pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 4 de maio de 2025

Editorial: Nova federação pode "isolar" Lula.


A rigor, uma federação entre o Republicanos, o PSD e o MDB seria até mais previsível do que as federações constituídas recentemente entre o Progressistas e o União Brasil ou entre o PSDB e o Podemos. Essas costuras existem desde as eleições municipais passadas, onde o apoio do Republicanos à candidatura à reeleição de Ricardo Nunes(MDB-SP) estaria condicionado a um eventual apoio do partido ao projeto de fazer Tarcísio de Freitas Presidente da República em 2026. Até recentemente, o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que trabalhava para Tarcísio de Freitas e não para Lula. Kassab também comemorou a possibilidade de uma eventual filiação do governador gaúcho, Eduardo Leite, ao PSD, afirmando que, caso isso se confirmasse, o partido contava com dois ótimos competidores ao Palácio do Planalto. 

Num outro momento, Gilberto Kassab, que conhece o cenário político brasileiro como ninguém, afirmou considerar a possibilidade de um candidato dessa frente e um do PL, que, mesmo na hipótese da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, talvez insistisse num outro nome. Mesmo doente e inelegível, Jair Bolsonaro afirma que só existe um candidato de direita que é ele mesmo. Sugere-se que os caciques das legendas de centro-direita não estão levando muito a sério esta afirmação. O sistema interditou Bolsonaro com a inelegibilidade. É mais fácil Bolsonaro hoje se livrar das encrencas jurídicas da tentativa de golpe do que reverter a sua situação junto ao TSE. 

O ambiente político tornou-se complicado para o projeto de reeleição do presidente Lula em 2026. A federação União Progressista já afirmou que pretende entregar os quatro ministérios que ocupam na Esplanada dos Ministérios. Há apenas a resistência daqueles que adoram uma boquinha na máquina. Aqui ainda se esboça alguma resistência, mas os caciques das duas legendas que formaram a federação estão convencidos de não endossarem um o projeto de reeleição de Lula. A nova federação, então, a rigor, já teria uma penca de candidatos ao Planalto. Lula está ficando bastante isolado e deve ocupar as vagas de estacionamento exclusivo da Esplanada com nomes raízes. Não é opção. É contingência mesmo.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


sábado, 3 de maio de 2025

Editorial: O nebuloso escândalo de corrupção no INSS.



Sabedora das dificuldades que terá em "furar" a fila de espera na Câmara dos Deputados, argumento utilizado pelo seu presidente para esfriar os ânimos em torno das pautas a serem apreciadas, os parlamentares da Oposição desejam transformar a CPI do INSS em CPMI, contando com a colaboração do Senado Federal. Está todo mundo, à exceção do Governo Lula 3, por razões óbvias, desejando que esta CPMI vingue. Há um grande clamor popular, o Governo já não controla as ações de sua fluída base de sustentação e, a gravidade do escândalo, de fato, pede uma investigação apurada embora os resultados dessas apurações quase sempre não cheguem a bom termo, dormindo nas gavetas de órgãos da República que poderiam encetar os processos de punição dos envolvidos. 

A cada dia, assim como todo o cidadão brasileiro, ficamos mais curiosos e preocupados com o tamanho desse rombo na conta dos aposentados e pensionistas, assim como o funcionamento ou dinâmica dessa maracutaia. Há servidores de carreira envolvidos; diretores dessas entidades sindicais ou recreativas; lobistas ou intermediários. Em princípio, o desconto irregular iria parar nas contas dessas entidades, que repassavam parte desses recursos surrupiados irregularmente para a conta dos agentes públicos envolvidos. O careca do INSS tinha dezenas de empresas funcionando num único endereço. Num dos casos, até a biometria, expediente que procura conter casos de fraudes, foi abolida para favorecer uma dessas entidades, burlando uma fiscalização obrigatória. 

Agora vem uma situação que nos parece ainda mais preocupante: a Polícia Federal, que já havia verificado a possibilidade de recrutamento ou cadastros de venezuelanos neste processo( com que finalidade?) verifica que alguns gestores dessas entidades recebiam o Bolsa Família e outros benefícios do Governo, tendo registro até no CadÚnico. Laranjas? Possivelmente. Isso remete a um escândalo ainda maior, relacionado às clamorosas falhas de cadastramento do Governo. Outro dia verificou-se que entidades picaretas estavam recendo quantias pagas pelo Governo para fornecer marmitas. Depois da matéria de O Globo se verificou que, ou essas entidades não existiam ou o número de marmitas fornecidas eram bem aquém do que eles declaravam. Aqui mesmo em Pernambuco uma dessas entidades foi descredenciada. Há algum tempo, uma quadrilha conseguiu entrar na folha de pagamento dos servidores públicos e estava desviando recursos. Somos muito vulneráveis. 

Editorial: Bahia rejeita plano-piloto do Ministério da Justiça para desocupar áreas controladas por milícia e crime organizado.

 



Até recentemente, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, esteve em mais uma sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Como se já não fossem suficientes os problemas enfrentados por sua pasta, desta vez o ministro se viu envolvido no turbilhão provocado pelo escândalo das fraudes no INSS, onde a Polícia Federal, subordinada à sua pasta, teve uma participação decisiva no desvelamento daquele fato. Apesar da educação, da urbanidade e do comedimento que caracterizam sua personalidade, desta vez Lewandowski precisou ser incisivo em alguns momentos, em razão do comportamento inadequado de alguns parlamentares, que não perdem a oportunidade de soltarem suas farpas contra o Governo, perdendo uma grande oportunidade de discutirem um assunto tão sério, sério ao ponto de se tornar a maior preocupação hoje dos brasileiros. 

O Governo Lula 3, neste momento, através do Ministério da Justiça, preocupa-se com a aprovação da PEC da Segurança, que a oposição já disse que será sensivelmente modificado. Já podemos antever o que vem por aí. Infelizmente, não construiremos um consenso em torno deste assunto, conforme estamos repetindo por aqui à exaustão. São agendas absolutamente irreconciliáveis. Hoje, 03, a Folha traz uma matéria onde aponta que o Governo de Jerônimo Rodrigues, da Bahia, filiado ao PT, um dos estados mais violentos do país, com quatorze facções operando em seu território, recusou a proposta de um plano-piloto do Ministério da Justiça para desocupar áreas controladas pelas milícias e o crime organizado. 

