pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 14 de fevereiro de 2016

O que Sanders tem a dizer ao PT e à classe média brasileira?

Um desequilíbrio estrutural empareda agora a vida dos filhos das camadas médias no mesmo torniquete de impossibilidades que espreme os jovens nas periferias

por: Saul Leblon


Paul Morigi
Nada é mais central na luta política brasileira nesse momento do que posicionar-se em relação ao massacre do qual Lula é o alvo explícito.

Está longe de ser o único, porém.

Enganam-se tragicamente os que pensarem assim.

Lula é uma ponte simbólica  -- e estratégica.


 
Sua densidade histórica deriva do último grande ciclo de ascensão de massas no Brasil, iniciado com os levantes operários do ABC paulista, no final dos anos 70, seguido da campanha das Diretas, da Constituinte Cidadã e de quatro vitórias presidenciais progressistas na sétima maior economia do mundo.

Nas quatro letras que formam o seu nome junta-se o denso caudal da esperança na construção de um Brasil socialmente convergente e  libertário, a erigir uma democracia social no coração da América Latina, em pleno século 21.

Desnecessário sublinhar a irradiação contagiante que um marco bem sucedido dessa natureza traria à luta pelo desenvolvimento nos quatro cantos do planeta.

Desnecessário reiterar a ferocidade dos interesses contrariados por essa possibilidade.

A singularidade  da trajetória do ex-metalúrgico, o alcance de sua palavra, a credibilidade que carrega condensam, assim, um potencial transformador inestimável, e ao mesmo tempo, temido.

No momento em que a mais longa crise mundial do capitalismo desde 1929  impõe a repactuação das bases do desenvolvimento, a exigir um novo degrau de democratização da economia e da sociedade, é preciso lixiviar  a possibilidade de que esse potencial, (na verdade nunca  inteiramente exercido), estabeleça um novo estirão progressista na história brasileira.

Tudo isso que Lula traz grudado na pele, a irradiar perigosa mistura de precedente, otimismo e encorajamento social é o alvo efetivo da mira  conservadora que o picota diuturnamente.

Vive-se uma contagem regressiva golpista.

O que se espera agora é que um personagem do rodapé da história se apresente ao desfrute conservador, de avental e machado na mão, a fremir nas ventas a disposição de desfechar o gesto final.

São esses burros de carga das encomendas superiores que cuidam também das manchetes sulfurosas nesse momento.

Suspeitos canteiros de acelga, canoas e pedalinhos de cisne em pesqueiro frequentado por Lula, em Atibaia, compõem o cerne de sua passagem pela história.

Que um jornalista como Clóvis Rossi, da Folha, tenha dado ao ‘complexo de Atibaia’ o epíteto de ‘um luxo’, evidencia a cooptação feroz dos espíritos pelo cuore conservador.

Com suas contradições de carne e osso, Lula é a costela de pirarucu atravessada na garganta conservadora brasileira. Trata-se da ponte  mais  extensa  a conectar o rico e diversificado campo progressista às camadas mais amplas e sofridas da população.

Não é preciso endossar cada passo e ato do ciclo que elevou em 70% o poder de compra do salário mínimo e retirou 40 milhões de brasileiros da miséria para entender o porquê da convergência que agora avança inescrupulosamente para desloca-lo do imaginário social para um prontuário policial.

Consumada a operação, a restauração neoliberal está contratada para 2018, não importa quem seja o seu portador. Até um material político da qualidade de um José Serra torna-se competitivo nessas condições.

Exatamente por estar em disputa uma nova hegemonia e não uma simples dança das cadeiras dentro de uma mesma época histórica, a defesa daquilo que Lula representa não pode mais ser apenas retrospectiva.

É   preciso dizer o que o seu potencial político tem a propor ao passo seguinte do país.

Dize-lo, sobretudo, à base social que o sustenta.

Mas não só.

Entre outras lacunas políticas na trajetória recente da esquerda brasileira, há uma que cobra cada vez mais alto uma resposta desassombrada, que de certa forma condicionará a eficácia das demais.

O que o campo progressista tem a dizer ao segmento  mais numeroso da classe média, hoje, como sempre, o principal substrato do preconceito, da desinformação e da incerteza, manipulados para servir de base à agenda do golpismo neoliberal?

O sucesso ou o fracasso dessa resposta condicionará em grande medida o desfecho do braço de ferro que, inicialmente, o conservadorismo  tentou resolver com o impeachment; e agora admite decidir nas urnas de 2018, desde que consiga trancar  Lula fora da cédula.

Não existe ‘uma classe média única’.

Sob esse guarda-chuva sociológico reúne-se uma vasta gama de renda intermediária, da qual faz parte também uma elite integralmente identificada com os interesses dominantes da sociedade.

