O problema do PSDB é bem maior do que uma simples calça apertada. A questão é que os fundilhos estão furados, como brilhantemente observou a jornalista Vera Magalhães, num artigo irretocável publicado no Jornal O Globo, no dia de hoje, 24\05. A jornalista faz um análise do partido desde os tempos idos e gloriosos de sua fundação aos dias atuais, caracterizado por brigas internas e ausências de propósitos ou comprimissos com o país nesses tempos difíceis que estamos vivendo. Tornou-se um partido de terra arrasada. Isso talvez explique o fato de que, após criarem as condições ideais para a desistência do candidato vencedor das prévias partidárias, o ex-governador de São Paulo, João Dória, o partido se encontre diante de um novo dilema: Endossar a candidatura da senadora Simone Tebet, do MDB, ou retomar o projeto de uma candidatura própria, encampada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB-RS).
Que ninguém se engane mais com aquele PSDB que surgiu de uma costela do antigo PMDB, com nomes como o de Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, Mário Covas, José Richa. Eram os chamados "autênticos", insatisfeitos com os rumos tomados pelo partido de Ulisses Guimarães. A desgraça que se abate sobre o ninho dos tucano não é de hoje. Vem de outras épocas. Dos movimentos de 2013, do golpe institucional de 2016, do flerte com o ideário conservador que experimentamos nos dias de hoje. Aqui não perdoamos o grave equívoco de Dória, ao se eleger governador de São Paulo com o apoio decisivo dessas forças.
A despeito dos problemas de rejeição, de não deslanchamento nas pesquisas de intenção de voto, das brigas internas com setores poderosos da legenda, Dória vinha de uma gestão bem avaliada pela população do seu Estado, construia uma proposta de governo para país, foi um gestor que se conduziu muito bem durante a crise sanitária produzida pela pandemia da Covid-19. Mais importante: venceu as prévias do partido, que foram solenemente ignoradas por tucanos de alta plumagem, que o sabotaram sem a menor cerimômia.
O partido perdeu completamente o rumo. A jornalista Vera Magalhães, observa que os fundilhos estão furados. Eu diria que, pelo andar da carruagem política, estão furados e fedidos. São Paulo era uma espécie de vitrine. O ninho mais emplumado dos tucanos. Alguns até tratavam o Estado como Tucanistão, numa referência ao "feudo' dos tucanos. Todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento indicam que eles deverão perder essa hegemonia política naquela praça do país. É quase certa uma praça de guerra localizada entre petistas e bolsonaristas.
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