terça-feira, 15 de novembro de 2022
Editorial: Lula precisa aprender com os erros do passado.
Acabei de ouvir uma análise sobre a viagem de Lula ao Egito. Não sobre o evento em questão, mas sobre a forma com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou até lá, através de uma carona cedida por empresário, num jatinho particular, quando poderia ter optado em viajar num jato cedido pela Força Aérea Brasileira. Lula já faz jus a uma série de benefícios concedidos pelo Estado Brasileiro. Sinceramente, aqui tenho que concordar com o jornalista Josias de Sousa,do UOL, de que não ficou bem para um presidente eleito manter esse padrão de relação com determinados empresários, como se ele não tivesse aprendido nada com o passado. Será que ele já esqueceu das encrencas que representou seus finais de semana no sítio de Atibaia?
Os adversários já levantaram uma série de informações sobre o tal empresário, como um rolo na justiça, que envolve um senador da República; alguns meses de prisão efetiva; financiamento de campanhas, inclusive com doações ao Partido dos Trabalahores. Salvo melhor juízo, o atendimento aos pacientes de sua empresa de saúde foi muito criticada durante os trabalhos da CPI da Covid-19. Lula poderia muito bem ter evitado essa artilharia pesado do bolsonarismo, logo no início do futuro governo, faltando poucos dias para a posse.
O mesmo ocorre em relação a alguns nomes cogitados para assumirem ministérios, alguns deles envolvidos, no passado, nas famosas planilhas da Odebrecht. Como observamos num dos editoriais, até mesmo alguns simbolismos poderiam ser evitados, como a possibilidade de um outro tesoureiro assumir a direção nacional da legenda, com a saída da atual presidente, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann. Existe um estigma envolvendo os tesoureiros do PT. Nesta nova oportunidade, o partido precisa manter um absoluta distanciamento de qualquer vínculo com as teses que alimentaram as narrativas do antipetismo.
Editorial: 133 anos do golpe republicano.
A referência histórica - sobretudo nesses dias turbulentos que o país atravessa - a um golpe militar contra a monarquia, ocorrido há 133 anos atrás, talvez não seja muito feliz. Mas, de forma coerente e objetiva, na realidade, os períodos de normalidade democrática no país - quando comparados aos períodos de quarteladas - por incrível que possa parecer, sugerem uma exceção à regra. Expressões como a usada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, de que a democracia entre nós nunca passou de um grande mal-entendido, infelizmente, na prática, tem muita consistência com a nossa realidade.
Agora, por exemplo, depois de uma eleição realizada no escopo de um processo democrático limpo, transparente, com resultados definidos e candidatos eleitos e homologados, surgem essas manifestações públicas no sentido de tumultuar a ordem e a normalidade democrática e, pasmem, pleitear, de forma irresponsável e inconsequente, uma intervenção militar. No dia hoje, aliás, espera-se uma grande mobilização de bolsonaristas insatisfeitos com os resultados das urnas, dando um péssimo exemplo ao país sobre a incapacidade de convivência com as regras do jogo de uma democracia representativa.
O que se pode fazer? Como evidenciamos no editoral de ontem, algumas dessas ações precisam ser tratadas não junto às autoridades republicanas, mas num consultório de psiquiatria. Mas vamos em frente. Há dois anos atrás, este editor, juntamente com a família, fez uma visita a casa museu onde nasceu o Marechal Deodoro da Fonseca, na cidade do mesmo nome, em Alagoas. Foi a primeira missão, antes mesmo de conhecer a famosa praia do Francês, que fica na cidade. No Museu, fomos acompanhados por um guia que nos deu detalhes da constituição da família, de pefil militar, cuja matriarca constumava comemorar - de tanto orgulho - quando algum dos seus filhos morriam em combate.
A casa, com eiras, beiras e tribeiras - como se pode observar na foto - guarda vários objetos que pertenceram ao marechal, inclusive o famoso penico, um vaso utilizado para se fazer as necessidades fisiológicas. Esses utencílios, improvisados, eram trazidos da Europa com manteiga, originalmente. Se servia da manteiga e jogava-se fora o cocô. O contrário já seria complicado. No quintal, que dá para a lagoa Manguaba, ainda tivemos a oportunidade de saborear as lindas amoras que estavam no período de safra. Na hora do almoço, fomos para o polo gastronômico de Massagueira, saborear o tradicional Sururu no Capote, um prato típico da gastronomia alagoana. Atitude cívica, gente, é respeitar as regras do jogo democrático. Jamais sair às ruas pedindo intervenção militar, sobretudo num país de conhecidas fragilidades institucionais.
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Editorial: A besta fera do fascismo anda solta e precisa ser contida.
Manifestamos aqui a nossa irrestrita solidariedade aos ministros do STF, atacados por manifestantes em Nova York, depois de participarem de um evento. Um episódio triste e lamentável, que poderia ter sido evitado se nós não estivéssemos chegado a esses níveis de radicalismo, fomentado por grupos de orientação fascista e autoritária, ao longo dos anos. As ruas, as praças, os muros dos quartéis, dentro e fora do país, esses grupos estão à solta para adotarem seus métodos conhecidos, que consiste em ações de intimidação, práticas persecutórias, além de disseminação de mentiras, com o propósito de atingirem seus objetivos vis.
Enquanto as redes sociais mostravam vídeos assustadores dos ataques físicos e verbais ocorridos em Nova York, aqui no Brasil circulavam vídeos com conteúdos ou mensagens não memos apavorantes, irresponsavelmente produzidos por atores sociais com forte influência sobre a opinião pública. Pelo andar da carruagem política, estamos longe de uma expectativa de arrefecimento natural deste movimento, uma vez que estão sendo conduzidos por uma sanha de natureza patológica. Como estamos mostrando desde o domingo, os exemplos não nos deixam mentir, tampouco sugerem algum exagero no diagnóstico. Há pedidos de intervenção no Exército Brasileiro - uma vez que a instituição ainda não decretou uma intervenção militar, conforme insanamente solicitada -; associação entre Jesus Cristo e o coronel Brilhante Ustra; uma atriz conhecida sugerindo que as casas e os estabelecimentos comerciais dos petistas sejam identificados - a mesma prática nefasta utilizada pelos nazistas, em épocas passadas, para identificar os judeus - empresário sugerindo aos colegas para parar o Brasil até o STM tomar alguma medida. O grau de esquizofrenia e irresponsabilidade é grande.