Não é desse pedaço do Brasil que se trata aqui.

Mas dos anseios de um amplo contingente de assalariados, profissionais liberais e  funcionários públicos, cevados com doses maciças de medo e incerteza pela cooptação conservadora.

Inclui-se aí um pedaço significativo da juventude que vivencia  na rua e no bolso o estreitamento do espaço de ascensão que seus pais desfrutaram --ou imaginaram desfrutar um dia, mas que o capitalismo rentista não mais propiciará.

Não é um gargalo criado pelo ‘lulopetismo’, como diz a propaganda das falanges dentro e fora da mídia.

É um estreitamento estrutural dos canais de mobilidade no capitalismo globalizado.

Nele, o emprego estável, de qualidade e bem remunerado sucumbiu, desde a base industrial minguante, até o setor de serviços expandido, configurando-se um novo normal de vagas abastardadas pela provisoriedade,  a supressão de direitos e o achatamento real dos salários.

Um dado resume todos os demais: a modalidade atual de emprego que mais cresce na Inglaterra sob o domínio conservador é a que reduz o trabalhador a um insumo igual a qualquer matéria-prima. Só requisitada do ‘depósito’ (o mercado) quando a demanda assim o exige, ela receberá apenas e somente o equivalente ao tempo durante o qual seu cérebro e músculos forem diretamente consumidos pela engrenagem produtiva.

Isso não impede, na verdade guarda estreita funcionalidade com o fastígio da riqueza na ponta financeira do sistema.

Quase 2,5 milhões de crianças vivendo na antessala da pobreza absoluta na terceira maior economia europeia, compõe a síntese desse paradoxo semeado por Pinochet e Thatcher desde os anos 70/80, cuja essência consiste em libertar o capitalismo de seus contrapesos regulatórios de natureza econômica, política e social.

Deu-se o que se traduz nesse momento em um desconcertante avanço da desigualdade em escala global.

Um de seus vórtices foi exaustivamente documentado  por Thomas Piketty: a riqueza financeira não apenas cresce sempre à frente, mas em contraposição à expansão real da renda per capita.

Em sua cristalização mais recente, a gosma inutilizou o sonho sistêmico do way of life  na qual a classe média saboreou  waffles com creme de mobilidade social, do pós-guerra até meados dos anos 70.

O protocolo da meritocracia perdeu sentido.

Nenhum critério uniforme de avaliação é justo quando a igualdade de oportunidades inexiste.

Um desequilíbrio estrutural empareda agora a vida dos filhos das camadas de renda média no mesmo torniquete de impossibilidades que espreme a existência dos jovens nas periferias conflagradas.

Questões básicas como o atendimento à saúde, a qualidade do ensino, a segurança e a moradia, o emprego, o custo de criar um filho sem sistemas públicos eficientes, o amparo à velhice dos pais mas também o anseio por dignidade, reconhecimento e convivência pública, assumem o peso crescente de uma centralidade política carente de respostas.

Nenhum agrupamento progressista logrou de fato traduzir esse mal-estar social do capitalismo financeiro em um projeto capaz de transformar os desfavorecidos de toda a sociedade em um novo sujeito histórico.

A extrema direita navega com razoável sucesso e competência nesse vácuo, como mostra os Le Pen, na França, o Tea Party, nos EUA, e uma ampla gama de fascistas em ascensão  nos países nórdicos e do leste europeu.

A radicalização conservadora da classe média brasileira –localmente temperada pelo fermento golpista— reflete em certa medida esse mesmo caldo de cultura.

O fantasma da espiral descendente é o seu leme.

Escola pública de qualidade, transporte barato e eficiente, moradias sociais, saúde pública de reconhecida competência formaram no pós-guerra europeu um substrato de estabilidade, capaz de afastar assalariados e classe média das tentações totalitárias que a incerteza atual enseja.

O ganho de produtividade subtraído aos salários em nome da eficiência industrial era compensado pela rede de proteção coletiva, ancorada em uma tributação mais justa de todo espectro da riqueza.

A inexistência desse horizonte empurra o subconsciente da classe média a uma disjuntiva: aderir ao apartheid explícito ou regredir.

Sem falar a essa encruzilhada dos setores de renda média, será cada vez mais difícil a uma sigla progressista romper o cerco ideológico que a impede de ser ouvida pelo conjunto da sociedade.

O crescimento contagiante da candidatura do social democrata Bernie Sanders, nos EUA, que disputa com Hillary Clinton a indicação dos democratas à corrida presidencial, traz um sopro de esperança a essa equação.

O fenômeno Sanders consiste em falar aos ‘desiguais’ com uma mesma proposta: uma sociedade de serviços públicos dignos e eficientes para todos.

Os mais pobres, naturalmente.

