pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Editorial: Os "fios soltos' no enredo da fuga dos prisioneiros de Mossoró.



As investigações inciciais conduzidas para apurar as circunstâncias da fuga dos prisioneiros Deibson Cabral e Rogério Mendonça, do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, apontavam, no início, para indícios fortes no sentido de uma eventual facilitação, como as luzes apagadas no momento da fuga, por exemplo, assim como desleixo com as ferramentas deixadas no pátio por uma empresa que estava realizando obras no presídio. Não se pode afirmar muita coisa sobre as câmaras, uma vez que, em sua maioria, elas não estavam funcionando há muito tempo. 

O relatório final, no entanto, aponta apenas para falhas humanas, sem indícíos de uma eventual facilitação por parte de agentes públicos. Alguns foram punidos, outros estão respondendo a inquéritos administrativos. Embora os presos tenham sido apresentados como "renegados" pela facção à qual pertencem, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, hoje se sabe que eles contaram, sim, com um efetivo apoio do grupo, que pode ter sido facultado desde o momento em que empreenderam fuga da unidade prisional, a julgar pelo número de prisões efetivadas desde então.  

A tese disseminada de que eles teriam sido jurados de morte pela própria facção, portanto, sugere ter sido algo plantado. Na realidade, a fuga, segundo se especula, teria sido muito festejada pela facção, apresentada como um troféu, que poderia estimular ações do tipo pelos presídios do país a fora, como, de fato, representou, se considerarmos o número de fugas de unidades prisionais apenas nesses primeiros meses do ano. 

Agora a Polícia Federal empreende esforços no sentido de identificar quem teria dado suporte financeiro à operação de fuga dos dois prisioneios, que transcorreram 1.600 km desde a unidade prisional, em Mossoró, até a cidade de Macapá, no Pará, onde foram recapturados. Além de um fuzil, vários aparelhos celulares foram apreendidos com o grupo, o que deve facilitar as investigações. Com o desfecho do caso, talvez o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se sinta mais à vontade em prestar maiores esclarecimentos numa eventual audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 4 de abril de 2024

Editorial: Fugitivos da penitenciária de Mossoró são recapturados no Pará.



Num trabalho de inteligência realizado pelas polícias Federal e Rodoviária Federal, que monitoravam o comboio que dava fuga aos detentos que fugiram do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, finalmente eles foram localizados e recapturados no Estado do Pará, há 1600 KM do local onde se deu a fuga. São lances cinematográficos, meus caros leitores, principalmente pelo grau de complexidade em torno de se estabelecer o que são informações verídicas e o que são informações "plantadas", com o objetivo claro de confundir a polícia e, de quedra, também a opinião pública. 

Até recentemetne foram anunciados os dados e relatórios finais sobre este caso. Foram mobilizados, durante um mês, algo em torno de 600 homens, a um custo superior a dois milhões de reais. Embora tenham sido presas pessoas que estariam ajudando na fuga dos detentos, foi descartada, a partir de um determinado momento, a possibilidade de os presos contarem com algum tipo de facilitação, ainda na prisão, envolvendo agentes públicos. Ocorreram falhas e essas serão punidas, com o afastamento de alguns pessoas e a instauração de um inquério administrativo disciplinar que envolve dez agentes públicos. 

Agora vem as contravérsias em torno do assunto. A princípio se dizia que os fugitivos haviam sido abandonados pela facção à qual pertencem, o Comando Vermelho, e estariam jurados de morte, uma vez que condenados em razão de tentarem criar uma dissidência no grupo. Pelo andar da carruagem policial, não teria sido bem assim. Eles teriam recebido apoio do grupo, ao ponto de contarem com "batedores" que davam suporte e apoio logístico aos fugitivos. Seis pessoas foram presas na abordagem da polícia. Outra questão complicada era a informação, segundo dizem da própria força-tarefa que estava envolvida na recaptura dos prisioneiros, de que eles ainda estariam em Mossoró, provavelmente escondidos em alguma caverna. Neste caso, sobrou até para os cães farejadores, que não podem se defender.  

A recaptura dos presos, por razões óbvias, foi muito comemorada pelas autoridades do Governo, principalmente no Ministério da Justiça, hoje sob o comando do ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que comunicou ao presidente Lula o ocorrido. Mal sentou na cadeira de Ministro da Justiça e Lewandowski já se deparou com a crise provocada pela primeira fuga de um presídio de segurança máxima no país. Tomou as providências atinentes ao caso, mas a recaptura dos fugitivos seria uma questão de honra. Mantendo o simbolismo, dizem até que eles devem voltar para o mesmo presídio. 

Editorial: Dengue "fora de controle" para 47% dos brasileiros, segundo pesquisa do Poder Data.



Somente este ano a dengue já atingiu 2 milhões de brasileiros, dos quais 680 foram a óbito. São os maiores índices, de acordo com a série histórica que se realiza desde 2000.  O Governo Lula enfrenta um gravíssimo problema por aqui, principalmente quando os levantamentos indicam que o Governo gastou menos do que o Governo Bolsonaro no enfrentamento dessa epidemia. Para completar o enredo nefasto, aponta-se para um recrudescimento da Covid-19, em sua variante mais grave, levando a óbito outros tantos brasileiros. Os números da Covid-19 não estão sendo divulgados, mas a situação também é crítica. 

Este foi um dos temas mais nevrálgicos da última reunião ministerial do Governo Lula. Segundo dizem, sobrou sermões, choros e beijos de consolação. A questão da vacinação da população é bastante frágil, uma vez que não há vacina, exceto uma japonesa, em pequenas doses, muito mais compatível para uma população adolescente. A vacina que está sendo desenvolvida pela Fiocruz ainda está em fase de testes. Aqui abre-se uma avenida para as lapadas que o Governo vem enfrentando de setores da oposição mais radical, como os bolsonaristas, que não deixam de fazer suas comparações à época mais nebulosa da epidemia de Covid-19. 

