A saída de Pedro Novais do Ministério do Turismo, a quinta baixa na Esplanada em menos de nove meses do mandato de Dilma Rousseff, é a clara demonstração de falência do sistema de administração adotado pelo PT. Essa é a avaliação do líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e do deputado César Colnago (ES). As características predominantes para as exonerações foram as denúncias de corrupção e a má utilização de dinheiro público.
De acordo com os tucanos, o loteamento político e a distribuição da máquina federal a partidos da base geraram a atual crise. A crítica é reforçada por analistas ouvidos pelo jornal “O Globo”. Os especialistas acreditam que as quedas se devem ao método de alianças sustentado na partição de cargos em troca de apoio no Congresso. Para Nogueira, é a relação do “toma lá, dá cá”. O líder condenou que a escolha dos comandantes ocorra sem critério técnico, conhecimento ou experiência na área.
“Isso é o resultado da falta de cuidado, não só na definição, mas na entrega absoluta de nacos da administração pública às agremiações para garantir as votações no Parlamento. Não existe nenhuma observação de metas e resultados na qualidade técnica dos nomeados. Isso vai gerando infernos internos nos ministérios com sucessivos escândalos”, apontou.
Ao contestar a faxina prometida por Dilma, Nogueira afirmou que não existe ação contra as irregularidades por parte do Planalto. “Só existem reações”, garantiu, ao destacar que a saída dos subordinados da presidente só ocorre após a situação ficar inviável diante das denúncias. Ele pediu punição aos atuais e ex-ministros alvos de suspeitas e afirmou que só a demissão não repara os danos causados ao erário. A seu ver, a instalação de uma CPI ainda é a melhor forma para esclarecer os desvios e desmandos.
A opinião é compartilhada por César Colnago. O parlamentar acrescenta que nunca viu situação tão retrógrada como agora, onde a forma de gerenciar o país só traz prejuízo. O “loteamento de porteiras fechadas” impede que os diferentes setores tenham melhorias. “O resultado é o desvio e a corrupção. É um escândalo, o fim do mundo, é se subjugar a um tipo de aliança firmada pelo ex-presidente Lula que não tem nenhum tipo de compromisso com a população e com um projeto de Brasil”, criticou.
Segundo o deputado, as investigações devem prosseguir. “O que precisa ser feito, além do afastamento das pessoas, é abrir processos de investigação pelos órgãos de controle para identificar os desvios, quais foram, quem fez e estabelecer a punição e a devolução dos recursos ao brasileiro”, defendeu.
“Feudos partidários”
→ O editorial desta quinta-feira (15) de “O Globo” afirma que o “Ministério do Turismo é um microcosmo do que acontece na Esplanada de Dilma: as pastas são entregues às legendas aliadas na base da porteira fechada, ou seja, são tratadas como feudos partidários, dissociadas do fim ao qual deveriam se dedicar. Tudo em nome da ‘governabilidade’ – inclusive o mensalão”.
→ Até agora, quatro ministros caíram sob acusação de corrupção: Novais, Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e Wagner Rossi (Agricultura). Um saiu por discordar de atitudes do governo: Nelson Jobim (Defesa). Além deles, e outros dois trocaram de cadeira – Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Luiz Sérgio (Pesca). Com essa contabilidade, 19% do ministério já mudaram antes que a atual gestão completasse seu nono mês.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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