Cerca de 47 milhões de pessoas encontram-se nessa categoria nos EUA -- uma em cada cinco crianças, no país mais rico da terra.

Mas não só a eles.

A classe média espremida pela hipoteca, o desemprego, a descrença no futuro, o desamparo diante da velhice, a humilhação familiar e individual passou também a prestar atenção as suas palavras.

Sobretudo, os seus filhos.

Nas prévias dos democratas em Iowa, Sanders teve nada menos que 84% dos votos na faixa dos eleitores entre 17 e 29 anos.

Um ponto fora da curva?

Tudo indica que não.

A juventude ‘apática’, ‘apolítica’, ‘desligada dos partidos’, ‘indiferente aos velhos paradigmas de direita e esquerda’, como diz a sociologia conveniente de Marina Silva & FHC,  que se atirou agora de corpo e alma na campanha de Sanders, é irmã histórica daquela que no ano passado, com igual entusiasmo, deu o comando do trabalhismo britânico a um velho socialista, Jeremy Corbyn

Todo o planeta pulsa a saturação da mais lenta, errática e incerta recuperação de todas as crises vividas pelo capitalismo do século XX até agora.

Desafios econômicos, sociais, ambientais e sanitários – a exemplo do aquecimento global e do zika vírus agora no Brasil— cobrarão cada vez mais respostas cuja eficácia técnica terá que repousar na repactuação política das formas de viver e de produzir, e contar com indispensável mobilização da sociedade.

Nada mais distante disso do que o fermento de preconceito, ódio de classe e desmonte do aparato público com o qual a restauração neoliberal pretende pavimentar a sua volta ao poder no Brasil.

O medo egoísta da classe média é o seu veículo.


Quem acha que não há nada a fazer sob o domínio do capitalismo desregulado do século 21, e pretende insistir no celofane da indiferenciação  programática, abraçando reformas que o mercado exige, deveria atentar para o discurso  simples e ao mesmo tempo empolgante de um sexagenário social-democrata norte-americano.

Bernie Sanders –tema do Especial de carnaval de Carta Maior--  tem algo a dizer à encruzilhada do PT, de Lula; e à do Brasil, de Dilma.


Boa Leitura

(Publicado originalmente no Portal Carta Maior)

Vais e não peques mais, PT.




Sempre há um momento de auto-crítica na vida de todo indivíduo. Depois dos 50 anos, praticamente todos os dias passei a observar quantos erros de avaliação cometi ao longo da vida. Agora não há muita coisa a ser "refeita". É torcer pela confirmação das teses espíritas, o que nos permitiriam voltar já escudado pela experiência, menos propensos a esses desatinos. Já levo comigo um livro de protocolo, sugerindo a Chico Xavier a recomendação para uma volta imediata, mesmo que ele nos convide para as aulas espetáculos do dramaturgo Ariano Suassuna que, segundo dizem, ocorrem com frequências naqueles planos. A rigor, internamente, penso que os petistas realizam uma auto-crítica sempre que se reúnem. 

É um partido que sempre foi afeito às críticas e auto-crítica.Está no DNA daquela agremiação política o debate, as discussões, as assembleias, as decisões tomadas coletivamente. Com o tempo, o PT, para não fugir à Lei de Ferro da Oligarquização, passou a negligenciar algumas dessas características e afastar-se de suas bases, assumindo alguns contornos oligárquicos, pragmáticos e burocráticos, em certa medida, tornando-se "mais do mesmo".

Admitir seus equívocos perante a opinião pública, porém, nessa conjuntura beligerante, não se traduz numa tarefa das mais agradáveis. Até porque, o outro também é cheio de erros, tem o rabo preso com isso e com aquilo, é mais corrupto e coisas assim. O que são 37 caixas de bebidas enviadas para um sítio em Atibaia, diante dos 200 milhões desviados da receita da merenda escolar do Estado de São Paulo, na gestão do tucano Geraldo Alckmin. As 37 caixas de bebidas, de fato, parece apenas confirmar o "jornalismo" daquela conhecida revista semanal. Mas, por outro lado, como afirmamos anteriormente, se esse pool de construtoras bancou a reforma num sítio supostamente de Lula, tão somente para fazer um afago ao ex-presidente, se ele aceitou, cometeu um grave equívoco. 

Não convém a um homem público receber benesses ou favores de construtoras, sobretudo quando essas construtoras estão enredadas até a medula nas denúncias de corrupção de uma estatal como a Petrobras. Na hipótese de o sítio não ser de propriedade de Lula, mesmo assim, as tais benfeitorias custeadas por empreiteiras pegaram muito mal. Aqui pelo Facebook, costumo acompanhar, com frequência, as postagens do jornalista Cid Benjamim, que exerce uma espécie de oposição de esquerda ao PT. Não concordo, naturalmente, com tudo o que ele afirma, mas, a rigor, quando diz que o PT precisa dar um boa explicação à sociedade brasileira, aí não posso deixar de concordar com ele. 