Segurança pública é coisa muito séria para as propostas serem eclipsadas em razão das picuinhas políticas. Aqui em Pernambuco, por exemplo, durante um bom tempo, houve uma reticência às propostas do Pacto pela Vida, programa de enfrentamento da violência bem-sucedido, premiado até internacionalmente. Uma expertise obtida neste terreno jamais pode ser desprezada. Vamos acionar nossos contatos no Palácio de Ondina para entendermos melhor as razões pelas quais o Governo Estadual recusou a proposição do Governo Federal para enfrentar essa questão delicada. Trata-se de um momento de aprendizagem. 

Editorial: Política não gira. Dá cambalhotas. Uma nova candidatura de Ciro?


É curioso observa o ambiente pedetista depois que explodiu o escândalo das fraudes no INSS, que resultou na demissão do ministro Carlos Lupi, comandante nacional da legenda. Setores do partido passaram a emitir alguns recados enigmáticos ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como este último, onde sugerem engrossar o coro pelo projeto de anistia, um pleito da Oposição bolsonarista. São apenas 17 deputados federais de 3 senadores, mas os bastidores da crise está revelando algumas nuances curiosas, como uma eventual manobra orquestrada, com o apoio até mesmo da mídia conservadora, segundo algumas teorias, no sentido de indispor o partido com o Governo, que poderia construir uma alternativa de centro-esquerda encabeçada, pasmem, por Ciro Gomes. 

Em princípio, quando líamos sobre o assunto pensávamos que se tratasse até mesmo de enredo de ficção, mas já é o terceiro texto que leio tratando desta questão, por mais absurda que ela se pareça. De acordo com esta narrativa, órgãos de imprensa como a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo estariam dando a sua colaboração neste sentido. Todos lembram do editorial da Folha no dia 30, onde o jornal paulista advoga a destituição do ministro do cargo que ocupava, fato que ocorreria logo em seguida. Em princípio, se quisermos flertar com esta narrativa, a única hipótese possível seria uma candidatura de centro-esquerda, quem sabe como alternativa a Lula. Com o apoio de setores da mídia conservadora? Curioso que outras leituras identificaram no editorial da Folha, na realidade, uma maneira de fragilizar ainda mais o Governo Lula 3. 

Na última campanha presidencial, Ciro Gomes fez um esforço descomunal para quebrar com a polarização, advertindo sobre as boas-vindas da volta do PT ao poder, como alternativa ao perigo de empoderar um ator político que sugeria flertar com a extrema direita. Mesmo com todo o esforço, Ciro manteve os índices históricos do eleitorado e, já no final, quando mais batia nesta tecla, perdia votos entre o seu eleitorado. Logo após as eleições, concedeu uma entrevista a uma TV do Ceará onde admitia que o eleitorado não o queria no jogo, pois nem o seu estado votou nele. Continuaria trabalhando pelo país, fazendo suas palestras, mantendo seus canais de interlocução com a população, mas uma nova candidatura estava completamente descartada. Teria mudado de ideia? 

Editorial: Crise no INSS derruba Carlos Lupi.



Hoje, não sei se dá para afirmar que o PDT seja o herdeiro daquele brizolismo autêntico. Estávamos acompanhado alguns pronunciamentos de militantes da legenda sobre a crise que se instaurou no INSS, depois do escândalo das fraudes na aposentadoria, e há uma grande decepção em torno do assunto. Para salvar um pouco a imagem do PDT raiz, segundo esses militantes, o ideal seria um afastamento do Governo Lula 3. O arranjo que foi feito permite que o partido continue no Governo, pois ascendeu ao comando da pasta o pernambucano Wolney Queiroz, militante histórico da legenda, muito ligado ao ex-ministro Carlos Lupi. Segundo especulou um blog local, este seria o desejo de Lula desde o início. 

Wolney tem uma missão espinhosa pela frente. Restaurar o mínimo de credibilidade do órgão, evitando que o dinheiro suado dos velhinhos escoem pelos ralos da corrupção, assim como enfrentar o crônico problema da fila de espera, algo que ocorre também no SUS. Havia funcionários de carreira envolvidos nessas fraudes, aplicadas, preferencialmente, em regiões empobrecidas do país, entre aposentados com deficiência e\ou analfabetos. Há uma grande indignação da população em relação ao assunto e acreditamos que uma CPI ou CPMI sobre o caso seja realizada. É justo que os brasileiros tomam conhecimentos dos pormenores desse escândalo e os responsáveis sejam punidos exemplarmente.

Já existe assinaturas suficientes para a abertura de uma CPI, mas a sua instalação depende de outros arranjos políticos. Hugo Motta se equilibra hoje entre duas canoas e já perdeu muitos pontos junto aos seus eleitores da Oposição. Veja-se, por exemplo, o caso do PL da Anistia, que está se transformando num grande acordão entre os Três Poderes da República. A fila de urgência e prioridades é longa.  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 2 de maio de 2025

Editorial: Pesquisa Atlas\CNN registra que 85,3% dos brasileiros desejam que Lula demita Lupi.



Pesquisa realizada pelo Instituto Atlas, a pedido da CNN,  aponta que 85,3% dos brasileiros desejam que o presidente Lula demita o Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de abril e primeiro de maio e ouviu mil pessoas. Até recentemente, integrantes do PDT consideravam que o ministro não deveria entregar o cargo e, caso fosse exonerado, o partido deveria deixar de apoiar o Governo. As nuvens mudaram desde então, sem que se saiba precisamente o que rolou nos bastidores dessas discussões. A manutenção de Lupi na pasta da Previdência tornou-se insustentável. É um fardo muito pesado para Lula mantê-lo no cargo, uma vez a narrativa de responsabilizar o PT pelo ocorrido está se consolidando. 