Uma porteira escancarada, em ano de eleição, o que é mais grave, e já acendeu a luz amarela no Planalto. Vamos admitir por aqui que alguma variável talvez tenha fugido ao controle do Ministério da Saúde em relação a esta epidemia da dengue. 47% da população brasileira também pensa assim, conforme pesquisa do Data Poder.  Talvez ninguém apostou tanto na capacidade do mosquito em multiplicar-se. Fatore climáticos, como o excesso de chuvas, talvez tenha facilitado esta multiplicação, e, consequentemente, a ampliação do número de infectados. 

Mas, vamos ser bem sinceros por aqui. A maior doença do Ministério da Saúde atende pelo nome de Centrão. Para esta praga a única cura são os bilhões que circulam no orçamento daquela pasta. Desde o início do Governo de Lula que a sua ministra, Nísia Trindade, não teve um único momento de paz, fustigada constantemente pelo assédio do grupo, que deseja ocupar a pasta a qualquer custo. Não se sabe muito bem o que virá pela frente, mas o morubixaba tem se mostrado perigosamente pragmático, a julgar pelo veto às manifestações de protestos de órgãos públicos por ocasião da passagem dos 60 anos do Golpe Civil-Militar de 1964.   

Editorial: Matéria de O Globo sugere que a governadora Raquel Lyra pode vetar articulações entre PSDB e PSB em São Paulo.



Ainda no de ontem, publicamos por aqui, alguns arranjos e rearranjos políticos na quadra pernambucana, já de olho nas eleições para o Governo do Estado em 2026. Assim como ocorre no plano federal, também nos Estados essas movimentações já começaçaram há algum tempo. Lula está vindo ao Estado para inaugurar obras, mas nos bastidores se sabe que será uma boa oportunidade de ajustar com o prefeito João Campos(PSB-PE) uma eventual indicação de um nome do partido para compor a sua chapa de reeleição em 2024. Lula e Bolsonanro irão nesse diapasão até quando as circunstâncias permitirem. 

Bolsonaro também já está solto na buraqueira nordestina, com um périplo que incluem os Estado de Pernambuco, Alagoas, Paraiba, Ceará. O esgarçamento dessa polarização política, no nosso ponto de vista danosa social, institucional  e politicamente, deverá ser mantida pelos protagonistas de ambos os polos, até como um mecanismo matreiro para não permitir o surgimento de outras alternativas, algo muito semelhante ao que ocorreu nas eleições presidenciasi de 2022. 

A ordem do dia é demonizar, como ficou claro no encontro que o PT manteve para definir as estratégias eleitorais para as eleições de 2024. Curioso que os tucanos tentam ressurgir das cinzas exatamente com um slongan em contraposição a essa tal polarização. Já avisamos por aqui que eles serão engolidos por esta centrífuga, embora tenham razão quando afirmam que há algo inteligente em meio a essa querela. O partido enfrenta dificuldades pelo país afora, mas contornar os problemas políticos em São Paulo, o seu ninho mais emplumado, seria de muito bom alvitre. 

Lá já ocorreu uma revoada de integrantes da legenda. Seis vereadores deixaram o ninho tucano, insatisfeitos com os rumos que o partido está tomando na capital. Eles endossariam a candidatura de Ricardo Nunes(MDB-SP), mas as negociações não avançaram neste sentido. No momento, o partido entabula negociações com a candidata socialista, Tabata Amaral, para desespero da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra(PSDB), que trava uma luta ferrenha com o também socialista João Campos, de olho nas eleições de 2026 para o Governo do Estado. Para completar o enredo, Tabata ainda namora o seu arquiinimigo. 

Drops: População de Acari em festa. Após 13 anos, açude Gargalheira volta a sangrar.



O açude Gargalheira, localizado na cidade de Acari, na região do Seridó Potiguar, começou a sangrar na noite de ontem, fazendo a festa da população local. A última vez que ocorreu tal fenômeno foi no ano de 2011, há 13 anos portanto. O Gargalheira é maior açude do Estado do Rio Grande do Norte e um dos maiores do país. Trata-se de um patrimônio para a população local, que se enche de orgulho e contentamento quando ele atinge os limites do sangramento. Há quem afirme que a exibição do filme Bacurau, do pernambucano Kleber Mendonça, exibido pela Rede Globo recentemente, possa ter contribuído para ampliar as expectativas do público, através das redes sociais, sobre um eventual sangramento do açude. O filme tem uma de suas cenas gravadas no leito seco do açude. A cidade de Acari é conhecida nacionalmente pela limpeza de suas ruas e pelos pratos regionais à base de camarões, crustáceo muito abundante na região.  

Editorial: Datena filia-se ao PSDB. Vice de Tabata ou candidatura própria dos tucanos?



O apresentador José Luiz Datena deve filiar-se ao PSDB nesta quinta-feira, 04\04. O partido enfrenta uma grave crise no plano nacional, com alguns componentes específicos na capital paulista, onde deve ocorrer uma revoada de sua bancada, formada por seis vereadores. Os vereadores gostariam que o partido apoiasse o projeto de reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes, mas as conversas entre os dirigentes das duas legendas, PSDB e MDB, não prosperaram. 

Uma das exigêndias dos tucanos seria ocupar a vice na chapa de Ricardo Nunes, um imbróglio ainda não equacionado, mas com a prevalência de o PL indicar o nome. PL ou mais especificamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que sugeriu, a princípio, o nome do coronel Mello, ainda não completamente digerido, dadas as suas vinculações a um bolsonarismo mais radical. O coronel Mello é ex-comandante da Rota, as Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Segundo avaliações do staff de Nunes, o nome indicado não agregaria elementos eleitorais à chapa. 

Diante do impasse, restou aos tucanos estbelecer negociações com a Deputada Federal Tabata Amaral, candidata dos socialistas, mas com um perfil de centro, inclusive com o apoio efetivo de um antigo tucano, Geraldo Alckmin. Seria uma candidata que se conformaria às expectativas ou plataforma política do partido, que se coloca como um contraponto à polarização entre petistas e bolsonaristas. Os tucanos, no entanto, insistem na indicação do nome a vice na chapa, já prometida ao apresentador José Luiz Datena, que hoje filia-se ao PSDB. A questão que se coloca é: Filiou-se como um gesto no sentido de acomodar a aliança entre PSDB e PSB ou existe a expectativa de uma candidatura própria do tucano? É esperar para ver.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Editorial: Enfim, o relatório final sobre o que ocorreu no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró.