Cid se baseia - talvez nem precisasse - em três declarações de figuras proeminentes daquela agremiação partidária: o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Jacques Wagner e o atual presidente do partido, Rui Falcão. No auge do escândalo do mensalão, Lula se disse traído. Nunca declinou os nomes de quem o teria traído. José Dirceu, Antonio Palocci, José Genoíno? Dirceu, por exemplo, se encontra preso, em razão de investigações sobre aquele escândalo e, como se não bastasse, também se encontra supostamente enredado nas investigações da Operação Lava Jato.Trata-se de um homem forte do Governo Lula, com chances efetivas de ser indicado por ele para sucedê-lo. Dilma, como todos sabem, foi uma espécie de acidente de percurso. Enfim, repita-se, Lula não declinou os nomes de quem o traiu.

O ex-governador da Bahia, numa outra declaração polêmica, teria declarado que o PT se lambuzou em escândalos. Uma admissibilidade de culpa? Quem se lambuzou, seu Jacques Wagner? Num outro momento, o senhor Rui Falcão admitiu que o PT cometeu muitos erros. Quais foram esses erros, Rui? Porque não lavar essas roupas sujas em praça pública? Qual será o discurso que será usado na campanha de 2016? Não estaria na hora de realizar essa exegese? Pedindo a compreensão do eleitorado para os avanços sociais conquistado nas últimas décadas e adotar o preceito bíblico do "Vais e não peques mais".    

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Editorial: o eleitor chikungunya





Em qualquer eleição, quanto mais precipitadas, as previsões correm maior risco de não se confirmarem. Afinal, elas, as eleições, ocorrerão em Outubro e, até lá, muitas coisas podem acontecer, inclusive dentro dos parâmetros do imponderável. Mas, pelo andar da carruagem política, apenas vão se confirmando a tese de que o Partido dos Trabalhadores deverá enfrentar sua eleição mais difícil. São setores da mídia e da Justiça contribuindo para erodir o capital político de Lula, através de depoimentos, ilações, difamações, calúnias, investigações; organizações como a Transparência Internacional colocando o escândalo da Petrobras entre os maiores do mundo, abaixo apenas do ocorrido na Ucrânia; o agravamento dos problemas da economia, como uma recessão braba, o aumento do desemprego, dos índices inflacionários, achatamento do poder de compra; e, como se todos esses problemas ainda não fossem suficientes, a perda da guerra contra o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue, da Zica e da Chikungunya. Por falar no mosquito, hoje, dia 13 de fevereiro, é o grande dia de mobilização nacional contra ele. 


Neste momento difícil, recomendaria à população que redobre os esforços para combater os focos de reprodução do mosquito. Não cometeríamos aqui a irresponsabilidade de um gestor público, caso do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(PMDB), que "minimizou" o problema, argumentando que a gripe é muito mais grave. Vamos nos manter mobilizados, mas, para ser sincero, por enquanto, apenas notícias ruins. Faltam os kits de diagnóstico das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti; UPAS abarrotadas de doentes, algumas delas equipadas mas sem funcionarem, outras com suas obras interrompidas; aumento do números de óbitos causados pelas doenças transmitidas pelo mosquito; Novos anúncios de cortes no orçamento federal, previstos para março, embora se diga que não faltarão recursos para este fim. No que diz respeito às UPAS, numa demonstração inequívoca de inversão de prioridades, o Governo do Estado de Pernambuco cancelou a conclusão e o funcionamento de 05 delas, para honrar os compromissos assumidos com a construtora do elefante branco denominado de Arena da Copa.

Governo Federal, Estados e prefeituras que não fizeram o dever de casa no que concerne às ações de políticas públicas que poderiam impedir a proliferação do mosquito. A população é desassistida. Investimentos necessários para que atinjamos os níveis ideias de saneamento demorariam algo em torno de 50 anos. Com essa crise, então... De fato, o quadro é muito preocupante. Numa cidade do Rio Grande do Norte, o Secretário de Saúde do município fez uma previsão catastrófica: Até o final de 2016, todos os habitantes da cidade teriam adquirido alguma doença transmitida pelo Aedes Aegypti. 

Outro dia, na fila de um banco, conversávamos com um companheiro que, depois de apresentar aqueles sintomas conhecidos - um dos fatores que diferencia essas doenças é a incidência maior de manchas e dores nos órgãos afetados - a doutora olhou para ele e disse: você pode ter contraído Dengue, Zica ou Chikungunya. E ainda emendou: deseja mais alguma coisa? Uma colega, que esteve numa dessas UPAS abarrotadas, sem kits e sem médicos, aqui no Recife, numa sala repletas de pessoas com sintomas parecidos, ouviu de uma médica plantonista a seguinte expressão: vocês que estão com tais e quais sintomas estão "dispensados". Vão para casa, tomem bastante líquido e um determinado remédio. Já pensaram? 

