pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: São os golpistas que desejam a anistia.
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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Editorial: São os golpistas que desejam a anistia.

 


Quem leu A Festa do Bode, do escritor peruano Mário Vargas Lhosa, teve a oportunidade de conhecer os horrores praticados nos estertores da ditadura implantada na República Dominicana pelo tirano Rafael Leônidas Trujillo Molina. Curioso que, depois de morto numa emboscada, o filho do ditador deu continuidade ao seu trabalho, passando a exercer a presidência do país. O chefe do SIM - Serviço de Inteligência Militar -, Johnny Abbes Garcia, ostenta a condição de um dos maiores carrascos já produzidos pela humanidade. O livro de cabeceira do cara era um manual de tortura, que ele lia com risos sarcásticos de satisfação. Dava prazer ao cara cometer essas atrocidades. Quando Trujillo desejava resolver algum problema ou acidente de percurso no regime, ameaçava entregar o desafeto aos cuidados do seu ajudante de ordens para assuntos de tortura, o que incluía jogar o sujeito aos tubarões de uma praia conhecida. 

É corretíssima a decisão do STF no sentido de não ser complacente com o que ocorreu recentemente no país, quando mais uma tentativa de atentar contra as instituições democráticas foi orquestrada. Não existe nenhuma dúvida de que um golpe de Estado foi urdido no país. Há depoimentos que confirmam isso, partindo, inclusive, de agentes públicos que estiveram no epicentro dessas tessituras. Nesta semana a Polícia Federal deve ouvir novamente aquele ajudante de ordens, desta vez apertando o cerco, depois que se verificou que o sujeito teria apagado arquivos do seu celular. 

O que pode pacificar o país, na realidade, não é a leniência, mas a punição rigorosa contra aqueles que atentaram contra as instituições democráticas. O que o Brasil enfrenta hoje, em muito, pode ser atribuído à tolerância do passado, tornando golpes ou tentativas de golpe de Estado algo banalizado, sem que as pessoas atentassem sobre as suas reais consequências para o tecido social de uma nação.  Aliás, quem tem entre os seus livros de cabeceiras as memórias de um torturador atroz, sequer deveria participar ou integrar o jogo de uma democracia representativa. 

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