pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 17 de novembro de 2024

Editorial: Cid Gomes rompe com o governador Elmano de Freitas no Ceará.



O senador Cid Gomes(PSB-CE) anunciou que está se desligando do projeto do PT no Ceará. Rompe com o governador Elmano de Freitas antes mesmo do início da gestão de Evandro Leitão, que ele ajudou a eleger. Cid Gomes já comunicou sua decisão ao Ministro da Educação, Camilo Santana, hoje o principal líder político da terra de Patativa do Assaré. Cumprida essas formalidades de praxe, agora vamos aos escaninhos que determinaram essa decisão do senador. 

Há algum tempo que as forças do campo progressista não se entendem muito bem no estado. Nesta última eleição municipal, por exemplo, o PDT de Ciro Gomes esteve em palanque próprio, disputando a capital do estado contra o PT, a quem considerava um mal de igual proporção ao bolsonarismo. A radicalidade de Ciro Gomes em relação ao PT se tornou tão evidente, que ocorreu um movimento de integrantes das legenda pedetista no sentido de pedir seu desligamento do partido. 

O projeto de Cid Gomes em continuar no palanque das forças progressistas do estado produziu ruídos em sua relação com o irmão Ciro, ao ponto de romperem politicamente. Difícil afirmar que a decisão de sair do projeto de Elmano de Freitas vai significar, necessariamente, uma nova reaproximação entre ambos. Há um poço até aqui de mágoas e ingredientes ruidosos. Sugere-se, em princípio, que haveria alguns acordos entre o seu partido, o PSB, e o grupo ligado ao governador Elmano de Freitas. Esses acordos não estariam sendo cumpridos, daí sua decisão de deixar o projeto. O PT quer controlar tudo, queixou-se o socialista.  

sábado, 16 de novembro de 2024

Drops Político: Cineastas insatisfeito com a gestão do Ministério da Cultura.


Essas manifestações de artistas e entidades contra os gestores dos ministérios deste terceiro governo Lula estão se tornando bastante recorrentes, indicando alguns ruídos, talvez em razão de políticas públicas que já começam a esboçar o hiato entre o Governo Lula3 e suas históricas bases de apoio social. O MST outro dia se manifestou a este respeito, com duras críticas ao processo de assentamentos do governo. Entidade que congrega religiões de matriz africana, igualmente, e, agora, foi a vez dos cineastas  manifestaram suas preocupações com  a condução da gestão da Pasta da Cultura em relação à área de cinema. Indicador de problemas. 

Drops Político: O desconforto de Raquel no ninho tucano.



A condição da governadora Raquel Lyra no ninho tucano sugere-se insustentável. Não existe a possibilidade de este grupo que dirige o PSDB hoje migrar para uma posição governista. Todo o trabalho desta gestão tem sido conduzido no sentido de trilhar um caminho próprio, de preferência apresentando-se como alternativa de terceira via, se contrapondo à polarização. Raquel, por outro lado, em cada novo movimento, deixa claro sua intenção de estreitar os laços com o Governo Lula. A tendência é que as especulações sobre a sua saída do ninho se confirmem. 

Drops Político: Edinho Silva nas amarelas da Veja desta semana.


Gleisi Hoffmann não esconde de ninguém que deseja um nome do nordeste para substituí-la na missão de presidir o PT pelos próximos anos. Segundo comenta-se nos bastidores, torce para viabilizar o nome do deputado federal cearense, José Guimarães, que já se posiciona como candidato. Há quem diga que, numa manobra de tabuleiro, José Guimarães possa vir a ser indicado para a SECOM, abrindo o espaço para Edinho Silva, o preferido de Lula para dirigir os destinos da legenda. Edinho Silva é o entrevistado da Revista Veja desta semana, onde advoga que o PT precisa ser humilde e retomar o diálogo perdido com a classe trabalhadora. 

Drops Político: O desrespeito à primeira-dama pelas redes sociais.


O evento cultural\musical organizado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que ocorre desde o dia 14 e termina no dia de hoje, paralelo ao encontro do G-20, com a participação de artistas conhecidos, que cobraram valores simbólicos pela participação, naturalmente, está sendo bombardeado pelas redes sociais hegemonizadas por bolsonaristas e parte da imprensa tradicional conservadora, que já apelidaram o evento como o "Janjapalooza", algo que deixou Rosângela da Silva bastante chateada. Antes ficássemos apenas por aqui. Na realidade, o que essa horda anda afirmando em seus perfis torna-se impublicável, bem característico desses dias bicudos que o país atravessa. 

Drops Político: A transparência da gestão do município de Jaboatão dos Guararapes.


Segundo maior colégio eleitoral do Estado, o município de Jaboatão dos Guararapes mais se parece um país do que propriamente uma cidade. É complexo gerenciar uma cidade com suas dimensões, com seu perímetro rural, urbano, das praias. É com muita satisfação que vejo a cidade ser contemplada com o índice diamante da transparência pública, tornando-a campeã em transparência de gestão na Região Metropolitana do Recife. O prefeito Mano Medeiros foi reconduzido ao cargo na última eleição, numa evidência de que o eleitor considerou a avaliação do município o ponto fulcral para reconduzi-lo ao cargo, fenômeno que se repetiu em várias praças do país.  