Como afirmamos no início, é difícil predizer os reflexos desse endemia nas próximas eleições municipais, previstas para Outubro, mas fica óbvio, até para aquele leitor mediano, que os gestores públicos falharam feio no enfrentamento desse problema e isso se aplica a todos os entes federados. Daquela cidadezinha do interior do Rio Grande do Norte até o Palácio do Planalto, hoje governado pela coalizão petista. Todos os dias, o descaso do poder público com essa questão torna-se mais evidente. Políticas públicas de enfrentamento dos problemas estruturais foram negligenciadas, enquanto eram criados mecanismos de fomento ao crédito e ao consumo. Logo ficaria evidente a efemeridade dessas medidas, diante da proliferação de doenças como essas transmitidas pelo Aedes Aegypti. É certo que, para atingirmos os padrões mínimos de saneamento precisaríamos de 50 anos de investimentos em obras de infraestrutura. Isso coloca no retrovisor da história política do país muitos governantes ou coalizões de governo. Mas, também não é exagero afirmar, que tivemos uma década perdida nos governos da coalizão petista.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Fantasias mais curiosas do Carnaval: O iate do Lula


Vila Isabel homenageia o ex-governador Miguel Arraes





A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel prestou uma justa homenagem ao centenário de nascimento do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes de Alencar. No desfile, a Escola de Samba carioca fez questão de tratar de temas políticos espinhosos que Arraes teve que enfrentar como governador do Estado de Pernambuco, como a seca, o analfabetismo, a exploração dos trabalhadores da palha da cana. Tentei localizar um longo artigo que escrevi sobre o assunto, mas, infelizmente, creio ter sido inadvertidamente deletado. Aqui em Recife, outras Escolas de Samba também prestaram homenagens ao ex-governador, como a Gigante do Samba. Como já afirmamos em outras ocasiões, são justas as homenagens a um político que, como poucos, soube honrar a função pública, colocando o aparelho de Estado para atender, sobretudo, as demandas dos mais fragilizados socialmente. Arraes foi um político com profunda sensibilidade social.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Esse homem não pode ser candidato


'Se for é capaz de vencer; se vencer será impossível impedi-lo de assumir; se assumir pode fazer outro grande governo'

por: Saul Leblon

Heinrich Aikawa/Instituto Lula
Não vai ter golpe. A receita do impeachment secou no forno tucano. A crise mundial escancarou a fraude que atribuía ao PT o desmanche do Brasil. Dilma afrouxou a camisa de força do arrocho com dano inferior ao imaginado. Pode e deve ir além, na frente econômica e política. A reativação do CDES mostrou que é possível arrastar uma parte expressiva do PIB para fora do golpe. Não é o único broto da frente política necessária à superação da encruzilhada do desenvolvimento, mas é um passo na retomada da iniciativa para além da defensiva e da prostração.
 
O que sobrou ao golpismo, então?
 
Sobrou a última carta na mesa: decidir 2018 em 2016.
 
Significa matar, picar, salgar, espalhar partes do carisma e da credibilidade de Lula pelas ruas, praças, vilas, periferias, vizinhanças e campos de todo o país.  


 
‘Esse homem não pode ser candidato; se for é capaz de vencer; se vencer será impossível impedi-lo de assumir; se assumir pode fazer outro grande governo.’
 
Essa é a versão de hoje para o que dizia Lacerda em junho de 1950, quando tentava igualmente abortar a candidatura de Vargas à presidência da República: ‘Esse homem não pode ser candidato; se candidato não pode ser eleito; se eleito não deve tomar posse; se tomar posse não deve governar’.
 
A caçada a Lula ganhou a velocidade vertiginosa da urgência conservadora que manda às favas o pudor e as aparências.
 
É preciso capturar essa presa antes que ela retome o fôlego e o fôlego tome as ruas.
 
Vale tudo.
 
Não é força de expressão.
 
É o nome da pauta interativa que conectou as redações a um pedaço do judiciário.
 
De onde virá a pá de cal?
 
Do pesqueiro que ele frequenta? Da canoa de alumínio de R$ 4 mil reais? Do apartamento que, afinal, não comprou? De um delator desesperado? De alguém coagido pela República do Paraná, disposto a qualquer coisa para proteger familiares retidos e ameaçados?
 
Eles não vão parar.
 
A Lava Jato escuda-se em razão meritória para agir como braço partidário. O golpismo os incentiva, a mídia sanciona e se lambuza.
 
Só a rua.
 