Agora mesmo acompanhamos um vídeo onde a Ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, foi hostilizada durante um voo. A bomba estourou no colo do Governo Lula e tentar argumentar que os fatos começaram bem antes ou que somente agora a Polícia Federal conseguiu desvendar o esquema e apontar os culpados é inútil. A "verdade", neste momento de pós-verdade, tornou-se apenas uma "narrativa" e, neste particular, a extrema direita tem pós-doutoramento, enquanto as forças do campo progressista estão iniciando o curso superior. A ideia de tentar associar o careca do INSS ao bolsonarismo em razão de uma doação simbólica de campanha no valor de R$ 1,00, quando a fraude previdenciária atinge a cifra de R$ 6,3 bilhões é primária, quando se sabe que somente ele movimentou uma quantia superior aos R$ 50 milhões. 

Hoje, uma ala mais radical do PDT considera entregar simplesmente o cargo e abandonar o Governo Lula 3, o que deve ocorrer também com a Federação formada recentemente entre o União Brasil e o Progressistas. O momento é crítico para o Governo Lula 3. Uma outra ala da legenda, mais moderada, sugere que Lupi volte ao comando do partido, deixe o Governo, mas os parlamentares continuem a dar apoio ao Governo Lula 3. Praticamente a metade da base aliada corroborou com as assinaturas pelo abertura de uma CPI do INSS.  

P.S.: Contexto Político: Mais tarde, o Ministro Carlos Lupi, depois de mais uma conversa com o presidente Lula, pediu demissão do cargo. Deve voltar a comandar a legenda do PDT. Quem assume o cargo é o pernambucano Wolney Queiroz, que ocupava o cargo de Secretário-Executivo da pasta. A ascensão de um Queiroz pode acarretar alguns problemas no que concerne a relação do Planalto com a governadora Raquel Lyra. Lyra e Queiroz são dois clãs familiares que disputam a hegemonia política no Agreste do estado, mais precisamente na Princesa do Agreste, o país de Caruaru. Salvo melhor juízo, Wolney seria o terceiro caruaruense a ocupar um ministério em Brasília. Mas nada que não se resolva até outubro de 2026, se Lula conseguir atravessar esta tormenta.  

Editorial: Eu gostaria de ouvir o careca do INSS. E vocês?


Este talvez seja um desejo compartilhado por outros brasileiros. Por enquanto, apenas os parlamentares estão mobilizados pela criação de uma CPI para investigar o escândalo recente dos desvios de recursos do INSS. Salvo melhor juízo, ainda não existe uma lista de assinaturas rolando por aí, mas é certo que este seja o desejo de milhões de cidadãos e cidadãs, lesados ou não por gatunos que atuavam no órgão. Muito gente está usando o eufemismo de fraude, mas o que houve foi roubo mesmo, num montante de R$ 6,3 bilhões, segundo apurou, até este momento, a Polícia Federal que, neste caso, precisou cortar na pele, ao constatar que um dos seus agentes está arrolado entre os envolvidos. Mas, faz parte do ofício e isso apenas reforça o seu papel de Polícia de Estado, agindo de forma republicana, a bem do interesse público. 

Conforme já informamos, na Câmara dos Deputados foram obtidas 184 assinaturas em favor da abertura de uma CPI, inclusive com a metade dos votos de parlamentares da base aliada do Governo Lula 3, mas a viabilização ou instalação de uma CPI depende de outros arranjos políticos, uma vez que a fila de espera é grande, conforme enfatiza o presidente Hugo Motta. Neste sentido, a Oposição está acionando seus representantes no Senado Federal, pois quem sabe por ali se viabilize uma CPMI com mais facilidade. Cada vez que nos deparamos com uma matéria tratando deste assunto do roubo no INSS é de nos sentimos mais enojados. Mais execrável ainda são as "narrativas" que se disseminam em torno deste assunto, onde um dos lados tenta relacionar o careca do INSS ao bolsonarismo em razão de uma doção simbólica de R$ 1,00 quando, segundo se sabe, o rapaz recebeu dessas entidades algo em torno de R$ 54 milhões. 

Estávamos acompanhando hoje pela manhã o momento em que o líder do PL, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, recebe a intimação para comparecer ao STF, em razão de declarações acerca das emendas parlamentares. Sugere-se que as indisposições entre os Três Poderes não tem prazo para terminar, sobretudo em razão de um Executivo cada vez mais fragilizado, ora pelos escândalos, ora pela insegurança proporcionada por sua base de sustentação. É dado como certo que o PP e o União Brasil entregarão os ministérios que ocupam no Governo, agravando ainda mais a situação. Já há quem veja aqui o fim do Governo Lula3. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo.

 


quinta-feira, 1 de maio de 2025

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Editorial: Lula intervém no INSS e nomeia procurador-federal para o cargo.



Imaginamos que, pessoalmente, Lula gostaria de ter afastado o Ministro da Previdência Social do cargo que ocupa. O escândalo deixou o presidente bastante preocupado, situação que foi agravada quando Lupi resistiu em afastar Alessandro Stefanutto do cargo. O problema são as circunstâncias políticas que estão envolvidas num eventual afastamento de Carlos Lupi do cargo. Neste arranjo, segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto, mais um pernambucano poderia assumir um ministério na Esplanada. Uma solução que daria uma satisfação à opinião pública, contemporizaria setores do Governo, que defendem o afastamento do ministro do cargo que ocupa, e manteria a cota do PDT no Governo Lula3. O Ranieri Mazzilli da vez poderia ser Wolney Queiroz, atual Secretário-Executivo da pasta. 

Ontem saiu o nome do novo Presidente do INSS, Gilberto Walles Junior, que pode ser tratado como uma espécie de interventor, uma vez que deve cumprir uma missão estritamente determinada pelo Planalto, possivelmente sem consulta ao Ministro Carlos Lupi, que, em princípio, não foi ouvido a respeito. O jornal Folha de São Paulo informa no dia de hoje, 01, uma primeira entrevista do ex-presidente do órgão, onde ele afirma que cumpriu a risca as determinações da Controladoria-Geral da União. A permanência de Carlos Lupi no cargo é uma obra de engenharia política complexa, uma vez que Lula não pode se dar ao luxo de perder o apoio dos parlamentares da legenda pedetista no parlamento. 

São 17 votos preciosos, principalmente quando uma frente de  109 deputados federais, a maior bancada - que é a soma da federação UB e PP - praticamente estão em vias de desembarcarem do Governo Lula. As notícias que se seguiram depois da formação da coligação são as piores possíveis para Lula. O grupo costura um nome para concorrer ao Planalto nas eleições de 2026. ACM Neto, nome influente da federação, já comunicou que irá negociar com os seus pares a entrega dos ministérios que ocupam na Esplanada. 