Drops Político: Paulista pretende retomar protagonismo turístico no Litoral Norte.


A Ilha de Itamaracá, no passado, exerceu um grande fascínio turístico sobre os visitantes que vinham conhecer o Estado de Pernambuco. Ao longo dos anos, por inúmeros problemas, foi perdendo esta condição. A praia de Maria Farinha, localizada na cidade de Paulista, no passado, também foi bastante festejada, atraindo visitantes ilustres, a exemplo de Jorge Amado e sua esposa Zélia Gattai. Vejo com bons olhos o interesse da nova gestão em transformar novamente o litoral norte num grande atrativo de turismo náutico. Há muito tempo que essa questão é discutida, mas nunca materializada. Não é tão simples. Um balneário como a ilhota de Coroa do Avião, em Igarassu, por exemplo, quando a visitamos pela última vez, estava caótica, com muita sujeira, banheiros com esgotos escorrendo para o mar. Neste caso, se as ações não forem realizadas em conjunto e articuladas, de nada adiante incrementar Maria Farinha. 

Drops Político: Carmén Lúcia vota pela manutenção da prisão de Robinho.


A Ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, votou a favor da manutenção da prisão do ex-jogador de futebol, Robinho, condenado por estupro. Em seu despacho, a ministra argumentou que, nesses casos, medidas de relaxamento é um convite às reincidências, em razão das impunidade. Agora pessoalmente, consideramos que a mesma situação se aplica aos envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro. O negacionismo dos bolsonaristas radicais é algo surpreendente. Por que razão aquele ajudante de ordens, envolvido até a medula nessas transações nebulosas, apagou arquivos do seu celular? 

Drops Político: Faleceu Gilberto Marques Paulo, ex-prefeito do Recife.


Faleceu hoje, 16, o ex-prefeito do Recife, Gilberto Marques Paulo, que padecia do mal de Alzheimer há alguns anos. Nossas condolências à família. Gilberto Marques Paulo, mesmo ligado politicamente a segmentos mais conservadores do nosso espectro político, sempre foi um gestor muito leve, de fácil trato, agregador, com bom trânsito em amplos segmentos da política pernambucana. Se estivesse em pleno gozo de suas faculdades mentais, certamente lamentaria profundamente o nosso cenário político hoje, bastante polarizado, que está nos conduzindo aos subterrâneos da política. Os extremos só se resolvem quando um polo destrói o outro. 

Drops Político: Argentina manda prender refugiados do 08 de janeiro.


Contrariando algumas previsões dos bolsonaristas mais radicais, que apostavam que o governo do patriota Javier Milei iria ignorar um pedido do Governo Brasileiro em relação aos refugiados do 08 de janeiro, o Governo da Argentina determinou a prisão dos refugiados que se encontram irregularmente naquele país. O número de refugiados, que considerávamos bem menor, é bastante expressivo. Algo em torno de 60 pessoas. O mesmo raciocínio vale para as previsões estapafúrdias que eles estão fazendo em relação as atitudes do presidente americano Donald Trump. Convém não ser tão otimista em relação ao assunto e considerar a autonomia do nosso Poder Judiciário.  

Editorial: Seriam os Lundgren simpatizantes do Nazismo?



De antemão, já respondendo por aqui aos leitores que nos questionaram sobre o assunto, recomendaríamos a leitura do nosso romance Menino de Vila Operária, vencedor do Prêmio José Lins do Rego de Literatura, na categoria romance, no ano de 2022, onde, determinados capítulos, abordamos essa questão do ponto de vista teórico e ficcional. Há até um personagem, Seu Pedro, que jura que havia uma cadeia de túneis existentes na cidade de Paulista, ligando a Casa Grande, as Fábrica, a Igreja de Santa Izabel e o Porto Arthur, por onde o ilustre Adolph Hitler, em pessoa, havia visitado a cidade. Seu Pedro é um personagem que acompanha toda a nossa trilogia de romances sobre a industrialização têxtil na cidade-fábrica, que aborda o início das atividades da indústria local, o apogeu e o posterior declínio. Os dois romances seguintes são Cidade das Chaminés e Chaminés Dormentes, que podem ser adquiridos ou lidos gratuitamente pela plataforma da Amazon. O Menino de Vila Operária pode ser adquirido aqui mesmo pelo Blog ou pela Estante Virtual, onde há dois exemplares ainda disponíveis. 

Do ponto de vista ficcional, estamos livres das amarras para nos guiarmos por evidencias factuais sobre aquilo que estamos narrando. Do ponto de vista teórico, não podemos fugir às evidências históricas que confirmem aquilo que estamos afirmando. Pesquisamos sobre o assunto em textos ensaísticos e teses de acadêmicas, onde os pesquisadores se debruçaram em exaustivas pesquisas sobre o assunto. Não há evidência de uma eventual simpatia da família Lundgren em relação aos nazistas, fato negado veementemente pelos herdeiros do espólio industrial deixado pelos comendadores,  como as Lojas Pernambucanas. 