Aqui em Pernambuco, como informamos pela manhã, o Centro de Formação Paulo Freire, da UFPE, localizado na cidade de Caruaru, amanheceu pichado com figuras de suásticas nazista. O país atravessa um momento bastante delicado. Em 1964, os grandes jornais brasileiros foram negligentes - quando não coniventes - com o Golpe Civil-Militar de 1964. Em visita aos Estados Unidos, o dono de um deles pediu abertamente um golpe militar no país. Depois, já aqui no Brasil, soube-se que carros de reportagem de um outro jornal eram fornecidos para utilização dos agentes da repressão. De um deles, li dois editoriais duros, condenando o que está ocorrendo no país. Outros tantos, estão mais preocupados com o valor da blusa da Janja ou com a carona que Lula pegou no jatinho para sua viagem ao Egito. Somos maioria contra o fascismo, mas é preciso que essa maioria seja mobilizada.
Editorial: The Game is over. O bom senso que vem da caserna.
Quando quebrarem o sigilo dos cem anos, talvez possamos entender melhor as reais motivações que levaram alguns generais a se afastarem do governo do presidente Jair Bolsonaro. Naturalmente que se trata de força de expressão, pois tais segredos de alcovas não precisariam ser tão bem guardados. Mas, já seria possível tratarmos aqui de uma provável insatisfação desses auxiliares em razão dos rumos tomados pelo governo. Não deixa de ser emblemático, por outro lado, as afinidades desses generais com princípios democráticos, legalistas, republicanos e constituicionalistas.
O general Otávio Rego Barros, que já ocupou o cargo de porta-voz do Planalto, acaba de publicar um artigo no jornal O Globo, onde reafirma suas crenças no processo democrático, do país, concluindo que o jogo acabou, sendo, portanto, aconselhável recolher as bandeiras para as próxmas eleições previstas para 2026. Há, aqui, naturalmente, uma digressão estilísitica livre do editor do blog, mas, no geral, o que se compreende do seu artigo é que, de fato, o jogo acabou. As declarações de um outro general, Santos Cruz, seguem o mesmo raciocínio do colega, pautando-se sempre pelo irrestrito respeito à Constituiçao do país.
Cumprimentamos o general Rego Barros pelo artigo, que vem a público num momento onde o país, infelizmente, ainda enfrenta problemas com os resultados de uma eleição legalmente concluída, com os eleitos devidamente homologados. Isso é bastante grave, posto que significa que tais atores não possuem - ou não desejam - conviver num ambiente de democracia representativa. Uma marcha da insensatez - e, porque nçao dizê-lo - da irresponsabilidade que pode conduzir o país ao agravamento de uma crise institucional que poderia, pelo bom senso, ser evitada.
Editorial: As hostilidades contra os ministros do STF
Penso que ainda podemos. Portanto, devo contestar por aqui um pronunciamento do ex-presidente Michel Temer solicitando que tanto Jair Bolsonaro quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva façam um apelo aos seus apoiadores para que cessem as manifestações de protesto. Acreditamos haver aqui um equívoco, uma vez que apenas os partidários do presidente Jair Bolsonaro é que resolveram não aceitar os resultados das urnas. Salvo melhor juízo, não há mobilizações lulistas. Havia, no início dos bloqueios das estradas, a possibilidade da utilização de integrantes do MTST no sentido de ajudarem a desobstruir as rodovias federais.
Uma solução infeliz, logo descartada pelo bom-senso. Neste sentido, não faz sentido pedir algo aos militantes petistas, que agora se preparam, aí sim, ordeira e pacificamente, para ocurparem Brasília, mas seria para consolidar um ato democrático, ou seja, assistir a posse de um presidente eleito soberamente pelo vontade do povo, através de um processo limpo, democrático e republicano, conduzido pela Justiça Eleitoral. É exatamente essa tal condição política que alguns bolsonaristas radicais insistem em não aceitar, a julgar pelos mobilizações que estão ocorrendo em todo país e até no exteior, como essas hostilidades verificadas em Nova York contra os ministros do STF, que estavam na cidade, participando de um evento.
Todos eles foram atacados, com palavras de ordem e xingamentos, em especial o ministro Alexandre de Moraes, que se tornou uma espécie de guardião de nossas instituições democráticas. É preciso muia serenidade e paciência para suportar essas hordas enfurecidas e enlouquecidas, a julgar por suas proposições estapafúrdias, conforme comentamos no dia de ontem. Aqui em Pernambuco, conforme relatamos no post anterior, ocorreu um atentado preocupante ao Centro de Formação Paulo Freire, da Universidade Federal de Pernambuco.
Editorial: Atentado contra o Centro de Formação Paulo Freire.
Até mesmo a sua merecida condição de Patrono da Educação Brasileira foi duramente atingida. Isso, hoje, não seria mais o problema, pois seu status de um dos maiores pensadores da educação brasileira sera, obviamente, reestabelecida no futuro Governo Lula. Aliás, um dos maiores pensadores da educação no contexto internacional, posto que seu trabalho e suas reflexões sobre o fenômeno educacional ganharam relevo pelo mundo afora. Paulo Freire iniciou seus trabalhos no SESC de Casa Amarela, bairro onde nasceu aqui no Recife.
Ficaria conhecido por um método de alfabetização de adultos baseados na realidade do educando, capaz de alfabetizá-lo em poucos dias, como ficaria evidenciado pela experiência de Angico, no Rio Grande do Norte. Pelos idos da década de 60 do século passado, estava previsto pelo Governo João Goulart que o método seria aplicado para erradicar o analfabetismo no país. Estava no escopo das Reformas de Base, que a nossa elite política e econômica entronchava a cara. Como já é história, logo veio o Golpe Civil-Militar de 1964 e tudo foi por água abaixo, permancendo até hoje a nossa condição de um dos países com os maiores índices de analfabetismo.
