pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Editorial: Recife: Charlestown é aqui?




Estava lendo recentemente uma reportagem de um jornal local sobre o que a Polícia Científica de Pernambuco encontrou num depósito alugado pela quadrilha que promoveu o espetacular assalto à sede da empresa de transporte de valores, Brinks, localizada no bairro da Estância, Zona Oeste da cidade do Recife. Lá estão listados todos os itens que uma operação dessa natureza requer,como munições, armamentos, gasolina, maçaricos,mapas do local, máscaras de gás, coletes,fardamentos e até botas supostamente do Exército Brasileiro. Até aqui tudo muito normal. O estranho mesmo é que não tenha sido encontrado nenhum vídeo com o título Atração Perigosa, estrelado nos cinemas por Ben Affleck, onde ocorrem cenas espetaculares de assaltos a bancos, retratando nas telas fatos recorrentes do bairro americano de Charlestown, na cidade de Boston, onde, em décadas passadas, existia uma incidência assustadora de assaltos às instituições bancárias. 

Nessas quadrilhas, sempre existe a figura de um "fio desencapado", aquele sujeito que, por maiores que sejam as recomendações dos líderes mais experientes do grupo, acaba cometendo algum deslize que facilita o trabalho de investigação da polícia. Sempre há. Isso parece inevitável. Em tempos idos, no assalto ao Banco Central aqui do Recife, pouco tempo depois um dos participantes cometeu um erro primário: Entrou numa loja e renovou toda a mobília de sua residência, comprando à vista, em dinheiro vivo, o que chamou a atenção do gerente, que comunicou o fato à polícia. Naquele que é tido como o maior assalto a bancos de todos os tempos no país - e o segundo do mundo - me refiro ao do Banco Central do Ceará, onde foram subtraídos mais de R$ 160 milhões, a despeito do zelo de uma operação minuciosamente planejada, os fios desencapados também estavam por lá, cometendo deslizes que permitiram à Polícia Federal chegar a alguns dos seus executores, embora a quantia que foi reposta aos cofres públicos, comparada ao montante roubado, seja irrisória. Algo em torno de R$ 20 milhões. 

No caso do Banco Central do Ceará talvez possamos falar não de um, mas de alguns "fios desencapados". O motorista que dirigia a tal cegonha com carros cheios de dinheiro, não era do bando. Fora contratado e não escondia seu nervosismo. A Polícia Federal já o monitorava para tentar chegar à quadrilha, mas a PRF o interceptou na parada de um posto de gasolina, o que abortou a intenção de se chegar ao grupo através dele. Havia algo em torno de R$ 6 milhões no interior dos carros transportados pela cegonha. Alguém deixou cair um cartão com um número de celular nas escavações do túnel, o que levou a força tarefa da Polícia Federal a rastreá-lo, chegando a um cidadão que se escondia na periferia de Fortaleza. Através de um grampo, a PF tomou conhecimento de um encontro entre eles e deu o bote, prendendo-os e recuperando mais R$ 12 milhões. Como a quantia foi bastante expressiva, despertou muita cobiça, inclusive entre facções de bandidos rivais e membros da própria corporação policial. As extorsões tornaram-se frequentes neste caso. 

Faz pouco tempo, no bairro do Janga, em Paulista, ocorreu um assalto com esses requintes hollywoodiano. Um carro-forte que fazia recolhimento de dinheiro na agência do Banco Itaú, foi assaltado por homens fortemente armados, encapuzados, portando metralhadoras e fuzis. O assalto chegou a ser filmado por populares que transitavam pelo local. Prematuro afirmar que se trata de gente da mesma quadrilha que teria assaltado o escritório da Brinks. Em todo caso, na esteira do descontrole que estamos presenciando na área de segurança pública do Estado, os crimes contra a vida e o patrimônio estão alcançando índices assustadores. Somente neste mês, 479 pessoas foram assassinadas, o que dá um média de 15 pessoas por dia. Os crimes contra o patrimônio - incluindo aqui os assaltos ou explosões de caixas eletrônicos - já somam 10.691. Se uma média de 15 pessoas são assassinadas por dia no Estado, por outro lado, são raros os dias em que não se tem notícias de assaltos a bancos ou carros-forte, além explosões de caixas eletrônicos.

Com sotaques do Sul ou Sudeste, o fato concreto é que temos quadrilhas especializadas em assaltos a bancos atuando no Estado. A inércia e a tibieza no sentido de adoção de algumas medidas preventivas - e investigativas - permitirem que essas quadrilhas se consolidassem no Estado. Somente um trabalho de inteligência minucioso será capaz de reverter esta situação, permitindo que o Estado retome o terreno, desbaratando essas quadrilhas. Pouco importa agora culpar o Governo Temer - agora é Temer, porque já foi Dilma - acerca de um cuidado maior com as nossas fronteiras ou sobre a acessibilidade de explosivos de uso exclusivo. Certamente também não teremos a solução do problema apenas acrescentando o termo "segurança pública" ao antigo Ministério da Justiça. O fato concreto é que ficamos vulneráveis às ações dessas quadrilhas especializadas, que elegem suas praças de atuação consoante alguns requisitos, entre os quais as facilidades em suas atuações. Quando foi mesmo que o Estado desbaratou a última quadrilha especializada em assaltos a bancos que atuavam no Estado? Faz algum tempo. 