Arquivos do DOPS, por exemplo, pesquisados por Susan Lewis, em sua tese de doutoramento, não deixam evidências sobre este fato. O que ocorreu, segundo a autora, é que, num determinado momento, depois do namoro da ditadura do Estado Novo com o fascismo, quando seus mentores já perfilavam ao lado das forças aliadas, todo e qualquer cidadão estrangeiro que trabalhasse ou residisse no país, seus passos passaram a ser monitorados pelos agentes de inteligência e informação à época. Principalmente os engenheiros alemães que trabalhavam na companhia. 

Por outro lado, para aqueles que advogam eventuais alinhamentos ou simpatias - também há trabalhos  acadêmicas defendendo tal hipótese -   há, igualmente, motivos de eventuais especulações em torno do assunto. Os dois encontros do Partido Nazista ocorrido no Nordeste aconteceram exatamente em Paulista e Rio Tinto, onde o grupo mantinha suas indústrias de tecido. Os Lundgren mantinham um arsenal de armas considerável, apreendido por um promotor indicado por Agamenon Magalhães com o propósito de garantir a presença do aparelho de Estado naquela quase-cidade. Centenas de armas e milhares de munições. Inclusive metralhadoras sofisticadas, que foram utilizadas, algum tempo depois, pelas volantes que perseguiam o bando de Lampião pela Caatinga nordestina. 

Como tantas armas entraram na cidade? Com que propósito? Apenas para armar a milícia mantida pelo grupo? Os Lundgren tinham uma relação estreita com um general que era considerado um facínoras fascista. Nelson Werneck Sodré se recusa, em prefácio de livro, a mencionar o seu nome, dada as atrocidades por este cidadão cometidas. O general ficou incumbido da prisão do escritor alagoano, Graciliano Ramos. Certa vez, Agamenon Magalhães, sempre ele, peitou esse general, depois que ele prendeu alguns desafetos dos Lundgren, inclusive Torres Galvão e sindicalistas do então Sindicato dos Tecelões de Paulista, sob o argumento dos Lundgren de que esses senhores estavam prejudicando os interesses de suas fábricas na cidade.  

Em despacho, sua intenção era a de matá-los. Só estaria aguardando ordens superiores. Agamenon Magalhães mandou sua polícia buscar seis homens ligados aos Lundgren, e, em resposta ao general, afirmou que também já havia encomendado os seus caixões. Caso não fosse libertado Torres Galvão e os demais presos sob sua custódia, eles só sairiam do Campo das Princesas mortos. Depois da queda de braços, a própria família Lundgren pediu que o "Seu" general retrocedesse em sua decisão.  

Editorial: O ENEM dos professores proposto pelo MEC.



Hoje não há mais dúvidas de que o Ministro Camilo Santana desponta como um dos mais cotados nomes para uma unção na sucessão do morubixaba petista. Na realidade, Camilo já chegou à Esplanada dos Ministérios com o prestígio em alta, depois de uma gestão de governador muito bem avaliada em seu estado, o Ceará. Mesmo disputando uma vaga ao Senado Federal, Elmano de Freitas deve a ele a sua eleição. Agora, por ocasião das eleições municipais, Camilo entrou de sola na campanha de Evandro Leitão, conseguindo elegê-lo prefeito, numa disputa acirradíssima com o bolsonarista André Fernandes. Fortaleza foi a única cidade onde o PT conseguiu fazer um prefeito de capital. 

Embora haja críticas à sua gestão na pasta, ele credencia-se pelo seu capital político. Um dos gargalos que ele deve enfrentar é a possibilidade de cortes de verbas para a educação, no contexto do arcabouço fiscal, proposto por Fernando Haddad, que está sendo analisado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A base mais renhida do petista já o informou que, se ele seguir as orientações da equipe econômica, estará dando um tiro no pé, sepultando qualquer possibilidade de as forças do campo progressista continuaram como inquilinas do Palácio do Planalto. 

A extrema direita voltaria, com um projeto amargo de 20 anos de poder, onde não sobrarão pedra sobre pedra. Na medida em que as dificuldades aumentam, reduzem-se as chances de Lula recandidatar-se.  Depois do terceiro mandato - que, convenhamos, não vai muito bem - não há a hipótese de que ele deixe a vida pública com uma derrota. A nova investida do MEC é o ENEM dos professores, um concurso a nível nacional, cujas notas poderão ser utilizadas pelos Estados e Municípios para a contratação de docentes. Falta ainda combinar com os dirigentes estaduais e municipais. 

Editorial: As deficiências na formação do professor brasileiro.


Essa discussão não é nova. Há deficiências claras na formação do professor brasileiro. Até hoje, por alguma razão, há um número expressivo de professores em sala de aula sem possuírem a formação adequada para o exercício da atividade. Há alguns anos argumentava-se em torno da ausência desses profissionais - com a devida formação - em algumas praças do país. Esse problema se arrasta há décadas, comprometendo, naturalmente, a formação dos discentes. Nos cursos de Pedagogia, por exemplo, essencial na formação de professores, se diz, por exemplo, que os formandos são capazes de fazer uma explanação brilhante sobre a influência das ideias do sociólogo Pierre Bourdieu sobre a educação brasileira, mas não seriam capazes de elaborar um plano de aula. 