Desfrutáveis rapazes e moças denominados ‘jornalistas investigativos’ inscrevem-se nas mais diferentes façanhas para antecipar o desfecho, antes que alguma resistência aborte o cronograma.
 
A piada venezuelana sobre a escassez de pasta de dente, divulgada como noticia pelo UOL, mostra a tensão reinante entre rigor e furor.
 
A mesma sofreguidão fez a ênfase do delator Paulo Roberto Costa em inocentar Marcelo Odebrecht transformar-se em sutil incriminação do empresário na degravação para Moro.
 
‘Isso não vem ao caso’ – diria FHC.  
 
Nenhum caso vem ao caso quando associa tucanos a eventos em que o interesse público se subordina ao apetite privado.
 
Procuradores procuram –produzem?-- febrilmente a pauta da semana, auxiliados por redações interativas.
 
A narrativa geral é adaptada ao sotaque de cada público. Desde a mais crua, tipo JN, às colunas especializadas em conspirar com afetação pretensamente macroeconômica ou jurídica.
 
A mensagem vibra a contagem regressiva em direção a ‘ele’.  
 
‘Ele’ é o troféu mais cobiçado, a cabeça a ser pendurada no espaço central da parede onde já figuram outras peças preciosas, embalsamadas pela taxidermia conservadora.
 
A sentença de morte política foi lavrada em 2005/06, quando se concluiu que pela via eleitoral Lula seria imbatível diante das opções disponíveis.
 
A partir de então seu entorno e depois o seu próprio pescoço seriam espremidos num garrote que range as derradeiras voltas do parafuso vil.
 
O assalto final será indolor à matilha?
 
Eis a pergunta política de resposta mais cobiçada nos dias que correm.
 
Depende muito do discernimento das lideranças nascidas dessa costela, e até mesmo –ou quem sabe, principalmente-  de algumas referenciadas a marcos históricos que vão além dela.
 
São hoje as mais mobilizadas.
 
Amanhã serão as primeiras atingidas, se a ‘macrização’ do Brasil for bem sucedida.
 
Acuado como está e limitado pelo erro histórico de um ciclo que promoveu a mobilidade social sem correspondente organização política, Lula é refém da avaliação que o conjunto da esquerda fizer de sua importância para o futuro da democracia social no país.
 
É tão ou mais refém disso do que do sentenciamento conservador. Neste já foi condenado.
 
Mas a rua pode salvá-lo.
 
‘Ah, mas Lula foi ultrapassado pelo avanço da luta popular?’
 
É um paradoxo: se avançamos tanto, como é que eles estão em sulforosa ofensiva por ar, terra e mar?
 
‘Culpa do PT.’
 
Na Venezuela também? Na Argentina, na Europa...?
 
Há uma recidiva da crise mundial, cuja extensão e profundidade o PT subestimou.
 
O mundo vai murchar com a desalavancagem global de múltiplas bolhas perfuradas agora pela freada chinesa.
 
Estamos a bordo de um acirramento da disputa pelo bolo mais magro urbis et orbi.
 
Nada isenta o PT e o governo dos equívocos sabidos, que o tornaram mais vulneráveis nesse momento.
 
O embate, porém, vai muito além do que imagina o bisturi que resume a equação histórica a lancetar o espaço do PT na trincheira progressista.
 
Em Portugal, uma esquerda que conseguiu maioria parlamentar, acaba de perder no primeiro turno presidencial para a direita.
 
A esquerda portuguesa resolveu ir para as urnas dividida. Cada qual inebriada de sua autossuficiência para enfrentar a desordem mundial do capitalismo.
 
Como pretendemos caminhar para 2018?
 
A pergunta vale para o governo, para o PT e para as forças que legitimamente se evocam à esquerda do PT.
 
O ciclo iniciado em 2003 tirou algumas dezenas de milhões de brasileiros da pobreza; deu mobilidade a outros tantos milhões na pirâmide de renda.
 
Foi inconcluso porque atribuiu às gôndolas do supermercado a tarefa de promover o salto de consciência que mudaria a correlação de força no país.
 
A inclusão foi tão expressiva, porém, que sob a cortina de fogo impiedosa do monopólio midiático, há quase uma década, acuado, ferido, enxovalhado noite e dia, sem espaço de resposta, Lula ainda figura como o nome que parte com 25% dos votos nas sondagens da nova corrida presidencial.
 
Aécio e Marina, teoricamente o suplantariam numa quase certa aliança no segundo turno.
 
Mas a direita sabe que não é bem assim.
 
Com acesso diário à tevê que hoje lhe é sonegada, ao rádio e ao debate num cenário econômico que dificilmente será tão ruim quanto o atual, as alardeadas dianteiras dos seus principais adversários podem derreter junto com o ‘crime’ de frequentar um pesqueiro em Atibaia, com a canoa de preço equivalente ao de uma carretilha das disponíveis nos iates de alguns de seus críticos, e com o ‘tríplex’ que, afinal, não lhe pertence.
 