Estima-se uma população de 10 milhões, concentrados, sobretudo, em regiões como o Norte e o Nordeste, com um recorte de gênero e raça, inclusive. Em sua maioria são mulheres negras e envelhecidas. Hoje amanheci estarrecido com as cenas de pichações, fruto de um atentado perpetrado contra o Centro de Formação Paulo Freire, mantido pela UFPE, em Normandia, Caruaru, Pernambuco, destinado à formação de estudantes e pesquisadores em educação popular. A casa da coordenadora foi incendiada e as paredes do centro amanheceram pichadas com suásticas nazistas. Tempos sombrios que passamos a viver no país.
Editorial: O PT prepara sua sucessão. Um conselho: Evitam o estigma do "tesoureiro".
Ao longo dos anos, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann tornou-se uma pessoa da estrita confiança do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assumiu a direção nacional do PT sob as bençãos do morubixaba petista. Durante o período em que Lula esteve preso na carceragem da Polícia Federal no Paraná, Gleisi continuou exercendo esse papel privilegiado de interlocutora do petista, favorecida, entre outras coisas, pela geografia. Gleisi residia na cidade. Há uma perfeita sintonia entre ambos. Gleisi vem do núcleo parlamentar da agremiação e hoje exerce um papel estratégico na equipe de transição,sendo até recentemente elogiada por Lula, que reconheceu suas credenciais de boa articuladora política.
Agora, com a composição do novo governo, a deputada está sendo cotada para assumir um ministério, abrindo a corrida pela sucessão na agremiação. Por enquanto, nenhum martelo batido e prego virado na composição do ministério de Lula. Nem mesmo para a área de economia, apesar das cobranças constantes do mercado. O feeling deste editor arriscaria, quando muito, a indicação da Marina Silva para o Ministério do Meio-Ambiente. Flávio Dino para Justiça ou Segurança Pública, pois, segundo dizem, ele teria pretensões de ser indicado para uma das vagas para o STF. Depois, tem capital político para exigir alguma coisa no governo.Fora disso, é tudo especulação.
Para não se expor a má vontade de alguns formadores de opinião- principalmente entre aqueles que torcem o nariz para a agremiação - recomendaríamos que o partido evitasse, tanto quanto possível, indicar para cargo relevantes pessoas que já estiveram envolvidas em denúnicas - fundadas ou não - de malversação de recursos públicos. Uma dessas pessoas está entre os mais cotados para assumir a legenda, o que expõe o partido aos seus opositores. Outro problema é o estigma que pesa contra os tesoureiros da legenda, o que recomendaria, prudentemente, não indicar para a ssumir o comando do partido alguém que tenha saído dessa condição. É epenas um conselho, mas evitaria os desgastes desnecessários.
domingo, 13 de novembro de 2022
Editorial: Atores relevantes a até partidos politicos poderiam estar apoiando o movimento golpista.
Realmente, estamos vivendo dias difíceis. Aqui pelo blog, nos sentimos muito à vantade em definir essas mobilizações dos bolsonaristas como um movimento de caráter golpista. Na realidade, eles sequer omitem esse caráter golpista, na medida em pedem, explicitamente, uma intervenção militar. Quem acompanha esse movimento está apoiando atos antidemocráticos, posto que questionam o resultado de uma eleição já realizada, limpa, com resultados apresentados e homologados. Não se justificaria nenhum protesto, exceto por uma razão exdrúxula, a de não aceitar as regras do jogo. A expectaiva é que o movimento se arrefeça naturalmente, vencido pelo lucidez e o bom-senso.
Mas, nas entrelinhas, as instituições democráticas já construíram o consenso de que seus organizadores e financiadores precisam ser identificados e punidos. O mais escandaloso de tudo isso é que hoje começaram a ser identificados alguns atores que exercem papel social relevente, que poderiam dar um bom exemplo de conduta republicana e democrática, apoiando tal movimento. Ontem, o jornal O Estado de São Paulo taxou a postura do Presidente Nacional do PL como a de uma oposição eleitoreira e golpista.
Hoje, recebo a informação de que a Corregedoria do Ministério Público mandou apagar as postagens de uma procuradora que estariam estimulando essas práticas antidemocráticas. Nos escaninhos, a informação de que há a suspeita de que um senador da República, eleitor recentemente, estaria usando laranjas para a aquisição de sanitários para dar suporte a este movimento. O caboclo sempre teve essa tara golpista, desde longas datas. Não surpreende, portanto. Não podemos mencionar por aqui, mas existiria, igualmente, dois partifos políticos que também estariam dando apoio logístico a tal movimento.
Editorial: O papel de Janja no futuro governo Lula.
Desde a campanha que já havia sido provocados alguns questionamentos acerca do papel exercido pela socióloga Rosângela Lula da Silva, a Janja, esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia de ontem, através de um programa transmitido pela Globo News, canal por assinatura, tal questão atingiu o ponto máximo quando a jornalista Eliana Cantanêde, no momento de sua fala no programa, deu a entender que o papel de Janja deveria se limitar às quatro paredes, o que logo foi interpretado - pelos próprios companheiros - como uma postura equivocada, quando não de cunho machista e misógino.
Não temos elementos para afirmar qual a dimensão disso, mas é inegável a grande desenvoltura da socióloga em todas as fases de campanha e, porque não dizê-lo, nesta fase inicial de governo. Não sabemos, igualmente, qual o papel que Lula estaria reservando para a sua esposa no proximo governo, mas, pensando bem, talvez não seja ele quem irá definir isso, mas a própria esposa, que nos parece um mulher competente, ativa, cheia de disposição para o trabalho, com potencial para dar uma grande contribuição ao futuro governo. Portanto, tais qualidades precisam ser bem-utilizadas. Ao fim e ao cabo, quem irá definir o seu papel como esposa do presidente é a própria Janja. Chega de machismo.