Não há muito o que acrescentar por aqui, quem sabe, decepcionando aqueles que imaginavam que o relatório final das investigações conduzidas no sentido de apurar responsabilidades sobre a fuga de dois detentos do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró pudesse indicar eventuais facilitações por parte de agentes públicos. A conclusão é que ocorreram falhas de segurança que facilitaram a fuga dos dois internos, mas, por outro lado, não se pode concluir por alguma facilitação por parte de integrantes da segurança daquela unidade prisional. 

Salvo melhor juízo, algumas pessoas já teriam sido punidas, bem como dez agentes públicos responderão a inquérifos administrativos disciplinares instaurados. Conforme já enfatizamos em outro momento, apesar de lograrem êxito relativo no que concerne a emprenderem esta fuga espetacular, a situação dos ex-internos do presídio não é das melhores. Estão jurados de morte pela facção à qual pertenciam, não podem se vincularem a outras facções e estão num mato sem cachorro. 

A grande operação montada para a caçada humana está sendo desmobilizada. Primeiro a Guarda Nacional, e, agora, a tropa de elite da Polícia Federal. Vão trabalhar agora com a inteligência para recapturarem os fugitivos. Concretamente, não há qualquer convicção formada sobre o paradeiro desses presos. Fala-se na possibilidade de um conjunto de cavernas existentes no local, onde eles poderiam estar escondidos. São apenas hipóteses.   

Editorial: Ex-presidente Bolsonaro faz périplo pelo Nordeste e define nome a vice que concorre na chapa de Queiroga em João Pessoa.



O ex-presidente Jair Bolsonaro anuncia que estará realizando um périplo pela região Nordeste. A princípio, estão agendados os Estado de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. No dia 11\04 deverá se encontrar com o seu ex-Ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, que concorre à Prefeitura de João Pessoa, nas eleições municipais de 2024. Nesta quadra, o ex-presidente, assim como ocorre em São Paulo, deve indicar o nome que concorrerá a vice na chapa. Especula-se que poderia ser o nome do pastor Sérgio Queiroz, o que não seria nada improvável, considerando-se as afinidades entre ambos, pois Sérgio também é um bolsonarista raiz. 

Isso significa que teremos uma chapa para bolsonarista nenhum botar defeito. Puro sangue, como se diz. Aqui em Pernambuco, mesmo conhecendo as dificuldades, o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, deverá concorrer à Prefeitura do Recife, ainda não tendo definido quem o acompanha na chapa. O chamado campo progressista encontra algumas dificuldades na capital paraibana. O PT, por exemplo, com dificuldades de construir um conseno interno em torno de uma candidatura própria, inclina-se a apoiar o nome do atual prefeito, Cícero Lucena, do Progressistas, que concorre à reeleição. 

No momento o apoio do ex-presidente Bolsonaro para alguns candidatos do campo conservador ou assumidamente de direita, tem se tornado imprescindível, em razão de sua grande popularidade. O site Metrópolis, no entanto, chegou a informar que a Polícia Federal aguarda apenas uma decisão do STF para decretar uma eventual prisão do ex-presidente. Caso isso se confirme, materializa-se o grande temor de partidos como o PL, diante de uma iminente orfandade política.   

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Primos unidos pelo projeto de "João governador".



Bom seria se as famílias fossem coesas, unidas e harmônicas como a orquesta de Issac Karabtchevski. Na prática as coisas não funcionam bem assim. É preciso muitos arranjos para se conseguir, ao mínimo, um pouco de harmonia. A família Campos\Arraes possue um grande capital político no Estado de Pernambuco. Com as mortes do Dr. Arraes e, posteriormente, a do neto Eduardo Campos, que deixou precocimente a vida pública, vitimado por um acidente de aéreo. Ocorreu uma espécie de disputa interna no clã sobre quem deveria herdar esse espólio político\eleitoral deixado pelos antepassados. 

Segundo dizem, os problemas não seriam apenas políticos, tampouco culminou com a morte do ex-governador Eduardo Campos, uma vez que, ainda vivo, ele já não se entendia muito bem com Marília Arraes. Mas, a nossa seara aqui é política. Vamos nos restringir a ela. A esposa de Eduardo Campos, Renata Campos, de personalidade forte, no final, foi quem acabou batendo martelo sobre essas querelas, determinado que os filhos do ex-governador assumissem este espólio, como seus herdeiros legítimos. 

Restou a Marília Arraes comer o mingau quente pelas beiradas, se equilibrando como podia, no sentido de ocupar o seu espaço. Nas eleições municipais de 2022, por exemplo, disputou a prefeitura da cidade do Recife pelo PT, tendo como principal adversário o primo João Campos, filho de Eduardo Campos. Depois de uma disputa renhida e acirrada, com direitos a excessos, perdeu aquela eleição, colocando João em rota de colisão com o PT, afirmando que não abriria espaço em seu Governo para a legenda. Logo em seguida, as coisas foram sendo aplainadas, permitindo a João uma reaproximação com o Governo Lula e, consequentemente, com o PT local, em alguns casos, até para assegurar espaços para velhos companheiros socialistas no Governo Federal, como foi o caso de Danilo Cabral na SUDENE e Paulo Câmara no BNB.  

O PT voltou a fazer as pazes com João, ocupando espaço na máquina municipal. Arranjo antigo, que remonta ao Governo de Eduardo Campos, sempre orientado pelo pragmatismo. Integrando os quadros do Solidariedade, por algum motivo, a neta de Dr. Arraes não encontrou espaço no Governo Lula, como se previa a princípio. Suas relações com o Governo, pelo andar da carruagem política, não teriam ficado abaladas com este fato. Marília, que já integrou os quafros do PT local por um longo período, permanceu fiel aos seus princípios ideológicos. 