Discute-se muito os problemas, mas as soluções ficam sempre num plano bastante idealizado, comprometido pela ideologia, quando muito. Até recentemente, o MEC anunciou que fará uma espécie de ENEM dos Professores, com o propósito de realizar um concurso público unificado com o objetivo de contratar novos docentes. Ainda existem muitas especulações em torno deste assunto, como, por exemplo, como os Estados de Municípios poderão utilizar essas notas para a contração dos seus novos docentes. Naturalmente, assim como ocorre com as diretrizes nacionais em relação à segurança pública, haverá resistências pelos entes geridos pela oposição. O país está bastante cindido e isso não é nada promissor. 

Pelo andar da carruagem política, infelizmente, o mais provável é que tenhamos um longo período de obscurantismo pela frente, onde o pernambucano Paulo Freire, que nunca teve nada a ver com isso, muito ao contrário, voltará a ser responsabilizado pelas graves mazelas da educação brasileira e banido das dependências do Ministério da Educação. Lula venceu as eleições, mas não levou. Haddad, sem alternativa, estará entregando os anéis e os dedos ao mercado. Tempos difíceis.  

Editorial: PSOL pede arquivamento do PL sobre anistia.



Depois do que ocorreu no último dia 11, governo e oposição consideram encerradas as discussões em torno da anistia aos envolvidos nos episódios do 08 de janeiro. A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, cheio de entusiasmo com a vitória do aliado republicano para a Casa Branca, sugere-se que deve permanecer. O Governo Lula3 está mobilizando todos os seus recursos políticos para punir os envolvidos na frustrada tentativa de golpe de Estado, assim como apear o ex-presidente das disputas eleitorais pelos próximos anos, conforme já ficou definido pelo TSE. Os arranjos políticos permanecem. O PL vai continuar negociando o apoio ao próximo presidente da Câmara dos Deputados a partir da "liberação" do capitão para se candidatar as eleições presidenciais de 2026. 

Hábil, Lira vai responder com o veremos. Não nega, mas também não confirma e assegura os votos do partido para o seu apadrinhado, Hugo Motta. Quem ouviu muito isso foi o Elmar Nascimento. Deu no que deu. Diante dos novos cenários provocados pelas explosões de Brasília, o PSOL está entrando com um pedido de arquivamento da PL sobre a anistia. Numa de nossas postagens anteriores, discutimos essa questão por aqui. Trata-se de um desserviço às instituições da democracia. Nós não temos uma democracia consolidada, sujeita aos solavancos autoritários recorrentes,  em alguns casos, motivados por essas passagens de pano. Com golpe de Estado não é coisa que se brinque.

Vamos ver o resultado dessa queda de braço entre governo oposição em torno deste assunto. O STF já se manifestou em torno do assunto, advogando que se trata de um assunto sobre o qual não haverá complacência. Houve um período em que a oposição estava mais entusiasmada em torno do assunto.  


Editorial: O que diz a caixa-preta do celular de Francisco?



Durante a semana, tivemos acesso a uma matéria onde se informa que a Polícia Federal pode rever o acordo de delação premiada celebrado com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O motivo? Peritos do órgãos teriam verificado que o ex-ajudante de ordens poderia ter apagado algumas mensagens do seu aparelho de celular. A data de 11 de outubro, quando ocorreram aquelas explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, pode ser elencada entre as datas importantes para entendermos o desenrolar de alguns fatos emblemáticos para o país, no contexto de uma instabilidade política que começou a ser construída a partir das chamadas Jornadas de Junho, quando os grupos de extrema-direita tomaram as ruas dos movimentos populares, num movimento planejado e orquestrado, produzindo consequências nefastas para as nossas instituições democráticas até os nossos dias.  

Francisco Wanderley Luiz é reflexo deste momento delicado que o país atravessa, em pleno ativismo político desses grupos extremistas, praticamente hegemônicos em suas redes sociais, com apoios efetivos em segmentos sociais, independentemente da classe, pelo que se depreende, pois temos agora o fenômeno do pobre de direita, além de segmentos religiosos, seja entre os protestantes, seja em núcleos conservadores da Igreja Católica. Alguém tem alguma dúvida de que Francisco utilizava algumas horas do seu dia para trocar mensagens nessas redes sociais com parceiros de grupos afins? 

O rapaz passava por um momento de transtorno mental. Cometeu suicídio, fato que merece a nossa atenção. Existe uma matéria onde atribui-se à sua esposa a informação de que o quadro de saúde mental teria se agravado quando o Jair Bolsonaro perdeu as eleições presidenciais de 2022. Não gostamos muito da expressão, mas, por outro lado, não há como negar que Francisco é reflexo desse caldo laboratorial instaurado no país por esses grupos de extrema-direita. Isso é real. Antes trata-se de uma teoria da conspiração. Se Francisco agiu sozinho ou em conjunto é outra questão. Se havia ligações orgânicas suas com extremistas, outra questão. Mas não restam dúvidas sobre o efeito dessas pregações de ódio sobre a sua atitude. 

Editorial: Setores do PT já veem Fernando Haddad como um neoliberal.


