terça-feira, 19 de novembro de 2024
Editorial: Operações da Polícia Federal evidenciam a presença dos Kids Pretos nas tessituras golpistas do 08 de janeiro.
Já foram publicadas várias matérias sobre este assunto, conduzidas por profissionais de imprensa competentes, com a consulta a especialistas militares. Haveria evidências cabais de membros dessas forças especiais militares, também conhecidos como Kids Pretos, naquelas mobilizações de Brasília, que tinham como propósito materializar as condições para um golpe de Estado. Inúmeras vezes advertimos o Governo Lula3 para não brincar com o processo de instrumentalização do aparato de inteligência e segurança do Estado, ocorrida durante o Governo de Jair Bolsonaro.
Entre as prisões realizadas pela PF no dia de hoje, 19, estão um general da reserva, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, e um policial federal. Quatro deles são Kids Pretos. Não se sabe muito bem o que está em jogo, mas as intervenções nesses órgãos, em alguns casos, foram pontuais. Não vamos aqui entrar nos detalhes para não melindrar, que é um verbo que se tornou recorrente nesses tempos bicudos. Curioso que hoje, 19, segundo informes, será o dia da oitiva do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A própria Polícia Federal informou que encontrou indícios de que o militar possa ter subtraídos dados do seu celular, o que pode ter implicações no acordo de delação premiada.
No caso da operação de busca, apreensão e prisões realizadas no dia de hoje, em diversas praças do país, sob determinação do Ministro Alexandre de Moares, volta à cena aquelas tramas macabras que envolviam um plano para assassinar o presidente Lula e o Ministro da Suprema Corte, que, ao longo de sua cruzada em defesa das instituições democráticas do país, tornou-se o alvo preferencial do radicalismo bolsonarista, insuflado pelas redes sociais e pelos grupos de ZAP. Tempos difíceis.
P.S.: Contexto Político: O policial federal preso na operação realizada no dia de hoje chegou a integrar o grupo que fazia a segurança de Lula antes da posse. Vamos muito bem de inteligência.
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Editorial: O que os golpistas tentaram esconder apagando o conteúdo dos celulares?
É curioso o negacionismo golpista dos bolsonaristas. Desde a semana passada a Polícia Federal comunicou que encontrou evidências de que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid, havia apagado conteúdo do seu celular. Os peritos da PF conseguiram, assim mesmo, ter acesso a esses arquivos deletados. Especulou-se, inclusive, que isso poderia resultar numa reavaliação do acordo de delação premiada celebrada entre o militar e a Polícia Federal. Mauro Cid volta a depor na PF nesta terça-feira.
Programas televisivos, no entanto, já estão antecipando que existe a possibilidade de que outros atores envolvidos nessas artimanhas golpistas até a medula tenham, igualmente, deletado conteúdos dos seus aparelhos celulares. A Polícia Federal e o STF estão realizando um trabalho brioso em relação aos envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro. É uma esperança de que a justiça seja feita e os culpados sejam exemplarmente punidos por atentarem contra as instituições democráticas do país. Um alento, num contexto de terra institucional arrasada.
O Governo de Javier Milei, na Argentina, determinou que a sua polícia prendesse 6i envolvidos que se encontravam naquele país. Alguns estranharam essa atitude de Milei. Milei tem uma personalidade extemporânea, folclórica, mas, ao que parece, não está nada disposto a dar guarida àqueles que não se submetem às regras do jogo da democracia. Menos mal.
Editorial: O frisson diplomático produzido pela fala da primeira-dama.
Agir guiado pelas emoções é algo bastante complicado. Mesmo quando o sujeito é instigado a tal atitude, sugere-se que respire fundo e não perca o controle da situação. Quando se trata de uma pessoa pública, aí sim é que o controle das emoções se impõe como absolutamente necessário, porque ninguém admite desvios por aqui. Aqui em Pernambuco, num determinado momento, um candidato a prefeito, ex-governador do estado, um homem público correto, perdeu a esportiva e deu bananas para os eleitores do adversário, que diziam palavras de ordem, durante uma passeata de campanha.