Editorial: Quem vai devolver o dinheiro dos velhinhos?



O presidente Lula preferiu um pronunciamento "controlado" para o dia do trabalhador, evitando novos vexames em exposições públicas. Durante o seu pronunciamento, o presidente Lula mostrou-se essencialmente comedido em relação à fraude dos descontos irregulares do INSS, que atingiram a cifra de R$ 6,3 bilhões, começaram no Governo Bolsonaro, mas atingiram o pico em 2024, durante a gestão do petista. O Governo reforça uma narrativa, possivelmente concebida pela SECOM, no sentido de enfatizar que o Governo Lula 3, através da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal salvaram os velhinhos do assalto dessas entidades. Para não melindrarmos, não vamos aqui entrar no mérito da questão. 

Vamos deixar essas discussões para a CPI do INSS, que, já atingiu 184 assinaturas, seguindo o deputado Coronel Crisóstomo. Assim como o PL da Anistia, a Oposição deve jogar pesado pela aprovação da CPI, embora os argumentos da lista de espera deve ser levantado, mais uma vez, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que se equilibra em não desagradar a Oposição, mas evita se indispor com o Executivo. Há uma grande discussão sobre a devolução do dinheiro surrupiado dos velhinhos, levando autoridades do Governo a se pronunciarem de forma enigmática sobre o assunto, a exemplo do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

Em seu pronunciamento, o presidente Lula sugeriu que as entidades que roubaram esses recursos serão acionadas para realizarem o ressarcimento, eximindo o Governo da responsabilidade sobre este ônus. A revista Veja desta semana traz uma matéria mostrando como os responsáveis por essas entidades picaretas gostaram o dinheiro descontado irregularmente dos proventos dos velhinhos. Salvo melhor juízo, o Governo Lula3 terá um desgaste de imagem irrecuperável em relação a este assunto. Os casos de corrupção saíram daquela situação "abstrata" para se refletirem diretamente nas continhas de final de mês dos aposentados, que podem ter deixado de comprar os seus remédios em razão dos descontos efetivados irregularmente. É muito grave isso.    

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Editorial: União Brasil e Progressistas oficializam federação.

 


Vai se chamar União Progressista a federação do antigo União Brasil e o PP. Os caciques das duas legendas, Antonio Rueda e Ciro Nogueira dividirão o comando da nova federação, que nasce robusta, somando 109 deputados federais e 14 senadores. Torna-se a maior bancada da Câmara Federal, mas este não é o único problema para o Governo Lula. A celebração da federação reuniu gente do PSD, do Republicanos e até do PL. Em pronunciamento logo em seguida, Ciro Nogueira descartou a possibilidade de a federação apoiar Lula a Presidência da República em 2026. Em harmonia, uma das principais lideranças do União Brasil, ACM Neto, sinalizou que a federação deve entregar os ministérios do Governo Lula.

Nem precisava que isso fosse dito assim com tanta ênfase. Eles estão em plena construção de um nome alternativo ao Palácio do Planalto, que pode ser o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já ungido pelas hostes conservadoras, mas ainda indeciso, talvez em razão de não ter ajustado os ponteiros com a família Bolsonaro, de quem é muito grato. Já há quem esteja sugerindo um vice da família, o que seria uma maneira de aparar as arestas, uma vez que, como insistimos por aqui, a possibilidade de uma candidatura do capitão são remotíssimas. 

Apesar de a nova pesquisa do Instituto Atlas indicar uma ligeira recuperação dos índices de aprovação do presidente Lula, as coisas deverão se tornar cada vez mais complicadas daqui para a frente. O escândalo das fraudes no INSS tem potencial para abertura de uma CPI, conforme deseja a Oposição, o que "sangraria" o governo até outubro de 2026. Dia 07 Carlos Lupi será ouvido no Senado Federal num ambiente extremamente hostil, numa comissão hegemonizada por senadores bolsonaristas raiz. Com esses arrochos previdenciários das últimas décadas, os aposentados vivem contando as moedinhas para pagar as continas no final do mês. A revista Veja desta semana mostra a vida de luxo dos ladrões do erário, aqueles que surrupiaram os parcos recursos dos velhinhos. Isso corta na pele e se reflete nas urnas, mesmo com toda campanha informando que o governo de turno não teve nada a ver com isso. 

Editorial: Lupi precisa ser demitido. Lupi não pode ser demitido.



Ontem, 29, acompanhamos atentamente a fala do Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, na Comissão de Previdência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados. Um depoimento longo, de mais de cinco horas, onde o titular da Pasta da Previdência Social manteve uma postura defensiva, alinhada a uma narrativa sabe-se hoje religiosamente recomendada pela SECOM, com o objetivo de eximir qualquer responsabilidade do Governo Lula 3 com os desmandos no órgão. Não se pode defender o indefensável, portanto admitimos aqui ter sido o melhor momento de sua exposição as suas recordações sobre a convivência com o grande brasileiro Leonel de Moura Brizola. Neste momento ele até se emocionou. 

No dia de hoje, 30,  a Folha de São Paulo traz um longo editorial pedindo a cabeça do ministro. No Planalto o entendimento é que mantê-lo no cargo será um grande problema, a começar pelos estragos que o episódio está produzindo sobre a imagem do presidente Lula, que se prepara para tentar a reeleição. Por outro lado, como demitir um ministro que comanda um partido, o PDT, com 17 deputados federais e 3 senadores? O partido ainda é do tipo cartorial, ou seja, todos obedecem ao comando do líder da agremiação. A rigor, já existem, ainda que não explicitamente, algumas ranhuras entre a legenda e o Planalto. Uma saída de Lupi e Lula perde esse apoio completamente, algo que já foi externado pelos parlamentares do partido.