Segundo os escaninhos da política revelam, depois de algumas tentativas frustradas da legenda, o morubixaba petista deve entrar de sola nas conversações no sentido de levar o prefeito João Campos(PSB-PE) a aceitar um nome petista para ocupar a vaga de vice no seu projeto de reeleição. A trégua ou reaproximação entre João e Marília já poderia ser creditada na conta desse esforço do morubixaba. 

João abriu espaço na máquina para o Solidariedade, haveria alguns acordos de cavalheiros em relação aos candidatos a vereador pelo partido e, por fim, a aliança está selada entre os primos. O que está em jogo na realidade são as eleiçõe para o Governo do Estado em 2026, onde a família Campos\Arraes, através de João Campos, deve disputar o Palácio do Campo das Princesas com a atual ocupante do cargo, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE), que deve candidatar-se à reeleição.  

Editorial; Governo Lula pode sofrer novas baixas em sua representação feminina.



No início, como diriam os poetas, tudo são flores. Assim, quando anunciou os seus auxiliares, o morubixaba petista fez questão de enfatizar a necessidade de compor um ministério com uma efetiva participação de mulheres. Ao longo do tempo, passada essa fase de lua-de-mel, as cabeças que rolaram em seu ministério teve um efetivo peso de representação feminina. Difícil fazer alguma previsão sobre o que pode ocorrer daqui para a frente, mas, a julgar pela última reunião ministerial, não seria improvável que mais mulheres possam deixar o Governo. 

Existem alguns problemas estruturais, de variáveis incontroláveis, como no caso do Ministério da Saúde, onde o maior problema é a cobiça do Centrão pelos bilhões do orçamento do órgão. Sobre esse aspecto, a guerreira Nísia Trindade pouco pode fazer para se contrapor, exceto resistir em suas trincheiras, como, aliás, vem fazendo. Existem alguns problemas pontuais, como a assistência aos povos indígenas, a epidemia da dengue e o recrudescimento da Covid-19, que voltou a matar muito gente, embora esses números não sejam divulgados. O assédio do Centrão ao ministério é tão grotesco que eles já afirmaram que, se o problema for de representação feminina, eles também têm nomes de mulheres para ocupar a pasta.  

No Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupado pela comunista Luciana Santos(PCdoB-PE), o que se comenta é que ela poderia se candidatar à Prefeitura da Cidade de Olinda, nas próximas eleições municipais, deixando a vaga aberta. Quando ainda havia alguma chance, o Governo pensou em oferecê-la a Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), com o propósito de tirá-la da disputa em São Paulo. A essa altura do campeonato político, é pouco provável que a socialista abra mão de sua candidatura. 

Luciana, por sua vez, já afirmou que gostaria de indicar o seu sucessor naquele ministério, tradicionalmente ocupado por pernambucanos. Uma coisa curiosa aqui é que a comunista não teria grandes interesses em voltar a disputar a prefeiuta da cidade, que já ocupou por dois mandatos. O Planalto também demonstra uma certa insatisfação em relação ao nome da ministra Anielle Franco, que não estaria entregando muita coisa. Uma saída honrada para a Ministra da Igualdade Racial seria indicá-la para concorrer à vice na chapa encabeçada por Eduardo Paes(PSD-RJ), no Rio de Janeiro, apoiado pelo PT. 

Editorial: Dirceu: Um discurso para os autênticos e progressistas petistas chamarem de seu.



Ontem, dia 03, no Plenário do Senado Federal, o ex-Ministro-Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu, fez um discurso para os setores mais autênticos do petismo chamarem de seu. Há de se considerar, no entanto, os lugares de fala  Uma coisa é falar como ex-ministro e outra, bem diferente, são as contingências impostas pela reapolitik que o morubixaba petista precisa enfrentar no dia-a-dia do seu Governo, sob fogo cerrado de setores conservadores e hostis da sociedade brasileira. 

Dirceu fala como um militante, ex-guerrilheiro, que esboça um retorno às atividades político\eleitorais, quem sabe colocando seu nome ao crivo do eleitorado já nas próximas eleições municipais de 2024, conforme se especula, humildemente, numa eventual candidatura a vereador.  A liberdade é tanta que ele não se furtou em dá uma estocada no próprio Governo do companheiro Lula, em razão de não ter reaberto os trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, que ele considera uma questão crucial para este Governo. Um contingente expressivo da sociedade brasileira o acompanha neste raciocínio. Uma questão de honra, para sermos mais precisos. 

Como já enfatizamos por diversas vezes por aqui, as sinalizações oficiais do Govrno neste sentido não são nada alvissareiras. Contrariando toda uma tendência que advogava que o melhor para o Governo Lula seria facultar as condições para permitir que os militares voltassem pacificamente às suas atividades inerentes na caserna, o petista faz questão de fazer uma média ponderada com os militares, principalmente aqueles que não estiveram envolvidos com as tessituras golpistas recentes, nomeando-os para cargos estratégicos nas Forças Armadas.

Dirceu volta a bater numa tecla que sempre foi muito cara ao partido, ou seja, a necessidade de ampliar a democracia substantiva, que funcionaria como antídoto para frear os ímpetos autoritários de setores conhecidos de nossa sociedade. O raciocínio do ex-ministro converge bastante com as reflexões do cientista político polonês, Adam Przeworski, que faz um cálculo de sobreviência das democracias políticas a partir da renda per capita da população. De fato, as políticas sociais do Governo Lula precisam ser consolidadas, em alguns casos,  e ampliadas em outros. Lula vem perdendo alguns pontihos de popularidade em estratos de baixa renda, inclusive no Nordeste. É fundamental estancar essa sangria.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 2 de abril de 2024

Artigo: Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!