Há alguns indícios, mas, a rigor, ninguém saberia dizer com precisão onde incidirão os cortes do ajuste fiscal do Governo Lula3. Esta discussão se arrasta há semanas, sem que se construa algum consenso em torno do assunto. Seja qual for o caminho adotado pelo morubixaba petista, o ônus político será evidente. Se adota um alinhamento com o mercado, perde liga com a sua base histórica de apoio. Se evitar cortar na pele, o desastre pode ser ainda pior, conforme aponta os economistas. O déficit público precisa ser contido. Em ambos os casos, um futuro político incerto pela frente. 

Casa onde falta comida, todos brigam e ninguém tem razão. Esta parece ser a situação enfrentado pelo Governo Lula e pelo PT neste momento. As indisposições entre amplos setores da legenda e a área econômica do governo são evidentes. Recentemente foi a vez do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva tecer alguns críticas à gestão de Gleisi Hofmann à frente da legenda. Gleisi insiste na tese de que o próximo dirigente do partido seja um nordestino. Edinho Silva tem o apoio do núcleo duro da legenda para conduzir os destinos do país pelos próximos anos. Tudo está muito incerto em relação ao PT. 

Fernando Haddad chegou à Esplanada dos Ministérios com as credenciais de um eventual candidato à Presidência da República, posto que contava com o apoio de Lula para este projeto. Hoje, alinhado às diretrizes do mercado, talvez por imposição circunstancial - como se evidencia em sua proposta de zerar o déficit público - o pupilo de Lula encontra-se completamente chamuscado pelas bases da legenda, que já o trata como um neoliberal. Embora formado em economia, sugere-se, a rigor, que descascar esses abacaxis da área econômica não tem sido tarefa simples para Fernando Haddad. Ainda mais quando se depara com as cobranças de uma militância que desconhece completamente essas nuances.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Editorial: A banalização do golpe ou tentativa de golpe de Estado.


Há muitas especulações em torno deste assunto, mas vamos permitir que a Polícia Federal, que realiza um trabalho merecedor do reconhecimento da sociedade brasileira, tire suas conclusões sobre o que ocorreu em Brasília, no último dia 13, onde ocorreram explosões nas praças dos Três Poderes, perpetradas pelo senhor Francisco Wanderley Luiz, que acabou cometendo suicídio. A versão de integrantes do governo Lula e do Judiciário é uma, a versão dos bolsonaristas é outra, completamente divergentes. O consenso é que estamos mergulhado numa baita crise institucional, num terreno pantanoso, onde exige-se a manutenção do equilíbrio emocional e político para atravessá-lo. 

Hoje, dia 15,  a imprensa já mostra um outro caso, desta vez de um hacker, que estaria postando mensagens semelhantes ao do senhor Francisco Wanderley Luiz, que, no caso, acabou concretizando suas ameaças, inclusive assinalando a data do evento e o que pretendia. Nove foras os problemas emocionais do senhor Francisco, num ponto um dos ministros do STF tem razão ao afirmar que algumas correntes ou atores políticos conhecidos passaram a estimular ou incitar tais comportamentos. Posam de democratas, mas trata-se apenas de bravatas. Defendem uma democracia de conveniência, onde somente eles podem ganhar o jogo eleitoral. Jogadores com este perfil, realmente, precisam ser excluídos da peleja. Aliás, sequer chamados a participarem, como se fazia em nossas peladas da infância. 

Não operam com a incerteza inerente ao processo democrático, conforme advertia o cientista político polonês Adam Przeworski. Não se pode banalizar um golpe de Estado, como alguns atores políticos pretendem, decretando anistia, passando uma borracha como ocorreu em relação à ditatura militar de 1964, quando grandes violadores dos direitos humanos no país, capazes de cometer atrocidades que deixariam Johnny Abbes García abismado, tenham passado desta vida para outro plano palitando dentes e jogando dominó em clubes conhecidos. É preciso que os cidadãos e cidadãs que atentaram contra as instituições democráticas do país conhecem o ônus pesado da justiça. Havia um rebanho que foi apenas incitado, mas, por outro lado, não há a menor dúvida de que esteve em curso um projeto autoritário.  O ato de Brasília interrompe uma discussão que, a rigor, nunca deveria ter sido aberta. 

Editorial: O debate público que realmente importa.



Em meados da década de 50 do século passado, o cineasta italiano Roberto Rossellini esteve no Recife, em princípio, com o propósito de transformar numa película o livro A Geografia da Fome, do sociólogo Josué de Castro. Até recentemente, lemos o livro Rossellini Amou a Pensão de Dona Bombom, do escritor pernambucano Cícero Belmar, que trata deste assunto. Curioso que o fio da meada do enredo - apenas o fio, uma vez que o enredo é muito bem construído -  é um cartão deixado dentro de um livro, comercializado num sebo do Recife, onde o cineasta do Realismo Italiano faz referência às irmãs Passarinho, que frequentavam a pensão de Dona Bombom e residiam na periferia da cidade.  