No filme Atração Perigosa, o "fio desencapado" foi uma mulher feita refém que tornou-se amante de um dos membros do grupo. O ator Jeremy Renner, que faz o papel do chefe do grupo, aconselha - em vão - ao amigo Ben Affeck a afastar-se da jovem. Quem está apaixonado comete muitas bobagens e não seria diferente com ele. Envolto numa paixão, investigado pelo FBI e acossado pelos amigos, ele acaba cometendo erros que são fatais para o grupo. No caso dessa quadrilha que assaltou o escritório da empresa Brinks, por enquanto, nós só temos o "sotaque". É muito pouco. É quase nada. Será que Charlestown é aqui?


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Editorial: O grave momento da segurança pública no Estado de Pernambuco. (e no Brasil)

Madrugada de terror na Zona Oeste do Recife

O novo comandante da Polícia Militar, coronel Vanildo Maranhão, tomou posse ontem, dia 20, em solenidade realizada no Quartel do Derby, o quartel-general da corporação militar. Atualmente, o Governo do Estado vem adotando a seguinte estratégia: mudou os atores que comandavam a Polícia Militar e a Polícia Civil; concedeu, embora sob protestos, aumentos salariais escalonados para a PM e o Corpo de Bombeiros, aumentou o valor das gratificações por jornadas extras; e endureceu o jogo, dando provas que adotará - aliás já está adotando - medidas duras contra as lideranças do movimento, assim como policiais que adotarem práticas tidas como de insubordinação. Pelo andar da carruagem política, percebo que chegou o momento de serenar os ânimos e abaixar as armas, sem aqui entrar no mérito do pleito da categoria, que possivelmente são justos, mas o Estado, diante da grave crise de financiamento da máquina pública, não pode atender.  

No Espirito Santo já são mais de mil policiais respondendo a inquéritos, sob pena de afastamento da corporação e até prisão. Naquele Estado, não se chegou a nenhum consenso. O Estado apenas jogou com o perdão aos aquartelados ou amotinados e uma possível ponderação sobre algum reajuste - daqui a quatro meses, se as finanças da máquina permitirem. Neste sentido, mesmo entendendo que talvez as condições ideais ainda não tenham sido atingidas, em Pernambuco, não se pode dizer que não houve algum avanço. Nesses momentos bicudos, de instabilidade política e índices intoleráveis de insegurança pública, a prudência recomenda uma conciliação e não o conflito. 

Quem acompanha o nosso blog, sabe que não fazemos aqui a defesa do Governo Paulo Câmara. Sobretudo em se tratando de questões de segurança pública, um dos pontos nevrálgicos do seu governo desde o momento em que o Pacto Pela Vida começou a desandar, ali em meados do ano de 2013. Não teríamos nenhum motivo para sair em defesa dessa oligarquia política que ora governa o Estado de Pernambuco. Ocorre, no entanto, o entendimento de que segurança pública é coisa muito séria e não pode ser pensada de outra forma. A tendência a um endurecimento por parte do ente estatal no enfrentamento dessa questão foi levantada por aqui em editoriais. Salvo melhor juízo, há militares do Corpo de Bombeiros detidos, assim como lideranças das associações. Há, aqui no Estado de Pernambuco, "dispositivos" que foram instaladas deste as manifestações das Jornadas de Junho e que ainda não foram "desativados". 

Por aqueles tempos idos, Pernambuco e o Rio de Janeiro foram os Estados que adotaram medidas mais duras - e até excepcionais - no enfrentamento das mobilizações de rua organizadas pela juventude. Lembro de até artigos nossos - publicados em sites nacionais - abordando o problema. A rigor, ali começava um processo de desestabilização da normalidade democrática que culminaria com o golpe institucional que afastou a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Eles até tentam disfarçar, mas o momento político é um dos mais delicados do país. Em Ciência Política, para efeito de análise, sempre costumamos dividir os militares entre moderados e linha-dura. Não vejo como deixar de enquadrar o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Carlos D'Albuquerque como um militar moderado. 