Das cenas propriamente "pernambucanas" que marcaram o Golpe civil-militar-empresarial de 64, duas nunca saíram da minha memória: aquela do Governador Miguel Arraes sendo levado num Fusca para o IV° Exército, depois de ter recusado a proposta de "renúncia" (- "Só o Povo de Pernambuco tem o poder legítimo de me tirar daqui!"), e aquela em que dois tanques de guerra se postam à frente da sede do Movimento de Cultura Popular no Sítio Trindade, para em seguida queimarem arquivos e, sobretudo, o "subversivo" LIVRO DE LEITURA PARA ADULTOS DO MCP (Josina Godoy e Norma Porto Carreiro). Dessas duas cenas, a que acho mais representativa da infâmia e da barbárie dos militares, é a dos canhões apontados para a cultura!
Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!Havia as ligas Camponesas de Francisco Julião que tentavam, mais uma vez, nos livrar na díptico colonial - escravidão e latifúndio; havia o Acordo do Campo quando, pela primeira vez se estabeleceu um salário mínimo para o trabalhador rural; havia a Frente do Recife de Pelópidas da Silveira (PSB), Miguel Arraes (PTN), Artur Lima Cavalcanti (PTB), Gregório Bezerra, David Capistrano (PCB) que fizeram uma inaudita ampliação do ideal democrático através de consultas populares regulares em vista da definição e direcionamento do orçamento municipal; havia um cara chamado Paulo Freire que propunha uma revolução copernicana na educação tradicional (que ele chamava de "bancária"): um programa de alfabetização de adultos baseado na realidade, na vida e na palavra de um personagem "novo" na filosofia da educação: o OPRIMIDO, que não se confundia apenas com o "proletariado" do marxismo. Havia um movimento teatral (Hermilo Borba, Ariano Suassuna, Luiz Mendonça) que trazia a linguagem e os problemas sociais do homem do nordeste para o protagonismo da dramaturgia local; havia uma Orquestra Sinfônica (Geraldo Menucci, Fittipaldi, Mário Câncio) que se apresentavam nas praças públicas do Recife com explicações didáticas sobre a importância e significado da música chamada "erudita"; havia o Bumba-meu-boi do Capitão Pereira (O Boi Misterioso de Afogados), trazendo a tradição da ressurreição como promessa de uma nova vida; havia Abelardo da Hora com sua estética da denúncia de nossa miséria social; havia Tereza Costa Rêgo com sua moderna sensualidade; havia Anita Paes Barreto, Secretária de Educação, expandindo e organizando uma rede estadual de ensino com um orçamento jamais visto na história da educação local; havia a antiga Universidade do Recife, sob o reitorado de João Alfredo da Costa Lima, criando o Serviço de Extensão Cultural que, finalmente, colocava a nossa Universidade a "serviço" da sociedade inclusiva; havia um cara chamado Luís Costa Lima que criou a Revista Estudos Universitários, abrindo o ambiente acadêmico para a participação dos intelectuais da cidade; havia um outro chamado Laurênio Lima que dirigiu a Rádio Universidade (hoje Paulo Freire) dando voz e ouvido às demandas sociais e manifestações culturais recifenses... Havia uma "promesse de bonheur" (promessa de felicidade) no ar, havia estudantes, intelectuais, artistas, empresários, governantes, homens e mulheres do povo que viram, naquela quadratura, as chances de termos, finalmente, um país um pouco melhor com um pouquinho mais de modernidade social e institucional...
Mas havia também o IBAD de Marco Maciel, o General Bandeira, o Sr. Álvaro da Costa Lima, o Sr. Armando Samico, a Aliança para o Progresso, a USAID e um Consulado Americano com 14 "adidos culturais" (todos eles com uma faixa na testa escrito "Agente da CIA"). Depois veio Paulo Guerra, o CCC, a reativação da "Sorbonne da Rua da Aurora" (Secretaria de Segurança Pública), a perseguição aos professores, prisões e assassinatos de intelectuais, estudantes, militantes; veio o 477, o AI.5, veio o "jubilamento", os crimes de Estado, os desaparecimentos, as mortes e enterros clandestinos praticados por militares e agentes estatais que nunca foram punidos e que continuam achando que podem tutelar a sociedade com seus canhões apontados para a cultura, para a educação, para os adversários políticos, para a inteligência, para a Democracia...
Lamentável e inquietante a posição de Lula ao dizer que "tudo isso é história e não vamos ficar remoendo o passado"! Passado, Sr. Presidente, não se remói, não se tritura, não se joga na lata do lixo: se estuda, se rememora, se interpreta, se avalia, se julga..., não para que "nunca mais se repita", mas para que não possamos ter o álibi de que não sabíamos, de que não fomos avisados.
Havia - como naquele poema de Drummond- um Recife, havia um amanhecer, havia uma flor no jardim, havia uma criança que brincava...

Flávio Henrique Albert Brayner, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco.

(Publicado originalmente no Jornal do Commércio, em sua edição de 2\04\2024)

P.S.: Contexto Político: O livro de Educaçaõ de Adultos citado pelo professor Brayner, escrito por duas lideranças femininas do MCP, por algum motivo, embora a princípio esteja perfeitamente adequado aos pressupostos concebidos pelo Método Paulo Freire de Educação de Adultos, não era do agrado do autor. Sobre as lembranças boas daquele Recife, só faltou mesmo mencionar o delicioso cheirinho de biscoito saindo do forno da antiga Fábrica da Pilar, quando se transitava pela avenida Cais do Apolo.

Editorial: Em discurso no Senado Federal, Dirceu alfineta Lula sobre a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.



Se Lula já amargava alguns problemas relativos à popularidade, acreditamos que sua decisão de proibir atos oficiais de protestos contra os 60 anos do golpe civil-militar de 1964, muito provavelmente, deve ter tais problemas agravados. Fiquemos de olho nas próximas pesquisas de avaliação do Governo, principalmente nas análises mais aprofundadas, ou seja, aquelas que descem às minúcias dos números, indicando de onde eles procedem. A última delas, por exemplo, apontou algumas dificuldades no Nordeste, inclusive entre eleitores de baixa renda.  