Por isso é preciso liquidar a fatura agora, na janela de oportunidade entre o vácuo orgânico da militância e a incerteza relativa a 2018.
 
Em 1954, quando a direita já escalava as grades do Catete e os jornais conservadores escalpelavam a reputação de quem quer que rodeasse Vargas, a sua morte política  era comemorada por parte da esquerda.
 
O varguismo era acusado de ser um corredor aberto ao imperialismo, um manipulador das massas.
 
Vargas não era um bolchevique.
 
Tampouco detinha a representação de São Francisco de Assis na terra.
 
Era um estancieiro.
 
Não fez a reforma agrária. Nunca viveu agruras, não liderou greves, não leu Marx –perseguiu marxistas no seu primeiro governo.
 
Ao mesmo tempo, criou o salário mínimo, as leis trabalhistas, peitou o imperialismo...
 
Vargas foi o que são líderes nacionais populares de cada tempo concreto: seres contraditórios de carne e osso, exatamente por isso magnéticos na personificação de um projeto de desenvolvimento em que o vórtice selvagem do capital passa a ser domado pelas rédeas dos interesses sociais organizados.
 
Vem de Varoufakis, o ex-ministro da Fazenda da Grécia, a preciosa síntese do que está em jogo num mundo que é o avesso disso, capturado pela desregulação dos mercados: ‘Não deixar nenhuma zona livre de democracia’.  
 
Até onde a sociedade pode ir por esse caminho? Até onde a correlação de forças permitir a democratização de todas as instâncias de poder na sociedade.
 
Lula tem seu espaço nesse enredo.
 
Em abril de 1953 uma parte da esquerda brasileira considerava que Vargas não tinha mais.
 
Simultaneamente uma ciranda de ataques descomprometidos de qualquer outra lógica que não a derrubada de um projeto de desenvolvimento soberano sacudia o entorno do governo que criara a Petrobras, o BNDES e uma política de fortalecimento do mercado interno com forte incremento do salário mínimo.


O clima pesado das acusações e ofensas pessoais atingia Getúlio e sua família de forma virulenta.
 
Lutero, irmão do Presidente, era seviciado  por manchetes garrafais que o tratavam como ‘bastardo’ e "ladrão".
 
A imagem veiculada do ministro do Trabalho, João Goulart, era a de um cafajeste, um "personagem de boate".
 
Lembra algo?
 
A dramaticidade do suicídio político mais devastador da história iluminaria o discernimento popular gerando revolta diante do ódio golpista que tirou a vida de Vargas.
 
Porta-vozes da oposição a Getúlio foram escorraçados nas ruas do Rio; uma multidão consternada e enfurecida cercou e depredou a rádio Globo que saiu do ar; veículos da família Marinho foram caçados, tombados, queimados nas ruas da cidade. Para Carlos Lacerda não sobrou um centímetro de chão firme: o "Corvo" foi recolhido a bordo do cruzador Barroso, distante da costa.  



A esquerda que dispensava a Vargas o tratamento dado a um cachorro morto, teve que reinventar a sua agenda com a bicicleta andando.
 
Quase sessenta e dois anos depois do tiro que sacudiu o país, a pressão atual do cerco conservador permite aquilatar a virulência daquele período.
 
O Brasil está de novo sob o tropel da mesma cavalaria.
 
Com os mesmos cascos escoiceando a nação e reputações.
 
O mesmo arsenal para alvos e objetivos correlatos.
 
No julgamento do chamado 'mensalão', o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto de Pesquisas Vox Populi,  mensurou um pedaço da artilharia conservadora voltada contra o discernimento da sociedade.


Em apenas quatro semanas até 13 de agosto de 2012, 65 mil textos foram publicados na imprensa atacando o PT, Lula e o seu governo. 


"No Jornal Nacional, para cada 10 segundos de cobertura neutra houve cerca de 1,5 segundos negativos. 

 
Nas rádios, conectadas pela propriedade cruzada aos mesmos núcleos emissores, a pregação incessante era e ainda é mais abusada.
 
A mesma elasticidade ética reveste a ação da mídia determinada a calafetar cada poro do país  com uma gosma de nojo e prostração.
 
Persiste, enfim, o cerco ao Catete.
 
A qualquer Catete dentro do qual políticas públicas tenham buscado pavimentar mais um trecho da estrada inconclusa que leva à construção de uma democracia social na AL.
 
Desta vez não haverá tiro para alertar a esquerda brasileira.
 
Mas caberá a ela escrever a carta testamento para explicar o Brasil deixado aos que vierem depois de nós.
 