O coronel Vanildo Maranhão, por sua vez, tem sido apresentado como um "operacional". O governador Paulo Câmara foi muito criticado por ter afastado os comandantes da Polícia Militar e da Polícia Civil justamente na semana que antecede os festejos de carnaval. De fato, não seria um bom momento se tudo estivesse correndo bem na área de segurança pública. Mas, não está. Em entrevista, ele assinalou que trocaria os comandos sempre que fossem necessários, desde que as coisas não estivessem funcionando bem na segurança pública. Como o que está ruim pode piorar ainda mais, não fosse suficiente a greve branca da PM, este mês de Janeiro foram registrados 479 homicídios no Estado, um média bastante elevada. Nunca se matou tanto no Estado de Pernambuco. Isso pra ficarmos apenas nos CVLI, aquele indicador privilegiado de monitoramento do PPV. 

Na madrugada de hoje, no bairro da Estância, Zona Oeste do Recife, ocorreu um assalto cinematográfico à empresa de Segurança Brinks, onde foram subtraídos pelos assaltantes a quantia de 60 milhões de reais. Vinte homens fortemente armados - usando fuzis Ponto 50 e AK-47 ( o russo mais eficiente) - espalharam o terror na localidade, fechando ruas, atirando na polícia, ateando fogo a veículos. O governador Paulo Câmara, que interrompeu sua agenda em São Paulo, retornou ao Estado para acompanhar de perto a situação e as medidas que estão sendo tomadas. Quatro policiais militares foram feridos, mas a informação é que todos estão bem. Às vésperas do Carnaval, a oposição ao Governo do Estado na ALEPE informou que pedirá a presença - mais uma vez - de tropas federais em Pernambuco. O uso das Forças Armadas em operações de segurança pública está sendo banalizado. Isso é um péssimo indicador, sobretudo nesse momento de instabilidade política, onde os soldados e caveirões passam a ser saudados pela população aos gritos de guerra de torcidas organizadas, como ocorreu no Espírito Santo. Como disse antes, nada sugere ampliar as divergências entre os atores em litigio. O momento é de diálogo.   

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Русские вернулись. Добро пожаловать!

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Um artigo publicado pelo professor da UFPE, Michel Zaidan Filho, é o campeão de acessos aqui no blog, desde a sua fundação. "O sentimento de náusea do mundo político pernambucano" alcançou a cifra de 50 mil acessos. Este artigo viralizou nas redes sociais e não é raro ser acessado quase todos os dias. Como os artigos do professor Michel Zaidan sempre alcançam uma fiel audiência, isso faz dele o maior colaborador do blog, o que muito nos honra. Um artigo recente do mestre, O Fim da História, sobre a proposta de retirada desta disciplina no contexto da reforma do ensino médio em curso, desde que foi publicado, já se aproxima dos três mil acessos. Somente, hoje, um domingo, dia não muito favorável à blogosfera, ele já atingiu algo próximo a um mil e duzentos acessos, reposicionando os brasileiros entre os nossos leitores preferenciais. Como tenho afirmado - e mostrado através das estatísticas de acessos da plataforma Blogger - os americanos assumiram a dianteira entre os nossos leitores. Mas, provocados numa postagem anterior, os russos voltaram a nos prestigiar com a leitura de nossas postagens. No site de pesquisa escolar eles estão no topo e, neste blog de política, sua presença nas estatísticas de acessos voltaram a ser relevantes. Muito grato. Sejam sempre bem-vindos!


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Reino Unido
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O Fim da História?


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Prof.Dr. Michel Zaidan Filho
Prof. Mestrando Moisés Peixoto da Silva


Quando o “muro do Berlim” ruiu, talvez apressadamente demais, houve uma onda de euforia neoliberal que pretendeu retificar a história contemporânea, extirpando dela as páginas dedicadas à experiência socialista. Numa leitura canhestra – influenciada por Alexandre Kojeve- da filosofia da História de Hegel, apareceu um profeta nissei chamado Francis Fukuyama que prognosticou o fim da História, com isso querendo dizer que a democracia liberal e a economia de mercado eram o ponto final da evolução política e social da humanidade. Como disse então Eric Hobsbawn, aquela era uma profecia de vida muita curta, logo depois veio à guerra do Golfo e a roda da História continuou a girar. 

Agora, apareceu no Brasil um estadista Pernambucano de Belo Jardim incorporado pela deusa grega Lethe ou Lesmosyne que foi “encostado” no Ministério da Educação pelo golpe de 2016. Ele fez aprovar mais uma reforma do Ensino Médio, cuja primeira medida na condição de Encosto Chefe do MEC, através dela, foi não somente prognosticar, mas promover mesmo o fim da História, outra vez. O que tem certos políticos para acertar logo a História, quando detém um pouco de poder nas mãos? – Numa leitura freudiana, o gesto poderia ser interpretado com o assassinato simbólico dos professores de História pelo atual ministro. Lembre-se que ele manteve uma polêmica azeda com seus mestres, na época da Escola Parque do Recife, chamando-os de “subversivos”. É como se vingasse deles, agora, retirando a disciplina do currículo do ensino médio. Mas essa seria uma interpretação rasa, superficial. 