Com a medida, o morubixaba petista cortou na pele, atingindo um público que se identifica historicamente com o seu Governo. Parece-nos que mais alguém acredita nesta tese, a julgar pelo discursso do ex-ministro José Dirceu, na manhã de hoje, dia 02, no Plenário do Senado Federal. Em sua fala, José Dirceu, que foi ex-guerrilheiro, enfatizou que a retomada dos trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos é irrenunciável. O posicionamento de Dirceu é música para os ouvidos do Ministro dos Direitos Humanos, o sociólogo Sílvio Pessoa, que fica de mãos atadas diante das resistências esboçadas pelo morubixaba petista. 

Dirceu, conforme prenuncia-se, ensaia uma volta à política. Supõe-se que uma eventual candidatura a vereador nas próximas eleições poderia estar entre os seus planos. Seu aniversário, recentemente comemorado em Brasília, reuniu atores dos mais relevantes do mundo político, jurídico e empresarial, numa demonstração de que sua capilaridade política continua intacta. 

Editorial: No julgamanto de Moro sobrou até para o boneco de Olinda.



Contrariando eventuais expectativas de alguns grupos sociais, que, de fato, desejam a condenação do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, o relator do processo junto ao TRE-PR, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha, emitiu paracer contra a sua condenação, alegando, entre os seus argmentos, que o hoje senador Sérgio Moro(UB-PR) não teria, deliberadamente, se beneficiado de sua condição de ex-candidato à Presidência da República pelo Podemos para se eleger senador pelo Estado do Paraná. 

O que Sérgio Moro percebeu sobre a sua candidatura à Presidência pelo Podemos - a opinião aqui é nosso e não do desembargador - é que a mesma seria inviável. Foram sucessivos erros de avaliação cometidos pelo ex-juiz, conforme enfatizamos, restando, tão somente, no final, a transferência de seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, na expectativa de que o capital político construído por sua atuação como juiz da Lava Jato ainda pudesse representar alguns dividendos eleitorais, o que, de fato, ocorreu. O Paraná é um Estado com expressivo eleitoraldo conservador, contingente que flerta com o bolsonarismo, o que deve ter contribuído para o êxito do ex-juiz nessa empreitada. 

Se ele beneficiou-se dessas exposições na mídia, dos espaços ou cargos públicos ocupados, é algo involutário. Seria injusto ser penalizado por isso. Segundo comentários da imprensa, no despacho do relator sobrou até para o boneco do ex-juiz da Lava Jato, confeccionado pelos bonequeiros de Olinda, aqui em Pernambuco, exibidos durante as festas carnavalescas. De fato, há um componente político muito forte neste julgamento do senador Sérgio Moro. Nos bastidores, já foi desencadeada uma disputa renhida pela vaga aberta caso ele seja realmente cassado. A "torcida" não consegue nem disfarçar. 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Editorial: Começa o julgamento que pode cassar o mandato de Sérgio Moro e torná-lo inelegível.



Se depender das hordas petistas que atuam nas redes sociais, o senador Sérgio Moro já estaria com o seu mandato cassado e inelegível para o resto da vida. Começa hoje, no Paraná, o julgamento que definirá o destino do ex-juiz da Lava Jato, senhor Sérgio Moro. Pelo andar da carruagem jurídica, de fato, o senador corre, sim, o risco de ter seu mandato cassado. Aparentemente esta é a tendência, diante dos fatos arrolados. Pelo sim, pelo não,  sua esposa Rosângela Moro, que se elegeu Deputada Federal por São Paulo, já teria transferido seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, segundo dizem, com o propósito de concorrer à vaga ao Senado aberta com uma eventual cassação do marido. 

A transferência de domicílio de sua esposa, como se sabe, gerou uma outra confusão político\jurídica, pois existe uma penca de pretendentes à vaga eventualmente deixada pelo senador. A briga é feia e ninguém se entende por aqui. Até a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou a ter seu nome cogitado para a disputa, mas foi desautorizada pelo PL. Pelo lado do Governo Lula, uma candidatura da Deputada Federal Gleisi Hoffmann poderá suscitar a velha rinha entre petistas e bolsonaristas na disputa dessas eleições excepcionais. 

Além da encrenca jurídica, o senador também apresenta algumas dificuldades no campo político, uma vez que, na condição de juiz da Lava Jato, entrou em rota de colisão com o mundo político, daí ser considerado improvável que ele consiga reverter uma decisão desfavorável ao seu mandato no Senado Federal. O mais grave é que, neste caso, ele pode se tornar inelegível, além de perder o foro privilegiado.  

Charge! Montanaro via Folha de Sçao Paulo

 


sábado, 30 de março de 2024

Editorial: Os "demônios" da esquerda e da direita.


Há pouco, escrevemos por aqui, um artigo tratando da questão da reticência em se assumir posições radicais, seja de direita, seja de esquerda. Em situações normais, o eleitorado sugere esboçar uma resistência às posições radicais, daí se tomar tantos cuidados. Os vínculos inegáveis do candidato Ricardo Nunes(MDB-SP), em São Paulo, com segmentos de centro-direita do espectro político, obviamente, serão explorados pelo candidato do PSOL, Guilherme Boulos. Por outro lado, o staff de Ricardo Nunes já possui uma estratégia montada para jogar o psolista, apoiado pelo Planalto, nas cordas, ou seja, irão explorar sua condição de um neófito na condução de uma máquina pública, principalmente com a  complexidade de uma cidade como a de São Paulo, mas, principalmente, sua condição de um radical de esquerda, dirigente de um movimento social como o MTST. 

Portanto, a "demonização" deverá existir em ambos os lados dos polos dessa radicalização. Danado é que, quanto mais eles esgarçam essa radicalização, mais diminuem as chances de viabilidade de um candidato mais moderado apresentar-se como alternativa, assim como ocorreu na campanha presidencial do ano passado. O MTST resolveu fazer um cartaz alusivo à Semana Santa, onde aparece Jesus Cristo enforcado na cruz e, logo abaixo, soldados romanos usando a frase: Bandido Bom é Bandido Morto, quase um slogan do bolsonarismo radical. 