Depois de um passeio pelas pontes do Recife, onde o cineasta encantou-se com a pesca do siri, realizada de cima delas, Rossellini é conduzido ao Restaurante O Buraco da Otília, famoso restaurante que funcionou durante décadas na Rua da Aurora, onde é submetido a um repasto gastronômico da culinária pernambucana, regado à galinha à cabidela - que ele elogiou bastante - pirão de camarão pitus e o famoso cozido. A sobremesa foi na casa do sociólogo Gilberto Freyre, que o atendeu embora houvesse chegado de uma viagem cansativa ao sul do país e estivesse refazendo suas energias no sítio da propriedade - onde foram servidos o famoso licor de pitangas, o Bolo Souza Leão, o tradicionalíssimo Bolo de Rolo e, naturalmente, o sorvete de araticum-cagão, o preferido do antropólogo, cuja fruta encontra-se entre as variedades existentes no Solar de Apipucos. 

Josué de Castro, que há anos mantinha desavenças com Gilberto Freyre, não compareceu ao encontro. Diplomaticamente, como era do seu feitio, alegou alguns compromissos, mas o real motivo todos sabiam. Depois de visitar o Museu de Arte Popular, que ainda funcionava em Apipucos, ao final da tarde, ninguém sabia para onde levar Rossellini. O poeta Carlos Pena Filho, que acompanhava a comitiva,  sugeriu o Recife Antigo, onde o cineasta experimentou algumas doses de whisky escocês legítimo - o que não seria difícil encontrar por ali, em razão dos produtos contrabandeados que entravam pelo Porto do Recife - Rossellini acabou esquecendo seu tórrido romance com Ingrid Bergman. As irmãs passarinho, possivelmente, levaram o cineasta italiano às nuvens. 

O filme, infelizmente, por razões desconhecidas, acabou não sendo realizado, a despeito das costuras institucionais materializadas, inclusive com assinatura de contrato, com a anuência de Josué de Castro. Nós temos as nossas hipóteses para a sua não realização, mas as discutiremos oportunamente. Todo esse introito é para trazer à discussão sobre a importância do debate público. Discussões levantadas sobre alimentação em décadas do século passado, a partir de um debate entre os dois sociólogos pernambucanos, continuam presentes no dia de hoje, a julgar pelo número de recifenses que ainda encontram-se na condição de insegurança alimentar, morando nas famosas palafitas do Recife e nas ruas do centro da cidade. Possivelmente população negra, talvez com um recorte de gênero, cujas precárias condições de vida já eram denunciadas, além de Josué, por textos romanceados como O Moleque Ricardo, do escritor paraibano José Lins do Rego. Escrevivências dos tempos da recifensização de Zé Lins, sempre acompanhado por Gilberto. 

Esses problemas vieram à tona na última campanha para a Prefeitura do Recife. Reeleito com certa facilidade, o prefeito João Campos, antenado que é, deve ficar atento às críticas formuladas pelos adversários contra a sua gestão, onde alguns desses problemas são apontados. Recife ainda tem muitos problemas, embora suas entregas o tenha credenciado a mais um mandato e uma avenida política pela frente. Em São Paulo, um observador mais atento deve ficar mais ligado às medidas tomadas pelo prefeito reeleito, Ricardo Nunes, fazendo exigências às operadoras de transporte coletivos - acusadas de associação às organizações criminosas - que demonstrem sua capacidade de receita para continuarem operando. 

Na outra margem, afastou um servidor de carreira, que estava vinculado à sua gestão, salvo melhor juízo, depois das críticas durante os debates de televisão, dirigidas pelo psolista Guilherme Boulos. Isso evidencia um desprendimento do gestor, além da capacidade de assimilar aquelas ponderações que devem ser levadas em conta. O interesse público não deveria ficar submetido às birras de campanha. O mesmo vale para as propostas apresentadas, como a do candidato do PSOL, que pretendia zerar as filas de atendimento no serviço público de saúde. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Charge! Gilmar via X

 


Editorial: O que se sabe sobre o atentado em Brasília?


No momento apenas o que a imprensa tem noticiado, assim como as pistas deixada pelo próprio Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado. A Polícia Federal investiga o episódio como um atentado terrorista. Em princípio sugere-se que o autor tinha mesmo intenções de cometer um ato terrorista e se suicidar. Outra hipótese seria um acidente na execução do atentado, o que resultou em sua morte. O episódio, naturalmente, alimenta as inevitáveis teorias da conspiração, seja por parte dos bolsonaristas, seja por parte dos lulistas. Um deputado da base do governo andou estabelecendo uma comparação infeliz entre este atentado e o que ocorreu no Rio Centro, este sim um ato terrorista perpetrado por agentes públicos, com o propósito de impedir a reabertura política em curso, costurada por grupos mais moderados entre os militares. Caso se concretizasse como se pretendia, seria uma tragédia. Não há comparação possível entre ambos. 

Presume-se que Francisco Wanderley Luiz tenha agido sozinho, externou suas intenções através de suas redes sociais e, a rigor, poderia não está no gozo pleno de suas faculdades mentais. Trajava um terno colorido, chapéu branco, muito semelhante às vestimentas do Coringa. Havia se candidatado a vereador nas últimas eleições e não havia obtido um bom resultado. O país continua mergulhado numa névoa de instabilidade institucional desde algum tempo, talvez a partir de 2016, se desejarmos estipular um período. Podemos não ser muito preciso por aqui, se considerarmos que as Jornadas de Junho começaram em 2013. Este é um real problema que as nossas instituições democráticas estão enfrentando. 