Veja-se, por exemplo, a esposa do atual presidente, Jair Bolsonaro, Michele Bolsonaro. Na última campanha - não entendo porque os bolsonaristas ainda não estão convencidos de que isso já é coisa do passado - ela cumpriu um papel estratégico e fundamental junto a dois nichos eleitorais: o eleitorado evangélico e o eleitorado feminino. No primeiro nicho nem tanto, mas no segundo o presidente construiu algumas arestas que precisavam ser aparadas. Embora ele tenha perdido as eleições, ela exerceu com denodo tais missões, o que levou alguns analistas a admititem que ela construiu a capilarirade política necessária para tentar, por exemplo, viabilizar uma carreira solo, o que não seria de todo improvável.
Editorial: Esquizofrenia bolsonarista.
sábado, 12 de novembro de 2022
Editorial: Brasil: Uma futura democracia iliberal?
Em nossa época de estudante, os professores sempre definiam nossa experiência democrática como uma democracia liberal. ao longo dos anos, a despeito das dificuldades em consolidar a nossa experiência democrática, o conceito - pelo menos a nível da academia - sempre continuou sendo muito recorrente. Logo depois, fomos percebendo - com grande pesar - que, dada às nossas condições sociais, culturais e históricas - tornava-se muito improvável consolidar uma experiência democrática no país. É imenso o hiato entre democracia política e democracia substantiva.
Enquanto escrevo este texto, 33 milhões de brasileiros e brasileiras estão enfrentando a condição de insegurança alimentar, temos um presidente eleito preocupado com essa questão e, do outro lado, um mercado que não dá a mínima para este fato, unicamente preocupado com os ajustes fiscais. Os assédios para que o futuro presidente defina logo as regras do jogo são imensos, capaz de derrubar a bolsa e levantar a cotação do dólar às alturas. O mercado representa os interesses dessa elite abjeta e insensível, considerada como a mais perversa do mundo, forjada num processo escravagista de 365 anos.
Li, com muito atenção, o artigo escrito pelo cientista político Fernando Schuller, no site da revista Veja, onde ele envereda pelo tema das fake news, da censura prévia e, naturalmente, sobre a germinação de um eventual modelo de democracia iliberal no país, tendo experimentos como os modelos de gestão pública da Turquia e a Hungria como referências. Como bem descreve esta realidade, citado pelo autor, o historiador Sérgio Buarque de Holanda já alerta sobre os perigos dos vícios do processo de colonização portuguesa - indefinindo as fronteiras entre o público e o privado - inviabilizaram a democracia entre nós. Somos a sociedade dos laços familiares, do familismo amoral, dos favores. Onde um indivíduo deve favor ao outro, a impessoalidade inexiste.
Há uma frase dele muito emblempatica - frequentemente utilizada por este editor, ao tratar deste assunto - onde ele define bem isso: No Brasil, a democracia sempre foi um grande mal-entendido. Há a questão também dos tapinhas nas costas, dos acordos entre amigos. O sociólogo Gilbeto Freyre argumentava que fomos uma sociedade constituída sob bases sadomasoquistas, o que também seria algo que poderia interditar o nosso processo democrático. Curioso que Gilberto mantinha divergências com o professor Sérgio Buarque de Holanda, mas, numa dessas visitas ao Estado de Pernambuco, Sérgio experimentou o famoso licor de pitangas oferecido pelo sociólogo e tudo ficou dissipado.
Este editor concorda com boa parte dos argumentos apresentados pelo cientista político Fernando Schuller, que sempre tem uma preocupação de subsidiar seus argumentos ancorados em boas bases teóricas e empíricas. Talvez apenas num ponto possamos discordar. Nesses modelos de democracia iliberais, o ovo da serpente está no poder Executivo e não no Judiciário. O modelo que mais se aproxima do Brasil é o da Hungria, principalmente o modelo implantado por Victor Orbán.
Editorial: Sejemos afirmativos como Jesus Cristo.
Outro dia, li, com muita atenção, um artigo que se propunha a esclarecer alguns fatos que estavam intrigando este editor: Como pode pessoas que se dizem professar a fé cristã abraçarem teses fascistas? O artigo, escrito pelo professor Durval Muniz de Albuquerque, foi bastante elucidativo e didático sobre o tema, o que nos provoca a voltar a discuti-lo por aqui num outro momento. Tempos difíceis. Ultimamente, seja em relatórios oficiais ou em simples postagens nas redes sociais, as pessoas estão com uma tendência a se colocarem de forma inigmática, ambígua, suscitando possibilidades de interpretações distintas sobre o que escreveram.
O relatório do tal órgão de defesa afirma que não observaram qualquer possibilidade de fraudes, mas, longo em seguida, uma nota reafirma que há, sim, a possibilidade de o sistema ser violado. Por outro lado, as manifestações violentas, de caráter eminentemente antidemocráticas são condenadas, mas há como que uma possível interpretação de salvo conduto para os manifestantes, ao advogar que o direito de manifestar-se deve ser assegurado, sem esclarecer que tais manifestaçãos deverm ser pacíficas, ordeiras, dentro da legalidade, sem por em risco a ordem pública. Manifestações bloqueando estradas, ameaçando o direito de ir e vir, claramente de caráter golpista, não entram neste cipoal.
Aproveitamos para reler, também, uma autobiografia do cineasta russo Seguei Eisenstein. É curioso como o autor de "O Encouraçado Potemkin' traz muitas referências bíblicas em sua "Memórias Imorais'. Numa delas ele faz referência a uma passagem bíblica, onde se recomenda honrar pai e mãe para ter seus dias prolongados aqui na terra. Muito sabiamente, ele acaba concluindo que a recompensa não seja, assim, necessariamente, um bom negócio. Se ele vivesse no Brasil de hoje, possivelmente ficaria ainda mais convencido dessa premissa. As ambiguidades permanecem.
Estava lendo uma postagem da jornalista Dora Kramer, em sua conta do Twitter, onde ela afirma: "Estava tudo relativamente tranquilo até Lula entrar em cena". Margem para mais de uma interpretação. Já que o Eisenstein faz referênfias às sagradas escrituras, recomendo aqui seguir o exemplo de Cristo até no vernáculo. Suas frases não permitiam margem para dúbias interpretações, não sugeriam o gerúndio, tampoupo propunha alguma indecisão. Ou era ou não era. Preto no branco. Em resposta ao Dimas, o bom ladrão que se arrependeu, ele foi categógorico:Hoje mesmo estarás comigo no paraiso. Sobre o pedido de cura do cego de Jericó: Vê. A tua fé de salvou.