Dilemas dessa natureza passaram a ser recorrentes no país. Juscelino Filho manteve-se no cargo até as últimas consequências, uma vez que o Planalto temia as retaliações do seu partido, o União Brasil, que acaba de fechar uma federação com o Progressistas, mantendo a maior bancada da Câmara dos Deputados. Sugere-se que os esforços hercúleos do Planalto foram em vão, uma vez que o partido, hoje federado, está cada vez mais próximo a constituir um nome de consenso para disputar a Presidência da República em 2026. Uma fala recente de Gilberto Kassab sugere que, à exceção do PL, a tendência hoje é de uma candidatura que conte com o apoio desta federação, do Republicanos e, naturalmente, do PSD. Os balões de ensaios esvaziariam se houver uma decisão de Tarcísio de Freitas em disputar o pleito.  

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


terça-feira, 29 de abril de 2025

Editorial: Os arranjos estranhos em relação ao projeto de anistia II.



Tudo indica que vamos chegar a um acordo em relação ao Projeto de Anistia aos condenados e implicados nas manifestações do dia 08 de janeiro, que davam suporte à tentativa de golpe de Estado no país. Muitos dos implicados ali, alguns já julgados e condenados, segundo avaliação de ministros da Suprema Corte, alguns deles, inclusive os já julgados, tiveram uma participação efetiva nos atos antidemocráticos que antecederam aquele episódio, hoje tratado pela Oposição como uma simples mobilização pública de protesto. Conforme já antecipamos em outras postagens, nem mesmo os pipoqueiros e sorveteiros estavam ali comercializando os seus produtos. A intenção era bem outra, ou seja, destruir as nossas instituições democráticas. 

Até recentemente, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, voltou a enfatizar que anistia é perdão e não há perdão possível para aqueles que atentaram contra as nossas instituições democráticas. Ocorre que, como afirmava Marco Maciel, política é a arte do possível. E, dentre essas possibilidades, joga-se com um acordo entre Hugo Motta, Lula, Davi Alcolumbre e o próprio STF no sentido de encontrar um meio termo entre a proposta da Oposição e algo que, ao final e ao cabo, minimize as penas aplicadas ou mesmo determine a soltura dos implicados nas mobilizações de rua e até se amplie as punições aplicadas aos artífices da tentativa de golpe de Estado. 

Segundo se especula, é uma proposta que poderia serenar os ânimos da Oposição, é simpática ao Centrão, pouparia a pressão sobre Hugo Motta, que resiste como um leão a não pautar o PL, e, de quebra, não prejudicaria o entendimento de membros da Suprema Corte em relação ao assunto. As negociações sobre uma lei alternativa que contemporize, pelo menos em parte, as exigências do PL de Anistia, acalmando os ânimos da Oposição. 

Editorial: Honrados servidores públicos de carreira.

 


Há quatro episódios que ocorreram recentemente no país, onde se evidencia a importância dos servidores de carreira  na máquina pública. Ontem ficamos sabendo que o montante de 4.330 dos aprovados no último concurso nacional unificado serão convocados a assumirem as suas funções. O primeiro lugar no concurso foi um cidadão com 67 anos de idade, aposentado, que, salvo se for uma aposentadoria privada, não poderá assumir a função, em razão das restrições legais impostas. Em todo caso, sejam todos bem-vindo, embora hoje as repartições públicas estejam inchadas de funcionários terceirizados, acarretando alguns problemas, como uma espécie de terceirização dos assédios, cujos casos se tornaram perigosamente recorrentes dentro do serviço público. 

Em nenhum outro momento, tantas pessoas pediram afastamento do trabalho por problemas de saúde, em razão desses assédios. É algo com o qual o Ministério da Gestão precisa tomar algumas providências, permitindo que esses novos servidores possam exercer suas funções com dignidade, tendo seus direitos rigorosamente respeitados. Em quatro episódios, vamos relatar aqui a importância desses servidores para o serviço público. Num estado vizinho, uma senhora que ocupava o cargo de confiança, exerceu sua função, recebendo proventos regulares, durante 08 anos, sem comparecer ao serviço. O desfecho não foi a exoneração, mas uma promoção. Foi nomeada conselheira, com um salário acima de R$ 40.000. Há uma longa matéria na revista Veja tratando deste assunto. Recomendo aos leitores que acessem a matéria, dada sua importância, pois a matéria esmiuça os pormenores deste caso em particular, além de tecer considerações importantes sobre o perfil de ocupação desses cargos pelo país afora.  Uma dessas conselheiras, geralmente mulheres de governador ou ex-governadores, vai receber a bagatela de R$ 83.000 por mês, vitalício, quebrando o teto dos salários dos Ministros do STF, tomados como referência. 

Vamos aos casos. Durante a pandemia da Covid-19, mesmo em tais circunstâncias, ocorreram várias denúncias de gatunagens com licitações públicas, seja para a compra de insumos, respiradores ou mesmo vacinas, como a Covaxin, que seria adquirida pelo governo brasileiro à Índia. Tratava-se de um processo gigantesco e ao mesmo tempo eivado de suspeitas de irregularidades. O servidor que deveria dar o sinal verde para o pagamento se recusou a fazê-lo exatamente em razão das suspeitas. O servidor em lide foi assediado até mesmo nos finais de semana, quando não seria o momento para importuná-lo. Sua resistência pode ter evitado uma fraude bilionária. 

Durante o período de transição entre o Governo Bolsonaro e o Governo Lula ocorreram várias situações complicadas, decorrentes do aparelhamento do sistema de segurança e inteligência de Estado. As providência tomadas foram muito incipientes, e, portanto, insuficientes para estancar a sangria. Preferimos acreditar que o presidente Lula já não reunisse as condições políticas suficientes para adotar medidas mais efetivas. No caso da ABIN paralela, por exemplo, recentemente estourou o escândalo da espionagem ilegal do Governo do Uruguai, indicando, segundo suspeita a Polícia Federal, que o núcleo paralelo continuou operando no órgão. Aliás, um agente ouvido confirmou a suspeita da PF. À época, servidores públicos de carreira do órgão solicitam ao governo a adoção de medidas mais profiláticas. Não foram ouvidos. Deu no que deu. 

