pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: A corrupção acabou no país?
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terça-feira, 24 de maio de 2022

Editorial: A corrupção acabou no país?



Esta questão é um divisor de águas entre lulistas e bolsonaristas, seja nas discussões de bares, seja nos encontros casuais, seja pelas redes sociais. Em casos mais extremos - extremo passou a ser um verbete comum no nosso dicionário de política nesses tempos bicudos de polarização - chega-se às vias de fato, proporcionando consequências desagradáveis para uma convivência civilizada, dentro dos parâmetros estabelecidos pela democracia. Para sermos sinceros, não acreditamos que nem mesmo os bolsonaristas mais raízes acreditem na premissa de que a corrupção acabou no país. Nem poderiam. Seria necessário um índice muito alto de ingenuidade ou de fé cega. 

O Brasil sempre foi um dos países mais corruptos do mundo. Trata-se de um padrão de corrupção estrutural, generalizada, forjado no nosso modelo de colonização, produtor do famoso "jeitinho brasileiro". Até mesmo os gastos e as finanças públicas já são concebidas com esta "margem de erro". Um caso recente, registrado num Estado do Nordeste, dá a dimensão deste problema entre nós. Durante a pandemia, respiradores pulmonares foram adquiridos a uma empresa de "maconha", que recebeu todo o montante dos recursos antecipadamente e não entregou nenhum aparelho. Saíram dos cofres públicos, de forma irresponsável, apenas a bagatela de 48 milhões de reais. O problema aqui alegado é que um dos agentes públicos envolvidos não sabia falar inglês.Aqui em Pernambuco até empregadas domésticas se tornaram grandes acionistas, habilitadas a participarem de licitações fraudulentas para aquisição de insumos durante a pandemia da Covid-19. 

Portanto, quando se fala nas exportações irregulares de toras de madeira apreendidas - cujas irregularidades tiveram que ser comunicadas pelo Governo Norte-americano - ou licitações suspeitas envolvendo a aquisição de caminhões de lixo, isso bem pode ser creditado nesta conta nefasta da corrupção estrutural do país, algo que precisa ser enfrentado seriamente, mas, pelos exemplos elucidados, evidencia-se que não se trata de um problema de ideologia. 

A população paga um preço muito alto por essa corrupção. Obras públicas deixam de ser realizadas, políticas públicas não cumprem seus objetivos, em razão dos frequentes desvios de recursos. Gestores públicos corruptos não tem a menor sensibilidade para as consequências dessas atividades ilícitas, como a morte nas filas de hospitais, a merenda que falta ao aluno pobre que, por vezes, tem na distribuição dessa merenda um mínimo de segurança alimentar. E, já que estamos falando em lados polarizados, se falou bastante na corrupção envolvendo as reformas e construção de estádios de futebol durante a última Copa do Mundo realizada no país. Igualmente não houve nenhum pudor anticorrupão durante a crise sanitária produzida pela Covid-19.    

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