Há outra interpretação para isso: a mitológica. Ao longo da própria História, havia também os que desejam o esquecimento para por no lugar da História. Na Grécia antiga, havia os gregos que fizeram da memória uma deusa chamada de Mnemósine que se uniu a Zeus gerando nove musas, entre elas: Clio [história] com a intenção de guardar os segredos do passado, os mistérios 2 do além e os grandes feitos dos heróis, por meio do canto das musas. Desse casamento entre Zeus e Mnemósine, Ele adquire poder sobre os demais deuses do Olimpo. Sem ela, Ele estaria mais próximo das rochas do que dos homens, silencioso, insciente do passado, sempre idêntico a si mesmo, sem planos. Pouco se distinguiria dos seus antepassados. Este casamento também lhes conferia o dom da imortalidade, pois quem se torna memorável jamais morreria! Outra função importante da Deusa Memória era a seleção das informações que seriam transmitidas, por isso existe uma relação entre Mnemosyne e seu oposto Lethe ou Lemosyne que personificava a deusa do esquecimento. 

Na Grécia Antiga, Lete ou Léthê que em grego antigo literalmente significa "esquecimento" é também o nome de um dos rios do Hades. Aqueles que bebessem de sua água experimentariam o completo esquecimento. O estadista Pernambucano certamente bebeu muito das águas do rio Ipojuca que banha sua cidade: Belo Jardim ao longo de sua vida. Etimologicamente, "Ipojuca" é um termo originário da língua tupi antiga: significa "água das raízes podres", cujo sabor a gente faz de tudo para esquecer. O Rio Ipojuca é o equivalente pernambucano ao mitológico rio Lete. Ele de tanto beber e se banhar nele ficou possuído pela deusa do esquecimento; tornou-se seu adepto e por isso sua má vontade e falta de interesse pelas aulas de História da época da escola parque do Recife. Mas essa interpretação mitológica também seria insuficiente. 

A retirada da obrigatoriedade do ensino de História, no ensino médio, faz parte de um plano arquitetado pelo lobby dos empresários do ensino, interessados no aligeiramento do perfil do alunado. Para esses “educadores pragmáticos” a História não tem a menor serventia para a formação de uma força-de-trabalho barata e dócil, destinada a um mercado de locação de serviços desregulamentado. Como, aliás, a Filosofia, a Sociologia e as Artes. Para que tanta coisa (a formação humanística), quando se trata de produzir “massa de manobra” para a exploração desse capitalismo (rentista) selvagem? – Deixa para os filhos da burguesia, da alta classe média, dos herdeiros dos grandes impérios industriais, que precisam sim de uma formação integral, ampliada, de perfil crítico, inventivo. E que podem pagar – caro – por isso. É o reforço da 3 divisão social entre quem manda e quem obedece. Quem tem e quem não tem capital social, capital simbólico, capital intelectual. 

A história já foi prisioneira de inúmeras práticas discursivas. A mais conhecida é a história genealógica, de Nietzsche e Foucault. A história, como mera racionalização de uma vontade de poder ou de potencia. Mas ela não só serve para isso. A história é vida e não um cadáver embalsamado para contemplação de eruditos. A história é o domínio dos possíveis, da virtualidade, daquilo que ainda não é, mas pode vir a ser. É essa a concepção de História que precisamos. Não a história antiquária, ou a da erudição balofa e vazia. Não a história como racionalização da epopeia do vencedor. A história que está viva é a história das nossas utopias, dos nossos sonhos, dos projetos de alteridade social. Essa história nenhum avicultor poderá matar ou suprimir. Pode reescrever ao sabor de suas conveniências políticas. Mas ela sempre viverá, como ideia reguladora, a guiar o ideal de justiça, de beleza, de verdade dos homens e mulheres de boa vontade. 

Ao acabar com a obrigatoriedade do estudo da História no Ensino Médio pensam que conseguirão fazer com a maioria do povo esqueça-se das conquistas sociais das quais foram protagonistas e beneficiados através dos governos petistas que elegeram através do voto direto, apesar dos erros cometidos ao longo do seu caminho. Mas, esquecem se de que, além do fato de que a História sempre viverá e em tempo de internet, esse esquecimento que estão promovendo é um tiro que sairá pela culatra, pois, não se apaga da cabeça do povo o que se tornou memorável, quiçá lendário. 

Prof.Dr. Michel Zaidan Filho, Professor-Titular do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Prof. Mestrando Moisés Peixoto da Silva, Professor de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino de Rondônia e aluno do Mestrado em História e Estudos Culturais -UNIR/UFRO.

