobre o que pretende fazer a partir de 2023, caso seja eleito. Mesmo comportamento do adversário, em sua ideia fixa em atacar os equívocos do petista, com o propósito de desgastá-lo. 

Bem ou mal, por ser governo, de alguma forma se conhecem as diretrizes das políticas públicas de Jair Bolsonaro, com acertos e desacertos. Aliás, um grande mal desses debates é que os mesmos não nos permitem vislumbrar com clareza o que estaria por vir, uma vez que os candidatos tem se limitado a trocarem acusações de parte a parte. O curioso é que informações de bastidores dão conta de que a assessoria política do ex-presidente já estaria ajustando os procedimentos do candidato para o próximo debate. Os escândalos de corrupção mais recentes estariam cotados para a fala do ex-presidente.  

Diante dos fatos, o planejamento da equipe de Lula diz respeito ao último debate, aquele que será transmitido pela Rede Globo de Televisão. Embora entenda os compromissos de campanha e a necessidade de consolidar sua liderança na corrida ao Planalto - sobretudo num momento em que ele aparece perdendo um pontinho precioso nesta última pesquisa do IPESP - há sempre um ônus em deixar de comparece a um debate. Não há a menor dúvida de que o adversário irá explorar isso ao máximo, ora invocando a sua ausência, ora atacando, sem que ele possa se defender.  

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Editorial: IPEC fresquinha: Lula 50%, Bolsonaro 43%.



O bruxo Antonio Lavareda publicou um longo artigo no jornal O Estado de São Paulo, analisando essa polêmica em torno dos institutos de pesquisa, depois da ressaca dos eventuais erros cometidos durante o primeiro turno das eleições presidenciais. Não estou lendo, mas sorvendo o artigo, assim como um bom vinho, para entender o que se passou com esses órgãos de pesquisa naquele momento das eleições. Em breve, os leitores do blog poderão ler tais reflexões em torno do assunto, escrita por um profissional experiente, bastante legitimado neste campo, para usarmos uma expressão do sociólogo francês, Pierre Bourdieu. 

Até recentemente, o ministro Benedito Gonçalves, Corregedor-Geral Eleitoral do TSE, pediu explicações sobre em que circunstâncias a Polícia Federal e o CADE socilitaram uma investigação acerca dos institutos de pesquisa. Há uma suspeita de motivações políticas, pouca embasada em fundamentação técnica e ou de evidências de má-fé. Por enquanto, os institutos de pesquisa continuam com a sua rotina sem alterações, produzindo suas pesquisas e apresentando seus resultados, como ocorreu no dia de hoje, 17, com o IPEC, que acaba de divulgar o resultado de uma nova pesquisa sobre a corrida presidencial do segundo turno. O período da pesquisa ainda não alcança a repercussão do último debate realizado pela Rede Bandeirantes de Televisão, mas, mesmo assim, não perde em importância para se entender a dinâmica competitiva que envolve as duas candidaturas ao Palácio do Planalto.  

Há treze dias do pleito, Lula mantém sua liderança sobre o candidato Jair Bolsonaro, que permanece nas redes, sem esboçar uma reação que ameace a hegemonia do petista. Bolsonaro já teria utilizado todas as armas do seu arsenal e parece improvável que detenha alguma bala de prata na agulha. Em alguns momentos, ele não consegue disfarçar os níveis de nervosismo produzidos pela campanha. Pela performance de ontem, durante o debate da Band, seria improvável que ele pudesse reverter tal situação durante os encontros televisos entre ele e o candidato do PT.