pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012 NO RECIFE – a dificuldade de se construir uma candidatura de consenso entre os atores políticos da oposição, reunidos na Mesa da Unidade.  

 José Luiz Gomes escreve:

                                    O sociólogo Antonio Lavareda acaba de tirar da fornalha uma série de pesquisas encomendadas pelos tucanos, com o objetivo de conhecer a opinião do eleitorado sobre alguns temas cruciais das eleições de 2010, que, equivocadamente demensionados, foram suficientes para nocautear as pretensões presidenciais do então candidato José Serra. As pesquisas realizadas pelo sociólogo tentam, na realidade, saber o que pensa o eleitorado sobre o Governo e a oposição e, com base nessas informações, construir estratégias mais eficientes para os embates eleitorais que se aproximam.
                                   Os dados que foram apresentados pelo sociólogo pernambucano aos caciques da legenda apontam para uma realidade que, de certa forma, já era conhecida pelos grãos-tucanos, ou seja, a constatação dos graves equívocos cometidos durante aquelas eleições. Havia uma divisão evidente entre os coordenadores da campanha tucana, o candidato e o seu marqueteiro, orientado por uma estratégia “fermento”, ou seja, quanto mais batiam no adversário, ele crescia junto ao eleitorado.  Uma outra questão dizia respeito ao legado do Governo de Fernando Henrique Cardoso, deliberadamente abandonado pelos coordenadores da campanha serrista.
                                   Já faz algum tempo que a oposição não consegue encontrar um norte. De acordo com as pesquisas de Antonio Lavareda, alguns programas intrinsecamente vinculados ao Governo de Fernando Henrique Cardoso, hoje estão associados pelos eleitores aos governos petistas. O Bolsa Família, por exemplo, que teve sua origem em programas sociais iniciados no Governo FHC, como o Vale Gás e o Bolsa Escola, em razão de os Governos Lula/Dilma ter ampliado e integrado esses programas, induz o eleitorado a não estabelecer nenhum vínculo entre eles. Até mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal – que o PT votou contra – é observada pelo eleitorado como uma conquista dos governos petistas, ou seja, nem a pavimentação do terreno da estabilidade econômica, fundamental para os avanços sociais, é atribuída aos tucanos.  
                                   Se o quadro é ruim para a oposição em nível nacional, aqui em Pernambuco eles tomaram uma surra de vara verde que arde até hoje, levando este articulista a publicar uma série de artigos sobre o tema no site da Fundação Joaquim Nabuco. Até alguns “urubus” que costumavam sobrevoar a província, somando no currículo milhares de horas de vôos, foram apeados da vida pública.  Com a proximidade das eleições de 2012 – proximidade, entenda-se, do ponto de vista das articulações e não em relação aos prazos das eleições – a oposição tenta juntar os cacos naquilo que ficou definido como Mesa da Unidade, que já nasce com o signo do envelhecimento precoce.
                                   A mesa da Unidade integra os partidos que fazem oposição à administração do prefeito João da Costa. Ocorre, no entanto, que a engenharia montada para construir essa unidade está esbarrando em algumas variáveis políticas que estão fugindo ao controle dos principais atores envolvidos nas articulações, criando as condições inevitáveis para o seu esfacelamento precoce. Uma medida saudável da Mesa da Unidade foi discutir os problemas do Recife, trazendo ao debate os grandes temas de nossas metrópoles, como a mobilidade, por exemplo.   Mas, parou por aí. Parou de uma forma que nem o “Herculano Quintanilha”, que andou sugerindo que deveriam associar os nomes dos Joões para conquistar o eleitorado, foi levado muito a sério.
                                   A tese do João é João sequer saiu da prancheta dos publicitários, conforme publicamos em nosso blog. O eleitorado do Recife, na realidade, sente é uma rejeição enorme por João da Costa por este ter traído a confiança do seu padrinho político, João Paulo, e em função de uma administração mal avaliada. Ultimamente, João da Costa tenta relativizar as conquistas da administração de João Paulo, objetivando levar a discussão para um projeto mais amplo, coletivo, de cunho partidário, o que não é um erro. Trata-se, no entanto, de uma estratégia que não deve surtir muito efeito. O que está claro para o eleitorado recifense é que João da Costa foi uma escolha infeliz do João Paulo. E a culpa, por incrível que possa parecer, não é do padrinho.
                                    Não se briga com as urnas. Muito sabiamente João Paulo vem afirmando que, caso o eleitorado recifense deseje seu retorno, ele entra no páreo. Já entrou em condições bem mais adversas, enfrentando um candidato com mais de 70% de aprovação e com o apoio das máquinas estadual e federal, numa composição de forças – a União Por Pernambuco – que tinha um projeto de 20 anos de poder, escalonado entre os seus integrantes. Foi João quem colocou água no chopp da União.
                                   O partido mais estruturado da oposição apresenta uma penca de candidatos e tem um pé no Palácio do Campo das Princesas. Sobretudo em Pernambuco, o PSDB está bastante afinado com o governo do PSB, desde as eleições de 2010. As movimentações do ator político Sérgio Guerra devem ser monitoradas a partir do Palácio do Campo das Princesas e não da sede do partido, no pequenino bairro do Derby.  Não sem motivos, o ex-deputado Raul Jungmann tratou logo de fazer uma costura do seu PPS com o PMN e já tenta carreira solo, acreditando que, muito dificilmente, Sérgio Guerra irá honrar os compromissos assumidos nas eleições de 2010 - quando Jungmann foi ao sacrifício – de colocar o partido em apoio à sua candidatura.
                                   Quando questionado por um repórter sobre as possibilidades do deputado Daniel Coelho – filiado recentemente ao PSDB - sair como candidato da legenda nas eleições de 2012, Guerra teria respondido: igual. Portanto, a tese da prevalência, Raul, foi atirada na lata de lixo. Suas movimentações em torno da eleição de Ana Arraes para o TCU são indícios claros de que esse ator não aprecia apenas o baobá dos jardins. Participa dos conclaves no Palácio do Campo das Princesas. Essencialmente pragmático, o que nos parece é que Sérgio Guerra gosta mesmo é de churrasco. Se o braseiro for bom, pouco importa se ele será servido na Fazenda Macambira, dos Lyras, ou na Fazenda São José, dos Mendonças.    
                                   A saída do deputado Daniel Coelho do PV foi discutida como um fato novo pela Mesa da Unidade. Acreditamos que o raciocínio tenha sido feito dentro de um contexto político mais amplo, inclusive contemporizando as especulações sobre as movimentações do ator político mais importante do tabuleiro das eleições de 2012 no Recife: o ex-prefeito e atualmente deputado estadual, João Paulo. Já estamos na fase dos indícios – superando as meras especulações – sobre um possível ingresso de João à legenda verde, numa negociação acertada com a cúpula nacional da agremiação, com o sinal verde do Palácio do Campo das Princesas. Conforme já afirmamos, a composição ainda poderia envolver o PP, o PTB e setores do próprio PT.
                        A construção de uma candidatura de consenso a partir da Mesa da Unidade envolveria algumas variáveis importantes, inclusive a possibilidade ou não de uma candidatura de João Paulo, hoje muito mais amadurecida. A mesa da Unidade, portanto, começou muito cedo a emitir sinais de desgaste e envelhecimento precoce, do ponto de vista da unidade interna, e tendo que lidar com um fator externo de desequilíbrio: a candidatura de João Paulo à Prefeitura do Recife nas próximas eleições.

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