Este mesmo cidadão, a pretexto de defender a honra de sua esposa, entrou armado na redação de um jornal local para tomar satisfações com um jornalista, responsável pela coluna social, que havia publicado uma fala jocosa de sua esposa em relação à escultura de Francisco Brennand, exposta no cais do Recife Antigo. Quando dos debates, o opositor - que ganhou aquelas eleições, costumava pedir para que ele não ficasse nervoso. Gilberto Kassab é hoje um dos políticos brasileiros mais respeitados. Atua nos bastidores, na linha de frente, com a mesma desenvoltura. Segundo dizem, o governador Tarcísio de Freitas, provável candidato às eleições presidenciais de 2026, não dá um passo sem ouvi-lo antes. Aliás, para sermos mais preciso por aqui, a vez de Tarcísio de Freitas é nas eleições de 2030, de preferência tendo ele na vice.
No passado, porém, quando foi prefeito de São Paulo, durante uma conversa de rua, entrou num entrevero extremamente desgastante com eleitores, mostrando que mesmo homens públicos hábeis, verdadeiras raposas políticas, acabam não controlando as emoções. Esse xingamento da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ao Secretário de Eficiência do Governo Norte-Americano, Elon Musk, era absolutamente desnecessário. Repercutiu muito mal na imprensa brasileira e internacional, sendo capaz de produzir um ônus diplomático que poderia, simplesmente, ter sido evitado. Como estamos na era dos extremos, já há um deputado que está convocando o Ministro das Relações Exteriores para que ele dê explicações sobre o assunto. Os excessos são de um lado e do outro.
Editorial: São os golpistas que desejam a anistia.
Quem leu A Festa do Bode, do escritor peruano Mário Vargas Lhosa, teve a oportunidade de conhecer os horrores praticados nos estertores da ditadura implantada na República Dominicana pelo tirano Rafael Leônidas Trujillo Molina. Curioso que, depois de morto numa emboscada, o filho do ditador deu continuidade ao seu trabalho, passando a exercer a presidência do país. O chefe do SIM - Serviço de Inteligência Militar -, Johnny Abbes Garcia, ostenta a condição de um dos maiores carrascos já produzidos pela humanidade. O livro de cabeceira do cara era um manual de tortura, que ele lia com risos sarcásticos de satisfação. Dava prazer ao cara cometer essas atrocidades. Quando Trujillo desejava resolver algum problema ou acidente de percurso no regime, ameaçava entregar o desafeto aos cuidados do seu ajudante de ordens para assuntos de tortura, o que incluía jogar o sujeito aos tubarões de uma praia conhecida.
É corretíssima a decisão do STF no sentido de não ser complacente com o que ocorreu recentemente no país, quando mais uma tentativa de atentar contra as instituições democráticas foi orquestrada. Não existe nenhuma dúvida de que um golpe de Estado foi urdido no país. Há depoimentos que confirmam isso, partindo, inclusive, de agentes públicos que estiveram no epicentro dessas tessituras. Nesta semana a Polícia Federal deve ouvir novamente aquele ajudante de ordens, desta vez apertando o cerco, depois que se verificou que o sujeito teria apagado arquivos do seu celular.
O que pode pacificar o país, na realidade, não é a leniência, mas a punição rigorosa contra aqueles que atentaram contra as instituições democráticas. O que o Brasil enfrenta hoje, em muito, pode ser atribuído à tolerância do passado, tornando golpes ou tentativas de golpe de Estado algo banalizado, sem que as pessoas atentassem sobre as suas reais consequências para o tecido social de uma nação. Aliás, quem tem entre os seus livros de cabeceiras as memórias de um torturador atroz, sequer deveria participar ou integrar o jogo de uma democracia representativa.
domingo, 17 de novembro de 2024
Editorial: A sedução do autoritarismo.
A extrema direita, por alguma razão que ainda precisa ser melhor analisada, tornou-se sedutora, enquanto, se nos permitem, as forças, populares, do campo republicano e democrático, tornaram-se "chatas", com uma narrativa que já não acompanha as transformações sociais, econômicas e políticas das últimas décadas, tornando-se obsoletas. Há coisa mais chata, por exemplo, do que esse identitarismo exacerbado, onde livros são censurados, verbos são proibidos e é preciso fazer uma ginástica medonha para não se fugir do politicamente correto? O Jornal do Commércio no dia de hoje, 17, traz um excelente artigo do ex-governador Gustavo Krause, onde ele invoca, a partir da leitura do texto da jornalista Anne Applebaum, as possíveis razões para a ascensão da tirania pelo mundo afora, encurralando as instituições democráticas.