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
Editorial: A nova "ninhada" tucana que deve salvar o partido.
O PSDB iniciou bem sua trajetória política. Este editor ainda se recorda de ter participado de uma reunião dos seus fundadores, aqui no Recife, com a presença de Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, além de outras aves de menor plumagem. Bons nomes do campo político, já cansados da militância junto ao MDB. Era um partido bem arrumado, com programa, bons quadros e projeto para o país. Tinha o verniz da intelectualidade, dada a capilaridade no meio acadêmico de sua principal liderança, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Houve um momento de ascenção - com a chegada de FHC à Presidência da República - e, naturalmente, um desgate posterior ao longo dos anos,culminando com as brigas internas pelo controle da legenda. Acabou caindo em mãos erradas, sob o controle de políticos que não honraram as tradições iniciais da legenda, perdendo espaços de poder e expondo suas vísceras em praça pública, como nessas últimas querelas para a definição de um nome que poderia disputar a Presidência da República pelo partido, que acabou não ocorrendo.
Nessas eleições, perdeu São Paulo - o seu ninho mais emplumado - mas conseguiu eleger três novos governadores que já estão sendo indicados para assumirem o comando da legenda. Eduardo Leite, pelo Rio Grande do Sul, Raquel Lyra, pelo Estado de Pernambuco, e Eduardo Riedel, pelo Mato Grosso do Sul, todos eleitos no segundo turno das eleições passadas. O mais cotado é o governador do Rio Grande do Sul, uma liderança que consegue unir a nova e a velha guarda da Manqueira tucana, como o atual presidente, Bruno Rodrigues e o senador cearense Tasso Jereissati. Está sob a responsabilidade dessa nova ninhada, resconstruir o partido. Os eleitos estão se entendendo bem. Eduardo Leite esteve em Pernambuco para trocar experiência com a governadora Raquel Lyra sobre o trabalho das equipes de transição.
P.S.: Contexto Político: Não mencionei no texto, mas um outro político que pode e deve ser enquadrado nesse nova "ninhagem' tucana é o paraibano de Campina Grande, Pedro Cunha Lima, que concorreu ao Governo da Paraíba nas últimas eleições. Pedro é Deputado Federal com uma particiapação bastante ativa nas comissões da Câmara dos Deputados que estão relacionadas à questão da educação.
Editorial: A importância da pesquisa qualitativa na definição da estratégia de um candidato.
O grande publicitário e marqueteiro João Santana usou de toda a sua experiência e competência para tentar cavar um "lugar ao sol' para o seu candidato, Ciro Gomes(PDT) nas eleições presidenciais, sem muito sucesso, como se sabe. Tornavam-se evidente a mudança de calibragem do discurso do postulante em diversos momentos da campanha. No final, ele resolveu radicalizar, praticamente conclamando os eleitores a usarem do bom senso necessário no sentido de não cometer o grave equívoco de substituir um erro por outro, para não entrarmos nas "delongas". Nunca deixamos de afirmar isso por aqui. Ciro tinha o melhor projeto para o país, mas foi moído pela centrífuga da polarização da quadra política brasileira.
Homem público íntegro e aplicado em estudar os problemas e apontar soluções para o país, o pedetista merecia uma chance, que, infelizmente, não foi oferecida pelos eleitores. Enfim, o candidato tinha excepcionais qualidades, mas a estratégia de comunicação não conseguiu convencer os eleitores dessa condição. Ou talvez não seja nem isso. O eleitor até poderia reconhecer essas qualidades no candidato, mas algo o afugentava de votar no cearense. Por fim, batendo forte nos dois principais competidores, ele definhou ainda mais na reta final de campanha.
Isso dá bem a dimensão da importância das pesquisas qualitativas na definição das estratégias de campanha do candidato. Salvo melhor juízo, Lula contou com uma excelente equipe para conduzir sua campanha política. Pesquisas qualitativas, inclusive, foram muito utilizadas. Segundo matéria publicada no site de Veja, assinada pelos jonalistas Ricardo Chapalla e Larrissa Borges, uma delas pode ter sido fundamental para a sua vitória nas urnas. No primeiro momento, Lula utilizou bastante o termo "genocida".
Salvo melhor juízo, o jurídido da campanha de Jair Bolsonaro até tentou sustar o uso do termo, sem muito sucesso, pois o STF teria autorizado. Pesquisas internas, no entanto, observaram que o termo "fascista" seria melhor "assimilado' pelos eleitores e a campanha passou a bater nesta tecla, produzindo alguns dividendos eleitorais para o petista. Mais um ponto positivo sobre a importância das pesquisas qualitativas numa campanha eleitoral.
Editorial: Os chiliques "Seletivos" do mercado
O mercado tem uma lógica toda própria, toda especial. Governante bom é sempre aquele que não oferece risco à sua lógica de reprodução do capital ou acumulação de lucro. Em tese, a lógica não é orientada por injunções políticas, salvo quando tais políticas possam atrapalhar os seus planos. Grosso modo, certamente, este foi um dos problemas dos regimes de economia planificada introduzidos na antiga URSS e em países do Leste Europeu. A ausência, por exemplo, de um nome que possa ditar as diretrizes das políticas econômicas no próximo governo já produziram muitas inquietações.
As declarações do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então, fez a bolsa desabar e o dólar subir ao teto. Para o mercado, a responsabilidade fiscal está muito acima - em escala valorativa - do que a responsabilidade social. Lula, um governante sensível aos problemas sociais do país, fez apenas tal questiomanto ético. Desde a campanha que o petista replica neste assunto, observando que se fala muito em teto disto, teto daquilo e se esquece de mencionar o teto da fome, o teto do teto, o teto da miséria, o teto da insegurança alimentar, que já colocou no limbo mais de 33 milhões de brasileiros, transformados em prioridade número um do seu governo.