Agora, no caso do INSS, uma servidora havia alertado as autoridades do órgão, inclusive o seu presidente, sobre eventuais irregularidades na concessão dessas autorizações de descontos em folha. A servidora deixou isso registrado em ata de reunião, comprovando a autenticidade do que poderia estar ocorrendo, assim como sua isenção em relação àqueles fatos, hoje tornado um escândalo gigantesco. Pelo andar da carruagem - lenta por sinal - as providências só chegaram depois que o escândalo estourou, produzindo um ônus politico que o Governo Lula 3 terá enorme dificuldades em superar, num momento em que, segundo o Instituto Atlas, surgem no horizonte a perspectiva de estancar a sangria de popularidade. 

Outro caso bastante emblemático, ocorrido no apogeu dos casos de assédios institucionalizados no serviço público, no Governo Bolsonaro, quando ocorria, simultaneamente a militarização da máquina pública, lutando contra todas essas circunstâncias adversas, o antropólogo e indigenista pernambucano, Bruno Pereira continuou exercendo, de forma republicana, as suas atribuições funcionais dentro da FUNAI. Foi assassinado no cumprimento estrito de sua dever legal e funcional, ou seja, defendendo os povos originários da Amazonas. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Os danos da pandemia na educação em São Paulo.



Não faz muito tempo, ocorreu uma grande polêmica em torno de uma decisão do Ministério da Educação em não divulgar os dados levantados pelo SAEB em relação ao segundo ano do ensino fundamental, quando deve ocorrer a alfabetização dos educandos. A cobrança foi realizada pelo jornal O Estado de São Paulo, neste caso cumprindo um rigoroso papel de jornalismo autêntico, o que mereceu nossas felicitações por aqui. Mesmo que os números não fossem favoráveis, o MEC tinha a obrigação constitucional de divulgar esses números. Os servidores do INEP chamaram a atenção para esta questão legal e os números acabaram sendo divulgados. Não fomos bem neste quesito, conforme já se previa. 

Neste caso em particular, não sabemos se podemos creditar esses percalços ainda ao período de pandemia que o país atravessou, mas uma pesquisa recente em relação à educação no estado de São Paulo mostram exatamente este reflexo. O estado continua patinando nos indicadores educacionais, amargando, segundo se presume, os danos produzidos pela pandemia da Covid-19, com resultados preocupantes obtidos em disciplinas como português e matemática entre os alunos do ensino fundamental e médio da educação básica. Há pouco ficamos sabendo que o Governo Tarcísio de Freitas continua com sua política de fomentar as escolas cívico-militares no estado. 

A julgar pelo que ocorre em São Paulo, preocupa esses reflexos da pandemia sobre a educação depois de todo esse tempo, quando consideramos a situação do país como um todo. O contexto da educação básica no país nunca foi dos melhores, quadro agravado com a pandemia, indicando que será uma luta árdua a subida do poço. No que concerne à educação superior, há uma constante queixa dos reitores em relação ao repasse de verbas públicas para a manutenção dos seus serviços básicos, como ocorre aqui em Pernambuco.  

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Editorial: Ministro Flávio Dino determina que o deputado Sóstenes Cavalcante preste esclarecimento sobre acordo de emendas.



Vamos ser sinceros por aqui. O enredo envolvendo essas emendas é algo nebuloso, com perspectivas de que não se chegue a um consenso em torno da transparência de sua concessão, utilização e, principalmente, prestação de conta. Trata-se de um mecanismo que surgiu sob o signo do obscurantismo. Nada de transparência por aqui, uma vez que os vampiros não gostam de luz. Não faz muito tempo, o Governo Lula 3 afastou um dos seus ministros, depois que investigações da Polícia Federal evidenciaram suposto uso irregular dessas emendas. Agora é a  vez do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinar que o deputado federal Sóstenes Calvalcante, líder do PL, preste esclarecimentos sobre a ameaça de quebra de acordos com lideranças partidárias em torno dessas emendas, algo que teria sido sugerido durante uma entrevista do deputado ao jornal O Globo. 

Através do expediente, o PL estaria apertando o torniquete sobre o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, no sentido de pautar com urgência a PL da Anistia. Hugo Motta, na semana passada, depois de uma costura com líderes partidários para não assumir o ônus sozinho, já afirmou que o PL da Anistia não será pautado, como deseja a Oposição. No STF, o Ministro Flávio Dino desenvolve uma cruzada republicano em defesa do interesse público no que concerne aos mecanismos de concessão e prestação de contas dessas emendas, onde pululam denúncias de irregularidades por todo o país. O que supostamente teria dito o deputado Sóstenes fere os princípios norteadores emanados pela Suprema Corte, daí o pedido de explicações. 

Como estamos numa crise instaurada entre os Três Poderes da República, não surpreende que as redes sociais tenham explorado o assunto, com torcidas de lado a lado. O próprio deputado se pronunciou através de seus perfis. Setores da Oposição estão sensivelmente aborrecidos com Hugo Motta. Alguns ainda advogam que o caminho seria o da diplomacia, da negociação, enquanto outros já decidiram que vão retaliar. Sabe-se lá o que virá por aí. 

Editorial: Eduardo Leite no PSB?



Há poucos dias um instituto de pesquisa trouxe uma notícia que, a depender dos arranjos políticos em curso, poderia deixar as lideranças socialistas em estado de graça. Na hipótese de uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas à Presidência da República em 2026, o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin(PSB-SP) é quem aparece hoje em melhores condições de ocupar sua cadeira no Palácio Bandeirantes. Como a candidatura de Tarcísio de Freitas hoje se apresenta com amplas possibilidades de consolidar-se, encampando o projeto de centro-direita - e até da extrema direita, mas eles abominam essa expressão -  a possibilidade de os socialistas voltarem a sonhar com a hipótese de pilotarem a locomotiva do país não é nada desprezível. 

É uma questão que deve ser analisada com a ponderação devida, pois soubemos que o próximo dirigente da legenda, o pernambucano João Campos, estaria em articulação no sentido de manter o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa de reeleição de Lula. O PT, por outro lado, enfrenta enorme dificuldades naquela praça e endossar o projeto Alckmin poderia ser uma alternativa para se contrapor a tais adversidades no maior colégio eleitoral do país, fundamentalmente importante para o projeto de reeleição de Lula. Mas, como diria o Rubem Braga, depois dos funerais do sumo pontífice e as novas políticas tarifárias do Trump a notícia política mais importante da semana vem dos pampas. Especula-se sobre a possibilidade de o governador gaúcho, Eduardo Leite, ingressar no PSB e não no PSD, conforme se supôs no início, habilitando-se novamente a uma candidatura presidencial.  