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Darcy Ribeiro: A inteligência mais autônoma do Terceiro Mundo

Edição do mês
A inteligência mais autônoma do Terceiro Mundo

Foto Bob Welfenson

Leonardo Boff, Isa Grinspum Ferraz e Eric Nepomuceno refletem sobre o legado de Darcy Ribeiro, vinte anos depois da morte do antropólogo


Darcy Ribeiro gostava de dizer que tinha algo em comum com as cobras. Não por ser “serpentário” ou “venenoso”, mas porque, assim como elas, havia vestido muitas peles ao longo da vida. Nascido em Montes Claros, Minas Gerais, segundo filho da professora primária Mestra Fininha com o farmacêutico Naldo, Darcy foi antropólogo, indigenista, educador, político e romancista. Em todas e em cada uma dessas peles, defendeu a salvação dos índios, a educação popular, o desenvolvimento nacional, a democracia e a liberdade. Há vinte anos, terminou a vida exausto de viver, mas “querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras”.
Como antropólogo, Darcy esteve quase uma década em campo vivendo com os índios Kadiwéu no Mato Grosso, com os Kapoor na Amazônia; entre os Karajá do Tocantins, os Kaigang do Paraná e os Xokleng de Santa Catarina. Fundou o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, e junto dos irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas trabalhou na implantação do Parque Indígena do Xingu. Por meio do convívio com esses povos, encontrou uma nova maneira de olhar para o Brasil, mas lamentava o fato de não ter conseguido “salvá-los”. “Esta é a dor que mais me dói”, escreve em O Brasil como problema, de 1995.
Como educador, defendeu a escola pública ao lado de Anísio Teixeira, organizou o primeiro curso de pós-graduação em Antropologia do Brasil, além de ser o responsável pelo projeto de criação da Universidade de Brasília (UnB), da qual se tornou o primeiro reitor em 1962. Na política, foi ministro da Cultura, chefe da Casa Civil no governo de João Goulart, vice-governador de Leonel Brizola no Rio de Janeiro e, mais tarde, senador. No governo do Rio, colocou em prática um de seus projetos mais ambiciosos, a construção de trezentas escolas em período integral, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), projetadas por seu grande amigo Oscar Niemeyer. Como senador, formulou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – conhecida como Lei Darcy Ribeiro –, que orientou a reformulação do ensino brasileiro a partir dos anos 1990.
Contemporâneo de pensadores brasileiros como Paulo Freire, Celso Furtado e Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro queria compreender a fundo a realidade do Brasil e da América Latina para então modificá-la, propor soluções, pensar em saídas. Seus livros foram publicados em quinze países, e alguns títulos, como O processo civilizatório: etapas da revolução sociocultural (1968), As Américas e a civilização (1970) e O dilema da América Latina (1978), fizeram dele um dos intelectuais brasileiros mais respeitados e influentes da América Latina na segunda metade do século 20, segundo Eric Nepomuceno. Na opinião de Antonio Candido, Darcy, “um dos homens mais trepidantes do Brasil”, ainda escreveu um dos romances mais importantes do século, Maíra (1976).
“Obras, escritos, cargos, fiz, tentei e exerci muitos. Nisto gastei minha vida. Uns poucos deles ficaram com a minha marca nos mundos que passei, enquanto passava. Um sambódromo, um parque indígena, museus, muitas bibliotecas, demasiados ensaios, quatro romances, muitíssimas escolas, algumas universidades. Não é pouco, quisera mais. Sempre quero mais […] Sou um homem de fazimentos”, foi como resumiu sua trajetória. Nesse período, no entanto, Darcy não deixou de ser alvo de críticas de setores da direita e também da esquerda, tanto por sua atuação política, quanto pela produção intelectual.
No mês que marca os vinte anos da morte de Darcy Ribeiro, a CULT convidou Leonardo Boff, Isa Grinspum Ferraz e Eric Nepomuceno a refletirem sobre o legado que o intelectual deixou ao país. Os três conviveram por algum período com Darcy e testemunharam de perto o fervilhar de novos projetos e os anseios do mineiro que, segundo o educador e escritor Anísio Teixeira, foi a inteligência “mais autônoma” que o Terceiro Mundo já viu.