No período pré-leitoral, quando a irresponsabilidade fiscal correu solta, sem freios, as maiores críticas não vieram do mercado, mas dos formadores de opinião e do parlamento, o que evidencia a "seletividade" do mercado, ou seja, os chiliques de hoje estão relacionados, sobretudo, às possibilidades de se fazer "besteiras" para tentar atender às demandas do andar de baixo da pirâmide social. Trata-se de uma tarefa hercúlea tentar mudar a mentalidade de nossa elite escravagista.
Editorial: Lista de "petistas' - tempos inquisitoriais.
Há pouco dias, depois de uma fracassada greve geral anunciada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, circulou um vídeo nas redes sociais mostrando um estabelecimento comercial fechado - a dona era bolsonarista - e as empregadas trabalhando normalmente, inclusive afirmando que haviam votado no Lula. Não acompanhamos os desdobramentos do episódio, mas chamou a nossa atenção, no dia de hoje, uma suposta "lista de petistas', elaborada por grupos bolsonaristas, com propósitos políticos.
O exemplo citado em uma matéria da BBC diz respeito a uma comerciante que, supostamente acusada de ter trabalhado para o Lula, e que teria, como punição, o boicote ao seu estabelecimento. Em tese, o fato não supreende a este editor. Estamos vivendo tempos nebulosos no país, onde sementes protofascistas já germinaram e estão produzindo seus efeitos. O bolsonarismo não respeita - tampouco se submete - aos resultados das urnas, o que implica dizer que não possuem qualquer zelo pelo regime democrático.
Ainda no dia de ontem, suas hordas - que ainda continuam na frente dos quartéis - promoveram um escarceu nas redes sociais em torno de um relatório sobre a integridade das urnas eletrônicas, produzido pelo Ministério da Defesa. O ambiente é pantanoso, como se sabe, sobretudo em razão do grau de contaminação bolsonarista das forças de segurança e repressão do Estado. Lula precisará montar uma estrutura bastante eficaz e eficiente de contra-espionagem para se precaver contra eventualidades.
E, por falar na lista de petistas, há um nome que não pode ser esquecido; "Deus', que ontem deu uma forcinha à normalidade democrática destelhando barracas de acampamento dos bolsonaristas. Ao fim e ao cabo, vamos seguir o exemplo das funcionárias da tal bolsonarista, que resolveram continuar trabalhando normalmente, enquanto a dona optou por aderir a greve e fechar o estabelecimento. Como vaticinou o ministro Alexandre de Moraes, Presidente do TSE, "acabou". 2026 tem mais!
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel Lyra bastante festejada na Câmara dos Deputados
Antes de mais nada, gostaríamos de nos desculpar com os leitores pelo fato de ter "nomeado' o pai da futura governadora Raquel Lyra para a sua chefia de gabinete. Penso que tal "nomeação" poderia se configurar num caso de nepotismo. Em todo caso, certamente ele continuará exercendo - mesmo que informalmente - o papel de conselheiro de sua herdeira política. E, por falar Raquel Lyra, a coluna do jornalista Cláudio Humberto informa que a jovem governadora foi muito bem recepcionada na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde esteve reunida com a bancada pernambucana.
Ao que sabe dos escaninhos da política, ela já teria definido algumas prioridades, que incluem a conclusão da Adutora do Agreste e a recuperação de ativos de infraestrutura, como a BR 232. Recursos para investimentos na área de saúde também estão entre as suas prioridades. É curioso que, nem mal inciou os trabalhos da equipe de transição e já surgem críticas na crônica política pernambucana acerca dos nomes que ficaram de fora, assim como os nomes que ficaram de dentro. Sobre os nomes que ficaram de fora da equipe de transição, seria uma eventual injustiça cometida, pois trata-se de antigos e abnegados colaboradores da família Lyra.
Sobre os nomes que ficaram de dentro, se diz que são pessoas ligadas à sua administração na cidade de Caruaru, no Agreste Permabucano,portanto, com uma visão limitada sobre a complexidade que se apresenta no que concerne a gerir os negócios públicos de um Estado como Pernambuco, que exigiria do gestor uma lente bem mais ampliada. Já se fala até numa espécie de "República de Caruaru". Pela nossa experiência de convivência com alguns integrantes da família Lyra, posso afirmar que, de fato, eles são bastante leais com os colaboradores. Os nomes anunciados são, em sua maioria, de assessores diretos ou ex-secretários da ex-prefeita.
Essas equipes de transição, por obterem informações privilegiadas sobre a engrenagem da máquina e por contarem com a confiança de quem os indicou, quase sempre, assumem cargos importantes no futuro governo. É um prenúncio de que o indivíduo entrou na bolsa de apostas. Não será, surpresa, portanto, que, concluída a transição eles possam aparecer na lista de indicados para cargos na máquina pública. Lula tem sido bastante elogiado pela composição de sua equipe de transição, pois escolheu nomes de grande espertise em suas áreas específicas, contemporizou os partidos que deram sustentação à sua campanha, além de optar por nomes de tarimba política reconhecida, a exemplo do ex-governador Geraldo Alckmin. De fato, Raquel poderia ter alargado mais esse campo de escolhas. E isso seria muito simples. Bastava ter prestigiado seus apoiadores, a exemplo do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que já demonstrou que tem um grande potencial político e técnico. É aqui que entraria os sábios conselhos do "mentor" João Lyra.
Editorial: Petrobras e Banco do Brasil não serão privatizados.
Crédito da Foto: Ricardo Stucket |
Em termos de especulações sobre a formação do ministério do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva, talvez o mais prudente seja mesmo aguardar a publicação no Diário Oficial da União, confome aconselhava o ex-governador Dr. Miguel Arraes. Apesar da cotação altíssima, hoje ele deixou transparecer que não cogita o nome do vice, Geraldo Alckmin, para assumir algum ministério em seu governo. Este editor, por exemplo, embarcou nas especulações de que o ex-governador, em razão do seu perfil moderado e conservador, estaria com a cotação em alta para assumir o Ministério da Defesa. Até para o Ministério da Economia o nome do ex-governadro está sendo lembrado.