Na realidade, haveria em curso uma grande articulação de centro-direita, encabeçada por Michel Temer e Gilberto Kassab, que congrega os principais governadores de oposição, com o eventual passe de Eduardo Leite, que poderia se filiar ao PSD, voltando a sonhar com uma candidatura ao Planalto. Fomos pegos de surpresa com este flerte socialista do governador gaúcho. O que é curioso nesse arranjo é que o enxadrista Gilberto Kassab, habilmente, movimenta outra peça no tabuleiro do xadrez político nacional, de olho em 2026, sabedor dos limites de ter apenas uma jogada em curso.  

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


domingo, 27 de abril de 2025

Editorial: Edinho Silva participa de plenária estadual da tendência Construindo um Novo Brasil.



O pré-candidato à Presidência Nacional do PT, Edinho Silva, participou no dia de hoje, 27, da Plenária Estadual da Tendência Construindo um Novo Brasil. Edinho integra esta tendência dentro do PT, tem o apoio de Lula para conduzir os destinos da legenda, mas há uma enorme divisão interna, o que vem provocando algumas preocupações. José Dirceu já havia alertado a Lula sobre o problema, mas, diferente do passado, Lula já não é aquela argamassa de antigamente. As coisas mudaram muito deste então. Naqueles idos, ali pela década de 80 do século passado, o partido se reunia no Sindicato das Empregadas Domésticas. Hoje, a reunião é no Sindicato dos Bancários. 

Questionado sobre o posicionamento do partido na quadra política local, Edinho Silva, além de não se comprometer, sinalizou que deixará a decisão para o Diretório Estadual do Partido. Pelo andar da carruagem política, o que se presume é que possamos ter dois palanques de Lula no estado. Um deles encabeçado por João Campos, e o outro pela governadora Raquel Lyra. Edinho acabou confirmando aquilo que já se sabia sobre a prioridade do partido no estado, que seria assegurar o mandato do senador Humberto Costa. Aliás, em  princípio, a eleição para o Senado Federal é crucial para o campo de esquerda e progressista, uma vez que a Oposição aposta todas as suas fichas para manter uma hegemonia naquela Casa, com margem de manobra para peitar o Judiciário. 

Aqui, como no país, o partido está dividido. Segmentos do Diretório Estadual se identificam com a governadora Raquel Lyra, enquanto a direção municipal integra a gestão do prefeito João Campos e não querem nem saber de o partido apoiar o projeto de reeleição da governadora. Por outro lado, há uma profusão de candidatos ao Senado Federal no estado, dificultando os arranjos acomodatício para o senador Humberto Costa.  

 

Editorial: Lupi foi alertado sobre as fraudes no INSS ainda em 2023.


Não se sabe ainda o tamanho do impacto negativo que esta fraude no INSS pode representar para a imagem do Governo Lula 3, a despeito dos cuidados que a SECOM, através do marqueteiro Sidônio Palmeira, vem tomando em relação ao assunto, com a adoção de estratégias de narrativas que visam limpar a barra do Governo no que concerne ao episódio. Segundo dizem, o marqueteiro não apenas esteve presente, mas teria coordenado a reunião com alguns ministro logo após o episódio, num indicativo de sua ascendência sobre o presidente Lula. Matérias de jornais como O Globo e Folha de São Paulo observam que, através das atas das reuniões, tornou-se possível concluir que o titular da pasta da Previdência, Carlos Lupi, teria tomado conhecimento sobre as eventuais fraudes no órgão desde 2023. 

As providências tomadas, segundo ainda esses órgãos, teriam sido protocolares e tímidas, através de reuniões com as entidades, mas nada que impedisse os repasses de recursos, interrompido somente agora, depois da operação da Polícia Federal e da Corregedoria-Geral da União. Como já seria previsível, a Oposição vem explorado o episódio e se prepara para uma convocação de Carlos Lupi para dar explicações sobre o caso na Câmara dos Deputados. Conforme assinalamos em momento anterior, Carlos Lupi continua prestigiado por dois motivos, embora Lula não tenha gostado nenhum pouco de sua resistência em afastar o presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, homem de sua inteira confiança, conforme ele fez questão de enfatizar. 

Lupi dirige o histórico PDT, daquele campo político que sempre esteve associado à base de sustentação mais autêntica do lulismo, desde os tempos do saudoso Leonel Brizola. Lupi, por outro lado, é o homem de ligação do Planalto com a malha sindical. Ao longo dos anos, sindicatos e associações sofreram um grande revés financeiro, quando se aboliu a contribuição que antes era obrigatória. No caso dessas fraudes observadas no INSS, o que se sugere é que, em alguns casos, haveria a anuência do segurado para o desconto. Pelo menos nos primeiros anos. O que se observou a partir de um determinado momento, é que os descontos foram aplicados sem a anuência dos segurados e em proporções gigantescas, sobretudo a partir de 2023. 

Charge! Jean Galvão via Facebook.

 


sábado, 26 de abril de 2025

Editorial: Relações tensas entre Índia e Paquistão na fronteira da Caxemira.



Entre o final de década de 30 e início da década de 40 do século passado, em plena vigência da Ditadura do Estado Novo, em sua fase das políticas higienistas, o interventor Agamenon Magalhães determinou a construção de um hospital cidade, para abrigar os portadores da hanseníase, na localidade da Mirueira, na cidade de Paulista, Região Metropolitana do Recife. Por essa época, não havia cura ou algum tratamento eficiente para os portadores da hanseníase, tampouco se sabia como a doença era transmitida. O que havia, na realidade, era um grande preconceito ou estigma social em relação ao assunto, sendo aconselhado pelos órgãos de saúde pública o isolamento completo desses doentes. 