As hordas radicais continuam sendo incitadas, ganhando espaço, mobilizadas por causas não necessariamente de caráter democrático ou republicano. Passaram a relativizar o conceito de democracia, como se estivéssemos tratando de uma democracia de conveniência, circunscrita aos cercadinhos. Por outro lado, não desejam conviver com a incerteza que são inerentes aos regimes de democracia representativa. Se o adversário ganhar, foi roubo. Isso não é ser democrático. Assim é que se confirma que o 08 de janeiro ainda não terminou. Com o agravamento da instabilidade econômica que se avizinha, diante de um déficit público gigantesco, que se amplia a cada mês. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Editorial: Duda Lima no Roda Viva: É cedo para falarmos em 2026.



O marqueteiro que comandou a campanha vitoriosa do prefeito de São Paulo à reeleição, Duda Lima, foi o entrevistado do Programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, 11.  Há vários recortes que poderiam ser explorados de suas falas, mas vamos nos deter num questionamento sobre se Lula teria alguma chance de se reeleger em 2026. Prudentemente, o marqueteiro observou que ainda é muito cedo para se especular em torno do assunto. Já antecipamos por aqui, em outra postagens, que, se as eleições fossem hoje, com os atuais índices de aprovação que ostenta e a economia em frangalhos, Lula não seria reeleito. Nos Estados Unidos, um dos motivos da derrota de Kamala Harris foi minimizar o debate sobre o tema, optando pelas pautas identitárias, quando parte mais sensível do ser humano, conforme ensinava Roberto Campos, continua sendo o bolso. 

Mas, como observou Duda, teremos um longo caminho até outubro de 2026. As testagens já estão nas ruas. Salvo melhor juízo, o PL andou realizando algumas sondagens sobre o assunto e, a rigor, quem melhor se apresenta como eventual concorrente do presidente Lula - já que não se vislumbra um outro nome no campo progressista - é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, embora haja um veto até mesmo familiar às suas pretensões políticas, que estipulam que uma candidatura dela ao Senado Federal pelo Distrito Federal já estaria de bom tamanho. Na realidade, mas do que nunca, Bolsonaro pretende voltar à Presidência da República em 2026, se assim a inelegibilidade permitir. 

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deu um novo impulso ao capitão. Aqui em Pernambuco, os institutos de pesquisa também já estão nas ruas realizando seus levantamentos em relação às projeções de nomes para 2026. O curioso é que, se ao final e ao cabo, o PL descobrir que o único nome capaz de derrotar Lula seja Michelle Bolsonaro. Como eles vão se arranjar com o capitão, que não abre mão do protagonismo. Uma curiosidade sobre Duda Lima. Sua formação acadêmica é em Farmácia. Com especialização em suturas políticas, presume-se. 

Charge! Rico via X

 


Editorial: O mar que avança em Baía da Traição.


Tornaram-se recorrentes os vídeos que circulam nas redes sociais mostrando o estrago produzido pelo avanço do mar no município de Baía da Traição, na Paraíba, terra dos índios potiguaras. Este editor tem uma paixão pelo município, onde o nosso primeiro romance, Menino de Vila Operária, teve uma excelente recepção. Nunca entendemos bem o motivo, mas acreditamos que seja em razão da proximidade do Município de Rio Tinto, onde a oligarquia industrial da família Lundgren também mantinha uma fábrica de tecidos. Essas vilas operárias guardam semelhanças impressionantes. A estrutura do município era similar, com a mesma arquitetura, os mesmos padrões gerenciais, a mesma hegemonia dos Lundgren em todos os aspectos, inclusive no cultural, onde mantinha à época a maior sala de cinema da América Latina, o Cine Orion.  

Também lá há registro da cerimônias do Partido Nazista, o que aumenta as especulações sobre eventuais simpatias - se não da família - mas dos operários alemães da fábrica, pelo Nazismo. As tarefas da indústria que exigiam maior qualificação técnica eram realizadas pelos engenheiros alemães que vieram trabalhar na indústria. Li uma importante tese de doutorado onde se refuta completamente a hipótese de a família Lundgren manter alguma simpatia pelo Partido Nazista. Por outro lado, curiosamente, dois encontros dos simpatizantes do partido no Nordeste foram realizados onde a oligarquia industrial mantinha interesses: Paulista e Rio Tinto. 

Quanto à molecada, que deve ter lido o livro à procura das reminiscência de sua recôndita infância, as vivências são as mesmas: Peladas nos finais da tarde, batismo ou uma de jia nos riachos e ribeirinhos, coletas de frutas da época - lá a mangaba ainda é muito abundante - pesca do camarão Pitu, burrica, cabra cega, cabo de guerra, amarelinha, corridas de patinetes, bola de gude, pau de sebo nos festejos juninos, capturas de passarinhos canoros, banhos de bica nos dias de chuva, pipas ao vento, revoadas das tanajuras, o time de várzea, os primeiros alumbramentos. Confesso que Vivi, como diria o poeta chileno Pablo Neruda. 

