pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: A sedução do autoritarismo.
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domingo, 17 de novembro de 2024

Editorial: A sedução do autoritarismo.



A extrema direita, por alguma razão que ainda precisa ser melhor analisada, tornou-se sedutora, enquanto, se nos permitem, as forças, populares, do campo republicano e democrático, tornaram-se "chatas", com uma narrativa que já não acompanha as transformações sociais, econômicas e políticas das últimas décadas, tornando-se obsoletas. Há coisa mais chata, por exemplo, do que esse identitarismo exacerbado, onde livros são censurados, verbos são proibidos e é preciso fazer uma ginástica medonha para não se fugir do politicamente correto? O Jornal do Commércio no dia de hoje, 17, traz um excelente artigo do ex-governador Gustavo Krause, onde ele invoca, a partir da leitura do texto da jornalista Anne Applebaum, as possíveis razões para a ascensão da tirania pelo mundo afora, encurralando as instituições democráticas. 

Seja na Nicarágua ou na Rússia, eles se integram por características e interesses comuns, como a acumulação de riquezas pessoais, desprezo pelos ritos democráticos, forjam conglomerados, perseguem implacavelmente seus opositores dentro e fora do país, num alinhamento que tem mais a ver com a corporação financeira do que a política. Afinal, segundo a autora, eles formam a Autocracia S\A. Ainda não tivemos a oportunidade de ler o livro, portanto não sabemos se a autora reserva alguns capítulos para tratar da questão das redes sociais - onde esses grupos de extrema direita nadam de braçadas, apoiando-se nelas para dá suporte ao seu projeto - o fenômeno da chamada Economia da Atenção; tampouco sobre como grupos evangélicos e católicos foram cooptados para este projeto. 

É isso. A extrema direita encontrou uma maneira de se comunicar com esses grupos ou, para sermos fiéis à autora, seduzi-los, o que seria mais apropriado. Quando ocorreu, num passado ainda distante, uma ascensão meteórica das religiões de matriz neopentecostais, muita gente se debruçou para entender o fenômeno. A conclusão é que, nesses templos, os crentes passavam a serem acolhidos, reconhecidos socialmente e estimulados pela a tese da prosperidade. Uma das grandes preocupações da esquerda no Brasil é entender como suas narrativas já não estimulam a adesão de grupos evangélicos e pobres da periferia, que, em grande medida, são similares. Trata-se de um dilema que precisa ser resolvido urgentemente. O Psol, por exemplo, teve uma participação irrisória nessas últimas eleições municipais. Fiquem de olho no fenômeno Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, que já caminha para o seu quarto mandato. Nessas últimas eleições municipais, pragmaticamente - sem outras considerações possíveis, evidentemente - ele fez alianças com Deus e com o Diabo, isolando o bolsonarismo em seu principal reduto. Curioso que está ocorrendo uma espécie de migração do bolsonarismo. Santa Catarina e Mato Grosso estão se tornando redutos mais robustos. 

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