O Hospital da Mirueira, como ficou conhecido, cumpria este propósito, erguido numa antiga fazenda, com escolas, áreas de lazer, rádio comunitária, cemitério, igreja. Conforme afirmamos antes, uma verdadeira cidade isolada. A situação do preconceito era tão evidente que havia um hospital dos lázaros no Recife, mas, mesmo assim, Agamenon determinou a construção do hospital\cidade. Há situações interessantíssimas sobre os habitantes desta cidade, algumas destas situações narradas em nosso terceiro romance,  Chaminés Dormentes. Há o caso de um escritor que teve dois dos seus livros posteriormente publicados, relatando sua experiência trágica com a doença, que é de partir os corações daqueles que ainda preservam os instintos humanitários neste mundo que se torna a cada dia mais cruel. 

Um dos seus livros foi publicada pela editora da Universidade Federal de Pernambuco. No auge do estigma entre doentes e "sadios" criou-se uma fronteira que não poderia ser cruzada, sob nenhuma hipótese, entre os moradores desta cidade fantasma e os habitantes de uma vila operária mantida pela Companhia de Tecidos Paulista. Num desses momentos, um cidadão que havia sido mordido por maribondos e, como consequência das mordidas apresentava inchaço no rosto, resolveu cruzar a fronteira e quase foi linchado pelos moradores da vila. No romance relatamos tratar-se à época de uma fronteira mais vigiada do que a fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, mas poderia ter citado perfeitamente a fronteira entre a Índia e o Paquistão, na região da Caxemira, disputada por ambos os países. 

Recentemente se deu um incidente no Paquistão, onde dez turistas foram mortos, reacendendo a disputa territorial entre os dois países. O Governo do Paquistão antecipou-se em informar que não teve nada a ver com o episódio. Um potencial perigoso, uma vez que ambas as nações possuem arsenal atômico e padrinhos fortes, a exemplo da China, no caso do Paquistão, e dos Estados Unidos, no caso da Índia.  O clima é bastante tenso entre os dois países. 

Editorial: Temer volta à cena política para costura de um nome conservador visando as eleições presidenciais de 2026.



Ali por ocasião das costuras políticas em torno da construção da candidatura de Ricardo Nunes(MDB-SP) à Prefeitura da Cidade de São Paulo, um grupo político costumava se reunir, naquilo que denominamos por aqui como um pib político de peso, em razão da influência dos atores envolvidos nesses convescotes. Um deles admitiria um pouco depois tratar-se de reuniões que não ficariam circunscritas às eleições da capital paulista, mas se estenderiam para a esfera nacional, de olho nas eleições presidenciais de 2026. Entre esses atores, três nomes dos mais relevantes: Gilberto Kassab, Michel Temer e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Hoje, dia 25, o ex-presidente Michel Temer volta ao noticiário, desta vez em torno de uma articulação nacional envolvendo cinco governadores, objetivando as costuras em torno das eleições presidenciais de 2026. 

A ideia é a construção de um consenso em torno de um nome que possa se constituir em alternativa viável entre o bolsonarismo e o lulismo. Na realidade, se trata da construção de um nome de centro-direita, com capilaridade suficiente para se viabilizar numa alternativa competitiva ao pleito. Simplesmente um nome de terceira via não é o caso, uma vez que é difícil, se não impossível, quebrar essa polarização entre lulistas e bolsonaristas, algo incentivado pelo própria mídia, talvez involuntariamente. Aqui em Pernambuco, por exemplo, as matérias e reportagens sugerem que teremos apenas dois competidores ao Governo do Estado: A governadora Raquel Lyra, que deve disputar a reeleição, e o prefeito do Recife, João Campos, do PSB. Já há um afunilamento "natural" da disputa. 

Em termo de Brasil, não é diferente. O campo de esquerda e progressista ou de centro-esquerda vai de Lula, uma vez que não há outra alternativa. Por outro lado, Bolsonaro reitera que só existe um nome na direita, ou seja, ele mesmo. As articulações de Michel Temer envolvem cinco governadores de Estado: Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; Romeu Zema, de Minas Gerais; Ratinho Júnior, do Paraná; e Ronaldo Caiado, de Goiás. Na realidade, o que está em jogo aqui é uma alternativa a Bolsonaro, ou seja, não se trata de terceira via. Curioso que o nome de Eduardo Leite, que está deixando o PSDB e ingressando no PSD de Gilberto Kassab passou a figurar entre esses nomes como um dos possíveis ungidos do grupo.    

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Editorial: Agenda positiva e crise do INSS.



Alguns jornalistas tiraram a conclusão, e equivocadamente,  que o Governo Lula 3 estaria recuperando a imagem positiva junto à população. Precipitada e equivocada porque as últimas pesquisas indicam exatamente o contrário. O escândalo de corrupção do INSS estourou no momento em que o Governo ostenta seus piores índices de avaliação. 57,4% no Paraná Pesquisas e 53% do DataPoder. Faz todo o sentido as preocupações da SECOM, leia-se Sidônio Palmeira, de que o escândalo de corrupção do órgão possa contribuir para agravar ainda mais esta situação. Salvo melhor juízo, o marqueteiro esteve na reunião de crise onde ficou decidido o afastamento do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. 

Aliás, como Lula já estava inteirado da situação, solicitou ao seu Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que demitisse o assessor durante a entrevista, o que não ocorreu, fato que produziu alguns ruídos entre os dois. Embora o seu partido, o PDT, não tenha muitos parlamentares, Carlos Lupi é um ministro estratégico. Ele representa a capilaridade do Planalto junto à malha sindical. O Governo Lula 3, através da SECOM, estaria preparando toda uma estratégia para minimizar os efeitos do estrago de imagem produzido por mais este escândalo de corrupção. A ideia é dizer que o Governo cortou na pele, que isso ocorre desde 2016 e, principalmente, que o montante descontado indevidamente dos segurados será devolvido. 

Conforme comentamos no dia de ontem, fica no plano do abstrato para o eleitor comum entender os danos produzidos pelo rombo da Petrobras, do montante desviado na construção das arenas da copa, mas, por outro, lado, esta corrupção do INSS ele pode calcular na ponta do lápis. Mesmo que o Governo devolva, ele irá sempre imaginar que foi lesado num montante bem mais expressivo. Não há agenda positiva que se contraponha a isso. O Governo tem sérios problemas por aqui, a começar pelo esmiuçamento dos descontos indevidos, identificação dos segurados e a capacidade de as entidades beneficiadas poderem honrar com essas devoluções.  

Charge! Aroeira via Facebook.