Concretamente, o que se pode afirmar, pelas movimentações iniciais, é que Alckmin não será um vice decorativo. Lula, certamente, tem grandes planos para ale. Até recentemente, Lula visitou a sala onde está se reunindo a sua equipe de transição, onde, em respostas aos questionamentoa da imprensa, já antecipou que não irá fatiar a Petrobras, tampouco privatizar o Banco do Brasil. Não falou sobre os Correios, mas bem que ele poderia reavaliar o processo de privatização da empresa, que vem gerando lucros extraordinários em seus balanços.
A fase do vamos privatizar tudo já foi superada. Alguns serviços podem e devem ser geridos pelo Estado, sem prejuízo para a população. Nos países desenvolvidos ocorre um processo de reestatização de alguns serviços básicos, como água, transporte, por exemplo. na privatização do Aeroporto dos Guararapes, aqui em Pernambuco, quem adquiriu o controle acionário foi uma estatal do setor, que mantinha esses serviços em seu país de origem. Dizem que sempre melhora os serviços com a gerência da iniciativa privada, mas nem sempre é assim. Aqui, por exemplo, aplicou-se um contingenciamentos de gastos, que implica no usuário ficar nas salas de espera sem ar-condicionado.
Editorial: Ovos de codorna e moelas de frango no cardápio do Palácio
Na ausência de bons folcloristas, talvez este editor enverede por produzir alguma coisa escrita sobre o cardápio dos palácios governamentais. Essas licitações trazem alguns itens e informações interessantíssimas, dignas, realmente, de registro, quando não preocupações sobre como está sendo gasto o dinheiro de nossos impostos. Embora nas aeronaves oficiais sejam distribuídos os lanches tradiconais, um determinado ministro da educação tinha um cardápio extra, adquirido a preço de ouro, fornecido por uma empresa particular. Existiam alguns itens curiosíssimos. Quando indagada a esse respeito, a empresa que havia vencido a licitação e fornecia o tal cardápio justificou informando que se tratava de um cardápio especial, no sentido de melhorar o desempmeho do ministro. Detalhe: O desempenho do cara na pasta não era dos melhores.
No Estado vizinho, numa dessas licitações, foram adquiridas 470 latas de farinha láctea para o consumo de apenas um mês. Haja mingau e desvio de recursos públicos. O cardápio dos militares, por exemplo, é uma prova insofismável dessas esquisitices, posto que incluia a aquisição de milhares de comprimidos de Viagra e até próteses penianas. Num dos debates da última campanha o presidencial, o mandatário que autorizou a tal compra informou ao adversário que o azulzinho também seria utilizado para tratar de problemas na próstata, ao que o interlocutor questionou: e só os militares tem problema na próstata? Tal cardápio também envolvia os tradicionais camarões Vila Franca - o cinza é para os pobres - lagostas, picanha argentina, pescada amarela e coisas do gênero.
Um blog local traz informações sobre alguns itens em processo de licitação para aquisição pelo Palacio, onde se incluem a famosa moela de galinha. Até bem pouco tempo a moela de galinha não tinha tão prestígio assim. Pelo visto, seu status melhorou bastante. Da galinha, só entrava mesmo o coração. É um tira-gosto bom porque não tem colesterol, mas traz sérios problemas, por elevar as taxas de ácido úrico no organismo. De qualquer forma, a aquisição do ovo de codorna indica que estamos sendo, pelo menos, fiéis às nossas tradicões.
Editorial: Nesses momentos difíceis que o país atravessa, sejemos consequentes.
Nem sempre estamos bem inspirados, mas, com base em alguns recordações dos tempos de estudante, escrevemos um bom artigo sobre as relações civis-militares no país. Melhor seria dizer civis-militares e militares-militares no país, principalmente depois do processo de bolsonarização pelo qual as instituições brasileiras foram envolvidas. Como disse antes, em razão dos lugares de fala, preferimos mantê-lo em stand-by. Nossa cnclusão é a de que há ministros falando mais pelo governo do que pelo órgão que representam, o que se constitue num grande problema.
Neste sentido, aconselhamos imensamente uma reflexão produzida pelo jornalista José Casado, em sua coluna do site da revista Veja. Fazia tempo que não líamos um artigo tão lúcido envolvendo a questão dos militares no país, principalmente sob o bolsonarismo. Antes de qualquer outra coisa, o texto de José Casado é um texto "consequente', "responsável" que nos levam a refletir sobre o estágio a que chegamos depois de uma política deliberada de erosão de valores democráticos e cooptação ao autoritarismo, envolvendo as instituições militares.
O novo governo terá um trabalho imenso no sentido de colocar as coisas no lugar. O momento que vivemos no país exige que sejemos absolutamente consequentes. Não seria de bom alvitre semear discórdias, oferecer munições para os adeptos de atos antidemocráticos, gru pos insensíveis ou impermeáveis aos valores de uma democracia representativa. É muito salutar saber que os militares já estão se sentindo bastante incomodados com o assédio das vivandeiras, que não fazem a menor ideia sobre o que significa um regime de exceção.
Editorial: Relatório dos militares apenas confirma a integridade das urnas eletrônicas.
Esse frenesi dos partidários do presidente Jair Bolsonaro no sentido de encontrar algum elemento capaz de por em dúvida a lisura das últimas eleições presidenciais está se transformando numa paranóia, causando grandes malefícios à sociedade. É impressionante como esse tal relatório das Forças Armadas foi explorado pelas hordas bolsonaristas no dia de ontem, quase que antecipando as suas conclusões sobre o processo de votação eletrônica. Escrevemos um longo texto sobre a bolsonarização da máquina pública brasileira - envolvendo o aparato de segurança e repressão do Estado -mas preferimos mantê-lo em stand by para não alimentar ainda mais essas polêmicas.
No artigo, chamávamos a atenção para a necessidade de se entender as circunstâncias e o perfil dos militares que manifestaram interesse em acompanhar o processo de apuração das urnas eletrônicas. As teorias conspiratórias dos bolsonaristas, que foi alimentata, pelas redes sociais, através de canal da Argentina, ontem foi parar no Japão, onde um especialista respeitado em segurança cibernética aponta eventuais problemas com as urnas eletrônicas. Ao fim e ao cabo, o relatório do Ministério da Defesa apresentado ao TSE sobre a integridade das urnas eletrônicas, constituiu-se numa grande decepção para os bolsonaristas, pois apenas confirmam a lisura, a integridade, a transparência da votação eletrônica, apontando eventuais pontos que podem vir a ser aprimorados.
