A cada nova revelação das investigações conduzidas pela Polícia Federal, ficamos mais convencidos da gravidade do problema relacionado às fraudes ocorridas no INSS. Somente no dia de ontem, 06, vieram à público uma possível caderneta com anotações de eventuais propinas pagas às autoridades públicas; a fabricação de velhinhos, através do expediente de emissão de documentos falsos para a concessão de benefícios; assim como a utilização dos empréstimos consignados não autorizados, envolvendo uma tríade de desvios que atingiam eventuais servidores públicos, empresas de concessões desses empréstimos e os sindicatos e associações na outra ponta. Somente aqui estima-se que mais de R$ 90 bilhões possam ter sido movimentados, quantia que se soma aos R$ 6, 3 bilhões iniciais, descontados sem autorização dos aposentados e pensionistas, e repassados para as "entidades".
Trata-se de um montante de desvios muito expressivo, o que passou a levanta a suspeita de envolvimento de outros órgãos da administração pública federal. No Brasil, como observava o mestre Gilberto Freyre, tudo seria possível. Até mesmo a leniência ou conivência de agentes públicos que atuam em órgãos que foram concebidos para zelar e fiscalizar sobre a utilização dos recursos públicos. Num desses momentos, através de expedientes conhecidos, afrouxaram as exigências sobre a biometria e a assinatura digital dos aposentados, o que facilitou enormemente a ação ou farra dos gatunos.
As articulações em torno da proposta de abertura de uma CPMI sobre a fraude no INSS continua a todo vapor em Brasília. Até este momento, as adesões são expressivas, até mesmo de parlamentares da base aliada do Governo. Teremos a barreira do Davi Alcolumbre pela frente, que é quem deve bater o martelo sobre o assunto ou argumentar que a sua gaveta está repleta de outros pedidos. O Presidente do Senado Federal deve pesar o ônus de sua decisão. Tem um bom trânsito junto ao Executivo, de um lado, mas a pressão da Oposição e o clamor da ruas no outro lado.
P.S.: Contexto Político: Na realidade, um historiador, Sérgio Buarque de Holanda, ao invés do sociólogo Gilberto Freyre, caberia melhor na citação neste contexto, quando ele se referia à ausência de fronteiras no entre o público e o privado no país. Uma das mais emblemáticas situações hoje desta premissa é a nomeação de esposas de governadores e ex-governadores para assumirem o cargo de conselheiras dos tribunais de conta estaduais, com altíssimos salários, para julgarem as contas do marido ou de aliados.
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