Claro que se trata de uma ironia ou uma crítica à expressão bastante comum ao bolsonarismo radical, reticiente a qualquer tipo de reconhecimento de direitos de pessoas que cometem algum crime ou delito grave. Matreiramente, as hordas bolsonaristas passaram a explorar o cartaz como se o MTST estivesse digirignfo impropérios ou zombando de Jesus Cristo, o que seria um sacrilégio, considerando-se o personagem em lide, um cidadão que sempre esteve do lado dos direitos humanos. 

Editorial: A "cara" da direita no país?



Os políticos, salvo algumas exceções, temem assumir uma condição de extremistas, seja de esquerda, seja de direita. Essa questão é tão complexa, que mesmo ditadores renhidos posam de democratas ou não assumem abertamente a sua condição de ditadores, conforme se observa nos modelos de democracias iliberais, como é o caso da Rússia e da Hungria. O próprio termo "iliberais" é uma espécie de eufemismo. É possível que possamos inserir tal atitude no contexto do cálculo político, como ocorre em São Paulo, quando, por exemplo, o atual prefeito, Ricardo Nunes, que concorre à reeleição, evita assumir a condição de um candidato de direita ou extrema-direita, preferindo a adjetivação de "conservador".  

Embora recebe de bom grado os votos dos radicais bolsonaristas, Nunes dá sempre um jeito de se colocar como um político de centro do espectro ideológico. Salvo melhor juízo, as reticências à indicação do nome do coronel Mello Araújo para compor a sua chapa. Mello é um bolsonisrta raiz, ex-comandante da temida Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, o grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo. Melhor perfil bolsonarista impossível. Não está em jogo os acordos partidários firmados entre MDB\PL de que o nome deve ser indicado mesmo pelo PL, com o aval de Jair Bolsonaro, mas melhor seria um nome menos polêmico. É preciso, no entanto, convencer Jair Bolsonaro, que tem no coronel Mello um parceiro de longas datas, que teria feito, segundo ele, um excelente trabalho quando foi indicado para assumir a CEAGESP. 

Não deixa de ser interessante o ex-presidente considerar a sua eficiência enquanto gestor público como critério para indicá-lo como vice na chapa de Nunes. Nunes, no entanto, não precisou de grandes esforços para convencer a bancada de vereadores tucanos de São Paulo de que é um homem de centro. Como a direção do partido não definiu o apoio ao projeto de reeleição do prefeito, a bancada de 08 vereadores ameaça debandar da legenda. 

Segundo estimativas dos próprios institutos de pesquisa, 30% do eleitorado brasileiro se declara essencialmente de direita. Um contingente nada desprezível, convenhamos. Sugere-se, entretanto, que a postura desse grupo afugentaria um eleitorado menos propenso à radicalização, o que preocupa homens públicos como o atual prefeito da capital paulista. No final, a equação é simples. É bom contar com o voto desses eleitores, sem arcar com o ônus de uma identificação demasiada, o que pode ser bastante explorada pelos adversários políticos, como, aliás, já vem sendo, sobretudo na disputa paulista, onde a polarização política no país se mostra ainda mais evidente.  

Os marqueteiros de Guilherme Boulos já devem estar trabalhando as imagens de Nunes nos eventos da Paulista, associando-o, inexoravelmente, ao bolsonarismo mais radical. Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre os arranjos para as eleições presidenciais de 2026 apontam um cenário onde Lula é testado com uma leva de possíveis candidatos do campo conservador, a exemplo de Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Dos nomes testados, o de maior resiliência é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

A revista Veja publicou uma longa matéria tratando dessa questão, a partir das análises do pessoal do Instituto Paraná Pesquisas.  Em alguns momentos, Tarcísio de Freitas se apresenta como um cidadão humilde, com uma dívida de gratidão enorme ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quem o lançou à ribalta, daí não se poder desconsiderar a sua posição de continuar no Palácio Bandeirantes em 2026. Por outro lado, caso seja mesmo inviável uma alternativa ao centro-direita do espectro político, ele será muito pressionado a assumir este papel que, a rigor, é dele.  

Charge! Morília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 29 de março de 2024

Editorial: Segundo o Datafolha, 63% da população brasiliera não deseja anistia aos responsáveis pelo 08\01



Fazia algum tempo que não observávamos tanta polêmica em torno das pesquisas, principalmente as de intenção de voto. Na realidade, pesquisa boa e de credibilidade, somente aquelas que favorecem os nossos candidatos. Essa é a verdadeira máxima. Daí ser compreensível a ira das hordas petistas contra as pesquisas mais recentes, tratando de uma eventual disputa da campanha presidencial de 2026, onde o casal Bolsonaro aparece bem na fita, ora superando numericamente o petista, caso de Jair Bolsonaro, ora em empate técnico, como é o caso da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Não adiante brigar com os números. 

O mesmo Instituto, para colocar mais lenha na fogueira das animosidades entre petistas e bolsonaristas, também informa que a popularidade do presidente Lula continua derretendo em colégios eleitorais de peso, como Belo Horizinte e Ceará, tradicional reduto petista, o que informa que o problema atinge também aquele eleitorado, pobre, petista e nordestino. O Planalto já acusou o golpe. A fala recente de Lula sobre a não participação da candidata Maria Corina nas eleições da Venezuela é bastane emblemática e soa até fora de tom, depois de sua ênfase em defender Nícolas Maduro, assim como o processo eleitoral naquele país. 

O Brasil tem sérios problemas de ajustes de conta com violadores contumazes dos direitos humanos. Foi assim com aqueles que estiveram nos estertores da tortura e desaparecimentos que ocorreram a partir de 1964, quando estivemos sob o jugo da ditadura militar instaurada com o golpe civil-militar, que no domingo completa 60 anos. Mesmo sob um governo de perfil progressista, os protestos e manifestações foram proibidos. Já há quem esteja sugerindo uma nova anistia para aquelas pessoas que estiveram envolvidas com as tessituras golpistas do 08 de janeiro. Felizmente, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, uma maioria não pensa assim. 63% dos brasileiros exigem punição severa aos golpistas.   

Editorial: A polêmica prisão de deputados federais.