Seja na Nicarágua ou na Rússia, eles se integram por características e interesses comuns, como a acumulação de riquezas pessoais, desprezo pelos ritos democráticos, forjam conglomerados, perseguem implacavelmente seus opositores dentro e fora do país, num alinhamento que tem mais a ver com a corporação financeira do que a política. Afinal, segundo a autora, eles formam a Autocracia S\A. Ainda não tivemos a oportunidade de ler o livro, portanto não sabemos se a autora reserva alguns capítulos para tratar da questão das redes sociais - onde esses grupos de extrema direita nadam de braçadas, apoiando-se nelas para dá suporte ao seu projeto - o fenômeno da chamada Economia da Atenção; tampouco sobre como grupos evangélicos e católicos foram cooptados para este projeto.
É isso. A extrema direita encontrou uma maneira de se comunicar com esses grupos ou, para sermos fiéis à autora, seduzi-los, o que seria mais apropriado. Quando ocorreu, num passado ainda distante, uma ascensão meteórica das religiões de matriz neopentecostais, muita gente se debruçou para entender o fenômeno. A conclusão é que, nesses templos, os crentes passavam a serem acolhidos, reconhecidos socialmente e estimulados pela a tese da prosperidade. Uma das grandes preocupações da esquerda no Brasil é entender como suas narrativas já não estimulam a adesão de grupos evangélicos e pobres da periferia, que, em grande medida, são similares. Trata-se de um dilema que precisa ser resolvido urgentemente. O Psol, por exemplo, teve uma participação irrisória nessas últimas eleições municipais. Fiquem de olho no fenômeno Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, que já caminha para o seu quarto mandato. Nessas últimas eleições municipais, pragmaticamente - sem outras considerações possíveis, evidentemente - ele fez alianças com Deus e com o Diabo, isolando o bolsonarismo em seu principal reduto. Curioso que está ocorrendo uma espécie de migração do bolsonarismo. Santa Catarina e Mato Grosso estão se tornando redutos mais robustos.
Editorial: Governo Lula gasta mais em publicidade institucional com a Globo do que o Governo Bolsonaro.
Estamos ao término da primeira quadra do Governo Lula3. Ainda teremos mais dois anos de governo pela frente, quando teremos novas eleições presidenciais. Hoje, o cenário não é dos mais promissores para a renovação de contrato de ocupação do Palácio do Planalto pelos atuais inquilinos, mas, como advertem os marqueteiros, é muito cedo para fazermos projeções para 2026. Hoje, o Governo Lula3 se preocupa bastante com a sua imagem, chamuscada pela dificuldade em promover um ajuste fiscal que se impõe; o dragão da inflação que ronda as gôndolas dos supermercados - a tomate, que chegou a centavos, voltou a R$ 6,00 -; refregas nas eleições municipais e, principalmente, um problema crônico de comunicação com a sociedade, que, precipitadamente, alguns concluem que mudando nomes ou aumentando os recursos serão solucionados.
Voltamos a bater nesta tecla: o PT, além de como precisa saber o que irá comunicar à sociedade, que encontra-se exaurida das narrativas anteriores. Não dá mais para assegurar o voto apenas afirmando que vai salvar o país dos monstros da extrema direita, como aquele pai que contingencia a tomada do remédio do filho sob a ameaça de que, em recusa, vai chamar o papa fígado. Pelo andar da carruagem política, possivelmente a SECOM não entra nos ajustes do arcabouço fiscal. Ao contrário, fala-se em novos contratos de publicidade institucional.
Somente nesses dois anos, segundo matéria da revista Veja, assinada pelo jornalista Breno Caniato, na coluna Maquiavel, o Governo Lula3 pagou ao conglomerado da Rede Globo algo em torno de R$ 177,2 milhões, quantia superior aos 177 milhões em todo o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este o que comunicar vai demandar uma profunda reflexão no partido. De repente o partido perdeu as ruas para a extrema direita, num processo muito bem urdido e articulado. Apanha feio também nas redes sociais, onde esses grupos são quase hegemônicos, nadando de braçadas à frente. Desde 2013 que esses grupos extremados minam as forças de resistências democráticas e republicanas no país. É preciso oferecer alguma coisa, para muito além das bravatas. Afinal, até os pobres hoje estão com eles. Nas periferias, com a Bíblia na mão e, em alguns casos, consorciados com facções do crime organizado. Tempos difíceis!
Editorial: Elon Musk antecipa o resultado das eleições brasileiras.
É um mote que, inclusive, sustentou esta sua última candidatura presidencial, quando concorria com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como diria o marqueteiro Duda Lima, em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, é muito cedo para as especulações em torno das eleições presidenciais no Brasil em 2026. Embora, convenhamos, os movimentos de todos os quadrantes políticos existam. Até entre aqueles postulantes que, em princípio, precisam superar uma corrida de obstáculos para se viabilizarem, como é o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, este sim, candidatíssimo.
