Alagoas ainda é um Estado da Federação controlado por grandes oligarquias políticas. Há um amigo que nos informa que, ainda hoje, as contendas políticas ali são resolvidas à base da bala ou do cipó de vara verde. Não raro, quem entra em rota de colisão com essas elites políticas e econâomicas locais acabam precisando contratar uma equipe de jagunços bem armados para protegé-lo. Isso vem desde ápocas remotas, mas seus reflexos são sentidos ainda hoje, no clima acirrados das disputas políticas locais. Este editor tem uma ótima impressão do Estado, mas isso fica circunscrito às viagens de férias, quando temos a oportunidade de curtir seu exuberante litoral e saborear as delícias de sua gastronomia, como uma pituzada ou um sururu no capote, em recantos paradisíacos como São Miguel dos Milagres.
Se suas praias e a suas comidas são capazes de produzir consensos, no plano político, infelizmente, as coisas não funcionam bem assim. Hoje o Estado possui dois atores políticos de projeção nacional, que atuam em campo políico opostos.O senador Renan Calheiro(MDB-AL) e o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, do PP. Renan já é um velho conhecido dos brasileiros, em razão dos cargos relevantes que ocupou na República. Sua última vitrine foi o cargo de relator da Comissão da Covid-19, onde entrou em rota de colisão com grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro(PL).
Arthur Lyra apoia o presidente Jair Bolsonaro, mas segue numa raia própria, respaldada pelo Centrão, o que leva alguns interlocutores a apontarem indícios de um semipresidencialismo. Conforme afirmamos no editorial de ontem, temos aqui um probrema sério no tocante à governabilidade. Problema que, aliás, já foi percebido por Lula, na eventualidade de vencer as próximas eleições presidenciais. Fica claro que será o Centrão quem continuará dando as cartas do jogo da política nacional, independentemente de quem esteja sentado na cadeira do Palácio do Planalto.
A missão delegada por Lula ao colega Renan seria a de procurar os mecanismos - e principalmente os atores politicos de centro - com o propósito de reequilibrar essas forças. Segundo informações da revista Veja desta semana- que traz uma matéria sobre assunto assinada pelo jornalista João Pedroso de Campos - entre esses atores priviligiados com os quais Renan manteve tais articulações, estão Michel Temer(MDB-SP) e Gilberto Kassab(PSD-SP). Deixando sempre muito claro que o Mensalão esteve associado ao nosso modelo canhestro e pernicioso de presidencialismo de coalizão.
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