Há muito tempo se comenta que a capital federal está infestada de sicários ou matadores de aluguel rondando os corredores do poder e montando campana em frente a residências de determinadas personalidades. As autoridades públicas usaram de suas prerrogativas e pediram reforço em sua segurança pessoal. A inteligência da Polícia Civil do Distrito Federal - segundo dizem uma das políciais civis mais eficiente do país - não saberia determinar quem poderia ser o alvo preferecial desses sicários, por razões óbvias, diante do climão que o país passou a viver nos últimos anos. Existe, na realidade, um número altíssimo de alvos em potencial. Até organizações do crime organizado, segundo supõe-se, poderia está envolvida nessas tramas, consoante os próprios órgãos de inteligência. 

Amiúde, no varejo, haveria um Deputado Federal, com pedido de prisão em análise, que estaria fazendo ameaças veladas a um desafeto, em razão de disputas partidárias. As ameaças teriam sido gravadas e encaminhadas às autoridades do STF, que estão analisando o caso. A questão que se coloca aqui, é sobre em que circunstâncias se poderia decretar a prisão de um Deputado Federal. Esta questão veio à tona justamante no momento da prisão preventiva decretada pelo STF contra o Deputado Federal Carlinhos Brazão, acusado de ser o um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. 

Como as relações entre os Três Poderes deixaram de ser harmônicas há algum tempo, existem rusgas enormes por aqui. Até recentemente, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, procurou o Ministro da Justica, Ricardo Lewansdowski para informá-lo, segundo seu entendimeto, de que um Deputado Federal só poderia ser preso em flagrante delito, uma das posições das mais delicadas, diante da repercussão de alguns fatos, assim como em razão do estágio em que já chegamos, onde essas fronteiras foram solenemente rompidas.   

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


quinta-feira, 28 de março de 2024

Editorial: A repercussão das pesquisas do Paraná Pesquisas.




Nas últimas eleições, o Instituto Paraná Pesquisas conquistou uma grande credibilidade junto à opinião pública e aos formadores de opinião. Noves fora as reações produzidas pela bílis política, como reflexo da polarização renitente que o país atravessa, até mesmo aqueles que discordam dos números do Instituto renderam-se ao fato de ser o Paraná Pesquisas aquele Instituto que mais se aproximou dos escores resgistrados nas últimas eleições presidenciais, num contexto onde ocorreram erros grotescos, até mesmo entre os "grandes". 

Mais recentemente, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou uma pesquisa de intenção de voto consoante os arranjos que se apresentam, no momento, em face das eleições presidenciais de 2026. Pelo lado do Governo é Lula ou Lula, pois o morubixaba nunca se preocupou em fazer um sucessor de fato. A exceção talvez seja o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma opção apenas pensada, se e somente se, considerando-se a ausência do líder. Com a melhoria de sua condição de saúde, assim é que para 2026 ninguém sugere, seguer, outro nome no escopo da base governista. 

Talvez, quem sabe, em 2030. Isso se ele não cumprir a promessa de viver 120 anos e voltar logo em seguida,   quando as condições de uma nova candidatura seriam possíveis.  Se depender do eleitorado bolsonarista raiz, por outro lado, as opções também são limitadas. Eles apostam numa eventual candidatura do capitão, mesmo sabendo que ele se encontra encrencado e inelegível. O nome de sua esposa, Michelle Bolsonaro, figura como segunda opção, mas a ex-primeira dama enfrenta problemas até mesmo no contexto do clã familiar, que não vê como bons olhos o fato de ela ser, naturalmente, herdeira do espólio político\eleitoral do marido. 

O Paraná Pesquisas apresentou dados que seriam suficientes para discussões acaloradas pelas redes sociais, como, aliás, estão ocorrendo. Empate técnico entre Lula e Jair Bolsonaro, embora este apareca numericamente à frente do petista, e empate técnico entre Lula e Michelle Bolsonaro. Para completar o enredo, o Instituto confirma uma tendência capaz de arrepiar os cabelos do Planalto, ou seja, de queda da popularidade de Lula. O Planalto sabe que há algo errado por aqui, mas tem se tornado impotente para estancar a sangria.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Guarda Nacional se retira das buscas aos fugitivos do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró.

Crédito da foto: SENAPPEN\reprodução


Aos poucos, o Governo Federal vai desmobilizando o pequeno exército de policiais acionados para recapturarem os fugitivos do presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Já são quarenta dias infrutíferos que representaram altos custos operacionais, além dos danos de imagem, pois a população fica sem entender como 600 homens bem equipados, auxiliados por drones, cães farejadores e até helicópteros não conseguiram êxito nesta cassada humana. A Polícia Federal deve optar por fazer um trabalho de inteligência no sentido de recapturá-los. 

A engenharia montada por Deibson Cabral  e  Rogério Mendonça para empreenderem essa fuga produziu algumas situações curiosas. Durante a semana que passou surgiu a suspeita de que os presos poderiam estar recebendo ajuda de policiais locais. A vida nos reserva algumas surpresas interessantes. O fato de terem escapado do presídio parece-nos que não representou algum momento de paz para os prisioneiros, que estão ameaçados de morte pelo Comando Vermelho. 

Não se sabe se dentro do presídio já haveria alguma movimentação dos presos neste sentido,mas os líderes da organização descobriram que eles desejavam formar uma dissidência no comando, o que é considerado uma falta graávissima no código do crime organizado, significando que eles também seriam rejeitados pelas outras facções onde poderiam procurar abrigo. Suspeitou-se no início que eles poderiam estar procurando abrigo em redutos controlados pelo PCC.  

Deibson e Rogério estão isolados, fugindo e sem rumo justamente no momento em que lograram êxito na fuga da unidade prisional. Contraditoriamente, presos eles estariam mais seguros, pois é bastante conhecida a eficiência desses tribunais do crime. Não temos dados precisos sobre o assunto, mas é surpreendente o número de fugas registradas nos presídios brasileiros neste começo de ano, logo em seguida a esta fuga inusitada de um presídio de segurança máxima.