Num cenário como este, fazer previsões sobre o assunto também seria imprudente, embora se saiba sobre os ventos favoráveis da extrema direita, um fenômeno que ocorre em todos os continentes. Não é um fenômeno brasileiro, muito menos isolado. Talvez apostando nessa onda é que o futuro assessor de eficiência do Governo Donald Trump, Elon Musk, tenha dito que o grupo de Rosângela da Silva irá perder as próximas eleições no Brasil. Elon Musk respondia a uma provocação da primeira-dama, em evento que ocorria paralelo ao G-20.
Editorial: Cid Gomes rompe com o governador Elmano de Freitas no Ceará.
O senador Cid Gomes(PSB-CE) anunciou que está se desligando do projeto do PT no Ceará. Rompe com o governador Elmano de Freitas antes mesmo do início da gestão de Evandro Leitão, que ele ajudou a eleger. Cid Gomes já comunicou sua decisão ao Ministro da Educação, Camilo Santana, hoje o principal líder político da terra de Patativa do Assaré. Cumprida essas formalidades de praxe, agora vamos aos escaninhos que determinaram essa decisão do senador.
Há algum tempo que as forças do campo progressista não se entendem muito bem no estado. Nesta última eleição municipal, por exemplo, o PDT de Ciro Gomes esteve em palanque próprio, disputando a capital do estado contra o PT, a quem considerava um mal de igual proporção ao bolsonarismo. A radicalidade de Ciro Gomes em relação ao PT se tornou tão evidente, que ocorreu um movimento de integrantes das legenda pedetista no sentido de pedir seu desligamento do partido.
O projeto de Cid Gomes em continuar no palanque das forças progressistas do estado produziu ruídos em sua relação com o irmão Ciro, ao ponto de romperem politicamente. Difícil afirmar que a decisão de sair do projeto de Elmano de Freitas vai significar, necessariamente, uma nova reaproximação entre ambos. Há um poço até aqui de mágoas e ingredientes ruidosos. Sugere-se, em princípio, que haveria alguns acordos entre o seu partido, o PSB, e o grupo ligado ao governador Elmano de Freitas. Esses acordos não estariam sendo cumpridos, daí sua decisão de deixar o projeto. O PT quer controlar tudo, queixou-se o socialista.
sábado, 16 de novembro de 2024
Drops Político: Cineastas insatisfeito com a gestão do Ministério da Cultura.
Drops Político: O desconforto de Raquel no ninho tucano.
A condição da governadora Raquel Lyra no ninho tucano sugere-se insustentável. Não existe a possibilidade de este grupo que dirige o PSDB hoje migrar para uma posição governista. Todo o trabalho desta gestão tem sido conduzido no sentido de trilhar um caminho próprio, de preferência apresentando-se como alternativa de terceira via, se contrapondo à polarização. Raquel, por outro lado, em cada novo movimento, deixa claro sua intenção de estreitar os laços com o Governo Lula. A tendência é que as especulações sobre a sua saída do ninho se confirmem.
Drops Político: Edinho Silva nas amarelas da Veja desta semana.
Drops Político: O desrespeito à primeira-dama pelas redes sociais.
Drops Político: A transparência da gestão do município de Jaboatão dos Guararapes.
Drops Político: Paulista pretende retomar protagonismo turístico no Litoral Norte.
A Ilha de Itamaracá, no passado, exerceu um grande fascínio turístico sobre os visitantes que vinham conhecer o Estado de Pernambuco. Ao longo dos anos, por inúmeros problemas, foi perdendo esta condição. A praia de Maria Farinha, localizada na cidade de Paulista, no passado, também foi bastante festejada, atraindo visitantes ilustres, a exemplo de Jorge Amado e sua esposa Zélia Gattai. Vejo com bons olhos o interesse da nova gestão em transformar novamente o litoral norte num grande atrativo de turismo náutico. Há muito tempo que essa questão é discutida, mas nunca materializada. Não é tão simples. Um balneário como a ilhota de Coroa do Avião, em Igarassu, por exemplo, quando a visitamos pela última vez, estava caótica, com muita sujeira, banheiros com esgotos escorrendo para o mar. Neste caso, se as ações não forem realizadas em conjunto e articuladas, de nada adiante incrementar Maria Farinha.