A ver.

(Publicado originalmente no Portal Carta Maior)

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Carnaval: Crise? Que crise? É hora de colocar o bloco na rua.



Não se poderia esperar outra coisa mesmo. Mesmo diante da crise, das endemias, das rebeliões, das expectativas negativas sobre o que nos aguarda daqui para frente, os políticos pernambucanos foram ao foco da folia, comemorar o carnaval com parentes e correligionários. O momento é também oportuno para antecipar as movimentações em torno do pleito municipal de 2016. Em Olinda, em possíveis declarações, o escritor Antonio Campos reafirma sua disposição de candidatar-se à Prefeitura do município, nas eleições de 2016. Não abre nem para um trator, de acordo com o blog do Jamildo. Não havia mesmo como negar. As evidências são visíveis em todos os recantos da cidade., através de sua presença física ou em outdoors. Cumprindo o seu papel, Teresa Leitão(PT) aproveitou o momento para as movimentações de praxe, acompanhando o desfile dos grandes blocos de carnaval do município. 

Se a candidatura petista dependesse exclusivamente de uma tendência observada no plano das estratégias do partido para 2016, é quase certo que ela teria a legenda para habilitar-se a administrar a cidade. Há, porém, uma aliança local do PT com o PCdoB que, embora apresente fissuras, os comunistas, ao defenderem Dilma durante essas últimas fustigações políticas, se credenciaram a sustar as pretensões dos petistas naquela cidade. Luciana Santos(PCdoB) tornou-se uma espécie de musa do anti-impeachment. É a provável candidata da legenda a suceder, mais uma vez, o prefeito Renan Calheiros(PCdoB). A recusa de alguns petistas em acompanharem a decisão da Executiva Municipal no sentido de romper a aliança com os comunistas, dimensiona o tamanho da encrenca. Teresa é uma das poucas petistas que se arriscaram a ir às ruas, diante das hostilidades frequentes a membros e simpatizantes da legenda. Corajosa a professora.

No Recife, João Paulo(PT), um possível candidato ao pleito de 2016, optou por um retiro. Bastou ele externar sua disposição em, de fato, concorrer ao pleito para provocar um freio de arrumação entre os caciques locais da legenda. O PT no Estado é muito dividido, o que não se traduz numa novidade para ninguém. Quem também acompanha a troça é o governador do Estado, Paulo Saraiva Câmara(PSB). Está em todas. No Galo da Madrugada, no Recife Antigo e até em Bezerros, onde os papangus saem às ruas nessa época do ano. Bezerros é o terceiro polo de carnaval do Estado, ficando apenas atrás de Olinda e Recife. 

Quem também optou por um retiro foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sim, naquele famoso sítio de Atibaia. A imprensa publicou algumas fotos dele, com a mão na massa, preparando alguma galinha de capoeira no fogão. Nem mesmo nesse período, os urubus deixaram de sobrevoar o sítio, realizando flagrantes aéreos e disseminando todo tipo de ilação, sugerindo, sem provas concretas, irregularidades nas reformas realizadas naquele espaço e até mesmo em relação a um barquinho de pesca adquirido por sua esposa, Mariza Letícia, pela modesta quantia de R$ 4 mil. De concreto mesmo, as inúmeras evidências de que essas empreiteiras citadas, de fato, por algum motivo, bancaram a reforma do sítio. Lula errou ao aceitar essa oferta. Observem bem que, para alguns órgãos de imprensa, além de reafirmarem que Lula é o proprietário do sítio, o que se sugere sobre essas reformas é algo bem mais cabeludo do que um simples ato equivocado de um homem público.    

sábado, 6 de fevereiro de 2016

João Paulo "pula" fora.









A presença de políticos nos grandes eventos, como o carnaval e festas religiosas, não surpreende a ninguém. Trata-se de um bom momento para se apresentarem aos seus futuros eleitores, demonstrando empatia e popularidade. O ex-prefeito do Recife, João Paulo, hoje na superintendência da SUDENE, é conhecido como um folião de mão cheia, frequentando todos os grandes eventos de carnaval do Recife, Olinda e até do interior do Estado, como os Papangus de Bezerro. Até recentemente, em entrevista concedida a um rádio local, aventou, concretamente, a possibilidade de apresentar seu nome como candidato á Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições de 2016. 

Para reforçar o pleito, até informou que já contava com apoios de caciques nacionais da legenda. Portanto, mais uma razão para a nossa surpresa quando fomos informados, pelo blog do Jamildo, de que ele aproveitará o feriado para um retiro. Salvo algum engano, trata-se de uma estratégia que deverá ser seguida pelos correligionários petistas, em função das possíveis hostilidades de que eles poderiam ser vítimas em praça pública, em pleno período momesco.