LEONARDO BOFF – teólogo, escritor e professor


Por onde ando, Darcy é sempre uma referência de homem que defendeu a todo o tempo os povos indígenas, a educação e que alimentou um grande sonho sobre o Brasil, a “Roma dos trópicos”, como costumava dizer. Na minha percepção, ele não é visto tanto como político, mas como humanista, um homem de rara inteligência que pensou como poucos o destino do Brasil e da América Latina. Sua visão era sempre global. Foi uma das inteligências mais brilhantes e criativas que encontrei em minha vida.
Darcy também foi um pensador do destino da humanidade e de seu próprio destino. Discutíamos muito sobre teologia. Ele tinha saudades de Deus e me invejava, perguntava como eu podia conciliar inteligência e fé em Deus ao mesmo tempo. Antes de morrer, me dizia que queria uma conversa definitiva comigo e com Frei Betto. Eu fui ao seu apartamento em Copacabana e o encontrei já bastante debilitado pelo câncer. Fez-me ler todo o prefácio de seu último livro [Confissões], em que fazia uma espécie de balanço de sua vida lamentando que, com a morte, tudo acabaria em “matéria cósmica”. Eu disse: “Darcy, você que sempre se preocupou com os pobres, com os indígenas, com a libertação e especialmente com a educação dos mais carentes, quando tiver passado pela morte encontrará toda aquela multidão que você amou e ajudou gritando por ti. E Deus vai dizer: Por que veio tão tarde? Tive uma saudade imensa de você. E te cobrirá de beijos e de todos os carinhos”. Ele ficou muito comovido e perguntou: “Por que ninguém me falou isso antes?”
Nós nos admirávamos mutuamente, cada um em seu campo, mas juntos no mesmo sonho. Foi uma honra para mim ele ter deixado escrito que eu faria o seu sepultamento. E o fiz com palavras emocionadas pela perda de um amigo apaixonado pelo povo brasileiro.
Seu grande legado foi justamente esse, o amor ao brasileiro, mas não um amor romântico que canta as paisagens e o mar, e sim um amor ao potencial criativo do povo mestiço, de sua capacidade de invenção, criação e senso lúdico. Darcy propôs uma refundação do Brasil a partir do povo, de sua cultura e criatividade. O povo brasileiro, por exemplo, é um hino à esperança e ao futuro do país como a maior nação latina do mundo, capaz de projetar uma civilização assentada no amor, na relação fraterna, na ligação profunda com a natureza. É disso que precisamos hoje, em face do desastre em que se transformou a nossa política, sem projeto de nação, apenas um lugar de negócios e privilégios, deixando grande parte da população na miséria correndo o risco de se tornarem párias.
Com a sua morte, o país perdeu alguém que poderia dar um norte à nossa crise. Darcy teria todas as condições de sugerir soluções vindas de baixo, do povo, dos condenados da Terra, sem menosprezar as contribuições da modernidade. Ele nos deixou um imenso vazio até hoje não preenchido por ninguém.

ISA GRINSPUM FERRAZ – roteirista, documentarista e diretora cultural da Fundação Darcy Ribeiro


Não era fácil enquadrar o Darcy. Ele era um homem de ação política, um grande pensador, mas também um “fazedor” de coisas, um realizador. Durante muito tempo, foi estigmatizado pela direita e pelo poder. Seu nome não podia ser falado na Rede Globo, não aparecia nos jornais. Também a academia tinha muitos problemas com o Darcy porque ele teve um pensamento heterodoxo que não se encaixava dentro dos padrões acadêmicos. A partir de certo momento, ele começou até a ser um pouco ridicularizado e não considerado como o intelectual de primeira linha que ele era. Isso muito pelo próprio jeito de ele ser, pela liberdade com que a cabeça dele funcionava. Darcy achava importante não se filiar a nenhum pensamento que viesse de fora, que era importante ser livre para pensar o Brasil de maneira independente. Não foi filiado a nenhuma escola de pensamento, e isso não era bem visto pela academia.
Ficamos muito amigos, virei como que uma filha para ele. Enquanto ele era senador, eu ia muito a Brasília e ficava hospedada em seu apartamento. Ele já estava com metástase óssea muito disseminada, dormindo com oxigênio, quando um dia acordou gritando: “Minha filha, minha filha, venha cá, tive um sonho”. Fui até o quarto dele e o encontrei com o olhar espantado. Ele me disse: “Sonhei com uma universidade nova para o Brasil. Vamos fazer uma escola para formar professores da rede pública usando educação a distância. A professorinha do Piauí vai ter a mesma aula que a professorinha do Rio de Janeiro. O Aziz Ab’Saber pode ensinar Geografia”. Ele estava à beira da morte e sonhou com uma universidade nova para o Brasil. Ligou para o Fernando Henrique Cardoso, na época presidente, e disse “Fernando, venha almoçar em casa porque tive uma ideia”. Era esse o cara que ele era. Você não sai imune ao conviver com uma pessoa dessa generosidade.
Sua lucidez e sua liberdade fazem muita falta ao Brasil. É a mesma lucidez que Lina Bo Bardi e Carlos Marighella – que também é uma figura muito próxima a mim [seu tio] – tinham, de pensar esse Brasil com as ferramentas do Brasil, a partir da nossa história, da nossa formação e cultura. Era importante, ele dizia, haver ressonância na alma das pessoas. Isso faz falta ao nosso país.