A resposta do TSE ao Ministério da Defesa foi de uma diplomacia e de uma urbanidade singulares, mostrando a serenidade e o equilíbrio com que o ministro Alexandre de Moraes vem conduzindo os trabalhos naquela Corte. Nossa torcida é que essa marcha da insensatez dos bolsonaristas seja arrefecida e voltemos à normalidade. Vamos enrolar as bandeiras de campanha e empunhar as bandeirinhas para a torcida da Seleção Brasileira, que estréia na Copa do Catar, no dia 24.
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
Editorial: Deixem o Lula trabalhar, vivandeiras do caos.
Infelizmente, mesmo depois dos exemplos contundentes de que as Instituições da República não mais tolerariam a disseminação de fake news, atentados contra a democracia - aqui implícito o não acatamento dos resultados das eleições - as vivandeiras do caos continuam ativas pelas nas ruas ou nas redes sociais, com suas pregações antidemocráticas. Eles estão ansiosos por um relatário das Forças Armadas sobre a fiscalização da votação eletrônica, insinunado que tal relatório possa trazer dados que porventura ponham em xeque a integridade de sua segurança. Nada disso é verdade. O relatório das Forças Armadas devem confirmar apenas aquilo que já se sabe, ou seja, eleições, limpas, transparentes, com resultados já confirmados, consolindando nossa democracia representativa.
Antes de mais nada, gostaria de informar que o termo "vivandeiras do caos", foi cunhada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, numa referência às vivandeiras de quartéis, em épocas anteriores. O futuro governo ja está se inteirando da situação, montou uma excepcional equipe de transição, que vem trabalhando a todo vapor para retomado do país à normalidade. Jair Bolsonaro, por sua vez, já teria fechado um acordo com o PL, onde ocupara o cargo de presidente de honra da legenda, terá salário, advogados e uma mansão em Brasília.
Está mais do que na hora dessa trupo do barulho voltar para casa, retomar seus afazeres e dar um tempo para a nossas instituições. Mais eles insistem. Há informe que dando conta de que existe a possibilidade de novos bloqueios nas estradas federais. Felizmente, também nos chegar a informação de que as autoridades competentes já teriam em mãos os nomes dos empresários que estariam financiando essas vivandeira do caos e os seus atos antidemocráticos.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
Editorial: Quem é o general Benjamin Arrola?
Algumas pessoas caíram numa pegadinha que andou circulando pelas redes sociais, no dia de hoje, dando conta de que um certo general Benjamin Arrola teria informações - naturalmente falsas - sobre as urnas eletrônicas. Os internautas, obviamente, aproveitaram a deixa para fzer piadas em torno do nome do falso general, assim como sobre suas conclusões. Nesses tempos bicudos que enfrentamos, onde narrativas mentirosas estão se propagando como verdades absolutas, convém tomas todos os cuidados possíveis antes de propagar uma informação. Há algumas informações que, quando falsas, podem ser corrigidas, esclarecidas, mas outras que deixam sequelas inimagináveis, danos irreparáveis às pessoas e instituições.
A divulgação dessa fake news ocorre um dia antes de as Forças Armadas anunciarem que apresentarão seu relatório sobre as urnas eletrônicas ao TSE. A rigor, a expectativa é a de que não há nada a apresentar que possa por em dúvidas a autenticidade das informações ali colhidas, cujos resultados já foram sacramentados e os eleitos trabalhando a todo vapor em com suas equipes de transição. Segundo algumas analistas, se houvesse algo mais sério o escarcéu já seria grande. Provavelmente maior do que este que esta sendo observado, que beira a um estágio de esquizofrenia coletiva. Há algumas cenas surreais, como a que mostra militantes bolsonaristas abraçados a um muro de um quartel, rezando sabe-se lá para quê ou para quem.
A conclusão mais óbvia deste cenário é que o bolsonarismo produziu um dano terrível ao país. Precisaremos de um bom tempo de convivência democrática, republicana, civilizada para cicatrizarmos essas feridas. Quando tudo isso começou, em 2013, quem poderia imaginar que viesse a atingir tais proporções?
Editorial: A caixa-preta do serviço de informações das polícias estaduais
Durante esses últimos anos de governo, as polícias foram irremediavelmente contaminadas pelo bolsonarismo. Ontem este editor tomou conhecmento de que o fururo governo Lula irá se cercar de todos os cuidados possíveis em relação às polícias federais, pois existe o temor de que informações importantes possam ser deletadas. Outro perigo é o de que "desavisadamente" informações do futuro governo possam chegar em "mãos erradas'. Ao determinar que as polícias estaduais, militares e civis, enviem, dentro de 48 horas, todas as informaçãos sobre quem está organizando, liderando ou patrocinando os atos antidemocráticos, o ministro Alexandre Moraes, Presidente do TSE, parece cercar-se dos mesmos cuidados, evitando que essas informações sejam postas nas "nuvens" e os culpados deixem de ser punidos.
Num regime de democracia consolidada, as polícias deveriam atuar de forma convergente com princípios republicanos e consoante o perfil de polícias de Estado, nunca de governos A ou B. Seria a situação ideal, mas nem sempre possível num país com as nossas características. Neste último governo, entaõ, o grau de intervenção nas polícias federais ficou bastante evidente. Li um artigo escrito por um delegado federal informando que o estrago foi grande. Corre-se o risco de "instrumentalização" do aparato policial para atender a interesses políticos, perseguir desafetos e coisas do gênero.
O bolsonarismo penetrou facilmente nessas instituições, em razaõ de uma permeabilidade natural, pois trata-se de um governo com um perfil militarista, que colocou militares em postos chaves da burocracia, estabelecendo nexos ainda mais orgânicos entre a chamada comunidade de informações. Uma das primeiras medidas de Lula, já anunciada, é um processo de desmilitarização do aparelho de Estado. São 08 mil militares, segundo informações mais atualizada. Nunca convém esquecer que as polícias militares é fruto do período mais duro do regime militar instaurado no país com o golpe civil-militar de 1964.