Com os últimos indiciamentos da Polícia Federal em relação aos envolvidos nas operações ilegais e clandestinas da Abin Paralela, fica evidente que tínhamos razão ao usarmos o termo "Caixa de Pandora" para definir aquela situação. As medidas tomadas pelo Governo Lula 3, no início do seu Governo, não foram suficientes para se efetuar um processo de assepsia republicana no órgão, segundo conclusões da própria Polícia Federal, ao observar que a banda podre que se instalou na agência durante o governo anterior, supostamente continuou operando, como se presume em relação à lambança das investigações sobre como se portaria o Governo do Paraguai em relação às tarifas da Itaipu Binacional. Segundo consta, um agente da Abin confirmou essa informação. Em princípio, a estrutura ilegal montada no governo anterior, manteve-se intacta.
Não se brinca com serviços de inteligência e segurança de Estado quando eles fogem ao controle das instituições reguladoras ou fiscalizadoras de suas ações. Paga-se um preço muito alto por isso. É assustador o número de operações ilegais realizadas pela Abin Paralela, conforme estima relatórios preliminares da própria Polícia Federal. No Governo anterior ampliou-se sensivelmente o números de órgãos públicos que passaram a compor a comunidade de informações da Abin, sabe-se lá com que objetivo. Ou, sabe-se sim. Se usados por essa estrutura paralela, supostamente podem ter sido úteis para promover uma "caça" aos desafetos do governo de turno, cascavilhando ilegalmente suas vidas com o propósito de desacreditá-los; plantando informações falsas; promovendo campanhas de difamação para cancelá-los. A PF estima que 60 mil telefones celulares podem ter sido monitorados.
Como o projeto autoritário estava "integrado", hoje uma das preocupações é entender toda a dinâmica das operações clandestinas da agência, assim como suas articulações no sentido de colaborar para viabilizar o golpe de Estado que esteve em curso. Uma das preocupações que sempre incomodou este editor seria a razão pela qual Lula foi tão tímido no sentido de tomar as medidas que seriam fundamentalmente necessárias em relação a esses órgãos, uma vez havia comprometimentos de outras agências de segurança e inteligência. Em governos com perfil autoritário esses flertes são automáticos. Durante a ditatura do Estado Novo a relação era tão orgânica que a sucessão no Palácio do Campo das Princesas, em Pernambuco, passava pelo Departamento de Ordem Política e Social. Lula talvez não tenha dimensionado corretamente o tamanho da encrenca que isso representa.
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