ERIC NEPOMUCENO – escritor e tradutor


Eu me lembro de uma figura baixinha, quieta e que quando começava a falar era um vulcão. Eu devia ter uns onze anos de idade. Durante vinte e dois anos da minha vida adulta aquela figura da minha infância se tornou um grande amigo meu. Depois que papai morreu, eu o chamava de vice-pai.
Ao longo da vida você vai reunindo uma ou duas frases que são como um guia, coisas em que você acredita. Há muitíssimos anos, eu ouvi do Darcy: “Não tem jeito, seu moço. Nessa América Latina você só tem duas saídas: pode se indignar ou se resignar. Eu não vou me resignar nunca”. E ele foi absolutamente coerente com isso. Darcy era uma figura completamente inquieta. Apesar de ter um pulmão, tinha quatorze fôlegos. Acreditava no que fazia, era um visionário – no melhor sentido da palavra –, tinha um humor único, era muito vaidoso e sabia exatamente quem era.
Uma de suas quinhentas mil frases, sempre certeiras: “Se faltar dinheiro para educação hoje, daqui a trinta anos não vai haver dinheiro para construir cadeia”. Ele estava vendo o Brasil atual. Não me ocorre outro adjetivo a não ser este: visionário. Ele via o futuro. Foi sem dúvida nenhuma um intelectual altissimamente preparado, mas achava que ficar confinado na “torre de marfim” era um ato de covardia. Dizia que, se você quer mudar a realidade, precisa primeiro conhecê-la e depois participar dela. Uma coisa é observar de longe e dar palpite, outra é se meter correndo todos os riscos, perder, ganhar, errar. E Darcy jamais se limitaria a ser um intelectual contemplativo: afirmava que a academia era uma trincheira ou então não servia para nada.
Seu grande legado são os livros O processo civilizatório e O povo brasileiro, sem dúvida. Mas há um aspecto em sua vida que pouca gente no Brasil sabe, que foi o papel essencial que ele desempenhou em países da América hispânica como assessor privilegiadíssimo de Salvador Allende, do presidente peruano Juan Velasco Alvarado e como figura-chave na reforma da universidade da Venezuela, da Costa Rica, do México, e também na formação de uma geração de intelectuais uruguaios, a começar pelo Eduardo Galeano. Darcy se descobriu latino-americano no exílio [durante a ditadura militar]. Vejo muitos intelectuais de peso, hoje, referindo-se à literatura latino-americana, à música latina [como algo distante], e sempre me pergunto: E nós somos o quê? Nórdicos? Austríacos? Darcy sempre assumiu isso.
Ele foi um incendiário. Eu o tenho muito presente, sinto muito a sua falta, mas também não sei se haveria lugar para ele no Brasil de hoje, tendo em vista o que virou o cenário político brasileiro, como as instituições foram violadas, derretidas, o que virou o Judiciário, o Congresso, a Presidência da República. Sinto muita falta de uma tribuna igual ao Darcy, que estaria denunciando isso tudo com uma fúria juvenil.

(Publicado originalmente no site da Revista Cult)

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

Jean Galvão

Editorial: Archaic Farmin in Lasar Segall


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Recently, the Minister of Culture, Roberto Freire (PPS), was in Recife. More precisely in the neighborhood of Casa Forte, in the headquarters of the Joaquim Nabuco Foundation, where the assignment of a house owned by that Institution was held for MinC to use as the regional office of the organ. As far as we know, the ceremony took place normally, with no record of any incident, unlike what had happened months before, in an event at the Palácio das Campo das Princesas, where the audience present rehearsed a note to the minister during his speech. On the floor of the political carriage, the team dealing with the MinC ceremonies will have a lot of work going forward. Now, on the occasion of the delivery of the Camões Prize, at the Lasar Segall Museum, hostilities against the minister have taken place again, creating a kind of chatter between Mr. Roberto Freire and some of the audience.

Tense moment, it was natural that some improprieties should arise, since the minister spoke suddenly, nervous with the boos of the audience, feeling deeply uncomfortable with the speech of the writer Raduan Nassar - winner of the prize - who, during his speech - improperly Anticipated by the ceremonial - made harsh criticisms of the current situation of the country, not sparing even the STF of the tricks that engendered the institutional coup in the country. In Raduan's view, the Temer government is illegitimate and coup-monger, having come to power after unduly dismissing an "integrated" person from the presidency of the Republic, in reference to former President Dilma Rousseff. Raduan's speech was eminently political, exposing the wounds of the institutional crisis that we now cross in the country.

In past decades, here in Pernambuco, Mr. Roberto Freire presented himself as an illustrious representative of the left, belonging to the cadres of the Communist Party, allied with people like Francisco Julião, linked to the struggle for land. Some say that this was only a crude package, since he was appointed by the military to take on the role of attorney for INCRA, in a profound contradiction with his political militancy. These data are informed by the journalist Sebastião Nery, in a published article, which reaches enormous repercussion until today in the social networks. Once, dialoguing with me through the Twitter microblog, he clarified that he was an INCRA insolvency lawyer. Even so, his appointment to that body is strange, since exceptional regimes often do not respect the technical skills of his disciples. A good example of this was the exile imposed on intellectuals such as Joshua de Castro or Paulo Freire, who proposed a method of adult literacy that, if not aborted, would drive the country away from the disgraceful figure of 13 million illiterate adults it boasts. According to UNESCO, a shame even by the standards of the Latin American continent.