P.S.: Do Contexto Político: Para os leitores que solicitaram mais informações sobre o livro, o mesmo pode ser adquirido pelo blog ou pelo site da Estante Virtual. 

Editorial: Degenerescência institucional.



O Brasil passa por um dos seus momentos mais delicados. Antes o problema tratar-se apenas dos incêndios na região do Amazonas; o dragão da inflação, que já começa a rondar as gôndolas dos supermercados, com seu apetite voraz; os mosquitos da dengue, que agora incidem em todas as estações do ano; as nevrálgicas questões relacionadas à segurança pública ou as agruras que passa o Governo Lula3, completamente desnorteado, sem saída, metido numa sinuca de bico. Infelizmente é preciso admitir que o Governo Lula3 não vai bem. Restou como alternativa sinalizar que vai mexer na aposentadoria dos militares, o que significa mexer num vespeiro. Nem em tempos de "normalidade" houve espaço para tal discussão. Imaginem num momento de instabilidade institucional crônica. 

O processo é mais grave e diz respeito a uma espécie de degenerescência institucional generalizada. Uma metástase. Até recentemente, por muito pouco não se instala na dependência de um órgão de fiscalização e controle das contas públicas um salão de beleza para atendimento dos servidores, onde se oferecia até mesmo depilação de contorno. Nas repartições públicas são recorrentes as denúncias de assédios institucionalizados, que é quando os gestores e dirigentes, que deveriam atuar de forma isenta e republicana, sugere-se que dão sinal verde para as perseguições sistemáticas a determinados servidores que não se coadunam com os grupelhos encastelados.  

As investigações sobre o assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que seria um delator de uma organização do crime organizado, desmonta um novelho estarrecedor, evidenciando que a corrupção do aparelho policial de São Paulo, assim como de outras praças do país, não é menor do que em relação ao Rio de Janeiro, implicando num ônus pesado para a população. Vamos fazer por aqui uma presunção dos tempos do faro investigativo. A organização criminosa, de fato, tinha interesse na morte do empresário, mas o mais provável é que ele tenha sido morto pela banda podre. No Maranhão e no Mato Grosso, no que concerne à corrupção também presente no sistema judiciário, se o indivíduo  reúne as condições econômicas, poderia comprar a decisão de sentenças em seu favor. O dinheiro saía em poucas horas, de forma expressa, sacado na boca do caixa, por zelosos auxiliários dos envolvidos.  

Na Paraíba, o GAECO e o MPPB, que realizam um trabalho digno do reconhecimento da população, impetraram uma grande ação junto à Defensoria Pública do Estado, onde, supostamente, há indícios de irregularidades relacionadas aos desvios de funções praticadas por alguns servidores. Neste caso, precisamos até consultar alguém da área para saber como isso seria possível numa instituição que, em princípio, foi concebida exatamente para proporcionar a chance de defesa ao cidadão ou cidadã que não poderia bancar as custas de um processo.  Não vamos entrar em mais detalhes por aqui para não melindrarmos, mas está tudo dominado. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 12 de novembro de 2024

Editorial: A queda de braços entre o mercado e o PT. Lula no meio.



O ajuste fiscal, se sair, possivelmente não terá atendido às expectativas do mercado. Isso se conclui pelo andar da carruagem política, onde, em certo momento, alguns membros mais identificados com as diretrizes partidárias parecem desconhecer que o PT é Governo. Estabeleceu-se uma verdadeira batalha campal entre o mercado e dirigentes do partido, que lançaram até um manifesto em defesa das teses históricas da legenda, onde não se cogita efetuar cortes que atinjam os programas sociais ou abortem políticas públicas que possam prejudicar o atendimento de serviços como o SUS, por exemplo. Não vamos chegar a algum denominador comum. Sabe-se que Fernando Haddad já deu o caso por encerrado. 

Já colocou as cartas na mesa, deixou todo mundo informado sobre a real situação das contas públicas no país. Aliás, infelizmente, também se pode concluir que essas reuniões não estão sendo nada produtivas, uma vez que a insatisfação entre os dirigentes dos ministérios atingidos é grande. Há trocas de farpas e até ameaças de demissão. É a típica situação onde não se pode afirmar que, entre mortos e feridos, escaparam todos. Alguém vai sair chamuscado. A bola agora encontra-se com o morubixaba petista, que deve arbitrar sobre essa querela, mas as suas declarações também não são nada alvissareiras, sugerindo que o núcleo duro do PT possa ter sido mais convincente ao petista do que a sua área econômica. 

Quem não suporta mais esse lenga-lenga é o Fernando Haddad. Ficamos aqui somente imaginando qual será o futuro do ministro Fernando Haddad neste governo. Certamente ampliará sua área de atrito com os companheiros e, pela frente, um futuro incerto sobre a economia, onde amplos segmentos do governo se mostram reticentes a entender a necessidade desse ajuste fiscal. Caso ele não supere essa fase, aí sim é que as coisas tendem a degringolar de vez, desgastando-o ainda mais. Essa briga com o mercado é uma fantasia criada pelos ideólogos da legenda. 

Charge! Nando Motta via Brasil 247!

 


Charge! Renato Aroeira via Jornal 247