In his speech, Minister Roberto Freire was, so to speak, blunt, stating that dictatorships do not reward their disenfranchises - and possibly do not name them, even if they were approved in a public contest - and for the sake of consistency it might be prudent that Raduan Nassar Refuse the award, still granted in the Government of President Dilma Rousseff. But the worst was yet to come. In an official statement issued by the Ministry of Culture, there is explicitly an accusation of the demonstrators' attitude, calling it an attempt to "destabilize democratic regimes." See how far we've come. We, who are fighting for the reestablishment of the Democratic State of Law in the country, are accused of trying to destabilize it. Someone urgently needs to have a conversation with the ghost writer of MinC.

Charge! Paixão via Gazeta do Povo

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Charge!Aroeira via Facebook

Editorial: Índices of violence overthrow PM and Pernambuco Civil Police command


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As I was informed, the governor of the state of Pernambuco still intends to issue a note explaining the reasons why he removed, in a single pamphlet, the Military Police commander, Carlos D'Albuquerque, and the Chief of the State Civil Police, the special delegate Antonio Barros. I do not think it's necessary. Generally, this is the kind of decision you make when things are not going well. And that things are not going well, everyone knows this, starting with the population of the State, which coexists with indices of violence similar to those indexes that preceded the creation of the security policy called Pact for Life. I do not quite understand the reason why the state public authorities refuse to face the facts as they arise. There is a great compliment in accepting the fact that the guidelines that guided the creation of PPV no longer exist. The last major debate on the subject concerned, astonished, his paternity, which is another indicator of the problems. Or how we will not face them if we continue at this stage.

I do not know how the relation of the delegate Antonio Barros was with the governor Paulo Câmara, as well as within the police corporation itself. In spite of the serious crisis observed in the Military Police, the departure of its commander, Carlos D'Albuquerque, as far as it is understood, is very strenuous in the equation of the problems faced by the subordinates and in tune with the guidelines of the Palace of the Field of the Princesses. Judging from what is happening throughout the country, the problem of the Military Police is a structural problem, very difficult to solve without the participation of various actors. Much less, the failure or failure of these negotiations can be credited to this or that particular actor. What transpires - here and elsewhere - is a tendency to adopt tougher measures against the military that participate in these movements, culminating in the removal of the cadres from the corporation and even prisons. This is already observed in Pernambuco and Espírito Santo, where even the women of the squares are being hit by the measures.

In the press, some noteworthy officers of thanks went to Colonel Carlos D'Albuquerque, who leaves the command of the Military Police. It was as if he had done his job well the moment he took office, but he was being turned away because of the circumstances. As this editorial had been written yesterday, we still did not have any information, but some of them are being confirmed. Personally, D'Albuquerque had expressed interest in moving away from the PM's command, claiming personal reasons. As the real reasons for the dismissal or appointment of a person for such positions are always complicated, caution should be exercised in accepting these reasons, but in the specific case it is worth considering the reasons given by D'Albuquerque. Another suspicion that is confirmed today, 18, judging by the declarations of the Secretary of Social Defense, Angelo Gioia, is, in fact, the tendency to a "hardening" in facing the movement of the PM.

The loss of control of PPV goals has been dragging on for quite some time. The Government speaks in 2014, but, by the way, already by the middle of 2013 it was possible to perceive a certain "breakdown" in the PPV. For the opposition, this is a management problem. Concerned about the negative repercussion of the resurgence of violence in the State, Governor Paulo Câmara, as well as his political godfather in the past, has already stated that he will personally assume the coordination of the PPV. He is a candidate for re-election in 2018 and knows the weight that this theme will have in those elections. Incidentally, this has already been a theme explored by its opponents. In addition to approving the increase in military officers - who are expected to match their wages with civilian police salaries by 2018 - the governor has announced an increase in bonus for extra days, which, in effect, guards the police on the streets.

I do not know the new commander of the PM, Vanildo Maranhão, nor do I like the lessons, but I would not be surprised if someone suggested that in military jargon it could be framed as a "hard line." Here it is already registered the arrest of soldiers of the Fire Department and disciplinary processes that reach leaders of the movements. In a recent meeting, Governor Paulo Câmara was one of the signatories of a position not to forgive the military involved in these movements, usually amnestied by the Chamber of Deputies. Although the sociologist José Luiz Ratton assumed the role of systematizer of PPV, the Pact for Life was a collective work, built through numerous seminars, listening to state and non-state actors and actors involved in the issue of public safety. Ratton, for example, was an academician specializing in public safety, pinned from the gym to PPV. The seriousness of this problem of public security in the country - the crisis in the prison system is only one of its aspects - and the need to rethink the ways to prevent and deal with crime - as well as the form of punishment - In a society of a prison culture like ours - perhaps it is time to resume these study seminars.